sábado, 26 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Meus três melhores momentos da primeira fase do Mundial

Acho um pouco de pedantismo afirmar "os melhores momentos", pois os meus melhores momentos muito provavelmente são diferentes dos de fulano, que também acha diferente de sicrano e por aí a coisa vai. Cada um tem sua opinião e seus próprios melhores momentos. Esses aqui formam meu pódio do que achei mais marcante na primeira fase da Copa do Mundo da África do Sul.

3 - Atuação do Japão contra a Dinamarca

Para surpresa de todo mundo, o futebol mais bonito da Copa até agora foi jogado pelo Japão, no segundo tempo da partida em que derrotou a Dinamarca por justo - e até modesto - placar de 3 x 1 em Rustemburgo.

A atuação do meio-campo do CSKA Moscou Honda, camisa 18 japonês, foi de abrir os olhos - os nossos, não havia intenção de qualquer trocadilho aqui. E o drible de letra que deu em Rommedahl no lance do terceiro gol é de entrar em qualquer antologia de jogadas mais bonitas dos Mundiais.

E um detalhe: foram dois gols de falta, um de Honda e um de Endo. Sempre que vejo os japoneses cobrando faltas assim (e cobram bem) me lembro da passagem de Zico por lá, como técnico e jogador, e tenho certeza que essa cultura de treinar cobranças de falta o craque brasileiro ajudou a difundir no futebol nipônico.

2 - Empate da Nova Zelândia com a Itália

Quem está acostumado a ver seu país sempre jogando com as honras de favorito às vezes não percebe o que significa um ponto, um resultado ou uma atuação honrosa mesmo em uma derrota para quem está do outro lado da corda. Isso aconteceu na partida Itália 1 x 1 Nova Zelândia.

O simples fato de marcar um gol e ainda arrancar um empate no final do jogo contra a Eslováquia já foi motivo de orgulho para o insipiente e praticamente amador futebol neozelandês. Empatar com os tetracampeões mundiais, onde se disputa um dos campeonatos mais ricos do planeta, então...

Reproduzo mais uma vez o início da matéria do New Zeland Herald, de Auckland, na manhãzinha daquele dia (o jogo foi realizado durante a madrugada de lá): “All Whites 1 x 1 Itália . Dê uma olhada na tabela. Olhe de novo. Em segundo lugar, empatada com a Itália, está a Nova Zelândia.” O jornal faz questão de salientar a diferença entre o futebol dos dois países: enquanto a Itália tem 3.541 jogadores profissionais de futebol, a Nova Zelândia tem... 25! E o segundo parágrafo termina assim: Um país que disputara apenas quatro partidas de Copa do Mundo antes desta manhã empatou com um que tem quatro títulos mundiais. Loucura.”

Pois é, apenas 25 jogadores profissionais, todos pertencentes ao mesmo e único clube profissional do país. E onde esse clube disputa partidas oficiais, então? Na liga profissional da vizinha Austrália. E ainda assim empataram mais uma vez na terceira rodada contra o Paraguai e voltaram para casa invictos e como verdadeiros heróis do esporte nacional.

E vamos combinar assim: no frigir dos ovos, acabaram não se classificando para as oitavas de final apenas por causa daquele pênalti bem safado marcado a favor da Itália. Se não...

1 - Vitória nos acréscimos dos EUA sobre a Argélia

O parágrafo que usei para abrir o texto sobre a Nova Zelândia acima serve para começar aqui também. Lógico que os EUA estão bem mais adiantados, mas ainda não possuem qualquer resultado de maior expressividade e seu futebol profissional sofre em busca de investimentos que o fortaleçam e o torne atraente e mercadologicamente competitivo como os esportes de elite norte-americanos, como basquete, futebol americano, beisebol...

E ao contrário da rejeição que normalmente o país desperta por sua política externa, o esforço dos profissionais americanos de futebol costuma gerar simpatia mesmo em quem vê com contrariedade essa atuação do país no campo da política externa (expressão repetida, foi mal), como o blogueiro aqui.

O futebol é o esporte mais praticado pela garotada de lá, mas como não há perspectivas profissionais, quando os jovens crescem deixam o esporte de lado. E assim passou a ser considerado apenas um hobby infantil e adolescente. Mas as coisas andam melhorando e a Major League Soccer tem se esforçado bastante para tornar seu campeonato mais atraente. Até por isso essa vitória sofrida, dramática e emocionante - e justa - foi importante.

Os norte-americanos gostam de vencer e seu futebol é sempre coadjuvante. E gostam de muitos pontos, por isso costumam ver com maus olhos um esporte em que o jogo pode acabar 0 x 0. Mas agora estão aprendendo que um simples 1 x 0 pode provocar emoções inimagináveis.

Para todos que gostam de futebol e acompanham com certa isenção ainda ficou aquela sensação de até ingênua de justiça, de acreditar que os deuses do futebol não jogam, mas fiscalizam (apesar de uns cochilos aqui ou ali). Afinal, contra a Eslovênia os EUA estavam conseguindo uma grande virada, quando foram incrivelmente garfados no final e tiveram um gol anulado de forma absurda. E mesmo contra a Argélia já haviam tido um gol mal anulado.

Assim, depois de dominar a maior parte do jogo (especialmente na etapa final), sempre procurar o gol que lhe daria a classificação e desperdiçar uma chance atrás da outra (sempre fez falta um artilheiro a essa seleção), conseguiu finalmente marcar com o bom Donovan já nos acréscimos, não sem antes desperdiçar mais uma oportunidade no próprio lance do gol, o que tornou o desfecho ainda mais emocionante.
Há quem ache que esse negócio de futebol nunca vai pegar nos EUA. Eu acho que isso um dia pega, sim. Esse vídeo muito legal que foi postado no YouTube mostra que já quem sinta o futebol como nós, por exemplo.

2 comentários:

Daniel Duarte disse...

pô, muito legal. É por momentos como este que esperamos a cada quatro anos, a chegada da Copa do Mundo de futebol.

David Telio Duarte disse...

Achei de arrepiar!