segunda-feira, 31 de maio de 2010

FÓRMULA 1 ► Lewis Hamilton vence o chato Grande Prêmio da Turquia de Fórmula 1

Há quem tenha gostado do Grande Prêmio da Turquia de Fórmula 1. Talvez por questões técnicas que um simples torcedor como eu não considera relevante na hora de avaliar se uma corrida foi legal ou não. Eu simplesmente achei uma corrida chatíssima, cujas únicas emoções ficaram nas tentativas frustradas de ultrapassagem entre companheiros de equipe. No caso, Sebastian Vettel sobre Mark Webber, da RBR, e Jason Button sobre Lewis Hamilton, da McLaren.

O resultado foi desastroso para a RBR. Seus pilotos lideravam a prova e uma manobra afoita de Vettel tirou os dois carros da pista, o de Vettel para não mais voltar. Vettel saiu fazendo gestos de que Webber era maluco, mas o australiano estava completamente inocente na história.

As McLaren herdaram as primeiras posições, Hamilton à frente. Button ainda tentou ultrapassá-lo. Até conseguiu, mas levou o troco na sequência e o juízo os fez acomodarem-se onde estavam.

Chamam certas corridas de procissão, romaria... Mas, para mim, corridas em circuitos como esse de Istambul são como ficar brincando de trenzinho: é legal ficar olhando o trenzinho pra lá, o trenzinho pra cá, mas sempre com a certeza de que nenhum vagão vai jamais ultrapassar o outro, salvo em caso de acidente. Como tem acontecido nesses circuitos bizarramente desenhados na Fórmula 1, onde é virtualmente impossível um carro minimamente competitivo ser ultrapassado, salvo bobagem do piloto ou acidente.

Por isso não culpo Vettel pela batida. Qualquer tentativa de ultrapassagem ali só pode ser feita assim, roda a roda, dando um chega pra lá e rezando para conseguir segurar o carro na pista. Deve ser estressante andar mais rápido que o carro da frente e saber que não vai encontrar nenhum ponto de ultrapassagem sem imenso risco de acidente. Qual é a graça disso, para quem corre e para quem assiste?

Para os brasileiros, o mais relevante foi Lucas di Grassi conseguir levar sua carroça, digo, seu carro até o final. E para Felipe massa fica o consolo de ter chegado uma posição à frente de Fernando Alonso. Mas o polonês Robert Kubica, destaque da temporada, mais uma vez superou o brasileiro da Ferrari e já o alcançou na classificação geral do cam, campeonato.


Colocação final do GP da Turquia:

1. Lewis Hamilton (ING/McLaren), 1h28m47s620

2. Jenson Button (ING/McLaren), a 2s645
3. Mark Webber (AUS/Red Bull), a 24s285
4. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 31s110
5. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 32s266
6. Robert Kubica (POL/Renault), a 32s824
7. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 36s635
8. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 46s544
9. Adrian Sutil (ALE/Force Índia), a 49s029
10. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber), a 1m05s650
11. Pedro de la Rosa (ESP/Sauber), a 1m05s944
12. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), a 1m07s800
13. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force Índia), a 1 volta
14. Rubens Barrichello (BRA/Williams), a 1 volta
15. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 1 volta
16. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 1 volta
17. Nico Hulkenberg (ALE/Williams), a 1 volta
18. Timo Glock (ALE/Virgin), a 2 voltas
19. Lucas di Grassi (BRA/Virgin), a 3 voltas

Não chegaram:

20. Karun Chandhok (Karun Chandhok (IND/Hispania) - a 6 voltas do fim

21. Bruno Senna (BRA/HRT) – a 8 voltas do fim
22. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) – a 19 voltas do fim
23. Heikki Kovalainen (FIN/ Lotus) – a 25 voltas do fim
24. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth) – a 26 voltas do fim


Classificação do Mundial de Pilotos após sete provas:

1º) Mark Webber - 93

2º) Jenson Button - 88
3º) Lewis Hamilton - 84
4º) Fernando Alonso - 79
5º) Sebastian Vettel - 78
6º) Felipe Massa - 67
7º) Robert Kubica - 67
8º) Nico Rosberg - 66
9º) Michael Schumacher - 34
10º) Adrian Sutil - 22
11º) Vitantonio Liuzzi - 10
12º) Rubens Barrichello - 7
13º) Vitaly Petrov - 6
14º) Jaime Alguersuari - 3
15º) Nico Hulkenberg – 1
16ª) Sebastien Buemi – 1
17ª) Kamui Kobayashi - 1

NBA ► Kobe Bryant brilha, Los Angeles Lakers fecha a série contra o Phoenix Suns e faz final dos sonhos contra Boston Celtics

Los Angeles Lakers 111 x 103 Phoenix Suns
Final Conferência Oeste
(4 x 2)

Assim que acabou o jogo em que o Los Angeles Lakers derrotou o Phoenix Suns no Arizona, garantindo o título da Conferência Oeste e vaga na final que toda a mídia e a NBA sonham contra o Boston Celtics, não resisti a comentar via e-mail com meu amigo Fábio Balassiano, o do blog Bala na Cesta: “Não sei como ainda me assusto com as cestas absurdas que o Kobe consegue arrumar marcado daquele jeito em momentos absolutamente críticos.” E o verbo é esse mesmo: assustar. Como diversos adversários lamentam depois, não dá para marcar mais que isso.

Pois é. Pelo prólogo aí em cima, fica claro que Kobe Bryant foi, mais uma vez, o cara. Li diversas análises sobre a partida e a série inteira e a conclusão geral é que Kobe fez a diferença em um confronto de estilos bem diferentes e que mostrou-se bem equilibrado.

Neste jogo 6, o Lakers fazia uma grande partida. Com certeza a melhor da série. Pelas circunstâncias, talvez a melhor de todos os playoffs. Apesar de toda a garra, velocidade, bolas de 3, liderança de Steve Nash, rotação de jogadores e torcida, o Phoenix Suns não conseguia encostar no placar. Até que, no início do último quarto, Sasha Vujacic, dando sequência a um estranho duelo particular com o compatriota Goran Dragic (sei não, parece até briga por causa de mulher), resolveu apimentar a partida respondendo a uma provocação do armador do Suns com uma cotovelada tão discreta quanto a cabeçada de Zidane em Materazzi na final da Copa do Mundo de 2006.

Resultado: como o Suns tinha acabado de marcar dois pontos, conseguiu um ataque de seis, graças a dois lances livres na cobrança da falta técnica e mais dois com a posse de bola que ainda ganhou - esses quatro últimos convertidos por Dragic. Assim, uma confortável diferença de 17 pontos caiu para 11 e a parada por causa da confusão incendiou o ginásio bem na hora em que estava em quadra toda aquela impressionante força B de Phoenix: além do iugoslavo, Leandrinho, Channing Frye e Jared Dudley.

E lá veio o Suns em mais uma tentativa de reação espetacular. Era o Suns correndo, diminuindo, chegando... e Kobe segurando, com ajuda daquelas bolas pontuais de Derek Fisher e de grandes rebotes conseguidos por Lamar Odom nas duas tábuas. Até Steve Nash diminuir para apenas três pontos a diferença, a 2’18” do fim. Aí Kobe pegou a bola e acabou com o jogo, marcando mais nove pontos, com duas cestas de quadra praticamente impossíveis de ser convertidas por um ser humano normal, a primeira sobre uma aparentemente perfeita dupla marcação de Grant Hill e Jared Dudley e a segunda, faltando 35 segundos e que finalizou o Suns, sobre uma marcação tão feroz de Hill que Alvin Gentry, ao lado de Kobe na jogada, não resistiu e gritou para seu jogador, tentando não só incentivá-lo como talvez até desestabilizar o astro de Los Angeles: “Grande defesa, Hill!”. Bem, Kobe encestou e ainda deu um tapinha no ótimo treinador adversário: “Ainda não o suficiente.” Não restou a Gentry outra a coisa a fazer senão abrir um grande e conformado sorriso, numa das cenas mais legais de toda a temporada.

Kobe terminou anotando 37 pontos e seis rebotes. Foi a décima vez nas últimas 11 partidas que ele marcou mais de 30 pontos – sendo que a exceção ficou para uma noite em que ele arremessou menos e bateu seu recorde de assistências em playoffs, 13. Ele igualou-se a Kareem Abdul-Jabbar como o segundo jogador a mais vezes pontuar acima de 30 pontos em playoffs (atrás apenas de Michael Jordan) e já é o jogador que mais vezes pontuou acima dessa marca em partidas em que seu time teve a chance de fechar uma série fora de casa em toda a história da NBA.

Antes do Kobetime, o Lakers contara com uma ótima presença de Ron Artest, que marcara surpreendentes 24 de seus 25 pontos nos três primeiros quartos, destroçando a tática adversária de optar por deixá-lo livre para os arremessos e focar a marcação em seus companheiros. Andrew Bynum também foi muito bem. Seu joelho desta vez o permitiu jogar 20 minutos de importante presença no garrafão, marcando 10 pontos e pegando seis rebotes. Apesar da grande partida, o Lakers não contou desta vez com muita ajuda de Pau Gasol (apenas nove pontos e sete rebotes) e Odom não estava chutando bem (acertou apenas três em 12 arremessos).

No Phoenix Suns, vale um grande parabéns ao time todo, que jamais desistiu de lutar. Não por acaso, um time comandando por um incrivelmente determinado Steve Nash, que teve mais uma grande atuação (21 pts, 5 reb, 9 ast). Stoudemire lutou muito, mas não estava numa noite muito feliz: apesar de seus 27 pontos (muitos em lances livres, o que mostra sua determinação em atacar a cesta), acertou apenas sete em 20 arremessos de quadra. Grant Hill abdicou do jogo ofensivo para dedicar-se à inglória tarefa de parar Kobe numa daquelas noites imparáveis. E fez o que pôde. Pouco se pode fazer a mais do que o veterano ala fez. Depois de um início de série horrível, Channing Frye despediu-se com mais uma boa atuação, marcando 12 pontos e pegando 13 rebotes. Quem decepcionou mesmo no adeus do valente time do Arizona foi o pivô Robin Lopez, que vinha bem, mas no sábado esteve apagadíssimo, conseguindo apenas um rebote e zerando em pontos.

Mais alguns números: Steve Nash tornou-se o jogador com maior presença em playoffs a nunca disputar uma final da NBA, uma pena; contando com a temporada passada, foi a sexta série consecutiva que o Lakers fechou fora de casa.

E o ponto final da série: entrevistado logo após a partida pelo repórter da TNT, Kobe respondeu o que faria com Vujacic se o time perdesse após a lambança do iugoslavo: "Ia matá-lo." "E agora?", insistiu o repórter. "Ainda vou matá-lo.", finalizou Kobe. Impagável - e revelador da disposição de Kobe e do Lakers nestes playoffs.

Agora Los Angeles Lakers e Boston Celtics fazem a final dos sonhos da NBA, para alegria de toda a cabeça da liga e de toda a mídia norte-americana e, porque não dizer, mundial. O Lakers conseguiu vingar-se este ano do Phoenix Suns. Kobe e Lamar jamais esqueceram as derrotas nos playoffs de 2006 e 2007, ambas na primeira rodada. Assim como, ao lado de Fisher, também não esqueceram a humilhante derrota na final de 2008 contra o Celtics, que fechou a série com uma vitória por 39 pontos de diferença no jogo 6. Além de Kobe e Odom, Gasol e Fisher também estavam lá. Bem, para muita gente, Gasol não estava. Bynum estava machucado, assim como Trevor Ariza, hoje no Houston Rockets. Agora o Lakers tem Bynum com um joelho só, o que já ajuda a fazer volume no garrafão. Tem Artest em lugar de Vladimir Radmanovic, o que é uma mudança da água para o vinho. Tem um Gasol muito mais maduro e confiante. Enquanto isso, o Celtics tem exatamente a mesma base e em função dela chega a mais uma final. E dependerá muito da resistência física de seu veterano trio Kevin Garnett-Paul Pierce-Ray Allen, pois sozinho Rajan Rondo não poderá vencer a série.

Vale lembrar que, após a partida final em 2008, em Boston, reza a lenda que Ron Artest teria ido ao vestiário do Lakers após o jogo falar com Kobe Bryant: "Você precisa de ajuda. Eu posso ajudá-lo." Artest queria ser campeão,  sempre admirou a competitividade de Kobe (as cotoveladas trocadas entre os dois seriam prova disso!) e sabia que Kobe precisava de ajuda para voltar a ser campeão, ao menos sobre o Celtics. Bem, Kobe conseguiu um novo anel já na temporada seguinte, mas o Celtics continuou entalado na garganta angelina. Duas temporadas depois, chegou o momento para o qual Artest se dispôs a ajudar Kobe.

Enfim, uma final em que muitos não arriscam prognósticos, mas eu arrisco (não vale dinheiro mesmo, então não tem problema errar...): se o Lakers mantiver o mando de quadra nas duas primeiras partidas, leva a série e conquista o campeonato. Acho fundamental para o Celtics roubar uma vitória em Los Angeles. Sem mando de quadra, Garnett tem se mostrado determinado a não decidir nenhuma série em um jogo 7 na quadra adversária. Ele parece entender que há limites para seu time. Principalmente, limites físicos, que podem ser negativamente determinantes numa série decidida assim.

sábado, 29 de maio de 2010

NBA ► Orlando Magic já foi: Boston Celtics conquista Conferência Leste e está na final da NBA

Orlando Magic 84 x 96 Boston Celtics
Semifinal da Conferência Leste
(2 x 4)

Pela segunda vez seguida, o Boston Celtics conseguiu fechar uma série em casa no jogo 6 e evitar um dramático jogo 7 em território inimigo, conquistando assim o título da Conferência Leste. Depois do Cleveland Cavaliers de LeBron James, a vítima da vez foi o Orlando Magic de Dwight Howard. Após a tranquila vitória de ontem, o time dos veteranos Ray Allen, Paul Pierce e Kevin Garnett e do ótimo armador Rajon Rondo aguarda o vencedor da série entre o tradicional rival Los Angeles Lakers e o Phoenix Suns para começar a decidir o campeonato da NBA na próxima quinta-feira.

Ontem, cedo o Orlando Magic mostrou que sua cartola de truques estava com o estoque bem baixo. Quase vazio. Com uma atuação errática, precipitando muitas jogadas, não aproveitou sequer as duas faltas que Garnett cometeu logo no início da partida nem a contusão que tirou Rajon Rondo de quase todo o segundo período. Pior: viu o armador reserva Nate Robinson (foto) fazer provavelmente a partida mais incrível da carreira, anotando 13 pontos em 13 minutos de quadra.

Foi bom para mim, que acabei não perdendo muita coisa. Estava sem dormir há quase 40 horas e o primeiro quarto me deu a nítida impressão de que o jogo já estava nas mãos do Celtics. Assim, foi difícil evitar a chegada de Morfeu e acabei caindo no sono.

Pelos números, pelo que consegui ver e pelo que li na internet, no Bala na Cesta, no Bola Presa, ESPN etc, Paul Pierce foi o destaque da partida, comandando a festa da torcida com 31 pontos, 13 rebotes e ainda distribuindo cinco assistências. Após um início claudicante, Pierce vem crescendo muito nos playoffs.

Para não ficar falando só de flores sobre o Celtics, dois fatos chamaram a atenção. Primeiro, mais uma pífia (gosto dessa palavra...) atuação de Rasheed Wallace. Embora empenhado na marcação, não pode sair de um jogo decisivo sem marcar um ponto sequer. O segundo fato é algo que tenho notado durante as partidas do Celtics, não apenas ontem. Posso estar completamente equivocada, mas sinto Kevin Garnett muito frustrado, imaginando que seja por estar longe de seu melhor condicionamento físico. Ele não vem jogando seu basquete habitual e a boba segunda falta que cometeu, dando dois socos no braço de Dwight Howard, com apenas 4 minutos de bola quicando, apenas fortaleceu essa minha impressão de frustração. Foi um lance totalmente nada a ver para um jogador da categoria e da experiência dele.

Pelo lado do Orlando Magic, destaque para ele, claro, Dwight Howard. Apesar de eu também ter achado que o Super-Homem estava usando força - e cotovelos - demais em alguns momentos, ele realmente queria vencer. Terminou com 28 pontos e 12 rebotes. Essa é um a questão que diferencia os jogadores na NBA: querer. Howard queria, entregou-se ao máximo, enterrou, bandejou, errou lances livres, distribuiu tocos e tapas, pegou rebotes, pontuou... Há jogadores que são assim. Alguns podem mais, outros podem menos, mas sempre querem vencer. Como Kevin Garnett, o que me faz imaginar que ele possa estar frustrado por não poder jogar com 100% de suas condições e empenhar-se como sempre. Na série que pode ou não ser decidida hoje no na Conferência Oeste, há outros dois exemplos assim: Kobe Bryant e Steve Nash. São jogadores que, cada um ao seu modo, dentro de suas características, vão ao limite tentando levar suas equipes à vitória. Esse tipo de jogador,inclusive, nem precisa de anéis para ser considerado campeão. O legal é que o público americano sabe muito bem reconhecer isso.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

NBA ► Herói por acidente: Ron Artest salva o dia em Los Angeles e põe o Lakers na frente do Phoenix Suns

Phoenix Suns 101 x 103 Los Angeles Lakers
Final Conferência Oeste
(2 x 3)

Começando pelo fim: sabem aquela sensação de déjà vu? Veja os vídeos abaixo. No primeiro, jogo 6, duelo em Oklahoma. O segundo, jogo 5, a batalha em Los Angeles.

Pois é. Qual o personagem de Dustin Hoffman em “Herói por Acidente”, Ron Artest parecia não querer nada com a hora da morte, assim como Gasol naquele jogo 6 em Oklahoma, quando o espanhol fez um pífio segundo tempo e errou algumas jogadas importantes antes de fazer a cesta da vitória. Desta vez em Los Angeles, Artest errara todos seus arremessos (sim, porque sua única cesta tinha sido uma bandejinha em um contra-ataque), principalmente dois chutes a um minuto do fim que quase infartaram a torcida que lotava o Staples Center. O primeiro, ainda vá lá, estava em cima do tempo. Já o segundo, com três pontos à frente, no rebote do primeiro erro, foi um lance absolutamente infantil. Não por ter chutado, já que estava livre na linha dos 3, mas por quando ter chutado: qualquer criança sabia que o time tinha que trabalhar os 24 segundos de posse de bola. Àquela altura, o Lakers precisava desesperadamente de mais um pontinho para fazer o Suns precisar de duas posses de bola e não concluir sua incrível reação. O Suns não aproveitou os erros de Artest e logo depois, faltando apenas 20 segundos, Pau Gasol desperdiçou uma assistência tipo “toma, faz” de Kobe machadando a bola no aro – bastava um pouco mais de jeito e menos de força para arrumar ao menos uma falta.

Daí o Suns foi furioso ao ataque atrás dos três pontos que precisava para levar a partida para a prorrogação. Steve Nash errou de três e... Steve Nash pegou o rebote! Jason Richardson (foto) chutou de novo dos 3... Aro! Channing Frye pega o rebote (hello, defesa do Lakers, cadê você?), para Richardson. JR dá um decidido passo à frente e manda seu maior pombo sem asas da temporada: tabela, aro e rede – sua única cesta de três, após cinco tentativas infrutíferas. Incrível! A 3,5 segundos do fim, jogo empatado. Aí rolou o que vimos lá em cima no início, no segundo vídeo.

Incrivelmente, a defesa do Suns reagiu como a do Thundercats no momento decisivo, parecendo hipnotizada observando Kobe Bryant com a bola na mão para decidir mais uma partida, de tal forma que simplesmente esqueceu-se de defender o garrafão no caso de um possível rebote. E a bola de ontem de Kobe nem aro deu.

Justiça seja feita, até pelo pouco tempo no cronômetro, a marcação sobre Kobe foi excelente. Pressentindo a falta de chance para sequer bater a bola, Kobe tentou antecipar o jump para ter alguma visão por cima de seus marcadores, mas acabou faltando braço para o arremesso. E a bola foi parar nas mãos de Artest, que jogou para cima como deu e colocou o Lakers a uma vitória da final da NBA. Fosse daqueles comerciais bacanas e poderia aparecer uma cartela assim depois: That’s why I love this game! E é por isso que tenho usado este meu espaço aqui para registrar mais esta temporadas de playoffs, deixando a vontade de escrever sobre diferentes assuntos um pouco de lado.

O jogo de ontem foi sensacional. O Suns começou bem e ameaçou ir embora, só que o Lakers reagiu e chegou a abrir 18 pontos no terceiro quarto. Mas à base de velocidade nos contragolpes e chutes e mais chutes de três (e ainda umas tolas faltas do Lakers que permitiram seguidos arremessos de bonificação), o Suns conseguiu uma sensacional reação e lutava contra o tempo para tentar chegar no placar antes do zerar do cronômetro. Sabe aquele final de corrida de automobilismo em que o líder vê sua vantagem sobre o segundo colocado diminuir volta a volta, restando apenas saber se o número de voltas restantes será o suficiente para haver a decisiva ultrapassagem?Pois parecia bem essa a situação. O Lakers tentava desesperadamente cruzar a linha de chegada antes de ser ultrapassado. Infelizmente para o Suns, não deu.

Steve Nash fez uma grande partida, partida de All Star, de MVP. Foram 29 pontos, 11 assistências e uma garra incrível ao imprimir um ritmo de jogo que tonteou a defesa californiana. Foi o destaque absoluto do time e fez seus companheiros renderem mesmo não estando em uma noite à altura da sua. Além da velocidade e dos chutes de 3, as seguidas infiltrações no garrafão penduraram os titulares do Lakers, que foi obrigado a cedo afrouxar a marcação. Dos seis titulares do Lakers (digamos assim), apenas Lamar Odom não se arrebentou com as faltas, o que mais uma vez expôs a fragilidade do banco de Phil Jackson (ontem até Sasha Vujacic e Luke Walton ganharam mais tempo de quadra) e mostra por que Andrew Bynum, mesmo com o joelho cada vez mais estourado, é obrigado a ir para o sacrifício jogo após jogo, nem que seja para ao menos ocupar espaço e poupar faltas de Gasol e Odom. Um Bynum sem um joelho, com todo o respeito, vale bem mais que, ao menos hoje, um DJ Mbenga e um Josh Powell inteiros.

Channing Frye (14 pts, 10 reb) e Amare Stoudemire (19 pts) foram, numericamente, os maiores auxílios a Nash. Mas coletivamente todo o time funcionou muito bem, mantendo um ritmo constante mesmo quando estava atrás – bem atrás - no placar.

Falando do Lakers, podemos começar repetindo as palavras que usei para abrir o parágrafo anterior: Kobe Bryant fez uma grande partida, partida de All Star, de MVP. Foram 30 pontos, 11 rebotes, nove assistências e ainda quatro tocos. Nos momentos agudos, recebeu preciosíssima ajuda de seu veterano parceiro Derek Fisher (foto), que fechou com 22 pontos. Apesar dos bons números (21 pts, 8 reb, 5 ast), Gasol não brilhou. Lamar Odom, sim, deu ótima contribuição, anotando 17 pontos, 14 rebotes e mais quatro assistências.

Aí abaixo, os highlights da partida no vídeo distribuído pela NBA, via YouTube.


Agora vamos para o jogo 6, no Arizona. Se o Phoenix Suns conseguir manter o astral lá em cima e não ficar chorando o leite derramado neste jogo 5, quando poderia roubar uma decisiva vitória em Los Angeles (o Lakers estava pendurado demais para encarar bem uma prorrogação), tem grandes chances de empatar a série e levar a decisão da Conferência Oeste para um imprevisível jogo 7 no Staples Center. O Suns precisa correr e mostrar logo ao Lakers que no Arizona os campeões não vão conseguir nada. Caso contrário, se permitir ao Lakers abrir vantagem ou mesmo a partida se arrastar enroscada até o fim, correrá sério risco de ver tudo acabar diante de sua torcida, pois Kobe, Fisher e companhia sabem muito bem como fechar jogos assim, mesmo em quadra adversária.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

NBA ► Orlando Magic bate novamente o Celtics e vai confiante para o jogo 6 da final da Conferência Leste em Boston

Boston Celtics 92 x 113 Orlando Magic
Final Conferência Leste
(3 x 2)

Quem diria, após o início das finais das conferências, que acompanharíamos tantas emoções em séries que agora mostram-se bem indefinidas? Após as primeiras vitórias de Boston Celtics e Los Angeles Lakers, as torcidas, a imprensa, David Stern, as TVs... Todos já começavam (começávamos!) a pensar em novo épico confronto entre as franquias mais vencedoras e maiores rivais da NBA. Mas...

Pouco pude ver do jogo de ontem, só algumas olhadelas, mas com as bolas de 3 do Orlando Magic caindo às mil maravilhas (52% de aproveitamento, 39 pontos!), o Boston Celtics se vê de repente muito pressionado para o jogo 6 da série, que jogará em casa. De aparente presa fácil, o Magic tornou-se bastante resistente e a situação aparente para o Celtics é tipo ou vai ou racha nesse jogo 6. Ninguém imagina que, conseguindo igualar a série em Boston, o Magic (como qualquer time na mesma situação) vá perder a oportunidade de fazer História e sacramentar uma épica virada em um possível jogo 7 em Orlando.

Dizem os números (aqueles que às vezes enganam...) que a defesa do Boston fracassou solenemente, sendo batida em rebotes e permitindo ao ataque adversário aproveitar mais de 50% de arremessos e chegar a uma folgada contagem centenária . Na verdade, do pouco que vi, achei que o Magic manteve controle sobre o Celtics a partida inteira, com razoável e constante vantagem no placar o tempo inteiro. Mas nada que evitasse mais um confronto bastante físico, com muito contato e até com um lance que assustou a todos no ginásio: após recebr uma cotovelada aparentemente involuntária (não ponho minha mão no fogo...) de Dwight Howard, Glen Davis ficou completamette grogue, perdendo o controle dos movimentos a ponto de ser amparado pelo juiz Joey Crawford para que não voltasse ao chão (foto um pouco acima).

Com 21 pontos, 10 rebotes e cinco tocos, Dwight Howard foi mais uma vez o destaque do Magic, bem coadjuvado por todo o time, especialmente Jameeer Nelson (24 pts, 5 reb, 5 ast), Rashard Lewis (14 pts, 7 reb) e J.J. Redick (14 pts direto do banco de reservas). Stan Van Gundy conseguiu fazer o time jogar bem rodando bastante os jogadores, usando dez peças com relevante tempo em quadra.

O Celtics também rodou, mas sem a mesma eficiência. Rajan Rondo e Paul Pierce estiveram bem, mas Kevin Garnett novamente esteve abaixo de suas possibilidades e do que o time precisa. Ray Allen, então... Cada vez mais
shooter e menos armador (embora ontem tenha feito sete assistências), não pode acertar apenas três em 11 arremessos em uma partida decisiva. Curiosamente, o Celtics desperdiçou uma rara significativa atuação de Rasheed Wallace nos playoffs (21 pontos, acertando sete em nove arremessos).

Agora as perspectivas para o jogo 6 são inversas para os times perante a história dos playoffs da NBA. Para evitar o risco de entrar para essa história pela porta dos fundos, permitindo uma virada tão rara quanto a passagem do cometa Halley, o Celtics sabe que precisa fechar a série em 4 x 2, diante de sua torcida, em Boston. Até fisicamente, dificilmente Garnett, Pierce e Allen aguentariam um possível e decisivo jogo 7.

Já para o Magic, é a chance de ser o mocinho. Veja como são as coisas: mesmo tendo perdido a vantagem do mando de quadra com as duas derrotas em casa no início da série, o Magic agora está em um momento psicológico bem favorável. Mas não deve se iludir. A História, as estatísticas, a torcida, a força e a tradição estão com o Celtics para este jogo 6. Se há um time que jamais imaginaríamos ceder uma vantagem de 3 x 0 em toda a liga, um time no qual apostássemos todas as nossas fichas de que jamais permitiria que isso acontecesse em qualquer circunstância, esse time seria o Boston Celtics. Resta ao Magic desafiar a mesa e quebrar a banca.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

NBA ► Banco do Phoenix Suns acaba com o Los Angeles Lakers e empata final da Conferência Oeste

Los Angeles Lakers 106 x 115 Phoenix Suns
Final Conferência Oeste
(2 x 2)

Quem disse que os números não mentem jamais? Vejam que curioso: na página da NBA do site da ESPN referente a cada rodada, costuma aparecer os bonequinhos com as fotos e as estatísticas dos jogadores que se destacam, os top performers. Em relação à noite de ontem, lá estão: Kobe Bryant (38 pts, 7 reb, 10 ast), Lamar Odom (15 pts, 10 reb, 3 ast) e Pau Gasol (15 pts, 5 reb, 3 ast), todos do Los Angeles Lakers. Mas quem jogou melhor e venceu foi o Phoenix Suns, que empatou em 2 x 2 a série e encheu de expectativa os próximos confrontos (ao menos mais dois) entre as equipes pela final da Conferência Oeste da NBA.

E vamos um pouco mais além: segundo os números, os
top perfomers do Suns foram Amare Stoudemire (21pts, 8 reb) e Steve Nash (15 pts, 4 reb, 8 ast) Verdade? Mentira, Terta... (referência de gente velha, ninguém que ler deve saber quem é a Terta da história...)

A verdade é que foi um jogo decidido pelos coadjuvantes. Como já disse aqui uma vez em relação a essa série, as maiores esperanças do Phoenix Suns passavam, necessariamente, por seus maiores trunfos em relação ao adversário: o aproveitamento da linha de 3 (um dos melhores times de toda a história da NBA nessa categoria) e a maior rotatividade - e qualidade - de seu banco de reservas. Pois ontem foi uma noite de sonhos no Arizona.

Começando pelo Phoenix Suns. Steve Nash e Amare Stoudemire estavam ok na partida. Mas o quinteto titular do Suns não parece capaz de fazer frente ao do Lakers. Um suposto placar apenas entre os titulares apontaria 86 x 61 para o time californiano. Mais absurdo que isso só a diferença entre o desempenho dos dois bancos de reservas: 54 x 20 para aqueles que um dia entraram em quadra como Los Suns. Foi algo tão impressionante que o jogo foi decidido no quarto período com o time inteiro de reservas do Suns destroçando os titulares do Lakers com suas bolas de 3. Tudo comandado pelo até então desaparecido Chenning Frye, que terminou com 14 pontos (acertando quatro de seus oito chutes, todos de 3). Nosso Leandro Barbosa também fez sua primeira partida de verdade na série, somando mais 14 pontos. Todos foram bem: Goran Dragic conseguiu oito pontos e oito assistências, Jared Dudley, 11 pontos e seis rebotes; e Louis Amundson (foto), sete pontos e sete rebotes. Os titulares, inclusive, se deram ao luxo de descansar bastante, voltando apenas no final da partida. Enquanto o máximo que as estrelas do Suns jogaram foi 31 minutos, Kobe teve que ficar 45 minutos em quadra para manter o Lakers na partida. Mas, sem ajuda, não conseguiu.

Mas como assim "sem ajuda"? E os números de Odom, Gasol...? Desta vez, foram apenas números, quase tão sem noção quanto os do Data Folha costumam ser. Kobe passou o primeiro quarto inteiro tentando fazer seus companheiros jogarem, sem muito sucesso. Como o primeiro time do Suns também estava meio enrolado, enrolado ficou o primeiro período inteiro, que terminou emaptado. Nesse tempo, Kobe chutou apenas um bola para a cesta - e errou. No segundo período, entrou em cena a força auxiliar do time da casa e ameaçou deslanchar no placar. Aí Kobe chamou o jogo para si, fazendo uma força danada para impedir que isso acontecesse. Ainda assim, o Suns virou o primeiro tempo com nove pontos de vantagem. No terceiro quarto, Kobe foi mais além (foram 31 pontos nesses dois períodos) e o jogo foi para os últimos 12 minutos com o Suns liderando por apenas um ponto.


Quem estivesse assistindo, porém, perceberia que àquela altura era muito Kobe para pouco Lakers. Seus compnaheiros pareciam todos em ritmo de cruzeiro, sem sequer conseguirem anotar a placa das lanchas que passavam voando por eles, optando por jogadas equivocadas e desperdiçando uma série de arremessos livres de marcação da linha de 3. Ressalva seja feita à valentia de Andrew Bynum (foto), que teve boa atuação nos 25 minutos que conseguiu ficar em quadra (12 pts, 8 reb). Fora isso... De seus três reservas (não vamos considerar aqui a tímida entrada de Luke Walton), Odom ainda se salvou pelos números, apesar dos decisivos arremessos abertos que errou no último período. Mas Shannon Brown e Jordan Farmar formaram uma dupla trágica, que contribuiu efetivamente para a derrota do time: chutaram 12 e acertaram apenas dois arremessos, além de um monte de bobagens. Empenhado na marcação de Nash (o que até fez bem), Derek Fisher não conseguia arremessar de 3. Ron Artest foi outro que desperdiçou uma série decisiva de chutes abertos e livres. Apesar dos pontos, Gasol foi mal, optou por jogadas erradas e voltou a ser soft na defesa. Aliás, o Lakers conseguiu ser goleado em rebotes por um time bem mais baixo: 51 x 36. Uma vergonha.

E pior de tudo: na hora em que a vaca ia para o brejo com sino e tudo, o time do Lakers simplesmente tirou a bola das mãos de Bryant, que pelo menos duas vezes pudemos ver agitando os braços ao alto pedindo a bola e não recebendo, enquanto alguém forçava uma jogada pelo meio (Gasol, Artest...) e era desarmado para tomar mais um rápido contra-ataque e mais uma boa de 3 nas costas. Assim o Suns abria, abria, abria... até não ser mais alcançado e vencer com justiça.

Muitos creditam o sucesso do Suns ontem, mais uma vez, à marcação por zona que teria empacado o ataque do Lakers. Efetivamente, a marcação por zona diminuiu um pouco o ritmo dos atuais campeões, mas acho que esse não foi o fator fundamental para a igualdade no confronto. Tanto que Kobe (na foto encarando Stoudemire) tem jogado muito bem e à vontade contra essa marcação. A meu ver, tudo passa pelo desempenho dos jogadores. Principalmente, a defesa do Lakers está devendo, até porque, como se diz por aí, não espera-se muita defesa do lado do Suns, seu jogo não é esse, premissa que não vale para os comandados de Phil Jackson. Desde o início da série, a defesa do Lakers mostrou-se frouxa na marcação, mesmo nas vitórias em Los Angeles, com o time parecendo optar por apostar no ataque, numa verdadeira disputa de cestas que estão resultando em placares elevados. Bastou, então, um enfraquecimento na força ofensiva do Lakers, não compensada pela defesa, para que o Suns reagisse.

E agora, José? Amanhã é dia do jogo 5, no Staples Center, em Los Angels, onde alguns jogadores do Lakers costumam jogar o que não jogam regularmente fora de casa - e onde o Phoenix Suns não tem se sentido muito à vontade. Algumas coisas podemos imaginar que vá ocorrer. Como Phil Jackson mais uma vez criticou o critério da arbitragem na marcação de faltas e creditando a nova derrota ao número de lances livres que o Suns teve a seu favor (32 x 13, que resultaram em 15 pontos a mais), podemos esperar o Lakers mais vezes na linha de lance livre. Também acredito em marcação mais forte e física por parte dos campeões.

Mas acho que tudo pode ser decidido pelos fatores banco de reservas do Suns e colegas de Kobe Bryant. O banco do Suns tem que mostrar que não acertou tudo ontem apenas porque a maré estava a favor. Sabemos como isso funciona em alguns esportes, como o basquete: com o time bem, na frente, tem jogador que cresce e começam a cair bolas chutadas até de costas. No aperto, na hora da pressão, porém, o mesmo jogador começa a errar até bandeja sozinho. É hora da força B do Arizona mostrar seu valor e que a vibração de jogadores como Jared Dudley (foto) não seja apenas caseira, até porque até agora o time principal não mostrou a mesma força e velocidade para superar o adversário. Acredito que tudo vai depender da primeira bola (ou segunda, vá lá). Ganhando confiança e as bolas longas caindo, eles podem deixar o Lakers em péssimos lençóis, já que a veloz movimentação de bola deles invariavelmente para com alguém livre para chutar de 3. E um time que chuta muito de 3 com moral e as bolas caindo é muito difícil de ser batido.

No outro lado, Kobe vem fazendo ótimas partidas nos playoffs. Ontem mais uma vez mostrou-se seguro e preciso, inclusive cometendo apenas dois
turnovers, um número insignificante diante do tempo que ficou em quadra e do volume de jogo que imprimiu. Seus companheiros não podem desperdiçar um trunfo assim. Foram duas grandes atuações de Kobe em Phoenix que só não foram jogadas no lixo porque ficam registradas na História e servem como recado para os adversários. Gasol, Bynum, Artest, Fisher, Odom e até Brown e Farmar precisam dominar os rebotes e aproveitar os chutes abertos e livres que a marcação dupla e até tripla que Kobe recebe oferece a eles. Se não, que ao menos não atrapalhem e na hora H deixem a bola com quem não tem medo de decidir - e que sabe como fazer isso. Mas o ideal é que esse elenco de apoio, que deixou o Arizona com o filme bem chamuscadinho, jogue bem, até para calar a pergunta que corre por aí, como no Daily Dime da ESPN: "Onde está a ajuda de Kobe?"

Lembrando para quem quiser acompanhar ao vivo que os canais por assinatura Space e Space HD estão transmitindo as finais da Conferência Oeste.

terça-feira, 25 de maio de 2010

NBA ► Ainda havia magia na cartola: Orlando Magic surpreende, vence Celtics em Boston e ganha sobrevida na final da Conferência Leste da NBA

Orlando Magic 96 x 92 Boston Celtics
Semifinal da Conferência Leste
(1 x 3)

Com um atuação realmente heroica de Dwight Howard, o Orlando Magic surpreendeu o Celtics diante da própria torcida em Boston e calou os gritos de "Beat L.A.!" para mostrar que seu time ainda respira na série que define o campeão da Conferência Leste da NBA, mesmo que ainda o faça por aparelhos.

O Super-Homem justificou o apelido, marcando 32 pontos, pegando 16 rebotes e ainda distribuindo quatro tocos. Principalmente, Howard não desistiu de qualquer jogada, salvando muitos arremessos equivocados de seus companheiros. Na foto aí abaixo, parece até que ele chega voando para enterrar. A partida, decidida na prorrogação, teve muitas das características a que nos acostumamos ver na Conferencia Leste, como defesa forte e muito contato, mas também foi disputada com muitos erros.

Pela primeira vez na série, o Magic conseguiu sair na frente no primeiro quarto, o que deve ter dado moral à equipe. Por alguns momentos, chegou a lembrar o Magic habitual das últimas duas temporadas, girando a bola em busca de um homem livre para arremessar de três e com Dwight Howard dominando a área pintada na briga por possíveis rebotes.

O jogo ganhou ares de dramaticidade quando o Magic deixou escapar uma vantagem de seis pontos a menos de três minutos do fim, graças, principalmente, a uma série de bobagens do armador Jameer Nelson, que parecia concentradíssimo no papel de Médico e Monstro do basquete. Os números dizem que Nelson foi bem: 23 pontos, acertando 50% de seus arremessos, cinco rebotes e nove assistências. E realmente foi. Mas, como diria a personagem Sally de "Harry e Sally, Feitos um para o Outro", em partes. Hum... Não, pelo que lembro, Sally diria "à parte". Mas se alguém estiver lendo, acho que entendeu.

Jameer Nelson (nessa primeira foto, em momento Médico) cometeu seis erros não forçados e nos momentos finais da partida tomou decisões que eu achei totalmente estapafúrdias. Ignorando o modo como o time estava ressuscitando na série, o armador simplesmente tomou a bola para si e parou de armar as jogadas, além de cometer erros bobos que poderiam ter custado a vida do Magic. Primeiro, errou um lance livre. Depois fez uma falta tola em Paul Piece, um tapinha daqueles que só servem para o adversário finalizar um ataque com três pontos. Já com a partida empatada, errou um passe forçado que por sorte foi recuperado no rebote defensivo por Rashard Lewis. Para completar as bobagens nesse fim de tempo normal, precipitou um chute com quase 10 segundos de posse bola restantes, errando e permitindo ao Celtics 17 segundos para atacar, o que só não foi decisivo porque um cansado Paul Pierce praticamente tropeçou nas próprias pernas, levando o jogo para a prorrogação.

E aí a faceta Médico e Monstro de Nelson ficou mais evidente: um pombo sem asas nem patas deu tabela e cesta de três,seguida de outra cesta de três, desta vez, digamos, com um arremesso decente, o que colocou  o Magic com seis pontos de vantagem a dois minutos do fim. Com a diferença em dois pontos, errou uma bandeja (recuperada por Howard) e teve a bola roubada de suas mãos nas duas posses seguintes, o que não foi aproveitado pelo Celtics. Enfim: Jameer Nelson, para o bem e para o mal, um dos destaques do jogo, garantia de fortes emoções.

Curiosamente, as ações tresloucadas de Nelson (na segunda foto, um momento Monstro) pelo Magic foi o que pareceu faltar ao Celtics. Por mais paradoxal que possa parecer, o forte jogo coletivo do time de Boston, sua maior força, foi seu pecado na hora de definir a partida. Não havia alguém que pegasse a bola e dissesse: "Deixa comigo agora." E não precisava ser um Kobe Bryant. Bastava um Jameer Nelson. Nos momentos finais do tempo normal e especialmente no último minuto da prorrogação, o Celtics seguiu com o plano coletivo, fazendo a bola rodar, sem preocupar-se com quem fosse parar, a despeito até das mãos quentes de Ray Allen no tempo extra, quando acertou duas cestas de três seguidas. O resultado é que, com quatro pontos de vantagem e faltando ainda 52 segundos, o Magic não precisou mais pontuar. Na rotação de bola do Celtics, dois chutes seguidos acabaram nas mãos de Paul Pierce, àquela altura visivelmente cansado, que acabou chutando aquelas bolinhas de braço curto que dão bico no aro. E pior: o último chute de esperança da linha de 3 acabou sendo de... Glen Davis!

No Orlando Magic, vale destacar J.J. Redick, que segue fazendo seus pontinhos lá do banco de reservas. Desta vez foram 12 (o mesmo que todo o banco do Celtics), acertando três de seis arremessos, todos os certos da linha de três pontos. E não dá para deixar de lado a péssima, horrível,desastrosa partida de Vince Carter, acertando apenas um arremesso em nove tentativas. Se o Magic ainda sonha com alguma coisa além de uma vitória de honra para evitar a varrida, Carter em hipótese alguma pode repetir essa atuação.

Pelo lado do Boston Celtics, aparentemente um tanto surpreendido pela resistência do Orlando Magic, um fato que pode ser preocupante: a visível queda de produção de suas veteranas estrelas no final da partida. Paul Pierce, que anotara 32 pontos e 11 rebotes até então, errou todos os seus quatro arremessos na prorrogação, sem que nenhum deles desse a impressão de que entraria, tal a forma errada com que saíam de suas mãos - além daquela perda de bola que revelou-se fatal no fim do quarto período. Kevin Garnett, que fizera 14 pontos acertando cinco em cinco, errou todos os seus últimos sete arremessos, alguns à sua feição, ficando sem sequer pontuar a partir do final do terceiro quarto, além de cometer erros de principiante, como um decisivo passe para as cadeiras faltando 42 segundos para a acabar o tempo extra. Problemas aparentemente físicos, de cansaço mesmo. Jogador de menor desgaste, Ray Allen (na foto acima), que poderia ter sido mais aproveitado, terminou com 22 pontos, acertando cinco bolas de três, inclusive aquelas duas na prorrogação. Pesou muito também para o Celtics a discretíssima atuação de Rajan Rondo, que realiza uma grande pós-temporada. Mas ontem ele ficou devendo e seus escassos nove pontos (errou sete de 10 arremessos) não foram suficientes para ajudar o time.

Restou em Boston o silêncio da torcida no final. Calaram-se os gritos de "Beat L.A.!", mas certamente ficou a certeza de que a definição do encontro com o histórico rival pelo título da temporada foi apenas adiada. Uma pulga atrás da orelha, porém, acho que está incomodando os torcedores verdes: a derrota de ontem seria sinal do temido desgaste físico do veterano trio de estrelas? Resposta na próxima quarta-feira em Orlando, quando o Magic também responderá se a vitória de ontem foi apenas aquele gol de honra para evitar uma humilhação maior ou o indício de que ainda há muita briga pela frente.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

NBA ► Stoudemire brilha e Phoenix Suns diminui vantagem do Los Angeles Lakers na final da Conferência Oeste

Los Angeles Lakers 109 x 118 Phoenix Suns
Final Conferência Oeste
(2 x 1)

Discretíssimo nas primeiras partidas da série em Los Angeles, onde só apareceu perdendo ótima chance de ficar calado (a tal história de dizer que Lamar Odom havia tido um "dia de sorte" no jogo 1), Amare Stoudemire finalmente deu as caras na final da Conferência Oeste da NBA. O ala de força jogou como o All Star que é e levou o Phoenix a Suns à vitória no jogo 3, diminuindo a vantagem do Los Angeles Lakers para 2 x 1.

Bastante agressivo o jogo inteiro, cedo Stoudemire (brigando com Ron Artest na foto) carregou em faltas Odom e, principalmente, Andrew Bynum. Somando as faltas ao joelho baleado, Bynum praticamente não pôde jogar. Possivelmente preocupado em poupar-se nos contatos para evitar também pendurar-se, Pau Gasol não forçou a marcação e isso abriu caminho para um show do astro do Suns. Na verdade, se no jogo 2 Gasol deitou e rolou sobre Stoudemire, desta vez ocorreu o contrário. Stoudemire fez o que quis no garrafão, terminando a partida com 42 pontos e 11 rebotes, com direito a pelo menos um "golaço": entrando pela direita da área pintada, gingou como um atacante de futebol por um lado, saiu pelo outro deixando Gasol a ver navios e fez a cesta no revés. Aproveitem enquanto está no Youtube:


Um detalhe na partida foi a patética contribuição dos bancos das duas equipes, com os jogadores atuando em um nível que nem em pelada do aterro conseguiriam vaga. Os cinco da rotação do Suns acertaram ridículos três arremessos em 21 tentativas, com destaque negativo absoluto para Channing Frye: além de errar todos seus sete chutes, chegou à bizarra marca de uma cesta convertida em 20 arremessos nos três jogos da série. Frye precisa desesperadamente de umas duas ou três cestas seguidas para recuperar a confiança, porque seus arremessos não dão pinta de que vão cair desde o momento que a bola sai de suas mãos. Mas Leandro Barbosa, Louis Amundson,Jared Dudley, Goran Dragic e Jarron Collins também podiam ter ficado em casa, porque praticamente em nada contribuíram na vitória do time. Dudley ainda conseguiu três roubadas de bola. E foi tudo.

Pelo lado do Lakers, o banco (ou seja: Odom, Shannon Brown e Jordan Farmar) não ficou atrás: acertou sete em 24 arremessos e cometeu sete erros não forçados, além de uma série de bobagens que acabaram comprometendo decisivamente o desempenho do time, principalmente no segundo período, quando o Suns pegou gosto pelo jogo, passou à frente e nunca mais foi ultrapassado no placar. O bom Odom foi o capitão do festival de tolices cometidos, atuando a maior parte do tempo de forma errática e optando por jogadas bem equivocadas. Brown só apareceu numa improvável enterrada no rebote de um lance livre desperdiçado por Bynum, num lance bem constrangedor para a defesa do Suns:


A crônica americana tem destacado a alteração da defesa do Suns, com o técnico Alvin Gentry optando pela zona e finalmente conseguindo diminuir o ritmo do Lakers a partir do segundo quarto. Pode ser, claro. Mas, na minha leiga opinião, acho que o resultado passa mais pelo desempenho individual dos jogadores. Desde o início a série destaca-se pelo aproveitamento dos times e pelo fato, já comentado aqui, do Suns nunca desistir de tentar impor seu ritmo de jogo, não permitindo assim ao Lakers o que chamo de "piscar" na partida, como num duelo. tanto que pontuar, o Suns pontuou bem em Los Angeles - só que o Lakers pontuou bem mais. Com Ron Artest muito irregular e Bynum fora de um lado e Grant Hill com imensos problemas para jogar marcando Kobe Bryant do outro, o jogo resumiu-se a quatro Suns contra três Lakers, todos jogando muito bem.


No Suns, ajudando Stoudemire, o pivô Robin Lopez teve muito boa atuação, marcando 20 pontos e brigando muito no garrafão, apesar disso não ter sido retratado em números, pois pegou apenas três rebotes. Jason Richardson é outro que finalmente apareceu na série, anotando importantes 19 pontos (mas continuo achando uma grande roubada a troca que o Suns fez para obtê-lo, perdendo o ótimo marcador Raja Bell e o mais versátil Boris Diaw). E Steve Nash comandou o time com suas 15 assistências e mais 17 pontos. Acabou sendo muito para o Lakers.

E foi muito para o Lakers mesmo com uma soberba atuação de Kobe Bryant. Muito seguro, o astro de Los Angeles ficou muito próximo de um triplo-duplo, anotando 36 pontos, nove rebotes e 11 assistências. Mesmo com problema de faltas, Derek Fisher foi outro jogador consistente, com 18 pontos, mais cinco rebotes e três passes decisivos. E Gasol, soft na defesa, foi muito bem nas ações ofensivas, terminando com 23 pontos e mais nove rebotes.

Agora a série ameaça ganhar corpo e o Suns certamente vai com tudo para o jogo 4, ainda diante de sua torcida. O time, um dos melhores da história da NBA da linha de 3, ainda tem a esperança de que uma hora qualquer essas suas bolas longas voltem a cair, o que pode fazer uma diferença danada a seu favor.

Pelo lado do Lakers, o time está acostumado a situações como essa e tanto pode jogar tudo para vencer a próxima partida e fechar a série sem precisar voltar ao Arizona (até porque o Boston Celtics deve "finalizar" o Orlando Magic em quatro jogos e ganhar precioso tempo a mais de descanso), como, se achar que as coisas estiverem se tornando muito difíceis, segurar-se como um tenista com uma quebra de saque a seu favor para apenas fazer valer seu mando de quadra no jogo 5. Assim a pressão voltaria toda aos ombros de Steve Nash, Amare Stoudemire e seus companheiros no jogo 6, ficando o time de Kobe ainda com o trunfo da "Bola 7" em casa para decidir a série.

domingo, 23 de maio de 2010

FUTEBOL ► Deco? Cléber Santana? O Fluminense não sabe investir mesmo...

O neutro site baiano Jornal da Mídia (http://www.jornaldamidia.com.br) destacou em manchete: "Juiz erra muito e Fluminense perde para o Corinthians". Pois é, falar sobre o futebol brasileiro é como falar em apostas em jogos de azar: você sabe que é ilegal, que os resultados são viciados e que, sempre que não vencer, vai ficar com a suspeita de que foi roubado. Isso porque chega a ser patético acreditar que apenas um árbitro (no caso, Edílson Pereira de Carvalho) e mais ninguém ligado ao futebol profissional estava envolvido na máfia de resultados desse esporte. Qualquer pedaço de concreto de arquibancada neste país sabe que o buraco é mais embaixo. Jornalista que acredita no contrário só posso reputar como muito ingênuo, bobo, incompetente ou suspeito.

Assim começou mais um Campeonato Brasileiro, sobre o qual eu disse a mim mesmo que não perderia tempo escrevendo. Tanta coisa mais interessante, divertida e honesta por aí... Mas continuaria, claro, torcendo pelo meu time, no caso, o Fluminense, na doce ilusão de que ao menos façam resultados ou errem - e errem com e sem aspas - a nosso favor.

Mas "erros" ou erros só costumam acontecer com frequência contra clubes de pouca força nos bastidores, apenas esporadicamente ocorrem contra clubes fortes. E sigo torcendo mesmo sabendo que o Fluminense de Roberto Horcades tornou-se um clubeco, habitualmente prejudicado por arbitragens tanto em jogos contra clubes fortes como contra outros de menor expressão.

Neste campeonato, nosso choro começou na estreia contra o simpático Ceará: um lance de falta sobre um jogador nosso não marcada deu origem a um pênalti cavado pelo atacante adversário, seguido de uma contestada expulsão do zagueiro que teria cometido o pênalti, uma posterior repetição da cobrança após a defesa de nosso goleiro por se adiantar antes da cobrança, mesmo com o cobrador tendo feito a irregular, patética e idiota presepada que chamam de paradinha, o que praticamente impossibilita fisicamente o goleiro de não se mover para a frente. Diversas variáveis, todas decididas pelo renomado infeliz árbitro - só sendo muito infeliz para tantas atuações confusas ao longo da carreira, né mesmo? - Paulo Cesar de Oliveira contra o Fluminense.

Hoje, no Pacaembu, os gaúchos Leonardo Gaciba da Silva, Marcelo Bertanha Barison e João Monteiro de Souza Júnior garantiram nossa derrota contra o Corinthians. Mesmo o narrador e o comentarista do Premiere SporTV desde o início da partida apontavam os seguidos "erros" (as aspas são minhas, tenho o direito de duvidar de tudo que vejo em nosso futebol...) da arbitragem, sempre contra o Fluminense: uma falta que não houve que resultou no gol da vitória corintiana, um impedimento mal marcado aqui, um impedimento estupidamente assinalado ali (coisa difícil de perceber, "apenas" mais de dois metros e meio de condição de jogo para o atacante) ali, falta inexistente pra lá, falta não marcada pra cá... Vira o lado: que coisa, parece até que o bandeirinha também virou! mas , não, era outro, cometendo dois outros erros terríveis em lances de gol! São muitos lances em que, com boa vontade, podemos conceder o benefício da dúvida, mas sempre decididos a favor do mesmo lado. Quanta coincidência, é muito azar, caramba! Esse time precisa se benzer! (Sentiram o sarcasmo?)

E o pior é que um lance cavado dentro da área no final da partida por um atacante do Corinthians (o que está ficando conhecido, felizmente, por "pênalti à brasileira") ainda vai dar margem a jornalistas bobos, ingênuos ou comprometidos de dizer: "Errou para os dois lados." Oh, sim, claro, gerou uma vantagem de um gol para o adversário, impediu um possível empate em mais de uma ocasião e um suposto erro no fim iguala tudo... Santa falta de perspectiva, diria o Menino Prodígio.

Obviamente, não é só nos jogos do meu Fluminense que isso acontece. São erros tão descarados que nos dá o direito de suspeitar de que a máfia de resultados segue a todo vapor, com ou sem Edílson Pereira de Carvalho. O próprio Ceará, beneficiado contra o Flu, foi vítima de uma suspeita arbitragem do mineiro Ricardo Marques Ribeiro. Como não suspeitar de um juiz que num domingo assassina as possibilidades do Ipatinga de ser campeão mineiro em um jogo contra o Corinthians, não assinalando, entre outras situações, lances claros de pênalti contra o Cruzeiro e no outro erra duas vezes marcando pênaltis inexistentes cavados pelo "Neymarscaicairado", Rei do Cai Cai de nosso futebol, no jogo do Ceará contra o Santos na Vila Belmiro? Pelo menos aqui vemos um padrão de comportamento: o infeliz árbitro dá o azar de errar seguidamente contra os clubes ditos de menor expressão, favorecendo os grandes... Sorte deu o Ceará que ainda conseguiu sair com um pontinho do litoral paulista.

E vários outros jogos deste campeonato ainda no início já foram definidos pela arbitragem. Um campeonato, portanto, viciado desde o ventre. Por essas e outras que, nos tempos em que o Fluminense jogava nas Laranjeiras e o árbitro entrava em campo bem pertinho de onde eu ficava (na verdade, em estádio pequeno árbitros e jogadores estão sempre pertinho de onde você está), eu pedia: "Meu Deus do Futebol (para não confundir com o de verdade, que tem coisas muito mais sérias com que se preocupar, esse negócio de misturar futebol e religião é papo para um posto um dia desses), faça com que esse ladrão roube para o meu time, senão ele vai roubar para o outro!"

Vejam só: e o Fluminense alardeando por aí que está negociando com Deco, Cléber Santana... Melhor seria investir nos bastidores, para que pelo menos garanta vencer, empatar  ou perder por seus próprios méritos ou deméritos. E não nos deixar ficar sempre com a pulga atrás da orelha depois de jogos como o de hoje, porque para nós, torcedores, é humilhante ver que nosso clube não tem moral alguma e que, na dúvida (ou mesmo sem dúvida alguma!), a bola é sempre do adversário.

O dia em que alguém se der ao trabalho ou tiver o interesse de levantar comparativamente as atuações e decisões desses árbitros nacionais jogo a jogo... Sei não, acho que não fica pedra sobre pedra na já combalida credibilidade do futebol brasileiro.

NBA ► Boston Celtics humilha Orlando Magic, faz 3 x 0 e põe a mão no título da Conferência Leste

Orlando Magic 71 x 94 Boston Celtics
Final Conferência Leste
(0 x 3)

Consegui assistir a alguns momentos do primeiro quarto e, pelo pouco que vi, não fiquei com nenhuma dúvida: o Orlando Magic ia ser mais uma vez atropelado pelo Celtics. A única diferença é que o jogo agora era em Boston.

Não se via em nenhum momento no time de Orlando qualquer traço de competitividade, de fibra, que mostrasse que aquilo ali era uma partida válida por uma final de conferência da NBA. Apático, cabisbaixo, inseguro, o Magic foi uma caricatura do time forte que varreu dois adversários nos playoffs até encontrar o Celtics pela frente. Entrou derrotado, saiu humilhado, chegando a estar mais de 30 pontos atrás no placar.

Segundo as resenhas e as estatísticas, nada, absolutamente nada a destacar no Orlando Magic.Nada que valha a pena estender-sem neste parágrafo.

Já o Boston mostrou aquela força coletiva que faz com que ninguém precise ser um Kobe Bryant, um LeBron James ou um Dwyane Wade para salvar o time. As atuações foram consistentes e equilibradas. Paul Pierce fez 15 pontos e pegou nove rebotes, Ray Allen conseguiu 14 pontos, e seis rebotes e assistências, Rajon Rondo (que chutou muito mal!) saiu com 11 pontos e 12 assistências... O cestinha, vejam só, foi o rechonchudo ala de força reserva Glen Davis (foto), com 17 pontos - e ainda seis rebotes. Números nada espetaculares, mas que funcionam em conjunto para um time contra o qual o adversário não consegue atacar. O Celtics limitou o Magic a 12 pontos no primeiro quarto e a 13 no terceiro. Como diria uma professora de Português que tive no antigo segundo grau, cujo nome infelizmente não recordo agora, o Orlando Magic está bem encalacrado.

Parece que, a esta altura, Dwight Howard, após uma atuação "sem comentarios", deve ter colocado sua capinha de Super-Homem de molho. Para repetir essas pífias atuações na série no jogo 4, melhor faria o Magic se entrasse com seus reservas, porque assim teria uma desculpa ao conseguir a façanha de ser varrido após varrer dois adversários nas fases anteriores. Só se houver um último e milagroso nas mangas, mas eu, aqui rasgando o teclado, não acredito. Acho que dessa cartola não sai mais nem coelhinho de Páscoa, quanto mais um de verdade. Em Boston, todos têm certeza disso, tanto que o pensamento dos torcedores já está bem distante: "Beat L.A.!" é o grito que sai de seus pulmões.