segunda-feira, 28 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Apito amigo ajuda de novo e Argentina passa pelo México

Antes de mais nada, devemos sempre lembrar que a Fifa mente. Muito, conforme sua conveniência.Um exemplo fácil e atual: vá lá no link da Fifa sobre o jogo Inglaterra x Alemanha que coloquei no post anterior e veja o “lance a lance”. Em qualquer língua. Procure a jogada da bola que entrou e a arbitragem disse que não, aos 26′. Viu? Não diz que a bola entrou. Por que mentir sobre o óbvio? Somos todos cegos? E burros, idiotas, que a Fifa acha que pode manipular?

Enfim, a Fifa não é uma instituição exatamente idônea. Muito em relação a isso pode ser lido no livro “Como Eles Roubaram o Jogo”, escrito pelo inglês David A. Yallop. Apesar da visão meio preconceituosa em relação ao futebol sul-americano, vale a leitura. Há muitas acusações e informações desabonadoras em relação à Fifa e seus prepostos. Quando o livro foi lançado, muita gente estrilou, esperneou, reaclamou, ameaçou… Mas até onde sei, algum tempo atrás, o autor jamais foi vítima de qualquer processo e adianta ter provas de tudo que publicou. Por essas e outras, tenho o direito, como torcedor que acompanha futebol há tantos anos, de desconfiar de tudo que acontece numa Copa do Mundo, por exemplo.

Aí chegamos a México x Argentina. As equipes latinas faziam um jogo equilibrado. O México, melhor organizado, abrindo espaços com o toque e a aproximação de seus jogadores de meio ao ataque, forçando a marcação para não dar liberdade ao talentoso adversário. A Argentina, com mais dificuldade de sair de trás e fazer a bola chegar ao ataque, mas, quando chegava, fazia valer a habilidade individual de seus homens de frente. Então, até os 26′, três finalizações para cada lado, mas as finalizações mexicanas mais perigosas. Promessa de jogo bom.

Foi quando uma ação da dupla italiana formada pelo juiz Roberto Rosetti e pelo auxiliar Stefano Ayrold decidiu a partida, de tão escandalosa que foi. A essa altura, qualquer pessoa que acompanha futebol e por acaso tenha caído aqui nos meus rabiscos já decorou a jogada: Messi lança Tevez entre os zagueiros (em posição duvidosa, porém legal) e o goleiro Perez abafa a jogada. Na sequência, Tevez fica à frente da linha de gol, dentro da pequena área, sozinho, sem ninguém dando condição de jogo, quando Messi lhe passa a bola. A bola encobre o goleiro e os zagueiros e vai até Tevez, que cabeceia para a rede e, ato contínuo, primeira reação, olha para o bandeira, pois sabe que estava completamente impedido. Como nada é marcado, a vergonha é consumada, mas ainda iria piorar.

Como é possível piorar? Por causa de uma distração de quem cuida do telão do estádio (que na Copa do Mundo nunca mostra lances duvidosos, a não ser que a arbitragem esteja correta – por quê, hein?), que, enquanto os argentinos comemoravam e os mexicanos reclamavam, exibiu a jogada da forma como vemos em nossas casas, com direito a tira-teima e tudo. O bandeira Stefano Ayrold (numa prova de que realmente ele só cometeu um erro idiota, patético, mas sem dolo, sem intenção), ao ver a imagem no telão imediatamente chamou sua senhoria, Roberto Rosetti, e disse que cometera um erro e que o gol fora ilegal. Roberto Rosetti, sabe-se lá exatamente por quê, ignorou e ordenou nova saída do meio do campo. Nesse instante, o que poderíamos ingenuamente entender como um erro, passou a ser um roubo, pois o juiz, responsável pela legalidade do jogo, deliberadamente decide validar uma situação ilegal, que fere as regras do esporte.

Temos aí então um bandeira ruim ou distraído, de toda forma incompetente, mas que eu não chamaria de desonesto. E um ladrão, o juiz Roberto Rosetti.

Ouvi algumas pessoas dizerem coisas tipo “o árbitro foi traído pelo auxiliar”. Discordo, covardia. Num lance desses, o juiz é tão incompetente quanto o bandeira. Nenhum juiz precisa de auxiliar numa jogada tão clara. Um jogador de azul e branco cai na área e fica adiantado, sozinho, frente ao gol, sem ninguém de verde nem o goleiro de amarelo à sua frente. De qualquer lugar do campo seria possível um juiz assinalar a infração sem precisar olhar para um auxiliar. Qual a dificuldade que o lance impunha?

Veja que, na comparação, o lance do gol não assinalado da Inglaterra, em que a bola entrou quase um metro, seria impossível de se condenar. Juiz e bandeira sempre podem dar a desculpa de que foi um lance rápido, não foi possível reparar na linha do gol, havia gente na frente tapando a visão e coisa e tal. Justo. A gente pode engolir uma justificativa dessas e dormir com isso.

E o fato do juiz Roberto Rosetti logo ter tomado ciência da irregularidade, antes da nova saída de bola, e ter mantido a decisão equivocada, para mim, denota dolo, intenção de fraudar o jogo. E ponto. É minha opinião. E uma opinião fácil de dar, porque o juiz não tinha argumentos para não anular o gol. “O chute de Messi entrou direto.” Ridículo, só sendo deficiente visual para alegar isso. “Não vi impedimento.” Deficiência visual e desconhecimento da regra de jogo. “A Fifa não usa recurso eletrônico.” Mentira! A Copa da Alemanha em 2006 foi praticamente decidida graças às imagens da televisão, que mostraram a cabeçada de Zidane em Materazzi que nem árbitro nem auxiliares viram em campo. Mas alguém viu na TV e o quarto árbitro chamou o árbitro, que expulsou Zidane. Logo, a mentira tem pernas curtas (essa é bem velha, eu sei).

E toda a situação torna-se mais estranha quando lembramos que logo na estreia a Argentina venceu beneficiada por um “erro” (a essa altura, sei lá se foi erro ou “erro”) da arbitragem. Escanteio cobrado da direita e o argentino Samuel agarra o nigeriano Obasi escandalosamente, impedindo o jogador nigeriano de interceptar a cabeçada de Heinze, que assim marcou o único gol da partida. Um erro, azar. Contra a Coreia do Sul, jogo enroscado, Argentina vencendo por 2 x1, Coreia do Sul pressionando e com chances de empatar… E Messi chuta da esquerda, a bola bate na trave e se oferece no segundo pau para Higuain, impedido, marcar o terceiro gol e decidir a partida. Dois erros? Coincidência, acontece. E agora, Argentina x México… Três erros? Aí já temos um suspeito padrão. Principalmente se pensarmos quem são as figuras de maior destaque da Copa do Mundo, que mais chamam a atenção da mídia e da torcida, dentro e fora de campo. Dentro? Lionel Messi. Fora? Diego Maradona.

Eu acredito em bruxas. Em se tratando de Fifa, então…

Daí em diante, o jogo (principalmente a graça dele) acabou, porque os mexicanos ficaram totalmente desequilibrados emocionalmente, tanto que logo depois Osório quase que literalmente esqueceu a bola dentro da área nos pés de Higuain, que não teve dificuldades para ampliar. A Argentina ainda teve algumas chances, mas no segundo tempo foi o México que tentou alguma coisa e criou algumas situações de perigo. Tevez faria o terceiro numa jogada individual, uma bomba de fora da área no ângulo esquerdo de Perez. E Hernandez descontaria girando bonito e fácil em cima de Demichelis, antes de fuzilar Romero. A Argentina se segurou mais atrás, até com certo juízo, para garantir sua integridade física, enquanto os mexicanos não tinham mais forças para reagir, apenas para entrar forte nos adversários, sabendo que a consciência do juiz o impediria de tomar uma providência decente.

Para não dizer que não lembrei de ninguém com a bola rolando, Tevez fez um golaço e Hernandez, outro. Ficam como destaques por obras tão bonitas numa noite bem feia.

Tudo o que eu – e qualquer torcedor – gostaria é de ter certeza de que as lambanças da arbitragem, ao menos numa Copa do Mundo, sejam frutos apenas de incompetência dos homens de preto – ou azul, amarelo, rosa, sei lá.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 52: Argentina 3 x 1 México.

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