quarta-feira, 23 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Austrália vence e se despede de cabeça erguida, Sérvia perde e sai mal

Confesso que não esperava do confronto entre Austrália e Sérvia, em Nelspruit. Primeiro, porque, apesar de nunca faltar vontade, sempre falta futebol aos australianos. Segundo, porque a seleção da Sérvia não me convencera em nada até aqui - e depois também. Tanto que nos bolões que participei cravei 1 x 0 para os Aussies. Mas depois de uma etapa inicial um tanto insossa, a Austrália voltou com muita vontade de vencer e colocou fogo na partida, saindo de campo com uma justa vitória e até tendo visto por alguns momentos tornar-se viável o sonho da classificação. Já a Sérvia... Bem, diria que não me decepcionou. Acho um time amorfo (acho que é a melhor palavra), meio sem alma e muito burocrático, apesar de ter jogadores habilidosos e um centroavante gigante que poderia ser bem explorado por uma equipe competente.

Logo aos 5', Krasic, um dos habilidosos jogadores sérvios, entrou driblando na área pela direita e chutou forte para Schwarzer colocar a escanteio. Aos 11', Nikovic puxou contra-ataque e enfiou para Krasic que invadiu a área, driblou Schwarzer e tocou para fora, perdendo chance incrível. E o jogo ia assim, com a Sérvia aproveitando-se de sua superior qualidade individual para chegar mais ao ataque, mas sem objetividade, e a Austrália ainda sem saber como ameaçar o gol adversário. Aos 22', o zagueiro Ivanovic apareceu de surpresa no ataque, recebeu lançamento no bico direito da pequena área e chutou bem, mas o goleiro Schwarzer fez excelente defesa com a mão esquerda.

Desse modo, a Sérvia atacava mesmo sem muita vontade, enquanto a Austrália queria, sem saber como. Mas resolveu adiantar-se de qualquer jeito, apostando nas bolas altas, inclusive a partir de arremessos laterais. Aos 32', Cahill já aprecia na área e cabeceava com perigo. E aos 45', Emerton levantou da direita para o esforçado Kennedy cabecear nas mãos do goleiro. O aviso estava dado.

Mas aos 7' do segundo tempo, quem chegava era a Sérvia, com Ivanovic na ponta esquerda cruzando para o grandalhão Zigic dominar com a cabeça e fuzilar por cima, com muito perigo. Aos 13', Bresciano cobrou falta de longe para o goleiro Stojkovic espalmar com certa dificuldade para escanteio, já que a Jabulani deu aquela quicada básica e traiçoeira à sua frente. Aos poucos, foi crescendo o volume de jogo australiano, que forçava de um lado, do outro e jogava bola na área sempre que podia. Aos 18', Bresciano bateu forte de novo, agora da meia-esquerda, para nova defesa de Stojkovic.

Pensando sei lá o quê, talvez meio desesperado por saber que sua seleção só dependia de uma vitória simples para se classificar, o treinador sérvio substituiu seu ataque titular, tanto o astro Drasic como o centroavante Zigic, perdendo uma opção pela ponta e a jogada aérea que, aliás, nunca soube explorar. Se as opções fossem melhores, tudo bem, mas não era o caso.

E não parece ter dado muito certo. A Austrália não parava de correr atrás da vitória e acabou chegando ao gol aos 24', através do veterano Cahill, que cabeceou para baixo e no canto direito do goleiro a bola centrada da direita pelo meia Wilkishire. Foi a segunda Copa do Mundo que Cahill deixa sua marca.

Sem a Austrália recuar, o jogo abriu, porque não restava à Sérvia outra opção que não se lançar à frente. E ela fez isso com uma desorganização exemplar. O resultado é que quatro minutos depois o cabeludo atacante Hollman recebeu uma bola roubada no meio-campo, puxou o contra-ataque e, pouco depois da intermediária, soltou a bomba. A bola quicou e morreu no fundo da rede do canto direito de Stojkovic.

Agora a Austrália já via mais próximo seu sonho de classificação. Pena que, aos 30', o bom goleiro Schwarzer não segurou um chute da meia-direita de Tosic e Pantelic não teve qualquer trabalho para marcar e diminuir o placar. Daí para frente aconteceu de tudo, menos gol, o que custo a acreditar, porque a Sérvia finalmente deu mostras de que havia vida dentro daquele uniforme e a Austrália seguiu aberta em busca de mais gols. E, nesse momento, um empate em dois gols daria a classificação aos sérvios. Mas faltava tranquilidade aos dois times.

Aos 41', Kennedy recebeu lançamento na área, ganhou do zagueiro e bateu meio desequilibrado de canhota à direita do gol defendido por Schwarzer, jogando fora mais uma boa chance de marcar. E aos 47', a grande chance de classificação da Sérvia, quando Tosic recebeu na direita e da entrada da área tocou para Pantelic à frente da zaga (à frente mesmo, estava em posição impedido, que foi marcado), mas o atacante da fitinha na cabeça jogou por cima, reclamando do passe alto que fez a Jabulani quicar antes. Poderia reclamar também de Tosic não ter feito o passe no melhor momento ou, principalmente, dele mesmo, que se colocou mal para receber a bola.

Fim de jogo, fim de festa. A Sérvia ainda reclamou do péssimo árbitro uruguaio Jorge Larrionda (que assistiu impassível a algumas entradas bem violentas e jogadores sérvios) de um possível pênalti aos 44', quando uma bola cabeceada na área australiana bateu na mão de Cahill, num lance totalmente involuntário, já que Cahill saltara para cabecear e estava até de costas, sem qualquer intenção de ampliar a área de ação de seu corpo.

Na Sérvia... Sei lá, não vou destacar nada. Apenas o treinador Radomir Antic, negativamente, claro. Ele tinha ovos para fazer uma boa omelete. Por outro lado, o holandês treinador da Austrália Pim Verbeek, sem ovos, talvez com tomates ou pepinos, fez seu time fazer bonito e sair bem da Copa. Corrigiu o equivocado sistema defensivo suado na estreia contra a Alemanha e quase levou seu país às oitavas de final. O goleiro Schwarzer fez ótimas defesas, mas falhou no gol sérvio, talvez a bola mais fácil que tenha ido em direção ao seu gol. E o resto do time foi um exemplo de dedicação. Aliás, parece característica das seleções da Oceania: compensar a deficiência técnica com muita determinação.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 40: Austrália 2 x 1 Sérvia.

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