quinta-feira, 17 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Gols discutíveis dão ao México vitória justa e repleta de marcas sobre a França

Bem, chamei de “discutíveis” os gols porque cada pessoa que acompanha futebol tem direito à própria opinião, lógico. E lances assim cabem discussões sem fim. Mas, para mim, ambos os gols que deram a bonita vitória ao México foram irregulares. Javier Hernandez estava impedido no primeiro e Pablo Barrera cavou um pênalti que jamais seria assinalado pela grande maioria dos árbitros da Copa. Curiosamente, a arbitragem do sul-africano Khalil Al Ghamdi praticamente sepultou as chances dos anfitriões de se classificarem para as oitavas de final.

Na partida que abriu a Copa do Mundo, contra a África do Sul, observei o México cansado no segundo tempo. Até comentei que isso poderia ter sido consequência do forte ritmo da reta final de sua preparação, com amistosos pegados contra seleções como Inglaterra e Holanda. Hoje reconheci a seleção que vi nessas partidas.

E a seleção mexicana tem uma característica muito interessante: ela não costuma baixar a crista para grandes adversários. Se tem o hábito de enrolar-se contra equipes mais fracas, como a África do Sul, não tem o menor acanhamento ao encarar Brasil, Argentina, França... Pode não vencer, mas é normalmente um time chato difícil de ser batido.

O jogo começou disputado, faltoso e com ambas as equipes interessadas. Houve uma boa troca de golpes, ataques fustigando dos dois lados. Parecia tudo em aberto. Mas aos poucos viu-se quem realmente estava interessado e, principalmente, quem estava organizado. Com Salcido se destacando e Giovani dos Santos se movimentando bem, assim como Carlos Vela (que se machucou cedo), o México aos poucos levava mais e mais perigo ao gol francês.

No segundo tempo, o técnico Javier Aguirre procurou tornar o time mais ofensivo em busca da vitória, ficou com três atacantes em campo e o interminável meia Blanco a alimentá-los. A ousadia foi recompensada aos 10’, quando Rafa Márquez lançou Hernandez (para mim, impedido), que driblou o goleiro Lloris e marcou um gol histórico ( mais abaixo falarei disso). Sem qualquer poder de reação, a França assistiu a outro jovem atacante, desta vez Barrera, entrar driblando na aérea e se atirar na chegada de Abidal, em pênalti que eu não marcaria, mas quem devia marcar - ou não - marcou. Blanco bateu e garantiu a vitória. E a ousadia foi tão recompensadora que, sem mais substituições a fazer e com um punhado de jogadores ofensivos em campo, o México não recuou, não chamou a França para sua área e administrou o resultado até o final sem maior esforço.

E vamos às marcas desse triunfo mexicano:

1 – Quase exatamente 56 anos depois, o jovem Javier Hernandez repetiu o feito do avô Tomas Balcazar e marcou um gol contra a França em uma partida de Copa do Mundo. Balcazar assinalou um dos tentos mexicanos na derrota de 3 x 2, em 19 de junho de 1954, no estádio Charmilles, em Genebra, pela Copa da Suíça.

2 – Aos 37 anos, Blanco igualou-se ao lendário goleiro Carbajal como o jogador com o maior número de partidas defendendo o México em Copas do Mundo, com 10 atuações, marca que deve bater ainda na África do Sul. Ele disputou os Mundiais de 1998 e 2002. Carbajal jogou os Mundiais de 1950, 1954, 1958, 1962 e 1966.

3 - Foi a primeira vitória mexicana sobre a França. A França havia vencido seis e empatado um dos sete confrontos entre essas seleções.

4 - Foi a primeira vitória do Máxico sobre um país campeão mundial em uma partida válida pela Copa do Mundo.

5 - Blanco tornou-se o primeiro mexicano a marcar gols em três Copas do Mundo.

Como diria nosso presidente, nunca antes na história do futebol do México...

É isso. Estou esquecendo alguma coisa? A França? Não vi. Ninguém viu. Fala sério, não vale a tecla perder muito tempo com uma seleção que tem no comando um louco incompetente como Raymond Domenech. Se Zinedine Zidane, o último grande craque a pisar nos gramados futebolísticos, disse que o homem não é um técnico, é apenas um escalador de jogadores, quem sou eu para dizer algo no sentido contrário?

O que não entendo é como a França jogou fora tantos anos do futebol de sua seleção com Domenech, um técnico, digo, escalador que tira o horóscopo como base para suas decisões e que não tem qualquer comando sobre o grupo. Um homem que verdadeiramente comete crimes lesa pátria futebolística francesa.

Em 2006 ele já aprontara muito, mas havia um tal de Zidane em campo para dar jeito. Agora ele seguiu mostrando sua grande incapacidade, não convocando o melhor jogador francês da atualidade, o ótimo e jovem atacante Karim Benzema, e escalando na posição dele Govou, um jogador fraco, que desde 2002 nada faz pela seleção. E depois colocando em campo numa partida decisiva os famosos quem? Valbuena e Gignac, deixando no banco nomes como Cissé e Thierry Henry, jogadores, como costuma-se dizer nos games Championship Manager, de provas dadas. Com isso tudo, a gente começa a entender como um jogador do naipe de Gallas atrasa mal uma bola aqui, dá uma furada bisonha ali... Jogadas totalmente fora de seu repertório.

Para não dizer que não falei das flores, faço duas ressalvas em relação à França: o discreto goleiro Lloris, que fez o que pôde; e a emoção do lateral Evra, às lágrimas no momento da execução da “Marselhesa” antes da partida de hoje. E acabei gastando teclas de mais para futebol francês de menos...

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 20: França 0 x 2 México.

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