sábado, 8 de maio de 2010

RIO DE JANEIRO ► Viatura de polícia para carro particular e multa motorista por falar ao celular dirigindo? Só em novela mesmo...

Minha esposa outro dia comentou comigo: "Que absurdo! Até parece que é assim." Demorou um pouquinho para que eu pescasse que era algo que estava rolando numa novela a que ela assiste. Qual? Sinceramente, não faço a menor ideia.

"Uma cena aqui. Um carro da polícia para um motorista que estava falando no celular e multa ele." É, só em novela mesmo. E em se tratando de Rio de Janeiro, até em novela é uma situação completamente fora da realidade. Inimaginável.

Até porque não há policiamento móvel de trânsito no Rio - e creio que em todo o Brasil. Um motorista pode cometer as sandices que quiser ao volante, ameaçar a vida de Deus e o mundo, velhinhos e criancinhas incluídos, que nada acontece se ele não for flagrado por algum pardal eletrônico.

Recordo que uma vez, décadas atrás... Ups, melhor retirar esse "décadas atrás", é meio bandeiroso demais...

Recomeçando: recordo que uma vez, nos anos 80... Não, esse "recordo" também é bandeiroso e hoje estou me sentindo bem engraçadinho.

Agora vai: uma vez nos anos 80, se não me engano, um repórter da Rede Manchete fez uma matéria sobre isso para um dos programas da extinta emissora. Se não me engano (outra vez...), foi o Ronaldo Rosas. Ele pegou um carro e um cinegrafista e saiu cometendo várias infrações de trânsito pelas ruas da cidade. Avançou sinal, estacionou em local proibido, cruzou faixas sem sinalizar, ultrapassou limites de velocidade... Enfim, fez tudo aquilo que vemos os motoristas impunemente fazerem no selvagem dia a dia das ruas do Rio de Janeiro de hoje - acrescido da praga dos telefones celulares.

Quantas vezes foi abordado por alguma autoridade policial? Nenhuma, ora... Alguém esperava uma resposta diferente?

Um tio contou uma experiência que viveu relacionada a isso quando estava nos EUA visitando a filha. Já à noite, voltava dirigindo para a casa onde estava hospedado. Era uma daquelas vias meio suburbanas deles, com várias casas e mais casas ao longo.

Antes de um cruzamento, o sinal fechou. Sem movimento algum, escuro, achou que não faria mal algum dar uma avançadinha ali. Para quê? Sabem aquelas cenas de filme? Pois é: do nada, saiu uma viatura da polícia e o abordou.

Ficou tudo bem. Levou só um tempinho para explicar que tromba de elefante não é conta-gotas, que era estrangeiro, não teve a intenção e et cetera e tal.

Mas serviu para mostrar, mais uma vez, que o certo existe mesmo, não apenas no cinema. E que errados somos nós, que avaliamos toda a impunidade em nosso trânsito, permitindo verdadeiros assassinos ao volante, por jamais cobrarmos com vigor das autoridades leis realmente severas e policiamento viário ostensivo, para nossa própria proteção.

Acorda enquanto ainda é tempo, cidadão! Porque, do jeito que a coisa vai, um dia a situação foge totalmente ao controle.

E a questão agrava-se quando sabemos, como minha esposa faz sempre questão de lembrar, que a maneira que um motorista guia é o reflexo de sua personalidade. Ou seja: não trata-se de um problema apenas do trânsito em si, é principalmente uma questão de educação e cidadania - o que anda muito em falta no Rio de Janeiro.

Por ora, não custa torcer para que que o Campeonato Mundial de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016 deixem essa boa herança para a cidade: um trânsito civilizado, ocupado por gente de bem e cuidado, competentemente, por quem de direito.

Um comentário:

RobertaPaiva disse...

oba! adoro quando a Fernanda participa! E também concordo totalmente que "a maneira que um motorista guia é o reflexo de sua personalidade" sempre!
Já leu aquele livro que é um clássico nas aulas de Psicologia e comunicação: " O Corpo Fala"? É exatamente isso, nossos gestos falam mais sobre nós mesmos do que possamos imaginar...
Dá medo em pensar quantos malucos estão ao volante por aí...rs!
Adorei o texto:)
beijos
Beta