sexta-feira, 21 de maio de 2010

CINEMA ► "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura": eu acho muito legal!

Aproveitando uma pausa nos playoffs da NBA, que, conforme qualquer pessoa que se disponha a ler este blog já deve ter percebido, anda consumindo meu tempo livre, me deu vontade de escrever sobre uma coisa legal. Bem, legal para mim.

Feito no final dos anos 60, na esteira dos filmes de divulgação dos Beatles "A Hard Day's Night" e "Help" e no auge da Jovem Guarda, "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" foi o primeiro da trilogia que Roberto Carlos protagonizou no cinema, seguido por "Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa" e "Roberto Carlos a 300km por Hora".

Por que estou escrevendo sobre isso? Simples: outro dia cometi o terrível erro de sintonizar no Canal Brasil quando passava mais uma reprise do filme. E lá fui eu, mais uma vez, ficar preso assistindo como que hipnotizado, pela enésima vez, àquele para mim divertidamente costurado desfile despretensioso de clipes de canções irresistíveis. Não por acaso, o álbum de mesmo nome, base da trilha sonora do filme, foi o vencedor em uma votação promovida pelo o Jornal do Brasil em 2005 sobre discos que emplacaram diversos sucessos ao mesmo tempo na música brasileira. (Fonte: Wikipédia)

E em minha opinião, despretensioso é uma palavra-chave. Sempre digo que um filme deve ser avaliado de acordo com sua pretensão. Pelo menos, por mim...rs. Querer analisar filmes como os dos Beatles e de RC sob a rigorosa ótica de estética, visual, roteiro, continuidade e outros blablablás cinematográficos é tolice. Não são filmes feitos com essa preocupação. E esses filmes de RC seguem estritamente essa linha de total despretensiosidade, com a única intenção de divulgar a imagem do cantor de uma maneira leve, divertida, através de sucesso em cima de sucesso, músicas que várias gerações conhecemos de cor e salteado. Nada para se levar a sério. Apenas para divertir aqueles que gostam dessas músicas. Como eu.

Comparando com os originais dos Beatles, meu grande amigo, ex-pupilo e hoje mestre, Paulo Fontenelle que me desculpe, mas acho os de RC bem mais legais. O encadeamento das músicas é mais direto, sem muita pausas. A ingênua história metalinguistica da gravação de um filme de um ídolo da Jovem Guarda (adivinhe quem?) em que o ator que interpreta o vilão tenta de todas as formas matar o mocinho e evitar morrer mais uma vez no final é simples e espirituosa. Além, claro de ser pretexto para mostrar Roberto Carlos pilotando helicóptero, Roberto Carlos dirigindo carrão, Roberto Carlos pilotando avião da Esquadrilha da Fumaça (!),Roberto Carlos a bordo de foguete, Roberto Carlos dirigindo trator (!!), Roberto Carlos guiando barcos,Roberto Carlos dirigindo tanque (!!!), Roberto Carlos cercado de garotas, Roberto Carlos fugindo de bandidos, Roberto Carlos capturado por bandidos, Roberto Carlos batendo em bandidos, Roberto Carlos explodindo... e tem até Roberto Carlos cantando.

O Roberto Carlos propriamente dito, o real, encarnava um mocinho simpático e aventureiro (eu diria "safo", mas não existia essa expressão na época). A direção de Roberto Farias é ágil, sem maiores preocupações além de emendar uma cena à outra, quase sempre através de sucessos contagiantes. Reginaldo Farias, no papel do tresloucado diretor do filme fictício, e José Lewgoy, como o inconformado vilão que não aguenta mais morrer no fim, estão divertidamente impagáveis. Mas o destaque do filme são aquelas canções que marcaram uma época e que não saem da cabeça de muita gente. Inclusive da minha, claro, que cresci ouvindo os discos de Roberto Carlos que mamãe não cansava de ouvir na vitrola.

Êpa! Para quem não está ligando o nome ao significado (ou seja, não tem tanta idade assim), "vitrola", segundo definição do Michaelis: "aparelho elétrico para reprodução de sons gravados em discos." Bem, hoje quem conhece vitrolas chama de pick ups, que sobrevivem principalmente como instrumento de trabalho de DJs (outrora chamados de "disk jóqueis"), mas bem diferentes do exemplo da foto aí ao lado.

Seguindo... Simplesmente acabo não conseguindo mudar de canal com músicas como "Eu sou terrível", "De que vale tudo isso" e "Você Não Serve pra Mim" muitas vezes rechedas de imagens do Rio de Janeiro de 1968 - não fosse eu um apaixonado por imagens antigas da cidade.

Aí embaixo, direto do YouTube, a sequência de "Você Não Serve Pra Mim":



Cenas como o voo de helicóptero que começa no centro da cidade, passa sob o Túnel do Pasmado, vai à Zona Sul, praia, Corcovado, passeia pelo Centro, Santa Teresa, até aterrissar sobre o prédio do então Banco do Estado da Guanabara,  começando com "Namoradinha de um Amigo Meu" e terminando com "Canzone per Te" são irresistíveis. Se bem que, melhor do que eu ficar aqui tentando descrever, mais vale curtir mais uma cortesia do YouTube, essa sequência em duas partes:




Não é um graaaaaaaaaande filme nem foi feito com qualquer pretensão nesse sentido. Mas é agradável pra caramba de ver, mora?

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