sexta-feira, 28 de maio de 2010

NBA ► Herói por acidente: Ron Artest salva o dia em Los Angeles e põe o Lakers na frente do Phoenix Suns

Phoenix Suns 101 x 103 Los Angeles Lakers
Final Conferência Oeste
(2 x 3)

Começando pelo fim: sabem aquela sensação de déjà vu? Veja os vídeos abaixo. No primeiro, jogo 6, duelo em Oklahoma. O segundo, jogo 5, a batalha em Los Angeles.

Pois é. Qual o personagem de Dustin Hoffman em “Herói por Acidente”, Ron Artest parecia não querer nada com a hora da morte, assim como Gasol naquele jogo 6 em Oklahoma, quando o espanhol fez um pífio segundo tempo e errou algumas jogadas importantes antes de fazer a cesta da vitória. Desta vez em Los Angeles, Artest errara todos seus arremessos (sim, porque sua única cesta tinha sido uma bandejinha em um contra-ataque), principalmente dois chutes a um minuto do fim que quase infartaram a torcida que lotava o Staples Center. O primeiro, ainda vá lá, estava em cima do tempo. Já o segundo, com três pontos à frente, no rebote do primeiro erro, foi um lance absolutamente infantil. Não por ter chutado, já que estava livre na linha dos 3, mas por quando ter chutado: qualquer criança sabia que o time tinha que trabalhar os 24 segundos de posse de bola. Àquela altura, o Lakers precisava desesperadamente de mais um pontinho para fazer o Suns precisar de duas posses de bola e não concluir sua incrível reação. O Suns não aproveitou os erros de Artest e logo depois, faltando apenas 20 segundos, Pau Gasol desperdiçou uma assistência tipo “toma, faz” de Kobe machadando a bola no aro – bastava um pouco mais de jeito e menos de força para arrumar ao menos uma falta.

Daí o Suns foi furioso ao ataque atrás dos três pontos que precisava para levar a partida para a prorrogação. Steve Nash errou de três e... Steve Nash pegou o rebote! Jason Richardson (foto) chutou de novo dos 3... Aro! Channing Frye pega o rebote (hello, defesa do Lakers, cadê você?), para Richardson. JR dá um decidido passo à frente e manda seu maior pombo sem asas da temporada: tabela, aro e rede – sua única cesta de três, após cinco tentativas infrutíferas. Incrível! A 3,5 segundos do fim, jogo empatado. Aí rolou o que vimos lá em cima no início, no segundo vídeo.

Incrivelmente, a defesa do Suns reagiu como a do Thundercats no momento decisivo, parecendo hipnotizada observando Kobe Bryant com a bola na mão para decidir mais uma partida, de tal forma que simplesmente esqueceu-se de defender o garrafão no caso de um possível rebote. E a bola de ontem de Kobe nem aro deu.

Justiça seja feita, até pelo pouco tempo no cronômetro, a marcação sobre Kobe foi excelente. Pressentindo a falta de chance para sequer bater a bola, Kobe tentou antecipar o jump para ter alguma visão por cima de seus marcadores, mas acabou faltando braço para o arremesso. E a bola foi parar nas mãos de Artest, que jogou para cima como deu e colocou o Lakers a uma vitória da final da NBA. Fosse daqueles comerciais bacanas e poderia aparecer uma cartela assim depois: That’s why I love this game! E é por isso que tenho usado este meu espaço aqui para registrar mais esta temporadas de playoffs, deixando a vontade de escrever sobre diferentes assuntos um pouco de lado.

O jogo de ontem foi sensacional. O Suns começou bem e ameaçou ir embora, só que o Lakers reagiu e chegou a abrir 18 pontos no terceiro quarto. Mas à base de velocidade nos contragolpes e chutes e mais chutes de três (e ainda umas tolas faltas do Lakers que permitiram seguidos arremessos de bonificação), o Suns conseguiu uma sensacional reação e lutava contra o tempo para tentar chegar no placar antes do zerar do cronômetro. Sabe aquele final de corrida de automobilismo em que o líder vê sua vantagem sobre o segundo colocado diminuir volta a volta, restando apenas saber se o número de voltas restantes será o suficiente para haver a decisiva ultrapassagem?Pois parecia bem essa a situação. O Lakers tentava desesperadamente cruzar a linha de chegada antes de ser ultrapassado. Infelizmente para o Suns, não deu.

Steve Nash fez uma grande partida, partida de All Star, de MVP. Foram 29 pontos, 11 assistências e uma garra incrível ao imprimir um ritmo de jogo que tonteou a defesa californiana. Foi o destaque absoluto do time e fez seus companheiros renderem mesmo não estando em uma noite à altura da sua. Além da velocidade e dos chutes de 3, as seguidas infiltrações no garrafão penduraram os titulares do Lakers, que foi obrigado a cedo afrouxar a marcação. Dos seis titulares do Lakers (digamos assim), apenas Lamar Odom não se arrebentou com as faltas, o que mais uma vez expôs a fragilidade do banco de Phil Jackson (ontem até Sasha Vujacic e Luke Walton ganharam mais tempo de quadra) e mostra por que Andrew Bynum, mesmo com o joelho cada vez mais estourado, é obrigado a ir para o sacrifício jogo após jogo, nem que seja para ao menos ocupar espaço e poupar faltas de Gasol e Odom. Um Bynum sem um joelho, com todo o respeito, vale bem mais que, ao menos hoje, um DJ Mbenga e um Josh Powell inteiros.

Channing Frye (14 pts, 10 reb) e Amare Stoudemire (19 pts) foram, numericamente, os maiores auxílios a Nash. Mas coletivamente todo o time funcionou muito bem, mantendo um ritmo constante mesmo quando estava atrás – bem atrás - no placar.

Falando do Lakers, podemos começar repetindo as palavras que usei para abrir o parágrafo anterior: Kobe Bryant fez uma grande partida, partida de All Star, de MVP. Foram 30 pontos, 11 rebotes, nove assistências e ainda quatro tocos. Nos momentos agudos, recebeu preciosíssima ajuda de seu veterano parceiro Derek Fisher (foto), que fechou com 22 pontos. Apesar dos bons números (21 pts, 8 reb, 5 ast), Gasol não brilhou. Lamar Odom, sim, deu ótima contribuição, anotando 17 pontos, 14 rebotes e mais quatro assistências.

Aí abaixo, os highlights da partida no vídeo distribuído pela NBA, via YouTube.


Agora vamos para o jogo 6, no Arizona. Se o Phoenix Suns conseguir manter o astral lá em cima e não ficar chorando o leite derramado neste jogo 5, quando poderia roubar uma decisiva vitória em Los Angeles (o Lakers estava pendurado demais para encarar bem uma prorrogação), tem grandes chances de empatar a série e levar a decisão da Conferência Oeste para um imprevisível jogo 7 no Staples Center. O Suns precisa correr e mostrar logo ao Lakers que no Arizona os campeões não vão conseguir nada. Caso contrário, se permitir ao Lakers abrir vantagem ou mesmo a partida se arrastar enroscada até o fim, correrá sério risco de ver tudo acabar diante de sua torcida, pois Kobe, Fisher e companhia sabem muito bem como fechar jogos assim, mesmo em quadra adversária.

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