segunda-feira, 5 de abril de 2010

FÓRMULA 1 ► Sem chuva, GP da Malásia foi... chato

O GP da Austrália, desde os tempos de Adelaide, raramente deixa a desejar no quesito emoção entre os circuitos de Fórmula 1. A atraente corida disputada em Melbourne duas semanas atrás, portanto, não surpreendeu. Pena que, aparentemente, tenha sido apenas um ponto fora da curva de mesmice que domina o circo da categoria mais lucrativa do automobilismo.

A prova disputada em Sepang, na Malásia, em mais uma daquelas pistas lindas e difíceis de ultrapassar, foi, como de hábito, de fechar as pestanas e deixar-se levar pelo sono. E o pior é que a corrida prometia, mas ficou apenas na promessa. Culpa da chuva.

É, culpa da chuva mesmo, essa falsa semeadora de ilusões! O aguaceiro que caiu no treino classificatório deu uma das mais incríveis embaralhadas de um grid dos últimos tempos. Os bólidos da McLaren e Ferrari largariam nas últimas filas, cercados pelas carroças da Lotus, da Hispania e da Virgin, e a previsão meteorológica de chuva para o horário da corrida fazia crer que o GP da Malásia tinha tudo para ser um verdadeiro samba do piloto doido. Ou seja: divertidíssimo de assistir.

Mas pobre de nós, nada disso aconteceu. Lógico que não gostaríamos de um temporal que colocasse em risco a vida dos pilotos, mas aquela chuva simpática, que nivela os carros e aumenta a emoção, molhando o asfalto de um circuito seguro, é tudo o que eu, particularmente, gostaria de ver. Só que as voltas foram se sucedendo e nada de água à vista.

Para se ter uma ideia, os pilotos que chegaram na frente praticamente só foram vistos durante o pit-stop para troca de pneus e depois no pódio. Sabíamos que Vettel, Webber, Rosberg e Kubica estavam lá, em algum ponto da pista, mas simplesmente nada acontecia entre eles, que ocupavam, respectivamente, do 1º ao 4º lugar e pareciam respeitar aquela mensagem que costumava estampar traseiras de ônibus e caminhões: “Mantenha distância”.

Barrichello poderia trazer algum alento ao ânimo brasileiro, afinal largava em 7º e a previsão de chuva lhe dava esperanças de fazer uma boa corrida, já que faria os carros melhores descerem ao nível do dele, que talvez seja o melhor piloto da categoria debaixo d’água. Mas não houve nem chuva nem largada, já que a Williams apagou com o sinal verde, assim como a prova do veterano piloto.

A Williams, aliás, parece correr sozinha na temporada. Até o momento, há as equipes de ponta, cujos pilotos devem disputar o título: RBR, McLaren, Ferrari e, chegando pela regularidade, especialmente de Nico, a Mercedes. Depois, há as equipes emergentes, sempre a fim de fazer graça, na base do “bobeou, a gente pimba”: Renault, STR e Force India. Lá atrás, as equipes perdidas na categoria errada: Hispania, Lotus e Virgin. Entre os carros que correm de verdade e essas três últimas, a indefinida Williams de Barrichello e Hulkenberg, que não acompanha as primeiras e sequer vê as outras pelo retrovisor. No momento, parece uma equipe autista, que corre em seu próprio mundo de limitações.


A prova, enfim, resumiu-se à previsível recuperação de Hamilton, Button, Massa e Alonso, já que em condições normais não há como a  maioria dos carros os manterem lá atrás, com uma ou outra alternância entre eles que mais deveu-se a momentâneas condições de pneus que a qualquer outra coisa. Mas como ao menos havia “aquilo que você queria ver na Fórmula 1” e que o Galvão Bueno fazia questão de lembrar a cada ultrapassagem, a transmissão focou nos atrasados pilotos de ponta e nas tradicionais disputas por posição lá no rebolo, pouco acompanhando os líderes. E para quem não os viu na telinha, aí na foto uma prova de que eles correram, sim, aparecendo na ordem em que fecharam a primeira e a última volta.

Enfim, vamos aguardar o fim da turnê europeia do circo, no belíssimo circuito de Xangai, para vermos em que ponto estará cada equipe ao chegar à temporada europeia.

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