sábado, 10 de abril de 2010

FUTEBOL ► Gol irregular decide clássico no Rio e repórter pergunta: “Atrapalhou um pouquinho?”

O Campeonato Carioca anda às raias da patetice. Já até postei algo aqui. E uma das partes mais patetas trata-se, claro, do nível da arbitragem.

Curiosamente, antes do jogo, comentei com meu irmão que uma das coisas que me surpreendem positivamente nas divisões inferiores do futebol paulista (é, assisto com alguma frequência às transmissões das séries A1, A2, A3, B1 etc. da Rede Vida, mas isso é outra história) são as boas arbitragens. Mas fiz uma ressalva, dizendo que é uma pena que quando sobem para a divisão principal, esses árbitros coloquem o galho dentro, se preocupem com nomes e camisas e acabem se enredando em um mar de más atuações.

Aqui no Rio nem vale a pena entrar em detalhes, o histórico é longo e as listas de casos e “causos” (aqueles que se ouve, se sabe, mas não se pode provar) só aumentam.

Mas pau a pau com a arbitragem anda o nível das transmissões televisivas. A pérola que – com a cabeça inchada pela derrota – me motivou a postar veio ainda a pouco, após o Botafogo vencer o meu Fluminense por 3 x 2 e garantir vaga na final da Taça Rio com um gol absolutamente irregular, um lance de almanaque que até criancinhas da categoria fraldinha apontam o dedo: “Não vale!”

Não foi um lance difícil, polêmico, muito pelo contrário. Escanteio, bola parada, situação clássica, com a zaga rebatendo para frente da área e um atacante concluindo. Entre a linha de zaga tricolor e seu goleiro, um jogador alvinegro dois metros adiante, completamente impedido, bem à frente do goleiro, abre as pernas, deixa a bola passar e... bola no fundo das redes. Um lance tão claro quanto o céu azul do passado verão carioca de 50 graus. Não cabe interpretação, subjetividade, nada. Basta apenas enxergar direito e ter a intenção de apitar direito para impugnar o lance.

Bem, mas isso para nós que temos a benção de Deus de enxergar razoavelmente bem, o que não deve ser o caso da bandeirinha que acompanhava o lance e do “apitador” do jogo em questão. Porque não vou falar em roubo, má intenção, essas coisas que podem ser subjetivas, passionais ou não comprováveis. Só posso supor que esses dois colaboradores (é, incrivelmente o superprofissional futebol dos dias de hoje ainda é arbitrado por amadores) não enxerguem direito e, assim, deixem claro que não podem apitar uma partida de futebol profissional que cobra ingressos – e caros – na bilheteria.

Pelo menos, ficamos tranquilos, sabendo que esses dois não deverão seguir “colaborando” em partidas de futebol profissional, não é mesmo? Ou não?

Mas vai daí que, após o jogo, um profissional de imprensa do canal que cobra muito caro, também, pelo pay-per-view pergunta a um jogador do Fluminense algo assim: “Vocês reclamaram muito do lance do terceiro do gol do Botafogo, que teria sido irregular. Isso atrapalhou um pouquinho?”

Não, só decidiu a partida, a semifinal, a vaga na decisão da Taça Rio e eliminou o Fluminense do Campeonato Carioca da 2010. Fora isso, não atrapalhou nada, nada.

E depois com que cara vai se reclamar da falta de obrigatoriedade de diploma para exercer o jornalismo?

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