sexta-feira, 13 de agosto de 2010

POLÍTICA ► Como assim não fazer campanha olhando pelo retrovisor?

Há declarações que contradizem a história da própria pessoa que as faz. José Serra, mais uma vez candidato do PSDB à presidência da República, sempre usou a palavra experiência como um mote eleitoral, destacando seu currículo (mesmo com algumas contradições) e seus longos anos de vida pública.

O problema é que político, em geral, tem uma grande dificuldade de tornar coerentes seus discursos nas diferentes circunstâncias que enfrenta durante sua trajetória. Acontece à esquerda, à direita e ao centro também. Mas algumas vezes eles extrapolam e acabam passando uma imagem que depõe contra si mesmo. Especialmente em uma época em que os políticos têm uma maior visibilidade, como durante as campanhas eleitorais para o cargo maior da nação. É preciso ter experiência nesse jogo. Saber jogar.

José Serra é um homem inteligente. Sair por aí dizendo que não se deve fazer campanha olhando pelo retrovisor contradiz tudo o que pregou em pleitos anteriores e o faz passar apenas por mais um político oportunista em busca de frases de efeito que se adaptem a um determinado momento.

O candidato da oposição já tem se saído mal com feitos fictícios ("pai dos genéricos", "pai do FAT", combate à Aids...) que até o fizeram recorrer a constrangedoras retratações. José Serra é bom técnico e devia fazer campanha política como um técnico, enfatizando propostas e soluções, e não caindo no discurso comum de políticos carreiristas que se torna verdadeira armadilha para quem não tem jeito para isso - o que não é qualquer demérito.

Além do quê, fazer campanha sem olhar para as próprias realizações ou de seu partido é como procurar emprego e pedir para não levarem em conta seu passado profissional. Não faz qualquer sentido, certo?

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