sábado, 21 de agosto de 2010

CARNAVAL ► Morre o baluarte Aurinho da Ilha, autor de "Domingo"

Vítima de problemas decorrentes de diabetes, morreu esta semana no Rio de Janeiro o compositor Aurinho da Ilha, autor de 11 sambas campeões na União da Ilha do Governador e mais dois na Acadêmicos do Salgueiro. Entre suas composições, verdadeiros clássicos dos sambas-enredos, como "Domingo" (União da Ilha, 1977) e "Dona Beija, a Feiticiceira de Araxá" (Salgueiro, 1968).

Nascido Áureo Campagnag de Souza, o compositor é de uma geração que já faz muita falta nas quadras da cidade. Foi o maior parceiro do também saudoso mestre Didi (o procurador da República Adolfo de Carvalho Baeta das Neves), com quem assinou 10 de seus sambas na Ilha do Governador. O primeiro, em 1955, "Fundação da Cidade do Rio de Janeiro". O último, o bonito " Um herói, um Enredo, uma Canção", em 1985, com a colaboração de Aritana.

No Salgueiro, além de "Dona Beija", Aurinho também foi o responsável pelo não menos belo e marcante "História da Liberdade no Brasil", em 1967.

Mas o maior sucesso de Aurinho é mesmo "Domingo", hino com o qual a União da Ilha encantou o país no amanhecer da segunda-feira de carnaval de 1977 e fincou seu nome na história dos desfiles de escolas de samba. E é com ele, criado em parceria com Waldyr da Vala, Ione do Nascimento e Adhemar Vinhaes, que ilustro este registro em memória de um daqueles compositores que nos deixam muitas saudades e obras de qualidade - o que pouco ouço hoje em dia. Abaixo, trechos daquela antológica passagem da Ilha pela Marquês de Sapucaí, com som ao vivo, direto do YouTube.


E a propósito:

1 - Atentem para a bateria batendo samba, com cadência de samba. Hoje as baterias batem forte e rápido. Cadência, melodia, suingue... Tá difícil.
2 - Salvem o samba-enredo!

Enfim, a morte de Aurinho enlutece todo o mundo do samba nacional, mas especialmente a Ilha do Governador. Na imaginação da poesia insulana, quem sabe Aurinho, agora lá em Cima, não volte a compor com Didi sambas maravilhosos para Aroldo Melodia cantar?

É o meu desejo.

Enfim, a morte de Aurinho enlutece todo o mundo do samba nacional, mas especialmente a Ilha do Governador. Na imaginação da poesia insulana, quem sabe Aurinho, agora lá em Cima, não volte a compor com Didi sambas maravilhosos para Aroldo Melodia cantar?

É o meu sonho.

Nenhum comentário: