quinta-feira, 1 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Espanha fura retranca de Portugal e chega às quartas de final

No primeiro minuto de jogo, Fernando Torres quase abriu o marcador. Caído pela ponta esquerda, cortou para o meio e bateu no ângulo direito do goleiro Eduardo, que foi lá buscar. No minuto seguinte, foi a vez de David Villa finalizar da meia-esquerda e obrigar Eduardo a trabalhar. Aos 5', novamente Torres invadiu pela esquerda e Eduardo salvou mais uma. Já há um padrão aí, não é mesmo? O jogo mal começara e ficava claro qual equipe partiria para a vitória e qual se limitaria a defender. Assim foi durante os 90 minutos em que a Espanha muito justamente eliminou a retrancada seleção de Portugal nas oitavas de final disputada na Cidade do Cabo.

O panorama durante os 90 minutos não mudou um instante sequer. Com a posse de bola e toques envolventes, a Espanha procurava espaços e rondava constantemente o gol guarnecido por Eduardo, até então invicto na competição. Com seus quatro homens do meio (Xabi Alonso, Xavi, Iniesta e Busquets, este um pouco menos) sempre à frente, mais os atacantes Torres e Villa e ainda o apoio constante do lateral Sérgio Ramos, a Espanha dominava o meio campo e ia criando chances de gol, apesar do forte bloqueio português à frente de sua área.

Já Portugal limitava-se a defender. Com Cristiano Ronaldo isolado, Simão mais recuado e muito distante dele e Hugo Almeida sempre brigando com a bola, pouco ameaçava a meta defendida por Casillas. Seu meio campo era absolutamente improdutivo e incapaz de uma troca de passes, o que não surpreendia, porque imaginar troca de passes entre os botinudos Pepe e Raul Meireles e Tiago requer um certo esforço mental. A presença do limitado Almeida à frente só tornava mais lógico o fato da equipe lusa nada criar. Desse modo, cabia a Portugal apostar no 0 x 0 e levar a decisão da vaga para a disputa de pênaltis. Só podia ser esse o objetivo do técnico Carlos Queiroz.

E lá foi o jogo nessa toada, com a Espanha atacando e o grito de gol preso na garganta. Grito que esteve mais próximo de sair aos 15' do segundo tempo, quando Sérgio Ramos centrou e Lloriente, que havia substituído o cansado Fernando Torres, cabeceou de peixinho para o chão, de dentro da pequena área, para ótima defesa no reflexo de Eduardo. Ou logo depois, quando David Villa entrou livre pela esquerda e perdeu, quando tinha a melhor opção de tocar para o lado na direção de quem entrava.

O gol, a essa altura, era questão de tempo, mas havia o risco do tempo não esperar e levar a partida para a prorrogação e pênaltis, como desejava Portugal. Mas prevaleceu o velho ditado "água mole em pedra dura tanto bate até que fura" e aos 18' a Espanha chegou ao gol que lhe daria a classificação. E foi através do artilheiro David Villa. Na pressão, Iniesta deu um toquinho na entrada da área para Xabi Alonso, que, de calcanhar, deixou Villa livre na esquerda, na cara de Eduardo, que ainda salvou o primeiro chute, mas não teve como evitar a conclusão fatal no rebote.

Daí para frente Portugal... só escapou de levar mais um. Como aos 24', quando Sérgio Ramos avançou mais uma vez rumo à área, cortou para a perna esquerda e soltou a bomba rasteira e cruzada, para grande defesa de Eduardo no cantinho direito. Ou aos 27', quando Villa chutou de fora e Eduardo de novo defendeu. Ou ainda aos 41', quando Lloriente recebeu um lançamento longo e cabeceou para baixo no canto esquerdo, com a bola raspando a trave.

Quanto a Portugal, sua única chance realmente relevante ocorreu aos 6' dessa etapa final, quando Almeida conseguiu puxar um ataque pela esquerda, limpou Puyol e procurou Ronaldo na área. A bola desviou na zaga e encobriu Casillas, quase caindo dentro do gol. E foi só.

Na Espanha, destaque para o artilheiro David Villa, os meias Iniesta e Xabi Alonso (que toque foi aquele?) e o lateral Sérgio Ramos, incansável no apoio. Em Portugal, só há lugar de honra para Eduardo. Não à toa, o goleiro foi o jogador que mais sentiu a derrota. Afinal, foi quem mais se empenhou por sua seleção em campo. A entrevista final de Carlos Queiroz, dizendo que a Espanha merecera por controlar mais a bola e que quem tem a posse de bola está sempre mais próximo da vitória, é um primor de paradoxismo. Se ele acha isso, como escala o meio de campo que ele escalou? Como deixar Deco e Liedson de fora assistindo a Pepe, Raul Meireles e Hugo Almeida maltratarem a bola? Pepe e Meireles só fizeram disputar com Ricardo Carvalho a malfadada honra de mais violento jogador no gramado. Apesar dos esforços, quem acabou expulso no final foi Ricardo Costa, após uma covarde cotovelada em Capdevilla. Que coisa feia...

Não sei o que foi melhor para a Copa do Mundo: a permanência do bom futebol espanhol ou a eliminação da retrancada e botinuda seleção portuguesa.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 56: Espanha 1 x 0 Portugal.

Nenhum comentário: