terça-feira, 9 de março de 2010

CINEMA ► “Podecrer” e “1972”: caricatura D+, filme D-

Tentei outro dia assistir a “1972”, filme de José Emílio Rondeau. Ontem, me aventurei com “Podecrer”, de Arthur Fontes. Ambos os filmes agradaram a uma faixa jovem do público de cinema. Bem, se os tivesse visto no cinema mesmo, onde por pagar ingresso me obrigo a assistir a um filme até o fim, talvez pudesse gostar também. Mas em casa, com o controle remoto na mão, não deu.

“Podecrer” passa-se em 1981 e “1972” em... Bem, é óbvio. Em 1972 eu era uma criança; em 1981, um jovem. Mas mesmo sendo criança em 1972, a realidade daquela época nunca me foi distante e ficou difícil de engolir mais de 20, 25 minutos de filme com personagens tão caricatos e situações idem.

A turminha do filme de 1981, então, bota caricatura nisso... Mas como me dizia mais respeito (tipo “eu tava por lá nos anos 80”...), até consegui resistir exatos 52 minutos. Mais, impossível, até porque nada de relevante acontecia.

Talvez esse tipo de estereotipação de jovens de diferentes épocas seja interessante para apresentá-los a novas gerações, mas para quem esteve próximo ou viveu aqueles dias, tudo tem sido muito caricato. E pior: na maioria desses filmes, nos 70 ou 80, são sempre os mesmos tipos de personagens repetindo as mesmas situações. Como uma espécie de “Feitiço do Tempo” cinematográfico cujas ações se repetem em filmes sem fim.

Mas o problema seja de pessoas como eu, para quem o filme não foi dirigido e tudo o que acontece é extremamente redundante, repetitivo, já visto... Envelhecer dá nisso.

Nos anos 80 houve um filme de Joel Schumacher chamado “O Primeiro Ano do resto de Nossas Vidas”, com uma turma de garotos logo apelidada de Brat Pack, numa clara alusão ao Rat Pack, o clã de Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr e Cia. O Brat Pack reunia, entre outros, Demi Moore, Molly Ringwald, Rob Lowe  e Anthony Michael Hall.

Vi esse filme várias vezes. Uma no cinema, outras em vídeo na faculdade, onde todo mundo gostou e queria uma cópia. Mesmo achando algumas situações bastante clichês, eu gostava, afinal, eram coisas que aconteciam com a gente. Apenas não me deixava levar o suficiente para considerá-lo um graaaaaaande filme. Mas achava bom, legal e gostava muito.

Meu pai, cinéfilo de décadas passadas, quando viu em vídeo... Diria que ele fez um “hum”, tipo “de novo?” ou “já vi isso um monte de vezes” e deixou sair um “filme de jovens” como comentário. Não, não vou dizer que “hoje eu entendo” porque na hora entendi: ele já tinha visto aquilo muitas vezes, muito tempo antes.

Mas prometo a mim mesmo que em uma nova oportunidade, de preferência no frio e munido de muita pipoca, darei nova chance aos dois filmes, tanto a “Podecrer” como a “1972”, assistindo-os sem má vontade, sem preconceitos, com as melhores intenções, como se fosse a primeira vez – mas, por via das dúvidas, sem o controle remoto por perto.

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