terça-feira, 23 de março de 2010

FUTEBOL ► Campeonato Carioca: do luxo ao lixo

Alguns gênios decidiram transformar em 2010 o dito “mais charmoso campeonato do país” em um torneio. É, um torneio apenas entre os quatro grandes, já que eles disputam uma série de partidas inúteis contra os chamados clubes pequenos que, por influência da Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão, raramente podem exercer o direito de jogar em seus campos contra Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Assim, vemos acentuada a diferença técnica entre grandes e pequenos e jogos com resultados pra lá de previsíveis. A emissora prefere mostrar confortáveis estádios vazios a transmitir um campeonato competitivo.

Os grandes clubes jogam quase sempre nos campos que a Globo “autoriza”: Maracanã, Engenhão, São Januário e Raulino de Oliveira, o Estádio da Cidadania em Volta Redonda. No final, acontece o que todo mundo imagina desde o início: um torneio entre eles para definir o primeiro turno (a Taça Guanabara), outro para definir o segundo (a Taça Rio) e duas partidas finais para decidir o campeão, se o mesmo time não conquistar os dois turnos.

Ou seja: um monte de partidas tão inúteis quanto vender ventilador no deserto e a no máximo oito partidas que realmente valem alguma coisa. 120 jogos sem qualquer apelo, fora um clássico ou outro, o que tem sido muitíssimo raro.

O mínimo que se espera em um torneio desses é que se criem atrativos para convencer o torcedor a ir aos estádios e não esperar apenas os jogos que valem. Afinal, o torcedor tem dado amplas provas de que nãom é bobo. Ele percebe a diferença entre o Campeonato Brasileiro, onde TODOS os jogos valem, já que o campeonato é de pontos corridos, e um torneio embromatório como o carioca.

Mas os dirigentes esportivos daqui fazem o contrário: marcam jogos para horários completamente idiotas, como 19h30min de domingos e 21h50min de quartas-feiras, e, não satisfeitos com isso, majoram absurdamente o preço dos ingressos. O torcedor não é bobo de pagar R$ 40,00, R$ 50,00 por nada. Para fechar o pacote, ainda distribuem ingressos para as famigeradas torcidas organizadas que tantas famílias expulsam dos estádios.

E a situação fica nesse nível: um trabalhador paga R$ 70,00 por uma arquibancada, como no caso do recente Botafogo x Flamengo no Engenhão, para ir a um jogo numa noite de domingo em que 1/3 dos presentes não pagaram nada para estar ali. É querer fazer o torcedor de otário ou não?

Agora, porteira arrombada, os dirigentes e demais autoridades se questionam sobre o que deu errado e no motivo da ausência de torcedores nos estádios. Precisa pensar? Basta perguntar a qualquer torcedor em qualquer esquina da cidade.

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