quinta-feira, 11 de março de 2010

TECNOLOGIA ► Microsoft faz estranho jogo contra o patrimônio incentivando a pirataria

Apesar de não ter exercido a profissão a não ser como estagiário, sou formado em Administração. E fica difícil para quem faz esse tipo de faculdade ou qualquer curso de gerência entender a maneira de pensar de certos empresários. Talvez - provavelmente até - a falta de prática profissional faça certas coisas escaparem à minha compreensão. Como o caso da Microsoft, por exemplo.

A Microsoft sempre diz-se vítima da pirataria de softwares, principalmente em relação ao seu sistema operacional, o Windows, e que faz de tudo para combatê-la. Não acredito. Ao contrário, acho que a poderosa multinacional de tecnologia incentiva a pirataria através de sua - para mim, estranha - estratégia comercial.

Tomemos como exemplo o Brasil, onde há, no mínimo, 40 milhões de usuários domésticos de computadores. Desses, quantos devem possuir UMA licença legítima da Microsoft, que dá direito a apenas UMA instalação em UM único computador, pagando em torno de 500 reais pelo seu sistema operacional, agora o bom Windows 7? Poucos, não é? E quando digo poucos, quero dizer poucos mesmo. Creio que em torno de 1% (400 mil)... e olhe lá.

O Brasil é um mercado em que a Microsoft fatura corporativamente, vendendo para empresas, que não podem correr o risco de trabalhar com softwares piratas em suas máquinas e não arriscam-se em partir para o uso de software livre, como o Linux. E a Microsoft fatura muito bem. Ainda assim, isso não justifica o pouco interesse em faturar muito mais explorando o usuário doméstico, a quem a empresa não deixa muitas opções para obter um software original. O valor é extorsivo para a maior parte da população, ainda mais para uma licença que só vale a pena até a compra de um novo computador ou uma simples alteração de hardware ou mesmo a formatação da máquina.

Eu, simplesmente, não entendo. São 40 milhões de usuários provavelmente usando um Windows pirata, certo? Quanto a Microsoft fatura com isso? Zero.

Muitas pesquisas indicam que o consumidor gostaria muito de ter em seu computador um software original, mas não tem condições financeiras para isso. É caro.

Então vejamos: se em vez de R$ 500,00, pelo Windows 7, a Microsoft cobrasse um valor, digamos, social, em torno de R$ 20,00? Mesmo que por uma única licença para ser usada apenas uma vez em um único computador? Garanto que, no mínimo, metade desses 40 milhões de usuários domésticos comprariam o produto original. Mesmo que de ano em ano precisasse de outra licença, o preço não seria empecilho. Assim, a Microsoft faturaria pelo menos 400 milhões de reais de uma tacada só! Vai ver que eles nem consideram essa "ninharia" um faturamento relevante...

Para as empresas, a Microsoft poderia continuar cobrando seus 500 reais. Também poderia vender por esse preço ao usuário doméstico uma espécie de licença vitalícia ou de umas 50 instalações, incluindo aí as de novas versões do Windows.

Enfim, formas e formas de faturar mais e combater a pirataria e incentivar a compra de software original, existem. Mas ou não deve fazer diferença umas centenas de milhões a mais no recheado cofrinho da Microsoft ou outros motivos existem para a empresa apenas fingir que se incomoda com essa situação. Como costuma-se dizer, "aí tem..".

Nenhum comentário: