terça-feira, 10 de agosto de 2010

FUTEBOL ► Jogo do Duque de Caxias é marcado para 21h50min no Engenhão. É ou não é uma idiotice?

Tem coisas no futebol brasileiro que mostram claramente por que, apesar de eu achar os times e a competitividade muito maior, não pode ser levado nunca tão a sério como o europeu, por exemplo.

Hoje, terça-feira, está marcada para o Engenhão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a partida entre Duque de Caxias e Bragantino, válida pela segunda divisão do campeonato brasileiro. O Duque de Caxias, como diz o nome, NÃO é um time da cidade do Rio de janeiro. É de Duque de Caxias (dããã), na Baixada Fluminense. Clube novo, sem torcida, cujo apoio costuma ser apenas de moradores vizinhos que por ventura comecem a simpatizar pelo clube. O que não poderia ocorrer, claro, em nenhum outro lugar fora de Caxias.

Ano passado o Duque de Caxias estreou na segundo na meio por acaso e já como um time itinerante. Qual um nômade, o clube da Baixada joga em tudo que é lugar, menos na sua cidade. Até em Volta Redonda! E assim proporciona públicos constrangedores para o futebol profissional do país que mais títulos mundiais possui.

Hoje, aposto em menos de 50 pagantes. Parafraseando Nélson Rodrigues, qualquer paralelepípedo de porta de botequim apostaria também. Mas isso não parece incomodar os gênios que comandam o futebol brasileiro: a pútrida CBF e a emissora que detém os direitos de transmissão dos nossos campeonatos nacionais.

Imagino que o SporTV deva achar uma beleza exibir uma partida de futebol com aquele fundo imaculadamente azul das cadeiras do Engenhão, sem uma alma viva para quebrar o triste espetáculo monocromático. Não bastasse o fato do adversário nem em casa (Bragança Paulista) atrair torcida. Isso é espetáculo que se venda?

Só me permito imaginar coisas negativas diante de um quadro desses. Uma é que realmente a CBF e as Organizações Globo não estão nem aí para o futebol brasileiro, representado na figura dos clubes e de seus torcedores. Não gosto de usar linguagem chula ou vulgar, pois sempre acho falta de recurso linguístico e falta de respeito a quem lê, mas sinceramente: parece que eles literalmente defecam e seguem caminhando sem sequer olhar para trás.

É essa a imagem do futebol brasileiro que querem exportar para o mundo todo? Para os comentaristas da emissora que detém os direitos de transmissão, parece que sim, já que não se vê qualquer crítica à organização do campeonato e a esse horário imbecil de jogos que eles transmitem (dããã 2). Mantém aquela empáfia de quem tem algo que o outro não tem e com isso se satisfaz e sente parzer. No caso, os direitos de exibição dos jogos, o que a concorrência não tem.

Fosse a CBF uma entidade interessada em atender aos interesses de seus afiliados e as Organizações Globo menos preocupada em apenas vender, independente da qualidade do espetáculo (o que importa é grana…), evitariam uma situação constrangedora como essa.

Diz a CBF que o estádio do Duque de Caxias, o Marrentão, não tem condições de receber jogos de seus campeonatos. Mas como assim? Jogos para 500, mil pessoas? Cabem sete mil no Marrentão. Não é o suficiente? E a Vila Belmiro tem condições de sediar finais de campeonatos da CBF? Final de Copa do Brasil num alçapão ultrapassado e que não atende à demanda da partida? Só para comparar, as finais de dois torneios equivalentes à nossa Copa do Brasil, mas disputados apenas por clubes das terceira e quarta divisões inglesas, são realizadas simplesmente no majestoso e agora moderno Wembley. Aqui, joga-se na Vila Belmiro… No tempo em que o Santos era um grande clube de verdade, realizava suas partidas importantes até no Maracanã, sempre no maior palco disponível. Mas hoje isso é passado e o Santos é um desses clubes ditos grandes cheios de atitudes pequenas, como já comentei aqui em relação ao meu Fluminense. Mas isso é outra história.

A marcação de jogos de clubes de menor número de torcedores deveria, obviamente, procurar torná-los os mais atraentes possíveis. Mas claro que não há qualquer interesse nesse sentido.

A história aqui é que esse horário, por si só, já constitui uma afronta ao torcedor. Numa situação dessas, uma verdadeira imbecilidade. É um caso, no mínimo, de extrema incompetência.

O canal por assinatura Multishow exibiu há pouco tempo um reality show chamado “Escola de Idiotas”. Os responsáveis por marcar um jogo como Duque de Caxias x Bragantino para 21h50min de uma terça-feira à noite no Engenhão com certeza deveriam frequentar uma escola assim – e provavelmente seriam eternos repetentes.

É a minha opinião.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

FÓRMULA INDY ► Dario Franchitti vence prova em que blogueiro levou volta da televisão

Ontem vi na grade da Net que a Bandeirantes transmitiria o Grande Prêmio de Mid-Ohio de Fórmula Indy às 23h, obviamente em videotape. Pois bem: programei-me para ver a corrida antes de dormir e, perdi um pouco a hora e às 23h30min, quando coloquei no canal, nada estava passando. Ou foi a corrida mais rápida da História ou caí no velho conto de acreditar na programação de um canal aberto de TV.

Venceu a prova o escocês Dario Franchitti, aproximando assim na classificação geral do líder Will Power, que chegou em segundo. Hélio Castroneves conseguiu superar uma temporada não muito feliz completando o pódio. A 12ª etapa da temporada foi marcada por muitas bandeiras amarelas, o que garantiu emoção até o fim.

Raphael Matos chegou na 7ª posição, Mário Moraes foi o 12º, Vitor Meira, o 15º e Tony Kanaan fechou o time brasileiro na prova de 85 voltas com a 17ª colocação.

Aí vai o compacto que a Indy Car distribui via YouTube:


A classificação da corrida (em negrito, os pilotos brasileiros):

1º) Dario Franchitti (ESC/Chip Ganassi) - 1h54min32s2568
2º) Will Power (AUS/Penske) - a 0s5234
3º) Hélio Castroneves (BRA/Penske) - a 4s0883
4º) Alex Tagliani (CAN/FAZZT)- a 5s6423
5º) Scott Dixon (NZL/Chip Ganassi) - a 5s9150
6º) Ryan Briscoe (AUS/Penske) - a 6s5100
7º) Raphael Matos (BRA/Luczo Dragon) - a 6s7518
8º) Simona de Silvestro (SUI/HVM) – a 10s1451
9º) Marco Andretti (EUA/Andretti) - a 10s9555
10º) Ryan Hunter-Reay (EUA/Andretti) - a 13s2344
11º) Bertrand Baguette (BEL/Conquest) - a 14s8260
12º) Mário Moraes (BRA/KV) - a 16s0461
13º) Alex Lloyd (ING/Dale Coyne) – a 16s5570
14º) Dan Wheldon (ING/Panther) - a 19s3518
15º) Vitor Meira (BRA/AJ Foyt) - a 20s0782
16º) J.R. Hildebrand (EUA/ Dreyer-Reinbold) - a 20s2169
17) Tony Kanaan (BRA/Andretti) - a 25s4286
18º) Hideki Mutoh (JAP/Newman-Haas) - a 26s5918
19º) Adam Carroll (IRL/Andretti) - a 27s3302
20º) Graham Rahal (EUA/ Newman-Haas) - a 27s6341
21º) Danica Patrick (EUA/Andretti) - a 28s2099
22º) Francesco Dracone (ITA/Conquest) - 82 voltas
23º) Milka Duno (VEN/Dale Coyne Racing) - 81 voltas

Não completaram:

24º) Jay Howard (ING/Sarah Fisher) - 38 voltas
25º) Takuma Sato (JAP/KV) - 28 voltas
26º) E.J. Viso (VEN/KV) - 22 voltas
27º) Justin Wilson (ING/Dreyer-Reinbold)– 22 voltas

Link para a classificação completa do campeonato na página oficial da Fórmula Indy: http://www.indycar.com/schedule/standings/.

Além da pontuação pela ordem de chegada ao encerramento de uma corrida, cada piloto da Fórmula Indy que liderar o maior número de voltas em cada prova receberá um bônus de 2 pontos, somados à pontuação normal. Além disso, há um ponto extra para quem conquistar a pole-position. Com isso, é possível que um piloto some 53 pontos em uma corrida. (Fonte:http://www.band.com.br/esporte/formula-indy/classificacao.asp)

IMPRENSA ► É preciso ser bem burguês para defender o horário de 21h45min no futebol - ou funcionário das Organizações Globo

Há pouco postei sobre um blog do Esporte UOL em que o autor dispara petardos aparentemente pelegos contra o presidente Lula. É só mais um exemplo de como o peleguismo tem dominado o jornalismo brasileiro. Mas há algum tempo estou com um bom exemplo disso para registrar aqui. Só que fui deixando para depois. Agora resolvi aproveitar o embalo.

Alguns meses atrás, estava à toa clicando pela internet quando parei na capa de esportes do Globo.com. Passando os olhos pelos blogs em destaque, li o título de um deles: "A quem interessa o horário de 21h45min no futebol?"

Levei um susto: "Como assim um blogueiro do Globo.com critica algo imposto pela Rede Globo?" Confesso que me passou um sopro de satisfação por perceber a independência do jornalista e até de respeito ao Globo.com por publicar uma opinião contrária aos seus interesses. Mas tudo não passou de ledo e patético engano.

Ao clicar para acessar o blog de Emerson Gonçalves, percebi que tinha lido o título sem atenção. O título real era: "A quem não interessa o horário de 21h45min no futebol?" Não parece um bom exemplo de peleguismo?

Juro que não quero gastar muitas linhas, porque esse tipo de coisa, um texto como esse, me causa ojeriza. Faz mal ao espírito. É um claro exemplo de choque de classes. A dele, provavelmente burguesa, e a do povo trabalhador que ama o futebol.

Gostaria que esse colunista saísse de Campo Grande, por exemplo, de ônibus, numa quarta-feira à noite, para assistir a uma partida que comece quase às 22h no Maracanã. E ao fim do apito final ele saísse para pegar uma (uma só?) condução de volta para casa depois de meia-noite, um horário em que poucos ônibus circulam pelas nada seguras ruas da cidade, esperando muitas vezes uma, duas horas pelo transporte, chegando em casa sabe-se lá quando, para na manhã seguinte, normalmente por volta das 5h, ter que levantar para cumprir a dura rotina diária de trabalho.

Isso só se justifica numa situação excepcional, como uma final de campeonato. Particularmente, nem nesse caso eu concordo, mas entendo que existam alguns argumentos válidos. Fora essa situação excepcional, porém, não tem qualquer cabimento defender horário tão imbecil.

Quem defende o horário de 21h45min não sai do sofá para ir ao estádio. E quando o faz, vai na viatura da empresa, com ar condicionado, vaga garantida no estacionamento do estádio, transporte de volta para casa... E, com certeza, não levanta às 5h no dia seguinte.

Fico impressionado como há jornalistas que se prestem a esse papel de pelego. Ou será que há realmente quem acredite que 21h45min de um dia de semana é um bom horário para o torcedor que trabalha e madruga diariamente se arriscar nas violentas madrugadas das grandes capitais do país para assistir a uma partida de futebol?

Essa é a minha opinião. E mais não tenho nem paciência para argumentar.

IMPRENSA ► O tênis é um esporte burguês. Alguma dúvida quanto a isso?

O presidente da república Luís Inácio Lula da Silva disse em vídeo que está rolando por aí que tênis é um esporte burguês.

E há alguma dúvida quanto a isso? Parece que sim, pois tem quem conteste a afirmação ou entenda que o presidente não pode falar isso. Provavelmente, que seria melhor mentir.

O vídeo, gravado aparentemente por um celular, é interessante. Em um evento aqui no Rio, um garoto de nome Leandro, aparentemente já conhecido do governador Sérgio Cabral, reclama de não poder praticar esportes por causa da falta de segurança. Quando ele cita o tênis, o presidente Lula retruca dizendo que tênis é esporte da burguesia e sugere: "Por que não faz natação?" Aí o garoto reclama da falta de segurança e o Lula dá uma chamada no Cabral, dizendo que é um prejuízo político deixar isso acontecer por não colocar guardas para fazer a segurança da área. Tremenda saia justa provocada pelo moleque.

O jornalista de nome Fernando Sampaio, que tem um blog no portal UOL, aproveitou a deixa e publicou um post intitulado "Burguês é a mãe" (que depois virou um mais simpático "Burguês é a vovozinha"), no qual destila toda sua verve contra o presidente - sem apresentar qualquer argumento que contestasse a afirmação de que tênis é um esporte burguês. Muito pelo contrário.

Tudo o que funcionário do grupo Abril escreveu apenas corrobora as palavras do presidente, especialmente a falta de quadras públicas em todo o país.

Até entendo que quem critique a óbvia afirmação o faça por questões ideológicas, oportunismo político. Vá lá, pode-se entender que faça parte do jogo democrático aproveitar para bater qualquer bola levantada na ponta da rede, mesmo sem acreditar no que se está dizendo. É como juiz de futebol em jogo em que nosso time perde, é sempre culpado, algumas vezes sem qualquer motivo justificado (por isso gosto de reclamar de arbitragem quando o time vence...).

Também entendo que atletas profissionais do esporte sintam-se melindrados e partam para o chororô, o que apenas não acho muito inteligente, pois não faz nenhum sentido lógico, basta olhar o panorama do tênis no Brasil. Parte dele, inclusive, retratado pelo blogueiro da Folha, digo do UOL Esporte. Melhor seria que os atletas aproveitassem o gancho para cobrar providências em sentido contrário.

Fica a impressão de uma clara ação de um jornalista que trabalha para um grupo de comunicação escancaradamente contrário ao governo atual, a ponto de ser acusado de forjar documentos e coisas afins, o que não chega a surpreender tratando-se de uma organização que apoiou a ditadura militar (vide o livro “Cães de Guarda – Jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988″, de Beatriz Kushnir). Deve ser difícil para um funcionário ir contra os interesses patronais. Mais fácil é aderir, o que acaba tirando sua credibilidade. É preciso muita personalidade e um bom lastro profissional para ser independente nessas circunstâncias para falar bem ou mal de quem quer que seja de acordo apenas com o que pensa, e não com o que pensam por ele. Há exceções, felizmente, mas que, como toda exceção, apenas comprovam a a regra.

Eu gostei da frase, por mais óbvia que seja: "O tênis é um esporte da burguesia." E falo de cadeira.

Joguei tênis na minha adolescência. Ou tentava jogar. Afinal, nunca fui burguês. O tênis era - e é - um esporte caro. Uma raquete é cara. As bolas se desgastam rapidamente e ficar comprando latinhas de bolas novas era um problema. Problema maior era encontrar horário livre nas raras quadras públicas disponíveis. No meu bairro, eram apenas duas.

Cansei de jogar com raquetes inadequadas, com a rede espicaçada, bolas carecas e de ficar até horas esperando por uma brecha para poder entrar numa quadra. Contratar um instrutor? Nem pensar.

Fácil o tênis só é - como sempre foi - para quem tem grana. Aí não há problema para se ter sempre uma boa raquete, bolas novas, um instrutor à disposição e, claro, o título de sócio de algum clube para se jogar sempre que tiver vontade. Ou então morar em um condomínio bacana o suficiente para ter algumas quadras de tênis para os moradores se divertirem.

Daí eu pergunto: em que parte desse cenário não se enquadra a frase "o tênis é um esporte da burguesia"? Boa parte do que o Fernando Sampaio escreve simplesmente me faz novamente perguntar retoricamente: em que parte desse cenário não se enquadra a frase "o tênis é um esporte da burguesia"? Qual o motivo de tamanha revolta?

Como disse Mino Carta na coluna que reproduzi aqui, esse parece o tipo de texto direcionado àqueles que avidamente se agarram a qualquer discurso e palavras que possam usar contra o popular presidente, "aqueles que se alimentam diariamente com os editoriais, as colunas, as reportagens editorializadas dos jornalões. E lhes repetem, em estado de parva obediência, de dependência canina, os chavões, os clichês, as frases feitas pelos locais públicos e privados." Como diria Nelson Rodrigues, poderíamos imaginar o blogueiro babando enquanto mistura em seu argumento Irã, El Salvador, "imbróglios internacionais" e tudo que a visão burguesa possa deturpar contra um governo marcadamente popular.

O tênis é um esporte burguês. Talvez Fernando Sampaio não tenha tido qualquer dificuldade para praticá-lo, mas eu sempre tive, por isso meus tempos de tenista amador ficaram lá no passado, indo apenas até o ponto em que não tinha mais como me divertir praticando esse esporte que acho muito legal. Se o autor interpretasse o próprio texto, entenderia isso e veria como seu destempero o faz perder crédito. Tudo de útil que ele escreve corrobora com a frase "o tênis é um esporte da burguesia". O que seria legal ele ter feito, com um pouco mais de justiça e imparcialidade, era criticar o governo atual por não ter feito nada para mudar esse triste cenário e registrar que isso é uma maldita herança do passado, cujo maior responsável foi o governo à época dos vitoriosos tempos de Gustavo Kuerten.

Nos anos em que Guga viveu o auge de sua vitoriosa carreira, o governo brasileiro nada fez para aproveitar toda a visibilidade que o esporte estava tendo e massificá-lo país afora. Tudo conspirava a favor, só não havia iniciativa alguma nesse sentido. Ah, é, mas esse auge ocorreu no governo Fernando Henrique Cardoso... E esse gancho para analisar a triste situação do tênis no Brasil foi simplesmente ignorado pelo jornalista do UOL. Como diria algum ingênuo personagem de desenho animado ou seriado tatibitate: "Por que será, hein?"

Enfim, como Fernando Sampaio usou da liberdade de expressão conferida livremente a todos (será mesmo?) neste país para ofender explicitamente o mandatário maior da República ("nosso gênio Lula acaba de vomitar mais uma frase infeliz"), não creio que vá se considerar ofendido por eu interpretar que seu post seja um caso de diarreia mental.

Mas é bom para que um presidente da república saiba que não deve sair por aí chamando de burgueses esportes tão populares que podemos praticar em qualquer esquina, como tênis, golfe, motonáutica, automobilismo...

É a minha opinião.

sábado, 7 de agosto de 2010

FUTEBOL ► São Paulo x Internacional 2010 foi quase um remake de Fluminense x São Paulo 2008. Quase...

Libertadores 2008.
Quartas de final.
Fluminense e São Paulo fazem o jogo da volta no Maracanã.
Em São Paulo, os paulistas venceram por 1 x0. No Rio, os cariocas precisam de dois gols de diferença para ir adiante na competição.
O primeiro tempo termina com o placar apontando 1 x 0 para o Fluminense.
O Fluminense precisa de mais um gol.
O São Paulo retorna do intervalo e empata a partida no segundo tempo.
Na saída de bola, porém, o Fluminense marca e retoma a vantagem.
Agora o Fluminense precisa novamente de mais um gol para se classificar para a semifinal.
Empurrado pela torcida, o Fluminense pressiona e o São Paulo tenta manter a vantagem que lhe garante a vaga.
A cerca de 10 minutos para o fim, um jogador do São Paulo é expulso.
Três minutos de acréscimo.
Aos 46 minutos, escanteio para o Fluminense.

Libertadores 2010
Semifinal.
São Paulo e Internacional fazem o jogo da volta no Morumbi.
Em Porto Alegre, os gaúchos venceram por 1 x0. Em São Paulo, os paulistas precisam de dois gols de diferença para ir adiante na competição.
O primeiro tempo termina com o placar apontando 1 x 0 para o São Paulo.
O São Paulo precisa de mais um gol.
O Internacional retorna do intervalo e empata a partida no segundo tempo.
Na saída de bola, porém, o São Paulo marca e retoma a vantagem.
Agora o São Paulo precisa novamente de mais um gol para se classificar para a semifinal.
Empurrado pela torcida, o São Paulo pressiona e o Internacional tenta manter a vantagem que lhe garante a vaga.
A cerca de 10 minutos para o fim, um jogador do Internacional é expulso.
Três minutos de acréscimo.
Aos 46 minutos, escanteio para o São Paulo.


Impressionante a semelhança, não? Mas o final, quanta diferença...

No Maracanã, Thiago Neves cobrou o escanteio e Washington subiu para marcar de cabeça um gol histórico.

No Morumbi, o São Paulo não teve essa sua última chance. Tudo porque o veterano goleiro Rogério Ceni agiu de maneira surpreendentemente infantil.

O goleiro tantas vezes campeão pelo tricolor paulista foi para a área tentar o gol. Lá chegando, porém, logo se envolveu em troca de empurrões com adversários, inclusive acertando uma cotovelada em um deles. Era tudo o que o Internacional queria para matar ao tempo. O árbitro colombiano Oscar Ruiz, claro, não autorizou a cobrança e foi colocar ordem na casa.

Quando finalmente o escanteio foi batido, Rogério Ceni cometeu acintosa falta sobre o goleiro Renan, acabando com a última chance são-paulina, porque Oscar Ruiz acabou o jogo ali mesmo, na marcação da falta.

Foi uma atitude muito infeliz - para dizer o mínimo.

Lembro que às vésperas da partida entre Fluminense x São Paulo em 2008 comentei com algumas pessoas que tudo o que queria era que o Fluminense tivesse a chance de uma última jogada decisiva. É o que todo torcedor espera, que no último instante uma bola milagrosa dê a classificação ao seu time num confronto desses. Era muito difícil fazer dois gols de diferença num time como do São Paulo, mas se o Fluminense estivesse vencendo pela vantagem mínima e precisasse só de mais um golzinho e tivesse uma última posse de bola para atacar, cavar uma falta, arrumar um escanteio, pôr uma última bola na área... Que pudéssemos cantar "Abenção, João de Deus" mais uma vez e torcer.

Eu não me conformo quando nessas situações um jogador comete a estupidez de cometer uma falta de ataque, cobrar direto para a linha de fundo ou ainda fazer aquela cobrança curta, que não dá em nada e o juiz aproveita para terminar sem que a última chance se concretize.

Custo a crer que um jogador experiente e acostumado a decisões como Rogério Ceni tenha agido assim. Não sou torcedor do São Paulo, mas fiquei aflito com aquela atitude no fim do jogo, aquela frustração de não ter tido a última oportunidade de mudar o destino de uma competição.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

POLÍTICA ► Deu na Internet: "A escalada do muro: como reagiria a mídia a uma vitória final da candidata de Lula?" - Coluna de Mino Carta na Carta Capital

Hoje o blogueiro estou sem ideias e sem muito tempo - para variar. Decidi reproduzir uma coluna que achei excelente - mais uma - de Mino Carta, na Carta Capital. O link original é este aqui . Abaixo, a reprodução.

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A escalada do muro
Mino Carta - 6 de agosto de 2010 às 10:45h

Pergunta ao acaso: se Dilma vence, quem irá dedicar-se ao alpinismo e quem não?

Aguardo com alguma ansiedade para a próxima semana a pesquisa eleitoral Datafolha. Às vezes, nos últimos tempos, me agrediu a impressão de que costuma basear-se mais na esperança, belíssimo sentimento, do que em critérios estritamente técnicos. Fique claro, porém, que a esperança não é exclusividade da Folha de S.Paulo. Abriu as asas, pássaro formoso, no céu das redações da mídia nativa em geral.

Não me surpreenderei se o Datafolha começar uma operação de pouso em proveito de sua credibilidade. Pois é do -conhecimento até do mundo mineral que a candidatura de Dilma Rousseff continua em ascensão e a de José Serra em queda. As próximas pesquisas devem confirmar a tendência. Será possível que a discrepância entre o Datafolha e os demais institutos não comece a encolher?

Uma questão interessante neste momento passa a ser a seguinte: como reagiria a mídia a uma vitória final da candidata de Lula? E como reagiriam todos aqueles da plateia que lhe deram ouvidos? Quem se apressaria a subir no muro e quem manteria em relação ao governo Dilma a mesma feroz oposição observada contra o governo Lula? Existe, por mais vaga e remota, a possibilidade de ruptura de uma frente midiática automaticamente armada desde sempre ao menor sinal de risco para a minoria privilegiada e seus aspirantes?

Sublinho que não ouso me atirar a um precipitado prognóstico eleitoral, de fato emprego o condicional. Mas, aqui e acolá, com meias palavras ou nas entrelinhas, insinuam-se, nas páginas impressas e nas falas dos comentaristas do rádio e da tevê, os indícios de uma comedida, contudo insólita cautela. Sintomático o texto de Merval Pereira, da ala de frente da Escola Serrista, publicado em O Globo de quarta-feira 4.

Registra-se ali a “percepção majoritária de que, ao fim e ao cabo”, Dilma derrotará Serra. Puro espanto de minha parte. Tu quoque, Merval? Logo, como outro pássaro, aquele do Cáucaso, vingador dos deuses do Olimpo traídos por Prometeu, o colega põe o bico na ferida: essa percepção baseia-se, sim, na popularidade do presidente, “mas, sobretudo, no jogo bruto que ele vem usando, não respeitando limites na faina para eleger a sua escolhida”. Excesso de gerúndios e de severidade.

Qualquer presidente, em qualquer canto do mundo democrático, e nem tanto, mergulha na faina (faina?) de, como se diz, “fazer seu sucessor”. Recentemente, para citar personagem do agrado da mídia nativa, o presidente colombiano Uribe esforçou-se bastante para levar à vitória seu ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, por ele ungido candidato à sucessão.

Por outro lado, não estava calculado o peso que o apoio de Lula exerceria a favor da escolhida? Não era este o resultado previsto para a estratégia do plebiscito cultivada pelo presidente mais amado da história do Brasil?

Jamais sustentaria que Merval Pereira é de escalar muros, muito pelo contrário. O que escreve hoje prova que ele ficaria onde está, de opinião e letra intocadas, caso Dilma Rousseff viesse a ser a presidente por ele tão peremptoriamente indesejada. Mas haveria certamente jornalistas e seus patrões de súbito dados ao alpinismo, e entre outros e mais diversos donos do poder, explícito ou acobertado, os senhores do estamento, como diria Raymundo Faoro, dispostos a rever posições em nome do pragmatismo.

Algo me intriga, de certa forma mais ainda, e diz respeito ao comportamento dos leitores que sofregamente esperam pela revista Veja na manhã de sábado, ou que se alimentam diariamente com os editoriais, as colunas, as reportagens editorializadas dos jornalões. E lhes repetem, em estado de parva obediência, de dependência canina, os chavões, os clichês, as frases feitas pelos locais públicos e privados.

Seriam capazes de se perguntar, movidos por razões morais e intelectuais, como se deu uma entrega tão passiva à má informação?

Seria salutar exame de consciência. E, sempre em caso de vitória de Dilma – insisto no esclarecimento –, que se daria se ela se habilitasse a dar continuidade ao governo Lula e o Brasil avançasse mais e mais no melhor dos caminhos, rumo ao país que há tanto tempo merece ser?

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A tendência é a eleição da candidata do governo, mas não creio que "a grande mídia" vá ntregar os pontos sem mais uma tentativa ou duas de golpe. Afinal, há anos trabalham avidamente nisso...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

FUTEBOL ► Flamengo: uma torcida desrespeitada por maus atletas e dirigentes

Todo mundo conhece a força e o tamanho da torcida do Flamengo no país inteiro. Não é por ser Fluminense que não vejo isso. É o óbvio. Menos para o Datafolha, claro. Mas o Datafolha não conta, porque esse instituto de pesquisa parece retratar um Brasil bem diferente da realidade. Pois bem, todo mundo que não seja o Datafolha sabe que a torcida rubro-negra é a maior do país, sem sombra de dúvidas. Mas a maior torcida do país anda meio constrangida, envergonhada - e por justas razões.

As sucessivas incursões de estrelas do time pelas páginas policiais são realmente de corar qualquer cidadão de bem. Enquanto torcedores de futebol, fingimos não prestar muita atenção na vida fora de campo dos jogadores que defendem nossas cores dentro das quatro linhas. Principalmente quando se começa a ouvir à boca pequena que um faz isso, outro aquilo... O que importa é o time ir bem. O resto a gente finge que não vê.

Mas para tudo há limite. Primeiro foi Adriano, depois Vagner Love, novamente Adriano, para culminar na trágica barbárie protagonizada pelo goleiro Bruno. Goleiro e capitão da equipe. Goleiro, capitão e ídolo da garotada flamenguista. E aí o estrago foi feito.

Os pais sentem-se envergonhados. Como explicar ao filho que o ídolo dele (ou até deles) foi capaz de participar de um ato insane e covarde daquele? Se os mais velhos não se conformam, a criançada simplesmente não entende e fica chocada.

Se o clube tem um prejuízo de imagem incalculável, a dor da torcida é maior ainda. Há uma máxima - que acho de mau gosto - de que para o torcedor o que importa é o que o jogador faz dentro de campo. Mas estamos vendo que não é bem assim. No clássico contra o Botafogo pelo campeonato brasileiro, os rubro-negros foram minoria de um público que mal chegou a 15 mil pagantes. Depois, mesmo com duas boas vitórias seguidas (Botafogo e depois Goiás, fora de casa), menos de 20 mil torcedores presenciaram o empate contra o Avaí no Maracanã. Domingo passado, contra o Vasco, mais uma vez a torcida do Flamengo foi minoria.

Não são números ou fatos à altura da torcida do Flamengo. O Flamengo luta para entrar no chamado G-4, enquanto Vasco e Botafogo tentavam sair da zona de rebaixamento. Mas é notório o desânimo pelos lados da Gávea. O torcedor sente e parece envergonhado com uma situação provocada pela falta de pulso da diretoria do clube, que sempre fez vista grossa aos excessos de seus atletas. Como pode, com o passado conturbado de Bruno (desde os tempos de Atlético Mineiro), o goleiro ser nomeado capitão? Maior exemplo de que diretoria e comissão técnica não tiveram competência ou interesse em cobrar disciplina e respeito de seus jogadores não há.

Mas isso passa. Torcedores de todos os clubes com alguma razão na cabeça passam por isso. Também tive minha cota como tricolor. Especialmente quando o jogador Romário fazia do clube gato e sapato nos anos de 2003 e 2004. Era algo entre o patético e o humilhante. Simplesmente deixei de ir a campo quando esse não atleta estava escalado. Por um lado foi bom, pude dedicar mais sábados e domingos à minha então namorada, hoje esposa. Mas felizmente um novato treinador de quem o já veterano jogador um dia dissera "está chegando agora e já quer a janelinha" o tirou do ônibus. E foi assim que Alexandre Gama devolveu o Fluminense a mim - ou vice-versa. Talvez um dia ainda escreva sobre esses negros anos tricolores por aqui.

Enfim, aos poucos a torcida do Flamengo voltará com força, dependendo apenas dos resultados do time em campo, sem recear ver o nome de seus ídolos nas páginas policiais. Até porque jogadores vêm e vão, o clube fica. Novos ídolos surgem. O jovem Marcelo Lomba, por exemplo, tem se saído bem no gol rubro-negro. E goleiros exercem enorme fascínio sobre a garotada.

E mais a mais, agora um acima de qualquer suspeita Zico está comandando o futebol da Gávea, o que é garantia de respeito e profissionalismo não só para o Flamengo como para todo o futebol nacional. Impossível imaginar Zico passando a mão na cabeça de jogadores que maculem o nome do clube do qual ele é o maior ídolo da história e tanto ajudou a brilhar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

FUTEBOL ► Estreita relação entre Corinthians e CBF põe em xeque a credibilidade de mais um Brasileirão

Domingo passado, campeonato brasileiro, clássico entre Palmeiras e Corinthians e o atacante Kleber e todo o palmeiras saem bufando contra a arbitragem de Paulo Cesar Oliveira. E parece não ter sido choro de perdedor, até porque o jogo terminou empatado. A frase seguinte foi pinçada do blog do jornalista José Roberto Torero (blogdotorero.blog.uol.com.br), em post de 2 de agosto: "Corinthians: Não jogou bem mas também não foi mal. E teve mais um gol em impedimento validado no Pacaembu."

Pois é, essa palavra "mais" tem sido redundante em referência ao Corinthians e erros da arbitragem a seu favor. É comum até aqui no Brasileirão. O que mais Kleber reclamou foi o fato de todos os erros ou bolas duvidosas terem sido a favor do Timão. O meu Fluminense foi vítima disso lá no início da competição, sendo derrotado no Pacaembu com um gol na cobrança de uma falta inexistente, num jogo em que, coincidentemente (para quem acredita em coincidências...), nós tricolores reclamamos o mesmo que os palmeirenses: o superestimado juiz gaúcho Leonardo Gaciba errar vá lá, é humano e pode acontecer. Mas errar sempre a favor do mesmo lado? Sempre a favor do Corinthians? Essa situação foi patente tanto no clássico paulista como no confronto interestadual.

Vale registrar que até na derrota para o lanterninha Atlético Goianiense no Serra Dourada o Corinthians foi agraciado pelo péssimo carioca Gutemberg de Paula Fonseca com a marcação de um pênalti inacreditável, num lance em que se fica até em dúvida sobre onde o juiz encontrou pretexto para assinalar a infração máxima. Custa crer que um pênalti assim seja marcado numa partida de futebol profissional de um país cinco vezes campeão mundial do esporte. Não foi um lance sequer duvidoso. O placar apontava 2 x 1 para os anfitriões e se a cobrança fosse convertida alteraria o resultado da partida, que terminou 3 x 1 para o Atlético.

Esses sequentes erros (tomara que sejam erros mesmo...) a favor do Corinthians começam a tornar a situação constrangedora, mesmo os colunistas paulistas sublinham isso em seus textos. E o clima de desconfiança nos papos de botequins da vida aumenta por causa da estreitíssima relação entre Corinthians e CBF, na figura de seus presidentes, Andrés Sanches e Ricardo Teixeira, respectivamente.

Não bastasse o exemplo da mal administrada sucessão de Dunga no comando da seleção brasileira, quando Sanches facilitou toda a vida de Teixeira após a recusa de Muricy e do Fluminense, agora a CBF resolveu rasgar a tabela do campeonato para que o clube paulista possa ter o dia livre para comemorar seu centenário. Assim, a partida contra o Vasco marcada para o dia 1º de setembro em São Januário foi adiada para o dia 13... de outubro! E o Fluminense x Palmeiras do dia 2 de setembro foi antecipado para a véspera para preencher o buraco da televisão.

Falando bem sério: pode um presidente de federação dar mais uma prova clara de que não respeita a maior competição de futebol do país? Isso de data é para ser visto antes da bola rolar na primeira rodada. E pronto. Alguém é capaz de imaginar algo assim no campeonato alemão, italiano, inglês, espanhol ou "conchichinês"?

E Vasco, Fluminense e Palmeiras? Como ficam? E os demais clubes que participam do campeonato? Todos estão à disposição da CBF para atender à vontade corintiana? Agora o Corinthians, que no momento disputa a liderança, fará uma partida isolada e provavelmente em um momento mais agudo da competição, sabendo o resultado que precisa?

Acho que o Corinthians não precisa disso. Mas parece que a CBF precisa do Corinthians e, especificamente, de seu presidente, pois dizem por aí ser Sanches o homem que Teixeira quer indicar à sua sucessão. Isso no bendito dia que o mandatário maior do futebol brasileiro decidir largar o osso de seu quase vitalício mandato, já que as federações estaduais não demonstram muito interesse nisso.

E acho mais: além do Corinthians, talvez o maior beneficiado seja o grupo que comanda aquela tal máfia de apostas de que fazia parte o árbitro Edilson Pereira de Carvalho. Ou alguém acredita que só Edilson trabalhava pela fabricação de resultados? Eu, não.

Enfim: assim caminha o Brasileirão, sempre com fatores complicadores para que seja levado a sério. E um campeonato cuja credibilidade ainda está sob suspeita pelo ocorrido nos últimos anos (Edilson, alterações de tabela, decisões estapafúrdias do STJD...) acaba novamente em xeque. Praticamente um xeque-mate. Seria um novo 2005 à vista? Sinceramente, não creio. Ou melhor: prefiro não crer.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

IMPRENSA ► Descaso com informação até em cadernos especializados

A desinformação grassa na imprensa brasileira, em especial na esportiva. Fosse apenas por interesses escusos, já seria triste. Mas o pior é que muito ocorre por incompetência mesmo. Impressionante como uma profissão responsável por cuidar de boa parte da História anda sendo exercida nas coxas mesmo pelos principais veículos de comunicação.

Não sei exatamente o que acontece, mas suspeito. Lógico que as redações estão repletas de gente jovem e há quem possa argumentar que eles não conhecem direito a História, não viram muita coisa e coisas afins. Não acho que isso seja justificativa. O problema, para mim, passa pelos patrões, que não se preocupam em bem informar, apenas em vender e por isso ignoram qualquer tipo de controle de qualidade do material que veiculam.

Essa situação agravou-se paulatinamente a partir da informatização das redações. Algum gênio achou que as empresas lucrariam mais dispensando revisores e aproveitando a tecnologia para que o próprio repórter lançasse seus textos online. O que se viu foi o que já se sabia: nem sempre um bom repórter é um bom texto e muitas vezes um bom revisor salva um mau repórter de assinar matérias repletas de erros de informação.

A questão da idade é inteiramente irrelevante, porque um bom profissional pesquisa. E hoje, com a internet e a globalização, não há qualquer entrave para isso, muito pelo contrário. É só querer e ter competência para fazê-lo. Nos meus tempos de faculdade, após a impressão do jornal laboratório a turma se reunia com os professores orientadores e discutia página por página para avaliar o produto final e corrigir erros. Havia esse cuidado no passado. Isso é feito hoje na imprensa? No que é publicado online, então, é uma verdadeira vergonha o que acontece, porque a facilidade para se corrigir informações erradas é imensa, mas não parece haver muita preocupação quanto a isso.

Por isso não espanta que durante a recente Copa do Mundo da África do Sul, um jornal de porte (de porte, não de qualidade...) como O Globo publique em seu caderno de esportes uma matéria de certo tamanho, ocupando bom espaço de página, cuja pauta por si só é completamente equivocada.

A matéria chamava a atenção para o fato de que as alterações no time de Dunga seriam um bom sinal, porque sempre que foi campeão mundial o Brasil não repetiu a escalação titular em todos os jogos. Até aí tudo bem, mas logo adiante, uma tremenda gafe: "À exceção de 1970, no México, quando o Brasil não alterou a escalação titular do primeiro ao último jogo." Mas como assim?

Juro que não precisei pesquisar nada. E nem é por causa dos meus 45 anos. Basta gostar de futebol e ter visto alguns dos sem número de reprises de jogos de Copas do Mundo exibidas especialmente nos meses que antecedem a competição, o que é uma obrigação para um jornalista esportivo que vai cobrir o evento.

Logo de cara lembrei que Gérson não jogou numa das maiores partidas da História dos Mundiais, senão a maior, Brasil x Inglaterra. Contundido, foi substituído por Paulo Cesar. Depois, já classificado, houve alterações também contra a Romênia. Lembro que Fontana jogou na zaga. Mais não digo porque realmente não pesquisei, apenas para deixar claro o absurdo e a grosseria do erro. E pesquisar é o mínimo que um profissional que ganha dinheiro para isso deve fazer, especialmente quando fala de História.

O profissional dos veículos de comunicação de nossos dias parece não ter a menor noção da relevância de sua produção. O jornalista produz História. O pior é que alguém mais desavisado, daqueles que ainda creem em tudo que sai na imprensa, acaba tomando essas coisas como verdade. E um pesquisador no futuro pode dar o azar de cair numa página com erros assim e acabar também tomando o erro como verdade. E assim a mentira vai se perpetuando através dos tempos. Lamentável.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

FÓRMULA 1 ► Ultrapassagem de Barrichello sobre Schumacher no GP da Hungria valeu por meia temporada de corridas bem chatinhas

O circuito de Hungaroring, na Hungria, é uma dessas coisas que me faz ter certeza de que a Fórmula 1 é dirigida por técnicos e não por pilotos. Que piloto desenharia uma pista sem qualquer ponto de ultrapassagem? Me parece coisa de técnico mesmo, preocupado com acelerações, freadas, efeitos aerodinâmicos, ajuste de asas, tamanho de aerofólio etc. Só pode.

Uma corrida dessas costuma ser decidida na primeira curva e nos boxes. Emocionante, não? Quem pula na frente só perde se errar ou o carro quebrar. Em regra, se nada de excepcional ocorrer, mesmo mais lento que os demais, ele não será ultrapassado.

Ontem a prova estava nas mãos de Sebastian Vettel (mais uma) e só um fato excepcional (mais um) tiraria a vitória do alemão. Como a distância exagerada que manteve para o carro da frente, no caso, de seu companheiro Mark Webber (que ainda não parara para a troca obrigatória de pneus) no momento da entrada do safety car. Acabou sofrendo uma punição de 10 segundos no boxe e voltou em terceiro, de onde, obviamente, não saiu mais.

Webber foi quem lucrou com isso. Àquela altura, procurava abrir vantagem o suficiente, ainda com o jogo de pneus supermacio, para fazer a parada e retornar à frente do terceiro colocado, Fernando Alonso, tão absurda era a superioridade da RBR sobre as demais equipes na Hungria. Com a bobeada de Vettel, acabou voltando em primeiro.

Mas Webber mereceu porque foi extremamente competente ao andar rápido sem deteriorar seus pneus. O australiano acabou dando incríveis 42 voltas com o composto mais macio, baixando o tempo diversas vezes até parar e voltar com folga na frente. Um desempenho para mexer com a cabeça dos engenheiros em relação à utilização dos pneus. Assim, Webber foi 10 no quesito técnico de pilotagem. Logo que terminou a prova ele beijou o carro, mas também merecia ser beijado pelo bólido, que foi muito bem tratado por seu piloto.

Mas o grande momento da corrida - e provavelmente do campeonato até aqui - foi a ultrapassagem de Rubens Barrichello sobre Michael Schumacher a poucas voltas do fim numa insana luta pelo décimo lugar. Lógico, não era apenas a disputa por um ponto que estava em jogo, há toda aquela história dos maus bocados que Barrichello passou com Schumacher na Ferrari.

O lance é que Barrichello foi o único piloto a largar com os pneus duros. A ideia devia ser ficar o máximo de tempo na pista e ganhar posições com a parada dos outros, garantindo uma vantagem que permitisse uma volta dos boxes, já no fim da prova, numa boa posição. E para isso ajudou bastante sua largada, pulando do 12º para o nono lugar. Mas todo seu planejamento, fosse qual fosse, foi por água abaixo com a entrada do safety car ainda na 15ª volta.

Daí que Barrichello ficou na pista e se aboletou na quinta colocação. Com o travamento do circuito, porém, todo mundo atrás vinha em fila indiana e apenas por ter dado um gás antes do pit stop conseguiu voltar em 11º lugar, quando corria o risco de voltar ainda mais atrás, na 13ª posição. E quando voltou estava a quase dez segundo do 10º colocado, justamente Michael Schumacher. Mas a Williams de Barrichello voltou voando e logo colou na traseira da Mercedes do alemão. Só que ultrapassar em Hungaroring é realmente algo inimaginável caso não haja um vacilo de quem está na frente.

Mas Barrichello chegou no alemão e decidiu que ia passar. Foi com tanta vontade que a transmissão oficial ignorou os líderes da prova (inclusive com Vettel a menos de um segundo de Alonso, mas sem arriscar) para ficar com as imagens do duelo dos dois reconhecidos desafetos. Faltando quatro voltas, Barrichello conseguiu entrar na reta dos boxes quase dentro do cockpit de Schumacher e em frente aos boxes tirou para a direita para fazer a ultrapassagem. O alemão não se fez de rogado e simplesmente espremeu o brasileiro contra o muro. A Williams não tocou o concreto por... sei lá, ínfimos centímetros, a imagem deixa até a impressão de uma raspada. Para sorte de Barrichello, o muro acabou a tempo, como numa típica cena das aventuras de Indiana Jones. Mas como estava completamente fora da pista, ainda havia a grama pela frente. Barrichello pensou rápido e deu um "chega pra lá" no inimigo, chegando na curva já à frente. Sensacional.


Eu achei espetacular. Foi daquelas ultrapassagens para entrar na antologia da Fórmula 1. Schumacher exagerou e acabou punido com 10 posições na próxima corrida. E Barrichello foi excelente. Vive um grande momento e o trabalho que faz na Williams o coloca como um dos destaques da temporada. Me lembro de ter escrito há alguns meses que os carros da Williams pareciam autistas, vivendo uma competição à parte durante as provas, pois só estavam à frente dos carros daquelas três escuderias de mentirinha (Lotus, Hispania e VRT), o que não conta coisa alguma, já que perto das demais eram verdadeiras carroças. Aos poucos, porém, o veterano brasileiro vai dando jeito no carro e hoje a Williams já consegue aparecer com frequência no Q3 de classificação e fazer umas graças até para cima da Mercedes e da Renault, o que não ocorria no início do ano.

Vale destacar também a incrível trabalhada que algumas equipes fizeram quando o safety car entrou na pista e quase todo mundo foi para o boxe. Nico Rosberg, que vinha lá na frente, foi tirado da corrida por um pneu mal colocado. Foi só sair da parada e o pneu soltar, passando com velocidade por entre os mecânicos, estourando num muro e quicando incrivelmente alto por pelo menos três vezes, ameaçando ferir gravemente alguém que por (má) ventura fosse atingido. O bom Robert Kubica foi outra vítima. Seu mecânico o liberou para sair no instante que Adrian Sutil chegava para sua troca de pneus, bem à frente. Os carros acabaram batendo ali mesmo e ali mesmo ficou Sutil. Kubica ainda conseguiu voltar, mas só para fazer figuração por mais algumas voltas. Lamentável.


Lewis Hamilton foi traído por sua McLaren, Jenson Button teve um fim se semana para esquecer (largou muito atrás, o que em Hungaroring é fatal), Alonso conseguiu um segundo lugar muito bom e Felipe Massa, beneficiado pelos azares de Kubica e Rosberg, conseguiu ao menos superá-los na classificação do campeonato com o quarto lugar que conquistou. Num raro momento de serenidade, Vettel decidiu não arriscar para cima de Alonso e garantir os preciosos pontos que o terceiro lugar lhe garantia. Mas talvez valesse apenas ver se Alonso arriscaria o pódio pelo segundo lugar.

Enfim: emoção mesmo, só o duelo Barrichello x Schumacher e as trapalhadas nos boxes. Pouco, muito pouco para o que se espera de uma competição de automobilismo, mas até muito para o que vem sendo a Fórmula 1.

Colocação final após as 70 voltas do GP da Hungria:

1 - Mark Webber (AUS/RBR-Renault) - 1h41m05s571
2 - Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - a 17s821
3 - Sebastian Vettel (ALE/RBR-Renault) - a 19s252
4 - Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 27s474
5 - Vitaly Petrov (RUS/Renault) - a 1m13s100
6 - Nico Hulkenberg (ALE/Williams-Cosworth) - a 1m16s700
7 - Pedro de la Rosa (ESP/Sauber-Ferrari) - 69 voltas
8 - Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) - 69 voltas
9 - Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari) - 69 voltas
10 - Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth) - 69 voltas
11 - Michael Schumacher (ALE/Mercedes)- 69 voltas
12 - Sebastien Buemi (SUI/STR-Ferrari) - 69 voltas
13 - Vitantonio Liuzzi (ITA/Force India-Mercedes) - 69 voltas
14 - Heikki Kovalainen (FIN/Lotus-Cosworth) - 67 voltas
15 - Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth) - 67 voltas
16 - Timo Glock (ALE/VRT-Cosworth) - 67 voltas
17 - Bruno Senna (BRA/Hispania-Cosworth) - 67 voltas
18 - Lucas di Grassi (BRA/VRT-Cosworth) - 68 voltas
19 - Sakon Yamamoto (JAP/Hispania-Cosworth) - 68 voltas

Não chegaram:

Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes) - 23 voltas
Robert Kubica (POL/Renault) - 23 voltas
Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - 15 voltas
Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes) - 15 voltas
Jaime Alguersuari (ESP/STR-Ferrari) - 1 volta

Classificação do Mundial de Pilotos após 12 provas:

1º) Mark Webber - 161
2º) Lewis Hamilton - 157
3º) Sebastian Vettel - 151
4º) Jenson Button - 147
5º) Fernando Alonso - 141
6º) Felipe Massa - 97
7º) Nico Rosberg - 94
8º) Robert Kubica - 89
9º) Michael Schumacher - 38
10º) Adrian Sutil - 35
11º) Rubens Barrichello - 30
12º) Kamui Kobayashi - 17
13º) Vitaly Petrov - 17
14º) Vitantonio Liuzzi - 12
15º) Nico Hulkenberg – 10
16ª) Sebastien Buemi – 7
17ª) Pedro de la Rosa - 6
18ª) Jaime Alguersuari - 3

Classificação do Mundial de Construtores:

1º) McLaren -Mercedes - 312
2º) Red Bull -Renault - 304
3º) Ferrari - 238
4º) Mercedes - 132
5º) Renault - 106
6º) Force India-Mercedes - 47
7º) Williams -Cosworth - 40
8º) Sauber-Ferrari - 23
9º) STR-Ferrari - 10
10º) Lotus-Cosworth - 0
11º) VRT-Cosworth - 0
12º) Hispania-Cosworth - 0