quinta-feira, 24 de junho de 2010

TÊNIS ► Set de 70 x 68 decide a partida mais longa da história do tênis

A Copa do Mundo capitaliza o maior espaço na mídia de todo os continentes, mas, simultaneamente, seguem correndo competições de muitos outros esportes. Entre eles, o tênis, cujo mais tradicional torneio começou nesta semana e obrigou este blogueiro, fã de diversos esportes e tenista amador quando mais jovem, a desviar seu olhar da África para o Velho Continente.

Depois de 11h05min, 980 pontos, 183 games, 215 aces, uma pane no placar (que não conseguia acompanhar a contagem de games) e três dias de disputa, o norte-americano John Isner conseguiu finalmente derrotar o francês Nicolas Mahut na maior epopeia que o tênis presenciou em toda sua história.

Foi um feito tamanho que logo após o jogo ambos os tenistas foram homenageados pela organização do torneio, fora a ovação recebida do público, a essa altura completamente ensandecido.

O confronto valeu pela primeira rodada do supertradicional Torneio de Wimbledon e o placar final foi 4-6, 6-3, 7-6, 6-7, 70-68. Tudo começou na segunda-feira, quando o jogo foi duas vezes interrompido por falta de luz. Na terça-feira, só foi possível jogar mais 7h06min (o "só" ali foi ótimo, hein?). A continuação foi realizada nesta manhã e foram batidos, com muita folga, todos os recordes possíveis e imaginários de duração de uma partida de tênis.

Abaixo, alguns deles, tirados do site GloboEsporte.com:

PARTIDAS MAIS LONGAS DA HISTÓRIA
11h06m - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase
6h33m - fabrice Santoro x Arnaud Clément - Roland Garros 2004, 1ª fase
6h22m - John McEnroe x Mats Wilander – Copa Davis, 1982 - Quartas de Final
6h21m - Boris Becker x John McEnroe – Copa Davis, 1987 - Playoffs do Grupo Mundial
6h04m - Horst Skoff x Mats Wilander - Copa Davis, 1989 - Quartas de Final

PARTIDA MAIS LONGA DE SIMPLES EM NÚMERO DE GAMES
183 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
112 - Pancho Gonzales x Charlie Pasarell - Wimbledon 1969, 1ª fase - 22/24 1/6, 16/14, 6/3 e 11/9

PARTIDA MAIS LONGA DA HISTÓRIA EM NÚMERO DE GAMES
183 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
122 – Smith/Van Dillen (EUA) x Cornejo/Fillol (CHI) - Copa Davis, 1973 - 7/9, 37/39, 8/6, 6/1e 6/3

QUINTO SET MAIS LONGO DA HISTÓRIA EM SIMPLES EM NÚMERO DE GAMES
70/68 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
21/19 - Andy Roddick x Younes El Aynaoui - Austalian Open, 2003 - 4/6, 7/6, 4/6, 6/4 e 21/19

QUINTO SET MAIS LONGO DE SIMPLES EM WIMBLEDON EM NÚMERO DE GAMES
70/68 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
20/18 - Mark Philippoussis x Sjeng Schalken - Wimbledon 2000, 3ª fase - 4/6, 6/3, 6/7, 7/6 e 20/18

SET MAIS LONGO DA HISTÓRIA EM UM GRAND SLAM EM NÚMERO DE GAMES
70/68 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
25/23 - John Newcombe x Marty Reissen - US Open 1969, oitavas de final - 4/6, 6/3, 6/4 e 25-23

ACES DISPARADOS COMBINADOS EM UM JOGO
215 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
96 - Radek Stepanek x Ivo Karlovic - Copa Davis 2009 - 6/7, 7/6, 7/6, 6/7 e 16/14
84 - Daniele Bracciali x Ivo Karlovic - Wimbledon 2005, 1ª fase - 6/7, 7/6, 3/6, 7/6 e 12/10

quarta-feira, 23 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Austrália vence e se despede de cabeça erguida, Sérvia perde e sai mal

Confesso que não esperava do confronto entre Austrália e Sérvia, em Nelspruit. Primeiro, porque, apesar de nunca faltar vontade, sempre falta futebol aos australianos. Segundo, porque a seleção da Sérvia não me convencera em nada até aqui - e depois também. Tanto que nos bolões que participei cravei 1 x 0 para os Aussies. Mas depois de uma etapa inicial um tanto insossa, a Austrália voltou com muita vontade de vencer e colocou fogo na partida, saindo de campo com uma justa vitória e até tendo visto por alguns momentos tornar-se viável o sonho da classificação. Já a Sérvia... Bem, diria que não me decepcionou. Acho um time amorfo (acho que é a melhor palavra), meio sem alma e muito burocrático, apesar de ter jogadores habilidosos e um centroavante gigante que poderia ser bem explorado por uma equipe competente.

Logo aos 5', Krasic, um dos habilidosos jogadores sérvios, entrou driblando na área pela direita e chutou forte para Schwarzer colocar a escanteio. Aos 11', Nikovic puxou contra-ataque e enfiou para Krasic que invadiu a área, driblou Schwarzer e tocou para fora, perdendo chance incrível. E o jogo ia assim, com a Sérvia aproveitando-se de sua superior qualidade individual para chegar mais ao ataque, mas sem objetividade, e a Austrália ainda sem saber como ameaçar o gol adversário. Aos 22', o zagueiro Ivanovic apareceu de surpresa no ataque, recebeu lançamento no bico direito da pequena área e chutou bem, mas o goleiro Schwarzer fez excelente defesa com a mão esquerda.

Desse modo, a Sérvia atacava mesmo sem muita vontade, enquanto a Austrália queria, sem saber como. Mas resolveu adiantar-se de qualquer jeito, apostando nas bolas altas, inclusive a partir de arremessos laterais. Aos 32', Cahill já aprecia na área e cabeceava com perigo. E aos 45', Emerton levantou da direita para o esforçado Kennedy cabecear nas mãos do goleiro. O aviso estava dado.

Mas aos 7' do segundo tempo, quem chegava era a Sérvia, com Ivanovic na ponta esquerda cruzando para o grandalhão Zigic dominar com a cabeça e fuzilar por cima, com muito perigo. Aos 13', Bresciano cobrou falta de longe para o goleiro Stojkovic espalmar com certa dificuldade para escanteio, já que a Jabulani deu aquela quicada básica e traiçoeira à sua frente. Aos poucos, foi crescendo o volume de jogo australiano, que forçava de um lado, do outro e jogava bola na área sempre que podia. Aos 18', Bresciano bateu forte de novo, agora da meia-esquerda, para nova defesa de Stojkovic.

Pensando sei lá o quê, talvez meio desesperado por saber que sua seleção só dependia de uma vitória simples para se classificar, o treinador sérvio substituiu seu ataque titular, tanto o astro Drasic como o centroavante Zigic, perdendo uma opção pela ponta e a jogada aérea que, aliás, nunca soube explorar. Se as opções fossem melhores, tudo bem, mas não era o caso.

E não parece ter dado muito certo. A Austrália não parava de correr atrás da vitória e acabou chegando ao gol aos 24', através do veterano Cahill, que cabeceou para baixo e no canto direito do goleiro a bola centrada da direita pelo meia Wilkishire. Foi a segunda Copa do Mundo que Cahill deixa sua marca.

Sem a Austrália recuar, o jogo abriu, porque não restava à Sérvia outra opção que não se lançar à frente. E ela fez isso com uma desorganização exemplar. O resultado é que quatro minutos depois o cabeludo atacante Hollman recebeu uma bola roubada no meio-campo, puxou o contra-ataque e, pouco depois da intermediária, soltou a bomba. A bola quicou e morreu no fundo da rede do canto direito de Stojkovic.

Agora a Austrália já via mais próximo seu sonho de classificação. Pena que, aos 30', o bom goleiro Schwarzer não segurou um chute da meia-direita de Tosic e Pantelic não teve qualquer trabalho para marcar e diminuir o placar. Daí para frente aconteceu de tudo, menos gol, o que custo a acreditar, porque a Sérvia finalmente deu mostras de que havia vida dentro daquele uniforme e a Austrália seguiu aberta em busca de mais gols. E, nesse momento, um empate em dois gols daria a classificação aos sérvios. Mas faltava tranquilidade aos dois times.

Aos 41', Kennedy recebeu lançamento na área, ganhou do zagueiro e bateu meio desequilibrado de canhota à direita do gol defendido por Schwarzer, jogando fora mais uma boa chance de marcar. E aos 47', a grande chance de classificação da Sérvia, quando Tosic recebeu na direita e da entrada da área tocou para Pantelic à frente da zaga (à frente mesmo, estava em posição impedido, que foi marcado), mas o atacante da fitinha na cabeça jogou por cima, reclamando do passe alto que fez a Jabulani quicar antes. Poderia reclamar também de Tosic não ter feito o passe no melhor momento ou, principalmente, dele mesmo, que se colocou mal para receber a bola.

Fim de jogo, fim de festa. A Sérvia ainda reclamou do péssimo árbitro uruguaio Jorge Larrionda (que assistiu impassível a algumas entradas bem violentas e jogadores sérvios) de um possível pênalti aos 44', quando uma bola cabeceada na área australiana bateu na mão de Cahill, num lance totalmente involuntário, já que Cahill saltara para cabecear e estava até de costas, sem qualquer intenção de ampliar a área de ação de seu corpo.

Na Sérvia... Sei lá, não vou destacar nada. Apenas o treinador Radomir Antic, negativamente, claro. Ele tinha ovos para fazer uma boa omelete. Por outro lado, o holandês treinador da Austrália Pim Verbeek, sem ovos, talvez com tomates ou pepinos, fez seu time fazer bonito e sair bem da Copa. Corrigiu o equivocado sistema defensivo suado na estreia contra a Alemanha e quase levou seu país às oitavas de final. O goleiro Schwarzer fez ótimas defesas, mas falhou no gol sérvio, talvez a bola mais fácil que tenha ido em direção ao seu gol. E o resto do time foi um exemplo de dedicação. Aliás, parece característica das seleções da Oceania: compensar a deficiência técnica com muita determinação.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 40: Austrália 2 x 1 Sérvia.

COPA DO MUNDO 2010 ► Alemanha vence e Gana sofre, mas ambas saem com uma vaga nas oitavas de final

Acabou dando tudo certo no Soccer City. A Alemanha derrotou Gana por 1 x 0 e garantiu não só a classificação, como o primeiro lugar no grupo. Enquanto isso, Gana, graças à vitória por apenas 2 x 1 da Austrália sobre a favorita Sérvia (não para este blogueiro, que cravou 1 x 0 nos bolões para o time australiano), ficou com a segunda vaga e assim evitou a imensa frustração que seria a ausência de uma seleção africana nas oitavas de final da primeira Copa do Mundo realizada no continente.

Vale registrar o inédito duelo entre dois irmãos numa partida de Copa do Mundo: o atacante Prince Boateng, de Gana, e o zagueiro Jerome Boateng, da Alemanha.

Não foi maravilhoso, mas foi um jogo disputado em bom nível entre duas seleções bem armadas e que se respeitaram bastante, mas que careceram de artilheiros em campo. Cacau começou jogando na Alemanha, substituindo o para mim injustamente suspenso centroavante Klose. Como de hábito, o time procurava chegar á área adversária tocando a bola e procurando as tabelas iniciadas por Muller e Oezil, que contavam principalmente com o auxílio de Podolski e do recuo de Cacau na procura por espaços. Já a equipe ganesa apostava muito na movimentação ofensiva do trio formado por Asamoah (caindo pela esquerda), o canhoto Ayew (de pé trocado pela direita) e Gyan (mais centralizado). Ambos os ataques, porém, pecavam pela falta de objetividade, o que era agravado pelo empenho das duas defesas.

A Alemanha tinha maior posse bola e encontrava algum espaço pelas laterais, como aconteceu logo na saída de jogo, com Cacau arrancando pela direita e batendo forte, mas em cima de Kingson. Aos 8', era Podolski quem caía pelo lado do campo, desta vez o esquerdo. Ele recebeu no fundo e centrou, Jonathan meteu o pé e quase jogou para dentro, mas Kingson salvou. Aos 13', um exemplo da maior arma ganesa, quando Asamoah avançou pela esquerda, achou Ayew na área e o filho de Abedi Pelé ajeitou para Gyan, que só não marcou porque foi travado no último instante.

Gana tentava adiantar a marcação e aos 23' a Alemanha errou na saída de bola, Gyan enfiou para Boateng na área e o meia não chutou de primeira, perdendo grande chance. Na resposta, Cacau explorou bem a linha de impedimento da defesa de Gana e deu ótimo passe para Oezil, que entrou sozinho pela meia direita, entrou na área, ajeitou para a perna esquerda e chutou para excelente defesa de Kingson, que saía aos seus pés. Logo em seguida, Ayew cobrou escanteio da direita de pé trocado e Gyan entrou no primeiro pau, cabeceando enviesado e vencendo Neur, mas Lahm salvou em cima da linha, bem junto ao poste direito. Aos 29', Muller avançou pela direita e enfiou dentro da área para Khedira, que ajeitou de calcanhar para Cacau chutar no canto esquerdo e Kingson pegar. Aos 32', Ayew entrou driblando pela direita e centrou para Gyan cabecear para fora. Aos 40', Schweinsteiger cobrou falta da meia esquerda e Kingson fez grande defesa, salvando mesmo com Mertesacker passando à sua frente na tentativa do cabeceio.

Como se vê, o primeiro tempo teve lances bastante alternados em ambas as áreas, apesar do problema da falta de objetividade das equipes. A essa altura, Gana e Alemanha estavam se classificando, mas um gol no jogo entre Sérvia e Austrália tiraria um dos dois da Copa. Sob essa circunstância, a partida ficou bem mais nervosa na etapa final.

Aos 5', Gana desperdiçou sua melhor oportunidade em todos os 90 minutos, quando Asamoah recebeu na esquerda nas costas da zaga, invadiu a área e tentou encobrir Neuer, que fez ótima defesa. Aos 15', a Alemanha marcou aquele que seria o gol da vitória: Muller armou pela direita e passou para Oezil na meia-lua. O habilidoso canhoto apenas deu um toque para ajeitar o corpo e bater de curva no ângulo superior esquerdo de Kingson, fazendo o gol que Messi tanto tem tentado sem sucesso nesta Copa. Na saída, Ayew foi no fundo pela esquerda e cruzou de pé direito (gosta de jogar com o pé trocado, hein?) no segundo pau, onde Gyan cabeceou para baixo e Boateng evitou o empate. Aos 20, Gyan recebeu dentro da área e retribuiu de calcanhar para Ayew, que ficou de frente para o gol e chutou forte, mas Lahm colocou o pé na frente e a bola encobriu o travessão.

A partir daí, o jogo deu uma esfriada, imagino que por Gana viver um impasse: partir em busca do empate e se arriscar a levar mais ou se segurar na desvantagem mínima e contar que a Austrália, que vencia por 2 x 0, não marcasse mais dois ou ainda que a Sérvia não reagisse. Ficando tudo como estava, Gana se classificaria. Com Gana travada, a Alemanha preocupou-se em fazer o seu, ou seja, segurar a vitória que lhe garantia a vaga e o primeiro lugar, sabendo que um empate poderia até eliminá-la, dependendo do que ocorreria em Nelspruit.

Assim pouco mais aconteceu e no fim da história todos saíram de campo felizes para sempre - ao menos até as oitavas de final.

O capitão Lahm fez mais uma boa partida pela seleção alemã, inclusive salvando dois gols praticamente certos. Neuer foi muito bem e, sem brilhar, os jovens Muller e Oezil mostraram em alguns poucos lances que podem vir a comandar uma equipe muito forte no futuro. Numa única jogada entre os dois, a Alemanha venceu o jogo. Kingson foi mais uma vez um bom destaque da seleção de Gana. O trio Asamoah, Ayew e Gyan só precisava ter um centroavante artilheiro ao lado, já que marcar gols não parece muito a deles e assim acabam jogando fora um punhado de situações que criam.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 39: Gana 0 x 1 Alemanha.

COPA DO MUNDO 2010 ► Vitória emocionante classifica EUA e elimina Argélia e Eslovênia

É, o título ficou estranho, mas não saiu errado. Foi como matar dois coelhos com uma só cajadada. O jogo dos EUA era contra a Argélia, mas a vitória com o gol de Donovan nos acréscimos não só acabou de vez com as esperanças do país africano, como derrubou a Eslovênia, que perdera para a Inglaterra e aguardava o apito final em Pretória para comemorar a classificação, caso se mantivesse a igualdade no placar.

Foi emocionante. E justo, muito justo. Os EUA procuraram o gol desde que o fraco juiz belga Frank de Bleeckere autorizou o início da partida, mesmo quando erravam muitos passes até a marcados 15, 20 minutos. No segundo tempo, o técnico Bob Bradley foi jogando o time para frente na medida em que o tempo passava e o gol não saía. A impressão que dava era que a cada chance desperdiçada entrava alguém para ajudar a continuar a perder gols.

Já a Argélia passou a maior parte da Copa jogando de forma apática, quadrada, esperando primeiro para tentar fazer depois. Hoje até criou chances, esteve até melhor nos primeiros momentos, mas a iniciativa maior sempre esteve do outro lado. Por ironia, sofreu o gol da derrota num raro contra-ataque que concedeu aos norte-americanos, quando finalmente foi com vontade em busca do gol.

Duas coisas eu havia comentado com minha esposa. Primeira: "Os EUA estão dando azar porque a bola final não está caindo nos pés do Donovan, quando cair ele marca." Segunda: "Alguma hora esse time da Argélia vai ter que partir com tudo para o ataque." Foi no fim da partida - e perdeu no contra-ataque.

Mas a primeira grande chance que o ex-presidente americano Bill Clinton ver ser desperdiçada foi da Argélia. Logo aos 5', Djebbour recebeu nas costas da zaga, matou no peito e, sem deixar cair, mandou um balaço no travessão. Na resposta, Gomez bateu forte entrando pela meia-direita e M'Bolhi colocou a escanteio. O centroavante Gomez não estava muito feliz nas finalizações (assim como os demais atacantes americanos, o tempo mostraria isso...). Aos 16', voleou para fora um cruzamento da direita e aos 20' perdeu sozinho após ficar com uma bola espirrada pela zaga, chutando em cima do goleiro. Na sequência, ele tocou para Dempsey, que recebeu na pequena área e marcou, um gol bem mal anulado em minha opinião, pois Dempsey estava na mesma linha de Bougherra.

A essa altura - e até o fim -, os dois times estavam sendo eliminados com o empate. Aos 34' foi a vez da Argélia ameaçar: Matmour recebeu no lado esquerdo da área e cruzou forte, com perigo. Aos 35', Donovan deixou Dempsey livre com goleiro, mas o goleiro venceu o duelo. Aos 36', lance incrível: Donovan tabelou pela meia direita com Bradley, recebeu na área, tirou o goleio com um toque por cima e, quando ia finalizar com o pé esquerdo, Altidore apareceu para salvar e isolar por cima do travessão. Aos 37', Matmour viu o goleiro adiantado e bateu forte da intermediária, mas Howard mandou para escanteio. Aos 42', Dempsey chutou de longe. Mesmo escorreghando na hora de bater, a Jabulani fez várias curvas antes e depois de quicar, mas M'Bolhi defendeu com firmeza. E aos 43' foi Ziani que bateu da meia-direita, quase encontrando o ângulo superior esquerdo de Howard.

No segundo tempo, os EUA tiveram o sentido de urgência e partiram logo em busca do gol, dando o tom do que seria o restante da partida e a opção do contra-ataque à Argélia. Aos 11', Altidore fez uma grande arrancada pela esquerda e rolou macio para a meia-lua. Dempsey recebeu, entrou na área e na saída de M'Bolhi tocou no poste esquerdo. A bola voltou para a perna esquerda de Dempsey, que, desequilibrado, perdeu de novo. Aos 19', nova grande chance americana: Feilhaber, que entrara no intervalo, invadiu a área pela direita e do fundo tentou achar Altidore, mas M'Bolhi cortou antes. Donovan cobrou o escanteio e Dempsey, que, como quem estiver lendo já deve ter percebido, também não estava num dia muito feliz e cabeceou para fora. Aos 23', Cherundolo apareceu bem do lado esquerdo da aérea e centrou para Buddle, sozinho, cabecear em cima do goleiro. No contragolpe, Ziani recebeu na direita, entrou na área e bateu cruzado, perdendo boa chance.

As jogadas de área se sucediam com maior ou menor perigo, sempre com maior iniciativa norte-americana. Aos 33', Bradley chutou forte em cobrança de falta da meia-esquerda e M'Bolhi bateu roupa. Aos 44', Buddle ficou sozinho dentro da área pela esquerda, mas errou o passe para Altidore. Os EUA se atiravam e a Argélia tinha espaços para revidar. Numa dessas, aos 45', a Argélia atacou pela direita e Saifi cabeceou do lado esquerdo da área nas mãos de Howard, que armou o contra-ataque. Donovan avançou pelo campo adversário e aprofundou para Altidore, que invadiu a área e centrou para Dempsey chutar, mas M'Bolhi abafou. A bola sobrou para Donovan, que escorou no canto direito e saiu para comemorar. Não deu tempo para mais nada.

Nos EUA, gosto muito de Donovan. Sem ser um fenômeno, é um meia habilidoso, consistente, sereno, disciplinado taticamente e bom finalizador. Howard foi um goleiro seguro. Altidore e Dempsey apareceram bem em diversos momentos, mas o objetivo de um chute é fazer a bola entrar no gol... No time da Argélia, M'Boulhi fez grandes intervenções e Matmour incomodou bastante, mas vale para ele o mesmo que para Dempsey e Altidore.

Os EUA conseguem uma justa classificação e em primeiro lugar no grupo, até porque foram garfados contra a Eslovênia e a anulação daquele gol de Dempsey hoje não me convenceu. Já a Argélia pagou pela falta de ousadia, de vontade de vencer, especialmente na partida contra de estreia contra os eslovenos.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 38: EUA 1 x 0 Argélia.

COPA DO MUNDO 2010 ► Inglaterra joga bem, supera Eslovênia e está nas oitavas de final

A Inglaterra finalmente deu o ar de sua graça na África do Sul, derrotou a Eslovênia e se classificou para próxima fase em segundo lugar no grupo C. Em segundo porque os EUA venceram a Argélia também por 1 x 0, eliminaram os eslovenos e chegou em primeiro. A classificação dos inventores do futebol é muito boa para Copa do Mundo.

Na partida realizada em Porto Elizabeth, a Inglaterra foi quase sempre melhor. Digo que foi quase sempre porque o time inglês deu uma pregada no final de ambos os tempos de jogo e aí poderiam ter feito falta os gols - muitos gols! - perdidos durante os 90 minutos. Mas sempre procurou atacar, ao contrário da Eslovênia, que ficou ali meio como quem não quer nada, parecendo esperar mais por um empate ou uma vitória pela vantagem mínima da Argélia no outro jogo do grupo.

Fábio Capello entrou com Milner na meia, caindo pela direita, e Defoe no lugar do apenas esforçado Heskey e a seleção inglesa aos poucos foi acentuando seu domínio e criando chances, enquanto a Eslovênia esperava e contava até com certa tolerância do árbitro alemão Wolfgang Stark com entradas mais duras de seus jogadores, como o lateral Brecko, que fez de tudo para ser expulso, mas não teve competência para isso, ao menos na opinião do juiz.

A partir dos 15', a Inglaterra, que já dominavam, começou a ameaçar mais e mais a meta adversária. Aos 17', Rooney limpou na esquerda e centrou para Gerrard, mas Jokic cortou antes. Aos 19, Johnson, que apoiou bem, colocou na perna esquerda e bateu firme. A bola quicou antes, mas Handanovic pegou bem, assim como uma falta cobrada de longe por Lampard logo depois. Rooney dominou uma bola espirrada na frente da área, limpou dois jogadores, mas o chute foi desviado a córner. Aos 22', o gol que acabou dando a classificação aos ingleses: Milner centrou bem da direita e Defoe se antecipou a Suler para marcar. Que estrela a de Capello, hein?

Mesmo com o gol, a Inglaterra continuou em cima. Aos 26', mais um bom cruzamento de Milner, mas desta vez Handanovic cortou antes de Defoe chegar. Na sobra, Lampard chutou com o pé esquerdo e perdeu. Aos 30', Defoe soltou uma bomba da meia-lua que Handanovic salvou. No rebote, Rooney limpou e ofereceu a bola rolando com açúcar e com afeto para Lampard, que a colocou rasteira no cantinho esquerdo, mas Handanovic foi lá buscar. Daí até o fim dessa etapa, a Inglaterra tirou um pouco pé e pouco mais aconteceu, a não ser uma cotovelada de Cesar em Defoe que ninguém viu - ninguém que tivesse autoridade para fazer alguma coisa.

Se alguém achava que a Eslovênia entraria no segundo tempo disposta a empatar a partida, acert... Brincadeirinha, se enganou redondamente. Logo no início, um lance estranho: Handanovic precisou sair da área para tentar evitar um escanteio, mas não conseguiu. Com o goleiro fora do gol, Rooney cobrou rápido para área. Handanovic ainda conseguiu rebater e Defoe não aproveitou na cara do gol. Aos 3', tabela entre Ashley Cole, Lampard e Rooney que terminou com Defoe jogando a bola na rede, mas estava impedido. Aos 8', nova tabela, com Lampard deixando Rooney em condições de marcar, mas ele foi travado na hora H. Aos 12', Terry escorou de cabeça no segundo pau a cobrança de um escanteio da direita e Handanovic fez mais uma grande defesa. Em seguida, Lampard deixou Rooney sozinho com o goleiro, mas, precipitado, Rooney acabou acertando o poste direito.

Lá pelos 20', a Eslovênia deu uma despertada para a vida e apareceu na área inglesa. Primeiro com um chute fraco de Birsa, da entrada da área, para tranquila defesa de James, desperdiçando boa chance. Pouco depois, Dedic ajeitou de cabeça para Novakovic, que cortou para o pé esquerdo e foi travado na hora do chute. Dedic pegou o rebote e bateu firme, mas Johnson salvou. O novo rebote foi de Birsa, que chutou à esquerda de James.

A partir daí, a Inglaterra pareceu sentir um pouco as pernas e tirou o pé do acelerador. Até porque deve ter achado mais seguro não se arriscar tanto se atirando de qualquer forma em busca de uma vantagem maior, preferindo ir só na boa. No finalzinho, a Eslovênia tentou uma pressão, mas muito tímida. Quando o juiz apitou o fim de logo, ambas as equipes estavam classificadas. Mas logo veio a notícia do gol da classificação norte-americana e da eliminação eslovena. Achei tudo muito justo.

Rooney jogou uma bela partida pela Inglaterra, mas pareceu ansioso para marcar e desperdiçou bolas que normalmente colocaria na rede. Lampard e Gerrard também apareceram bem e dos três dependerá o futuro do time na competição. Já na Eslovênia, destaque absoluto para o goleiro Handanovic, com uma grande atuação.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 37: Eslovênia 0 x 1 Inglaterra.

terça-feira, 22 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Sem muito esforço, Argentina bate apáticos gregos e garante 100%

Incrível como a Grécia conseguiu vencer a Nigéria. Esse incrível resultado deve ser debitado à expulsão de do nigeriano Keita, ainda no primeiro tempo, quando seu time vencia por 1 x 0. De outro modo, impossível imaginar os gregos triunfando em uma partida de Copa do Mundo.

Mas se alguém estiver lendo poderia perguntar; "Ué, mas o post não é sobre Argentina x Grécia?". É, mas não há muito que dizer de um jogo no qual quem sabia não estava lá muito a fim e quem precisava nem mostrou que queria.

Dependendo apenas de si para se classificar, a Grécia viveu um dilema o tempo inteiro: "Como atacar? E Se atacarmos, como defender?" E assim, pouco fez durante os 90 minutos. Para felicidade grega, o goleiro Tzorvas deixou essas questões filosóficas de lado e preocupou-se com os aspectos mais práticos da vida, como parar o ataque argentino. Parar de verdade, ele não conseguiu, já que foi vazado duas vezes. Mas foi por pouco. Com grandes defesas, o goleiro grego foi o melhor em campo e ainda impediu que Messi finalmente marcasse seu primeiro gol na Copa.

Aos 15' do primeiro tempo, por exemplo, Aguero avançou pela esquerda e bateu forte para Tzorvas defender espalmar para escanteio. No rebote da cobrança, Veron acertou uma bomba de longe que fez Tzorvas novamente mandar para fora. Aos 31', Diego Milito recebeu na linha de fundo e cruzou rasteiro e forte, mas Tzorvas salvou. Na sobra, Arguero bateu para nova defesa do goleiro. Aos 44', foi a vez de Maxi Rodriguez fazer o goleirão trabalhar muito bem com um chute forte de dentro da área. Na sequência, Messi fez a primeira de suas várias tentativas de marcar, esbarrando em Tzorvas. Nesse tempo todo, a única fez que a Grécia deu o ar de sua graça no ataque com algum perigo foi quando Katsouranis cobrou uma falta do lado direito da intermediária que obrigou Romero a cortar de soco.

No segundo tempo só não aconteceu menos porque o misto argentino conseguiu colocar duas bolas para dentro. Mas antes, uma surpresa: Samaras deixou dilemas de lado e avançou pela esquerda da área batendo cruzado com muito perigo, com a bola saindo à esquerda de Romero. Aí tudo voltou ao normal. Aos 11', Clemente Rodriguez cortou do meio para a esquerda e chutou à direita do gol. Aos 24', Messi cobrou falta por cima. E aos 32', gol do zagueiro Demichelis, que subiu após cobrança de escanteio e cabeceou em cima de Palermo. Na volta, ele mesmo chutou para a rede. Messi sonhava com seu primeiro gol no Mundial e aos 40' entrou driblando pela esquerda e achou o poste direito. Aos 43', acertou um violento chute da entrada da área, mas Tzorvas pegou. Na sobra, Palermo completou com o pé direito para o gol.

Messi quando resolveu jogar foi bem, mas ainda não foi desta vez que marcou. Tzorvas salvou-se mais uma vez na fraca seleção grega. Agora os argentinos enfrentam os chatos mexicanos, um confronto perigoso. E a Grécia não volta de bolsos vazios: ao menos arrancou seus primeiros pontos numa Copa do Mundo

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 36: Grécia 0 x 2 Argentina.

COPA DO MUNDO 2010 ► Partida dramática classifica Coreia do Sul e elimina Nigéria do Mundial

Foi o primeiro mata-mata da Copa. Como até o caos tem uma certa lógica, a derrota da Grécia para a Argentina era só uma questão de tempo: os 90 minutos que a partida duraria. E, obviamente, não deu outra. Assim, Coreia do Sul e Nigéria disputaram a segunda vaga do grupo B em 90 minutos de muita emoção alternância no placar.

Tentarei sintetizar as coisas até para não atrapalhar minhas lembranças. A Nigéria começou melhor, abriu o placar, teve chances de ampliar, a Coreia se reequilibrou na partida, virou, também poderia ter ampliado e definido o jogo, sofreu o empate e suportou a pressão final nigeriana. Foi muito legal.

O domínio inicial nigeriano deveu-se à boa movimentação de seus meias e laterais, talvez motivados pela presença do veterano Kanu e sua tradicionalíssima camisa 4 em campo. Aos 34 anos e sem o mesmo fôlego dos anos 90, lógico, Kanu procurava organizar as jogadas de frente do time, segurando a bola e não permitindo o natural afobamento de seu time. Mas talvez a escalação de um dos maiores jogadores da história do futebol do país tenha sido mais uma homenagem do treinador que estratégia. Kanu foi muito aplaudido ao deixar o campo na segunda etapa, mesmo com a Nigéria em desvantagem naquele momento.
Já a Coreia do Sul tem valorizado bastante a posse de bola. É um time não muito afeito a retranca e que naturalmente costuma se soltar para frente, talvez até por não ter um setor defensivo muito confiável. Assim, procurava valorizar a posse de bola no ataque, alternando bem os dois lados do campo na hora de atacar, com o avanço dos laterais e a caída de atacantes ou meias pelas pontas.

Com essa figuração, o jogo ficou parecendo aqueles games em que os avatares se equivalem na força total, mas com habilidades diferentes. Assim, acabaram se atacando bastante criaram muitas chances de gol. Vou registrar apenas algumas delas, além dos gols.

Logo no primeiro minuto, Afolabi errou na saída de bola pela esquerda, Lee Chung Yong recebeu nas costas dele e tocou para fora na saída do goleiro Enyeama. Aos 12′, a Nigéria saiu na frente, após ótima jogada de Odiah pela direta, deixando para trás Park Ji Sung e Kim Jung Woo e centrando rasteiro para Uche se antecipar à zaga e da marca do pênalti marcar. Aos 22′, Obasi entrou muito bem pela direita e chutou forte, rente ao poste esquerdo do goleiro Jung Sung Ryong. Aos 31′, Enyeama precisou sair e fazer falta ao lado da área. Ki Sung Yueng cobrou com perigo, mas Enyeama cortou o cruzamento.

Aos 35′, um dos muitos lances que poderiam ter mudado o destino da partida. Uche recebeu de Kanu fora da área, limpou e mandou uma bomba na trave esquerda de Jung Sung Ryong. Pouco depois, Ki Sung Yueng cobrou outra falta pela esquerda de ataque, desta vez no segundo pau, onde Afolabi falhou e Lee Jung Soo entrou de cabeça e de pé (acertou com o pé…) para colocar a bola na rede.

Como diria aquela socialite, o segundo tempo foi uma loucura. Mas prometi escrever pouco e já estou aqui… Vou tentar ir direto ao que de mais importante aconteceu. Logo aos 3′, Park Chu Young cobrou muito bem uma falta na meia-esquerda da entrada da área, de curva, com a bola descaindo e quicando antes de chegar ao gol, sem chances de defesa para Enyeama.

As jogadas se alternavam entre as duas áreas, até que, aos 21′, Uche enfiou nas costas da zaga para Ayla, que rolou rasteiro para o a pequena área. A bola venceu o goleiro e Yakubu Ayegbeni chapou para fora com o gol escancarado à frente, no gol mais perdido da Copa, aliás, provavelmente, o gol mais perdido de todas as Copas. Mas no minuto seguinte, Oba Oba Martins arrancou pela direita e esticou para Obasi, que perdeu para Kim Nam Il. Só que o volante coreano tentou sair jogando, Obasi tomou a frente e foi derrubado por trás. Pênalti. Com uma louvável confiança, pelas circunstâncias (o gol que acabara de perder), Ayegbeni cobrou com surpreendente tranquilidade e deslocou o goleiro, jogando a bola no lado direito e virando e empatando o jogo.

A Coreia resolveu mostrar que estava viva. Aos 25′, Chaa Du Ri avançou e pela direita e cruzou com muito perigo, mas Shittu salvou. Aos 30′, Park Ji Sung recebeu em diagonal dentro da área pela direita, cortou para Etuhu para dentro e bateu com perigo de pé esquerdo, rente ao pé da trave esquerda. Na saída de bola, os coreanos recuperaram e Lee Chung Yong recebeu livre na esquerda e da risca da área tocou de pé direito procurando o canto inferior esquerdo de Enyeama, que fez grande defesa. Foi a última chance asiática. Daí para frente, a Nigéria foi com o que pôde atrás do empate, já com Obinna também em campo.

E aos 34′ o lance que provavelmente foi o mais decisivo de todos, quando a Nigéria recuperou uma bola no meio e Obasi enfiou linda bola para Oba Oba Martins por trás da zaga e… Oba Oba tocou por cima do goleiro, mas abola saiu ao lado do poste esquerdo do gol, desperdiçando uma imensa chance. Abatida e agora desesperada, a seleção nigeriana ainda daria dois últimos suspiros, ambos através de Obinna, em duas perigosas finalizações de fora da área, a primeira aos 44′, após limpar da esquerda para a direita e acertar a rede pelo lado de fora, e a segunda ao encher o pé de frente pouco além da intermediária, após arrancar desde o meio-campo, com a bola triscando (triscando é muito bom…) a trave esquerda de Jung Sung Ryong.

Segue a Coreia do Sul na Copa, sua primeira classificação às oitavas de final fora de seu país. Boa atuação de vários jogadores. O melhor deles, o camisa 10 Park Chu Young. Na Nigéria, quem mais gostei foi o lateral direito Odiah, que fez a jogada do primeiro gol e apoiou o ataque com muita qualidade. Só fico com uma pergunta na cabeça: não dava para Oba Oba Martins e Obinna terem entrado um pouco antes? Tipo assim… no início da partida contra a Argentina? São atacantes de muito mais peso (no caso de Oba Oba, literalmente) que os que estiveram jogando.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 35: Nigéria 0 x 2 Coreia do Sul.

COPA DO MUNDO 2010 ► África do Sul despede-se com vitória honrosa sobre a França

A África do Sul chegou a sonhar com a classificação às oitavas de final da Copa do Mundo, pois em determinado momento o México era derrotado por 1 x 0, enquanto os anfitriões batiam a França por 2 x 0 e tinha um homem a mais em campo. Mais dois gols e o sonho poderia ser alcançado. Mas a bola do jogo (ou, no caso, da classificação) bateu na trave e os Bafana Bafana tropeçaram na própria limitação e foram eliminados. Ao menos despediram-se dando uma alegria à torcida. Já a França do inominável Raymond Domenech...

Cisse finalmente teve uma chance no ataque, mas a França já estava em clima de quem perdeu a festa. Querendo jogo, a África do Sul abriu o placar aos 20', quando Tshabalala cobrou muito bem escanteio de pé trocado e Khumalo voou por cima de Diaby para escorar de cabeça e marcar. Lloris falhoui, saindo mal e deixando o gol vazio.

Aos 23', Cissé tentou o empate, mas chutou para fora a bola que recebeu enfiada na diretita. Aos 24', Mphela rasgou pelo meio e chutou com perigo da meia-lua, com a bola rasteira passando à direita de Lloris. No lance seguinte, Gourcuff deixou o braço ao subir na área adversária e acertou o rosto de Sibaya. O juiz colombiano Oscar Ruiz achou intencional e expulsou o meia francês.

O time da casa se entusiasmou e aos 38' Tshabalala enfiou na direita para Mphela chegar na frente de Diaby e bater prensado em cima de Lloris. Aos 39, raro lance de perigo no ataque francês, quando Ribery cobrou falta e a bola quicou bem á frente de Josephs, que espalmou a escanteio.

E aos 42' a África do Sul ampliava: o lateral Masilela aproveitou bobeira da zaga, avançou e bateu cruzado, para Mphela concluir no meio da área.

No segundo tempo, a Àfrica partiu para ampliar. Aos 3', Parker bateu de longe e Lloris pegou. Aos 5', a bola que poderia ter mudado o destino da Àfrica do Sul na Copa: Tshabalala fez excelente passe nas costas da zaga para Mphle, que entrou livre e chutou na trave, com Lloris completamente batido na jogada.

Os Bafana Bafana ainda não tinham desistido e aos 13' Mphela chutou forte da entrada da área para Lloris espalmar mais uma para escanteio. Aos 16, Mphela de novo invadia pela direita e chutava travado por Lloris. A bola ainda voltou nas pernas do atacante e saiu balançando a rede por fora. Os anfitriões tentavam tocar a bola de primeira, mas as limitações técnicas somadas ao nervosismo começavam a se fazer presente. Pior: aos 25', Sagna fez excelente lançamento para Ribery, que escapava pela direita fugindo da linha da defesa. Na saída do goleiro, Ribery rolou para o meio e Malouda apenas empurrou para o gol vazio. Aí praticamente acabou a história de África do Sul e França nesta Copa do Mundo.

Aos 45' Modise ainda chutou forte da esquerda da área, com a bola passando rente ao poste direito. E no minuto seguinte, Nomvethe invadiu pela direita e rolou para Tshabalala, que, livre na cara do gol, chutou em cima de Llloris.

Consideradas todas as limitações, a Àfrica do Sul despediu-se honrosamente. Quatro pontos ganhos ficou de bom tamanho. Se aquela bola no último lance da estreia contra o México tivesse entrado, se o time não desanimasse no fim do jogo contra o Uruguai, se o chute de Mphela no segundo tempo de hoje não acertasse a trave, mas a rede... Vários "se" poderiam até ter levado os Bafana Bafana mais longe. Fica para a próxima.

Apesar do gol perdido, Mphela foi um tormento para a atordoada defesa francesa e, mesmo cansando no segundo tempo e perdendo aquele gol no finalzinho, Tshabalala fez algumas ótimas jogadas. Na França, Ribery correu muito, mas errou muito também. Acertou ao menos o passe decisivo para Malouda marcar. E mesmo falhando no primeiro gol sul-africano, Lloris foi o melhor do time, evitando uma derrota mais embaraçosa.

Para encerrar, a pergunta que não quer calar: afinal, quem é Raymond Domenech? Ou melhor seria: o que é Raymond Domenech?

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 34: França 1 x 2 África do Sul.

COPA DO MUNDO 2010 ► Uruguai joga bem, vence nervoso México e termina em primeiro

A seleção uruguaia venceu o México por 1 x 0 e terminou em primeiro no grupo A da Copa do Mundo. Agora espera o segundo colocado do grupo B, que pode ser Coréia do Sul, Nigéria e até Grécia. Já a seleção mexicana vai enfrentar a Argentina, a não ser que o frio na África do Sul chegue ao ponto de nevar.

A partida de hoje começou animada, com as equipes a princípio ignorando a possibilidade de um jogo de compadres pelo empate, o que garantiria de vez a classificação de ambas. Mas aos poucos o Uruguai revelava-se melhor em campo.

Logo aos 5', o zagueiro mexicano Rodriguez falhou bisonhamente e Luís Suárez, sozinho, invadiu pela direita da área e bateu cruzado para fora, quando a melhor opção seria passar para Diego Forlan completar. O veterano Blanco começou jogando (prova talvez de que o México não estivesse tão concentrado para a partida) e aos 6' não alcançou na pequena área perigoso cruzamento da direita. Aos 9', Salcido entrou pela esquerda e centrou rasteiro, mas Lugano pôs a escanteio. Aos 12', Forlan cobrou falta da intermediária no meio de um monte de gente, mas Perez saiu bem.

A partir daí, o Uruguai começou a tomar conta do campo e aos 18' Forlan cobrou escanteio que Victorino cabeceou para fora, sozinho. A melhor chance mexicana veio aos 22', quando Guardado acertou de fora da área um balaço que explodiu no travessão, quicou fora do gol e saiu. Ainda no esforço para equilibrar o jogo, Giovani dos Santos recebeu bem na direita, mas estava de pé trocado e foi desarmado antes de finalizar.

E foi aos 43' que o Uruguai chegou a primeiro gol, com Suárez cabeceando para o chão ótimo centro de Calvani, caído pela direita.

No segundo tempo, o México mostrou sua face de monstro. Já registrei aqui a característica destemida com que os mexicanos enfrentam adversários teoricamente poderosos e de mais tradição. Por outro lado, sempre costuma se enrolar em condições mais simples. Apesar da situação ainda estar longe de ser desesperadora (a África do Sul teria que fazer três gols de diferença sobre a França), o time ficou uma pilha de nervos e passou a ser dominado pelo Uruguai, que poderia ter ampliado.

Aos 8', Perez fez uma grande defesa em cabeçada forte de Lugano. Aos 18', Rodriguez perdeu uma chance incrível de empatar, jogando fora de cabeça cruzamento de Barrera, que entrara pela direita. Após saber do gol de empate da França, o México relaxou, enquanto Uruguai também tirava um pouco o pé do acelerador.

Aos 32', Hernandez agrediu Victorino dentro da área, mas recebeu apenas amarelo. Aos 38', Franco não conseguiu dominar a bola na frente do goleiro Muslera e aos 42' Cavani arriscou de longe e Perez defendeu. No fim o México pressionou em busca do empate, mas nada conseguiu.

Do que vi, Forlan foi mais uma vez destaque na seleção uruguaia e Suárez parece cada vez mais à vontade na Copa. Acho que Uruguai ainda pode pagar caro pelo, digamos, excesso de vontade de Lugano. No México, Perez evitou o pior e o time enervou-se sem razão para isso.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 33: México 0 x 1 Uruguai.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Espanha derrota facilmente Honduras, mas economiza no placar

A Espanha não teve a menor dificuldade para derrotar Honduras no mais antigo estádio sul-africano, o tradicional Ellis Park, onde o time de rúgbi nacional conquistou o histórico campeonato mundial de 1995. Melhor dizendo, a Espanha encontrou uma "menor dificuldade", sim: a pontaria de seus jogadores. Assim como na estreia, quando foi batida pela Suíça por 1 x 0, a seleção espanhola desperdiçou um caminhão de chances de gol. Para Honduras, menos mal que não saiu goleada de campo, recompensando em parte o esforço de seus jogadores, que não deixaram de correr e até se adiantar em busca de um golzinho o tempo inteiro.

Sem Iniesta, David Villa jogou aberto pela esquerda, com Fernando Torres entrando no meio e Jesus Navas como autêntico ponta-direita. E bastou a bola rolar para a Espanha começar a criar - e a desperdiçar - oportunidades de gol. Antes do primeiro minuto, David Villa já cruzava com perigo para Torres, com a zaga salvando antes da finalização. Em seguida, num lance confuso, os espanhóis pediram pênalti no toque com a mão na bola de um defensor hondurenho. Até agora não cheguei a uma conclusão, então o juiz japonês Yuichi Nishimura está absolvido por unanimidade - ou seja, meu voto. No ataque seguinte, Torres recebeu na esquerda, mas chutou fraco para Valladares defender. Aos 6', David Villa acertou de fora da área um balaço no travessão. Aos 8', Sérgio Ramos foi empurrado por Mendoza dentro da área, mas o juiz nada marcou. Como foi naquela muvuca, o absolvo novamente. Aos 10', Xavi cruzou da esquerda para Sérgio Ramos sozinho no segundo pau cabecear para fora.

A pressão era total. David Villa jogava fácil pela esquerda, como aos 13', quando cortou para dentro e bateu com muito perigo. Aos 14' Casillas saiu estranho para interceptar um cruzamento de Martinez para Wilson Palacios e deu de joelhos na bola, que caiu nos pés de Suazo, que não aproveitou o gol vazio para finalizar. Logo em seguida, contra-ataque bom hondurenho: Suazo entrou tabelando com Martinez e quase ficou na cara do gol, mas Casillas dessa vez saiu bem e salvou.

Apesar desses raros ataques de Honduras, o gol espanhol era questão de tempo - ou questão de acertar o pé. E ele saiu aos 17', um golaço: David Villa foi mais uma vez acionado na esquerda, partiu para cima da marcação, passou entre Guevara e Mendoza, invadiu a área, driblou Chavez para dentro e bateu cruzado no ângulo superior esquerdo de Valladares.

Daí para frente, a Espanha só fez desperdiçar novas chances, como aos 23', quando Navas driblou seu marcador e centrou para Xavi furar a cabeçada. Visivelmente fora de forma, Fernando Torres perdeu duas oportunidades consecutivas, aos 32' e aos 33'. Na primeira, Sérgio Ramos deu um drible da vaca em seu marcador e cruzou para Torres cabecear muito mal para o chão, quando estava na cara do gol. Na sequência, Valladares saiu errado, Torres recuperou a bola e chutou por cima, novamente livre para marcar.

A única coisa que se alterou no segundo tempo foi a baliza na qual a Espanha continuaria a perder gols. Mas logo aos 5' a Fúria conseguiria ampliar o placar. Em um rápido contra-ataque, David Villa armou a jogada para Navas na direita e pediu de volta, na altura da meia-lua, de onde bateu forte. A bola desviou na zaga e entrou sem chance de defesa para Valladares. Logo no reinício de jogo, Sérgio Ramos avançou livre pelo meio e chutou forte da entrada da área, com a bola saindo à esquerda do gol. Aos 15', Navas invadiu a área e foi derrubado por Izaguirre. Pênalti que David Villa cobrou rasteiro no canto esquerdo de Valladares, que caiu para o lado oposto. Mas a bola foi fora, tirando tinta do poste direito.

Aos 19', a única chance realmente boa de gol para os hondurenhos sequer foi bem finalizada, porque Suazo matou um ataque de quatro contra três cortando para a perna esquerda e chutando para fora, quando a melhor opção teria sido enfiar para alguns de seus colegas que se deslocavam à frente. Fábregas entrou no lugar de Xavi aos 20' e aos 20' mesmo perdeu um gol feito, ao receber na área , driblar o goleiro e chutar para a meta, mas Chávez salvou para escanteio.

A Espanha tirou um pouco o pé, mas não deixou de perder gols. Aos 41' David Villa ainda desperdiçou mais uma chance incrível, após nova investida pela direita de Jesus Navas. O ponta deixou o artilheiro do jogo na cara do gol, mas Villa demorou a chutar e Mendoza foi quem salvou desta vez.

David Villa seria meu maior destaque espanhol. Jogou muito bem, principalmente na primeira etapa, mas perdeu a chance de sair de campo como o maior artilheiro da seleção espanhola de todos os tempos. Ele está a quatro gols de Raul e com certeza teve ótimas chances de alcançar essa marca nesta partida mesmo. Assim, ele cai para o segundo posto, deixando a honra de melhor em campo para Jesus Navas, que cansou de criar jogadas de gol para seus companheiros, do início ao fim do jogo. O lateral Sérgio Ramos também teve atuação destacada, chegando várias vezes ao ataque em condições de finalizar com perigo.

Honduras até tentou sair mais para o jogo na segunda etapa, em busca ao menos de um golzinho de honra, mas suas limitações só fizeram dar espaços para a Espanha contra-atacar. Em minha opinião, o zagueiro Figueroa foi o melhor da defesa e o bom goleiro Valladares foi bastante seguro em suas intervenções, apesar de não ter sido tão exigido quanto o volume de jogo adversário faz supor. O que prova que a seleção espanhola bem merecia ouvir aquele grito histérico do torcedor vindo lá do alto da arquibancada: "Bota o pé na forma!"

Tomara para os espanhóis que esses gols perdidos não façam falta mais adiante.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 32: Espanha 2 x 0 Honduras.