sábado, 26 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Costa do Marfim se despede com tranquila vitória sobre Coreia do Norte

Costa do Marfim precisava de uma vitória histórica sobre a Coreia do Norte. Os norte-coreanos, por sua vez, só não queria sofrer outra goleada histórica. Como se vê, os objetivos meio que se anulavam e o placar do jogo ficou no meio do caminho. A Costa do Marfim venceu com tranquilidade por 3 x 0 em Nelspruit e se despediu bem da Copa. A Coreia do Norte teve que se contentar com uma derrota mais modesta desta vez.

Mal o jogo começou e Costa do Marfim começou a perder gols. Um atrás do outro, literalmente. E o pior é que o time não estava com essa vontade toda de marcar, não. Tocava, se aproximava e ia criando chances. Criando e desperdiçando, criando e desperdiçando, criando e desperdiçando... Enquanto isso, a Coreia mal ultrapassava o meio do campo, visivelmente vacinada contra a dose de ingenuidade que a levou a atacar Portugal e resultou naquela hecatombe de 7 x 0 a favor dos portugueses

Isso até os 14', quando Boka cruzou rasteiro da esquerda para Yaya Touré receber na risca da grande área e colocar com categoria no cantinho esquerdo de Ri Myong Guk.

Mesmo sem forçar, as chances seguiram aparecendo para a Costa do Marfim, que ampliou aos 19'. Um pouco além da intermediária, Boka jogou a bola alta na área, Drogba fez uma linda dominada com o pé esquerdo e girou no sentido contrário sobre o zagueiro, soltando uma bomba com o pé direito que explodiu no travessão e quicou, sobrando para Romaric subir e marcar de cabeça.

A essa altura e até o fim dos primeiros 45 minutos, foi um tal da bola viver ameaçando o gol coreano... Ela batia numa trave, na outra, cruzava a pequena área, o goleiro defendia, raspava de um lado, do outro, passava por cima... Enquanto isso, apenas o esforçado Jong Tae Se procurava alguma coisa pela seleção asiática. Mas vale mencionar duas faltas bem cobradas pelo camisa 10 Yong Jo.

No segundo tempo, a Coreia teve maior posse de bola que no primeiro, tentando algo sempre através de Tae Se, que até teve sua chance de marcar, mas não encontrou posição correta para o chute após dominar na pequena área. Mas isso acontecia menos por seus próprios méritos que por acomodação da Costa do Marfim, cujos jogadores não apreciam empenhados em correr atrás da necessária goleada - ou não acreditavam conseguir ou que Portugal fosse derrotado pelo Brasil.

Até que aos 36', Boka lançou na entrada da área para Kalou chegar escorando e dar números finais à partida.

Na Costa do Marfim, o lateral esquerdo Boka foi o destaque, com três assistências, e Eboué, do lado direito, também apoiou bastante. Uma pena Drogba não ter se apresentado nesta Copa em sua melhor forma, mas o simples fato de participar praticamente uma semana após uma delicada cirurgia no cotovelo já vale uma menção honrosa.

Na Coreia do Norte, os únicos destaques individuais foram Tae Se na frente e Yong Jo no meio, batendo bem na bola em chutes de bola parada ou meia distância.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 46: Coreia do Norte 0 x 3 Costa do Marfim.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Brasil e Portugal empatam jogo do "Foi bom pra você?"

A partida que Brasil e Portugal realizaram em Durban foi dura não só de ver, mas de doer de verdade, dor física mesmo, tantos foram os pontapés desferidos por ambas as equipes, que se quase nada arriscaram no ataque, arriscaram à vontade a integridade de pernas e canelas próprias e do adversário. No fim, 0 x 0 no placar e todo mundo satisfeito.

Portugal ainda necessitava do empate para garantir sua vaga nas oitavas de final sem depender do resultado de Costa do Marfim e Coreia do Norte, que jogavam em Nelspruit. Afinal, ninguém sabia se a Coreia entraria como a Muralha da China que enfrentou o Brasil ou como kamikazes, maneira suicida com que encarou os portugueses. Vai que o time de Drogba mete oito gols e vaga portuguesa ia para o brejo com certeza em caso de derrota.

Com vaga garantida, a maior motivação brasileira era manter-se em primeiro e ir para a fase seguinte com a moral inabalada. Quer dizer: o empate estava de bom tamanho para todo mundo. Jogo bom para técnicos aproveitarem e pouparem jogadores. Deco continuou de fora de um lado, Simão também, Robinho ficou no banco do outro.

O jogo em si acabou se desenvolvendo como coisa de compadre mesmo. Se fosse combinado, poderia jurar que fora combinado assim: o Brasil finge que ataca no primeiro tempo, enquanto Portugal finge que só quer se defender; na etapa final, invertem-se os papéis. Combinado não foi, mas foi assim que aconteceu. O Brasil no primeiro tempo mantinha mais a posse de bola e criava algumas chances, enquanto Portugal vivia de jogadas esporádicas no ataque.

No segundo tempo, a coisa inverteu-se mesmo, até a posse de bola passou a ser maior do time luso. O Brasil sempre explorava mais Maicon e Daniel Alves pela direita e Cristiano Ronaldo era a válvula de escape portuguesa, normalmente nas costas dessa dupla brasileira. Para marcar maior "vontade" de atacar, Portugal até fez entrar o atacante titular Simão para fazer companhia a Ronaldo, que aproveitou para cair pelo outro lado também.

Se no primeiro tempo Luís Fabiano fez grande jogada pela direita e centrou para Nilmar bater e Eduardo espalmar a bola, que ainda bateu na trave esquerda antes de sair, na segunda etapa foi Raul Meireles quem errou sozinho no lado esquerdo da pequena área, tocando para Júlio Cesar fazer grande defesa, após ótima jogada de Ronaldo pelo lado oposto. Foram duas das melhores chances de ambas as equipes.

No mais, um vigor surpreendente, provavelmente alimentado pela mídia sensacionalista e a cabeça inocente de alguns jogadores, que se deixaram levar por um clima de rivalidade que não havia sentido para uma partida disputada nessas circunstâncias. Assim, cada dividida parecia final de campeonato entre inimigos eternos. E tome pontapé, cartão amarelo, carrinho, cartão amarelo, puxão, cartão amarelo, canelada... Mas Lúcio jura que nada houve de desleal em campo. Bem, se ele diz, a canela é dele, não minha.

E o juiz mexicano Benito Archundia lá, distribuindo e deixando de distribuir cartões, com um critério difícil de decifrar. O pior erro acabou sendo a não expulsão de Juan, que até ingenuamente cortou um lançamento que deixaria Cristiano Ronaldo livre em direção ao gol de Júlio Cesar com cortada de vôlei. Ficou só no amarelo, uma verdadeira pechincha.

E assim vou me lembrar dessa partida.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 45: Portugal 0 x 0 Brasil.

COPA DO MUNDO 2010 ► Sem forçar, Holanda derrota Camarões e segue 100%

Na Cidade do Cabo, Camarões queria vencer para ao menos se despedir menos mal da Copa do Mundo, mas ficou na vontade. Mesmo sem forçar muito e priorizando um tipo de jogo muito mais concentrado e sereno do que a habitual volúpia ofensiva, a Holanda venceu mais uma e terminou a primeira fase com três vitórias. Melhor: aproveitou para promover a estreia de seu maior jogador, o atacante Robben. Em fase final de recuperação de uma séria contusão, Robben entrou a 15 minutos do fim e mostrou que é um jogador que pode elevar a Holanda a um nível acima.

O jogo em si andou bem desanimado a maior parte do tempo. Camarões enfrentava os crônicos problemas africanos nesta Copa: falta de criatividade e de objetividade. O time tocava, tocava, tocava... e nada acontecia. Apesar da pegadinha que foi a finalização da entrada da área de Chedjou, que tabelou com Eto'o, limpou na meia-lua e bateu de esquerda para segura defesa de Stekelenburg. Isso aos 4'. Mas quem achou que Camarões neste jogo finalmente seria uma seleção criativa e finalizadora, desperdiçou tempo achando.

Mesmo em ritmo mais lento que o normal, a Holanda acabava chegando mais vezes à área adversária. Como aos 18', quando Van Bronckhorst lançou Van Persie entre a zaga e o atacante do Arsenal perdeu na cara do goleiro Souleymanou, que caiu no canto esquerdo e defendeu bem. Aos 25', Van der Vaart cobrou falta da meia direita para nova defesa sem rebote de Souleymanou. Só aos 30' Camarões voltava a conseguir alguma coisa, quando Geremi centrou da direita para Makoun se antecipar a Stekelenburg e cabecear por cima. Aos 32', Sneidjer armou pelo meio, acionou Boulahrouz na direita e o lateral esticou na área para Kuyt, que chutou rasteiro, cruzado, com grande perigo. Até que, aos 35', os holandeses chegaram ao gol: Van Persie recebeu na direita, entrou na área, recuou para Van der Vaart e recebeu na frente, colocando de pé direito no fundo da rede, na saída de Souleymanou. Aos 40', Eto'o dominou na área, mas foi desarmado antes de finalizar.

Assim foi o primeiro tempo e assim seguiria o segundo: Camarões com muita dificuldade para finalizar e a Holanda, mesmo sem muito interesse, aos poucos impondo-se em campo e ameaçando a meta adversária. Aos 5', Van Persie recebeu em contra-ataque, avançou pela meia direita e bateu da entrada da área para outra intervençãoa segura de Souleymanou. Aos 16, a seleção africana chegou: Aboubakar fez ótima jogada pela direita e lançou Makoun na cara de Stekelenburg, que fez grande defesa no chute cruzado do meio-campo do Lyon, da França.

Aos 18', Camarões empatou de uma das poucas formas que poderia chegar ao gol: Geremi cobrou falta da meia esquerda e Van der Vaart colocou a mão na bola dentro da área. Pênalti que Eto'o cobrou bem e ao menos deixou seu nome na história da Copa da África do Sul. Aos 22', Van der Vaart cobrou falta da intermediária, a linha de impedimento saiu errado e Heitinga veio de trás para perder sozinho. Depois, Robben entrou e deixou seu cartão de visitas aos 37', quando recebeu lançamento de Sneidjer na meia direita, fez a volta em cima do veterano Rigobert Song e da meia-lua colocou com grande categoria no poste direito de Souleymanou. A bola voltou no lado oposto e Huntelaar não teve trabalho para empurrar para o gol vazio. E assim terminou a história de Camarões na Copa do Mundo.

Registro aqui a segura atuação do goleiro Souleymanou pela equipe de Camarões e o gol de Eto'o. Não seria legal o ótimo atacante passar a competição sem deixar sua marca. Também vale destacar a quarta participação de Rigobert Song numa Copa do Mundo. Na Holanda, Van Persie jogou melhor que nas partidas anteriores e se Robben realmente estiver recuperado, o time poderá crescer mais na competição.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 44: Camarões 1 x 2 Holanda.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Japão joga bonito e elimina Dinamarca

Quem diria? As jogadas mais bonitas da Copa até aqui vêm do Japão, que, comandado pelo camisa 18 Honda, deitou e rolou em cima da defesa da Dinamarca, a ponto de o 3 x 1 do placar final ter sido bem modesto para a diferença entre as equipes. O público que compareceu ao Estádio Royal Bafokeng, em Rustemburgo, com certeza gostou do que viu.

Como a Dinamarca precisava da vitória, era de se esperar que partisse para o ataque. O Japão também esperava isso. Mas a Dinamarca... Sabe como é... Aquele jogo quadrado que em nada lembra a Dinamáquina que foi um dia (acho que já usei essa mesma frase em outro jogo, fazer o quê...). Hoje está bem mais para uma Suíça que para a uma Holanda. Com a diferença que a Suíça ao menos sabe se defender.

Como sempre bem distribuído em campo, o Japão pretendia explorar contra-ataques. Não sendo ameaçado, foi aos poucos impondo seu melhor futebol. Aos 12', já deu um aviso: Okubo armou pela esquerda e lançou Matsui, que entrava em facão até a risca da pequena área para completar e o goleiro Sorensen saiu com precisão e abafou. Logo no ataque seguinte, Matsui avançou pela meia direita e fez grande esticada dentro da área para Hasebe, que bateu por cima. Aos 14', a Dinamarca fez realizou uma de suas únicas três jogadas realmente perigosas, quando Tomasson recebeu dentro da área pela esquerda e ajeitou o corpo para bater com o pé direito rasteirinho no canto oposto, com a bola passando muito perto da trave.

Aos 16', falta quase na intermediária pela meia direita do ataque japonês. Honda cobrou com muita categoria e a bola descaiu à meia altura, no canto direito de Sorensen, que foi, mas não conseguiu defender. Falha? Jabulanice? Um pouco dos dois. O bom goleiro Sorensen não viveria neste jogo um de seus melhores dias na Copa. Como na vida de um goleiro nada é tão ruim que não possa piorar, as coisas pioraram para o goleirão. Depois de Bendtner desperdiçar um ótimo lançamento de Christian Polsen furando na cara do goleiro Kawashima (e isso ninguém vai lembrar, que bom ser atacante), Endo cobrou com precisão uma falta de pouco além da meia-lua no canto esquerdo de Sorensen, que não tinha qualquer possibilidade de defesa - mas, por causa do primeiro gol, vai ter gente somando erradamente um mais um e pronto: vai para a conta do goleiro também. Com tudo dominado, Matsui fez outro bom passe na direita, desta vez para o lateral Komano, que entrou em velocidade e, mesmo sem ângulo, bateu forte para o gol, obrigando Sorensen a colocar para escanteio.

Logo no início do segundo tempo, Sorensen foi displicente num levantamento de bola quase do meio de campo e a Jabulani escapou de suas mãos, por sorte caindo na trave direita dele e não dentro da rede. Aos 6', a segunda jogada perigosa dinamarquesa, quando Romedahl recebeu a única boa bola em todo o jogo e centrou do fundo para Tomasson ser travado na hora do chute por Hasebe. Aos 13', Jakob Poulsen (muito Poulsen nesse time) chutou forte de fora e Kawashima espalmou. Este chute do Jakob Poulsen não entra na minha relação de perigo provocado pela Dinamarca, até porque não foi, registrei aqui só para dar uma força, porque o Japão dominava a partida, jogando com tranquilidade, só errando o passe final lá perto do gol, às vezes até por certo preciosismo.

Enquanto isso, a Dinamarca jogava bolas e mais bolas sobre a área japonesa. Jogava de tudo quanto era lugar, especialmente de laterais. Era tanta bola pelo alto que até deve estar provocando agora forte dor de cabeça na dupla de zaga Nakazawa e Túlio Tanaka: eles não perderam uma. Apesar do tamanho, os dinamarqueses não conseguiram cabecear decentemente uma única bola no ataque.

Aos 33', a terceira jogada de perigo da Dinamarca, quando Bendtner realizou sua única boa jogada durante os 90 minutos, matando no peito na meia direita, próximo à grande área, e acertando um lindo chute no travessão. Talvez querendo aproveitar o momento e animar a partida, o juiz sul-africano Jerome Damon inventou, na sequência, um pênalti num mergulho que o zagueiro Agger deu à frente de Hasebe. Tomasson foi lá e vez... Não, quero dizer, não fez: Kawashima defendeu. Foi só no rebote que Tomasson, que perdeu muitos gols nesta Copa, empurrou para a rede.

Mas mais a Dinamarca não fez, nem ameaçou fazer. O Japão desperdiçava algumas boas oportunidades de ampliar, até que, aos 42', Okubo enfiou para Honda, que recebeu na entrada da área e, com um só toque de letra, deu um drible desconcertante em Romedahl (o que o ponta Romedahl fazia ali?) e na saída do goleiro rolou para Okasaki fechar com chave de ouro uma bela atuação da equipe.

Na Dinamarca, hoje, não dá para salvar nada. Já no sempre disciplinado taticamente Japão, muita gente foi bem, a começar pelos zagueiros Túlio Tanaka e Nakazawa, que ganharam todas. Matsui fez ótimos passes, Hasebe andou bem na frente e atrás, Endo foi muito bom... Mas o melhor mesmo foi Honda, que atormentou os defensores dinamarqueses com muita habilidade. Honda teve uma das maiores atuações individuais desta Copa, se não a maior.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 43: Dinamarca 1 x 3 Japão.

COPA DO MUNDO 2010 ► Sem drama nem emoção, Paraguai não sai do zero com Nova Zelândia e segue no Mundial

Tá, vá lá, um pouquinho de drama rolou, mas só quase no final, quando a Nova Zelândia descobriu que um golzinho a levaria adiante na Copa do Mundo. Mas ficou só na vontade. Jogando com um classudo uniforme todo negro, os neozelandeses seguraram o ataque paraguaio e saíram com uma inimaginável invencibilidade da maior competição de futebol do planeta. Um feito e tanto para um país que tem apenas 25 jogadores profissionais.

Já o Paraguai desapontou pela falta de confiança para partir com decisão para cima do adversário, nitidamente inferior. O time entrou para se classificar e isso conseguiu. Mas ficou devendo.

Para se ter ideia do desinteresse da partida, até os10' o momento de maior emoção foi a completa desolação do meio-campo Victor Caceres ao levar um cartão amarelo bem idiota, mas justo. O Paraguai cercava, tocava, mas não conseguia penetrar na defesa adversária. De preto, os All Whites (como é chamada a seleção neozelandesa de futebol) pareciam formar uma linha tão impenetrável quanto as formadas pelos All Blacks (o poderoso time de rúgbi do país).

A única coisa que acontecia eram as tentativas de Caniza marcar um gol no Mundial. Já que nãos e conseguia entrar na área, o zagueiro se aproximava e chutava: chutou torto aos 17' ao cair pela direita, do lado da área; chutou com perigo, próximo ao ângulo esquerdo de Paston, aos 18', após um rebote da zaga; e aos 28' bateu de longe, por cima, assustando um pouco o goleiro. Só aos 34' acertaram o gol de Paston: um chute de fora de Valdez que não deu muito trabalho ao bom goleiro.

As únicas vezes que a Nova Zelândia chegou com relativamente (muito relativamente) perigo foram aos 29 e aos 35', dois lances parecidos, com bolas cruzadas da ponta direita que obrigaram o goleiro Villar a algum esforço para pegar. Como a Nova Zelândia não queria muito, o Paraguai acabou cansando de brincar de procurar espaço e logo estava totalmente enredado no sistema defensivo adversário.

Logo aos 2' do segundo tempo, o primeiro lance de real perigo na partida, surpreendentemente da Nova Zelândia: Lochhead caiu pela esquerda e cruzou, a zaga rebateu mau e Elliott emendou de primeira, meios em jeito, mas com perigo, à direita do ângulo direito de Villar. Mas não era para ninguém se animar muito, porque o jogo seguiu bem em banho-maria.

E assim foi até os 16', quando o Paraguai finalmente teve uma chance decente: um escanteio cobrado curto da direita, bola levantada a meia altura e Riveros cabeceou para Paston fazer boa defesa. Com Lucas Barrios e Benitez no lugar dos ontem inoperantes Valdez e Cardozo etemendo sofrer um gol em um ataque esporádico do adversário, gol que o eliminaria da Copa, o Paraguai resolveu correr mais em busca da vitória. Aos 30', Benitez recebeu na área pela meia esquerda, cortou para a perna direita chutou cruzado, para difícil defesa de Paston, que ainda conseguiu tirar a bola dos pés de Barrios no rebote. Aos 35', Roque Santa Cruz cobrou bem uma falta da meia esquerda e obrigou Paston a grande defesa. Daí até o fim, nada mais de relevante aconteceu. A Nova Zelândia ameaçou tentar, mas não sabia como. Isso não fazia parte do plano original. E saíram todos satisfeitos do estádio: os paraguaios, com a classificação; os neozelandeses, com a certeza da missão cumprida muito além das expectativas.

Paston fez grandes intervenções no gol da Nova Zelândia e o veterano Nelsen mais uma vez comandou uma defesa sólida e difícil de ser batida. No Paraguai, fica o destaque para a classificação em primeiro do grupo e a certeza de que pode produzir mais. Bem mais.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 42: Paraguai 0 x 0 Nova Zelândia.

COPA DO MUNDO 2010 ► Drama italiano acaba em tragédia: Eslováquia vence, se classifica e elimina atuais campeões

A Itália não foi eliminada hoje. Aliás, não entendo a derrota para a Eslováquia no Ellis Park, em Johanesburgo, como um vexame ou algo parecido, como muitos querem crer. Foi um resultado normal entre equipes praticamente parelhas, embora com características diferentes. É preciso respeitar não só os times de menos nome como as limitações daqueles de maior tradição. A Itália fracassou, sim, na Copa do Mundo porque foi eliminada na primeira fase e fracassou porque não venceu a Nova Zelândia - aí um resultado que pode ser rotulado de vexame, com todo o respeito aos neozelandeses, porque o país adversário sequer tem futebol profissional. Hoje a Itália lutou, mas esbarrou nas suas próprias limitações (fez até mais do que eu imaginava) e no oponente, que fez uma partida surpreendentemente boa.

Sem uma das estrelas do time, o meia Weiss, o treinador lançou Stoch, jogador bem elogiado por suas atuações no campeonato holandês defendendo o Twente. Weiss é habilidoso, driblador, se mexe bem, mas peca pela falta de objetividade. Stoch entrou bem. O atacante Sestak foi sacado, entrando em seu lugar Jendrisek, jogador mais versátil. Na Itália, Iaquinta queria jogar pela esquerda, mas Marcello Lippi o manteve como centroavante e ainda levou Gattuso para campo.

No primeiro tempo, os times passaram boa parte do tempo bem preocupados em pontapetear (pontapetear pode? Sei lá, vai como neologismo...) um ao outro, deixando o jogo muito truncado. Na bola, a Itália era incapaz de armar uma jogada que fosse capaz de ameaçar o gol defendido por Mucha. Por sua vez, a Eslováquia aos poucos assumia o controle das ações, ora tramando pela esquerda, ora pela direita... E assim começava a cercar área italiana. Mas a Itália começou pregando uma pegadinha, fingindo que jogaria bem: logo de saída, Di Natale experimentou de longe, assustando Mucha; logo depois, Iaquinta recebeu na esquerda da área, mas chutou muito mal. E foi só por um longo tempo.

As chances eslovacas começaram a aparecer logo aos 5', quando Vittek ajeitou de cabeça e Hamsik, da marca do pênalti, finalizou mal, à direita de Marchetti. Aos 12', Zabavnik chutou por cima depois que Marchetti cortou cobrança de falta de Stoch do lado da área. Aos 15', Hamsik recebeu na esquerda e procurou Vittek, mas Marchetti salvou de novo. Até que, aos 25', De Rossi saiu jogando errado, Kucka roubou e fez ótima enfiada para Vittek, que bateu da entrada da área no cantinho de Marchetti e abriu o placar.

O panorama não mudou muito com o gol e a Eslováquia quase ampliou aos 35', quando Strba arriscou da intermediária e acertou ângulo superior, para mais uma boa defesa de Marchetti. Aos 40' o melhor ataque italiano durante todo o primeiro tempo, quando o zagueirão Skrtel por muito pouco não jogou para dentro da própria meta um despretensioso levantamento de bola feito da intermediária. No finzinho, Kucka quase fez um golaço, batendo de primeira da meia-direita um passe alto que recebeu de Vittek, com a bola passando muito perto do poste direito de Marchetti.

No segundo tempo, a Eslováquia preferiu esperar um pouco mais a Itália, que simplesmente não sabia como atacar, mas as entradas de Maggio, do baleado Pirlo e do atacante Quagliarella (que parece bem mais jogador que seus pares da posição), somadas ao desespero, acabaram levando o time à frente na base da raça mesmo - isso nunca faltou à Squadra Azurra.

Logo aos 5', Iaquinta não achou a bola no tempo certo e cabeceou mal bom cruzamento de De Rossi. Aos 10', Maggio deu grande passe por trás da linha da zaga para Di Natale, que, livre no lado direito da área, bateu muito mal para fora na saída de Mucha, quando tinha opções no meio. A Eslováquia começava a perceber que sua estratégia de recuar à espera do contra-ataque levou a Itália para muito perto de seu gol. Aos 17', Di Natale colocou da meia-lua no canto esquerdo de Mucha, que foi lá e pegou. Aos 21, Pirlo abriu na direita para Pepe, que centrou. Mucha tirou com um tapa da cabeça de Iaquinta, mas a bola caiu nos pés de Quagliarella, que do bico esquerdo da pequena área, bateu forte de voleio para a rede, mas encontrou exatamente em cima da linha a perna de Skrtel, que salvou quase milagrosamente (não houve uma intervenção divina...), num lance muito difícil para a arbitragem, que acho que mandou bem.

Finalmente começaram a surgir os espaços que a seleção eslovaca sonhava para tentar matar o jogo. Aos 24', Stoch recebeu livre pela esquerda, avançou para cima de Chiellini, cortou para o meio e da meia-lua quase acertou o ângulo esquerdo de Marchetti. Aos 27', Hamsik (que finalmente jogou bem) cobrou escanteio para a área e o rebote caiu em seus pés. O meia do Nápoli tocou baixo e Vittek se antecipou a Chiellini para ampliar: Eslováquia 2 x 0.

Parecia que tudo ia ficar por aí, mas a Itália não se entregava e aos 35' marcou seu primeiro gol. Quagliarella riscou da meia- direita para o centro, tabelou com Iaquinta, recebeu na frente e chutou. Mucha fez grande defesa, mas a bola caiu nos pés de Di Natale, que não teve dificuldade para fazer.

Aí a partida que começava bem meia-boca ganhava contornos dramáticos, com a Itália partindo com o que tinha (que era pouco) e o que não tinha (que era muito) em busca do empate, que, com combinação de resultados, já bastaria para lhe dar a classificação. Aos 39', mais um lance dificílimo para a arbitragem. Iaquinta levantou da direita (ele queria jogar na esquerda, o técnico o manteve no centro, mas na hora do desespero...), a zaga rebateu como pôde e a bola caiu de novo com Di Natale na esquerda. O atacante da Udinese cortou para a perna esquerda e centrou, para Quagliarella se antecipar a Durica e marcar, mas estava poucos centímetros adiantado. O gol foi anulado, como poderia não ser. Tanto que nenhum defensor eslovaco fez qualquer menção de questionar a validade do gol, aquele tradicional levantar de braços pedindo impedimento. Todos apenas desesperaram-se.

A Itália não desistia e, aos 42', Mucha teve que cortar um cruzamento na cabeça de Iaquinta. Num contra-ataque aos 44', a Eslováquia ganhou um lateral pelo lado direito. Hamsik cobrou rápido e pegou a defesa italiana desatenta. Kopunek, que havia acabado de entrar, deu seu primeiro toque na bola, jogando-a por cima de Marchetti, que nada pôde fazer e fazendo o gol que parecia matar a partida.

Parecia, mas não matou, afinal, onde há italiano sempre pode haver um bom drama. Um minuto depois, Quagliarella pegou uma bola espirrada pouco além da meia-lua e colocou por cobertura no ângulo esquerdo de Mucha, que não teve qualquer chance de defesa. Um golaço! Fazer um gol desses com o time vencendo por 5 x 0, fazendo festa, é fácil. Agora, numa situação dessas... Golaço! E surge a pergunta JFK: "Marcelo Lippi, onde você estava com a cabeça ao manter Quagliarella no banco a Copa quase toda?"

No finalzinho do tempo de acréscimo, aos 49', a Itália ainda teve uma grande oportunidade de empatar, quando Chiellini jogou um lateral do lado direito na área e a bola espirrou no segundo pau para Pepe, livre, chutar mal de perna esquerda. Àquela altura a Itália já até fazia por merecer o empate, devido à alma com que buscou o resultado. Mas uma seleção não pode pensar em seguir adiante numa Copa do Mundo apenas com um bom segundo tempo.

Os melhores na despedida italiana foram o goleirão Marchetti, que realizou grandes defesas, e o atacante Quagliarella, cuja falta de oportunidades nas partidas anteriores é injustificável, pois é superior a todos os demais da posição escalados por Marcello Lippi. Fará falta a seleção italiana à Copa? Bem, depende. Qual seleção italiana? A que nada, absolutamente nada fez até o fim do primeiro tempo de hoje ou a que partiu com a cara e coragem em busca de um empate redentor no segundo tempo? Esta última, sim, fará muita falta. Mas a outra... já vai tarde.

A Eslováquia segue em frente, finalmente apresentando um bom futebol. Cabe ao esquentadinho técnico Vladimir Weiss saber extrair o que de melhor seus bons jogadores podem oferecer. Quando exigido, Mucha apareceu muito bem e Vittek foi decisivo.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 41: Eslováquia 3 x 2 Itália.

TÊNIS ► Set de 70 x 68 decide a partida mais longa da história do tênis

A Copa do Mundo capitaliza o maior espaço na mídia de todo os continentes, mas, simultaneamente, seguem correndo competições de muitos outros esportes. Entre eles, o tênis, cujo mais tradicional torneio começou nesta semana e obrigou este blogueiro, fã de diversos esportes e tenista amador quando mais jovem, a desviar seu olhar da África para o Velho Continente.

Depois de 11h05min, 980 pontos, 183 games, 215 aces, uma pane no placar (que não conseguia acompanhar a contagem de games) e três dias de disputa, o norte-americano John Isner conseguiu finalmente derrotar o francês Nicolas Mahut na maior epopeia que o tênis presenciou em toda sua história.

Foi um feito tamanho que logo após o jogo ambos os tenistas foram homenageados pela organização do torneio, fora a ovação recebida do público, a essa altura completamente ensandecido.

O confronto valeu pela primeira rodada do supertradicional Torneio de Wimbledon e o placar final foi 4-6, 6-3, 7-6, 6-7, 70-68. Tudo começou na segunda-feira, quando o jogo foi duas vezes interrompido por falta de luz. Na terça-feira, só foi possível jogar mais 7h06min (o "só" ali foi ótimo, hein?). A continuação foi realizada nesta manhã e foram batidos, com muita folga, todos os recordes possíveis e imaginários de duração de uma partida de tênis.

Abaixo, alguns deles, tirados do site GloboEsporte.com:

PARTIDAS MAIS LONGAS DA HISTÓRIA
11h06m - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase
6h33m - fabrice Santoro x Arnaud Clément - Roland Garros 2004, 1ª fase
6h22m - John McEnroe x Mats Wilander – Copa Davis, 1982 - Quartas de Final
6h21m - Boris Becker x John McEnroe – Copa Davis, 1987 - Playoffs do Grupo Mundial
6h04m - Horst Skoff x Mats Wilander - Copa Davis, 1989 - Quartas de Final

PARTIDA MAIS LONGA DE SIMPLES EM NÚMERO DE GAMES
183 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
112 - Pancho Gonzales x Charlie Pasarell - Wimbledon 1969, 1ª fase - 22/24 1/6, 16/14, 6/3 e 11/9

PARTIDA MAIS LONGA DA HISTÓRIA EM NÚMERO DE GAMES
183 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
122 – Smith/Van Dillen (EUA) x Cornejo/Fillol (CHI) - Copa Davis, 1973 - 7/9, 37/39, 8/6, 6/1e 6/3

QUINTO SET MAIS LONGO DA HISTÓRIA EM SIMPLES EM NÚMERO DE GAMES
70/68 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
21/19 - Andy Roddick x Younes El Aynaoui - Austalian Open, 2003 - 4/6, 7/6, 4/6, 6/4 e 21/19

QUINTO SET MAIS LONGO DE SIMPLES EM WIMBLEDON EM NÚMERO DE GAMES
70/68 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
20/18 - Mark Philippoussis x Sjeng Schalken - Wimbledon 2000, 3ª fase - 4/6, 6/3, 6/7, 7/6 e 20/18

SET MAIS LONGO DA HISTÓRIA EM UM GRAND SLAM EM NÚMERO DE GAMES
70/68 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
25/23 - John Newcombe x Marty Reissen - US Open 1969, oitavas de final - 4/6, 6/3, 6/4 e 25-23

ACES DISPARADOS COMBINADOS EM UM JOGO
215 - John Isner x Nicolas Mahut - Wimbledon 2010, 1ª fase - 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e 70/68
96 - Radek Stepanek x Ivo Karlovic - Copa Davis 2009 - 6/7, 7/6, 7/6, 6/7 e 16/14
84 - Daniele Bracciali x Ivo Karlovic - Wimbledon 2005, 1ª fase - 6/7, 7/6, 3/6, 7/6 e 12/10

quarta-feira, 23 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Austrália vence e se despede de cabeça erguida, Sérvia perde e sai mal

Confesso que não esperava do confronto entre Austrália e Sérvia, em Nelspruit. Primeiro, porque, apesar de nunca faltar vontade, sempre falta futebol aos australianos. Segundo, porque a seleção da Sérvia não me convencera em nada até aqui - e depois também. Tanto que nos bolões que participei cravei 1 x 0 para os Aussies. Mas depois de uma etapa inicial um tanto insossa, a Austrália voltou com muita vontade de vencer e colocou fogo na partida, saindo de campo com uma justa vitória e até tendo visto por alguns momentos tornar-se viável o sonho da classificação. Já a Sérvia... Bem, diria que não me decepcionou. Acho um time amorfo (acho que é a melhor palavra), meio sem alma e muito burocrático, apesar de ter jogadores habilidosos e um centroavante gigante que poderia ser bem explorado por uma equipe competente.

Logo aos 5', Krasic, um dos habilidosos jogadores sérvios, entrou driblando na área pela direita e chutou forte para Schwarzer colocar a escanteio. Aos 11', Nikovic puxou contra-ataque e enfiou para Krasic que invadiu a área, driblou Schwarzer e tocou para fora, perdendo chance incrível. E o jogo ia assim, com a Sérvia aproveitando-se de sua superior qualidade individual para chegar mais ao ataque, mas sem objetividade, e a Austrália ainda sem saber como ameaçar o gol adversário. Aos 22', o zagueiro Ivanovic apareceu de surpresa no ataque, recebeu lançamento no bico direito da pequena área e chutou bem, mas o goleiro Schwarzer fez excelente defesa com a mão esquerda.

Desse modo, a Sérvia atacava mesmo sem muita vontade, enquanto a Austrália queria, sem saber como. Mas resolveu adiantar-se de qualquer jeito, apostando nas bolas altas, inclusive a partir de arremessos laterais. Aos 32', Cahill já aprecia na área e cabeceava com perigo. E aos 45', Emerton levantou da direita para o esforçado Kennedy cabecear nas mãos do goleiro. O aviso estava dado.

Mas aos 7' do segundo tempo, quem chegava era a Sérvia, com Ivanovic na ponta esquerda cruzando para o grandalhão Zigic dominar com a cabeça e fuzilar por cima, com muito perigo. Aos 13', Bresciano cobrou falta de longe para o goleiro Stojkovic espalmar com certa dificuldade para escanteio, já que a Jabulani deu aquela quicada básica e traiçoeira à sua frente. Aos poucos, foi crescendo o volume de jogo australiano, que forçava de um lado, do outro e jogava bola na área sempre que podia. Aos 18', Bresciano bateu forte de novo, agora da meia-esquerda, para nova defesa de Stojkovic.

Pensando sei lá o quê, talvez meio desesperado por saber que sua seleção só dependia de uma vitória simples para se classificar, o treinador sérvio substituiu seu ataque titular, tanto o astro Drasic como o centroavante Zigic, perdendo uma opção pela ponta e a jogada aérea que, aliás, nunca soube explorar. Se as opções fossem melhores, tudo bem, mas não era o caso.

E não parece ter dado muito certo. A Austrália não parava de correr atrás da vitória e acabou chegando ao gol aos 24', através do veterano Cahill, que cabeceou para baixo e no canto direito do goleiro a bola centrada da direita pelo meia Wilkishire. Foi a segunda Copa do Mundo que Cahill deixa sua marca.

Sem a Austrália recuar, o jogo abriu, porque não restava à Sérvia outra opção que não se lançar à frente. E ela fez isso com uma desorganização exemplar. O resultado é que quatro minutos depois o cabeludo atacante Hollman recebeu uma bola roubada no meio-campo, puxou o contra-ataque e, pouco depois da intermediária, soltou a bomba. A bola quicou e morreu no fundo da rede do canto direito de Stojkovic.

Agora a Austrália já via mais próximo seu sonho de classificação. Pena que, aos 30', o bom goleiro Schwarzer não segurou um chute da meia-direita de Tosic e Pantelic não teve qualquer trabalho para marcar e diminuir o placar. Daí para frente aconteceu de tudo, menos gol, o que custo a acreditar, porque a Sérvia finalmente deu mostras de que havia vida dentro daquele uniforme e a Austrália seguiu aberta em busca de mais gols. E, nesse momento, um empate em dois gols daria a classificação aos sérvios. Mas faltava tranquilidade aos dois times.

Aos 41', Kennedy recebeu lançamento na área, ganhou do zagueiro e bateu meio desequilibrado de canhota à direita do gol defendido por Schwarzer, jogando fora mais uma boa chance de marcar. E aos 47', a grande chance de classificação da Sérvia, quando Tosic recebeu na direita e da entrada da área tocou para Pantelic à frente da zaga (à frente mesmo, estava em posição impedido, que foi marcado), mas o atacante da fitinha na cabeça jogou por cima, reclamando do passe alto que fez a Jabulani quicar antes. Poderia reclamar também de Tosic não ter feito o passe no melhor momento ou, principalmente, dele mesmo, que se colocou mal para receber a bola.

Fim de jogo, fim de festa. A Sérvia ainda reclamou do péssimo árbitro uruguaio Jorge Larrionda (que assistiu impassível a algumas entradas bem violentas e jogadores sérvios) de um possível pênalti aos 44', quando uma bola cabeceada na área australiana bateu na mão de Cahill, num lance totalmente involuntário, já que Cahill saltara para cabecear e estava até de costas, sem qualquer intenção de ampliar a área de ação de seu corpo.

Na Sérvia... Sei lá, não vou destacar nada. Apenas o treinador Radomir Antic, negativamente, claro. Ele tinha ovos para fazer uma boa omelete. Por outro lado, o holandês treinador da Austrália Pim Verbeek, sem ovos, talvez com tomates ou pepinos, fez seu time fazer bonito e sair bem da Copa. Corrigiu o equivocado sistema defensivo suado na estreia contra a Alemanha e quase levou seu país às oitavas de final. O goleiro Schwarzer fez ótimas defesas, mas falhou no gol sérvio, talvez a bola mais fácil que tenha ido em direção ao seu gol. E o resto do time foi um exemplo de dedicação. Aliás, parece característica das seleções da Oceania: compensar a deficiência técnica com muita determinação.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 40: Austrália 2 x 1 Sérvia.

COPA DO MUNDO 2010 ► Alemanha vence e Gana sofre, mas ambas saem com uma vaga nas oitavas de final

Acabou dando tudo certo no Soccer City. A Alemanha derrotou Gana por 1 x 0 e garantiu não só a classificação, como o primeiro lugar no grupo. Enquanto isso, Gana, graças à vitória por apenas 2 x 1 da Austrália sobre a favorita Sérvia (não para este blogueiro, que cravou 1 x 0 nos bolões para o time australiano), ficou com a segunda vaga e assim evitou a imensa frustração que seria a ausência de uma seleção africana nas oitavas de final da primeira Copa do Mundo realizada no continente.

Vale registrar o inédito duelo entre dois irmãos numa partida de Copa do Mundo: o atacante Prince Boateng, de Gana, e o zagueiro Jerome Boateng, da Alemanha.

Não foi maravilhoso, mas foi um jogo disputado em bom nível entre duas seleções bem armadas e que se respeitaram bastante, mas que careceram de artilheiros em campo. Cacau começou jogando na Alemanha, substituindo o para mim injustamente suspenso centroavante Klose. Como de hábito, o time procurava chegar á área adversária tocando a bola e procurando as tabelas iniciadas por Muller e Oezil, que contavam principalmente com o auxílio de Podolski e do recuo de Cacau na procura por espaços. Já a equipe ganesa apostava muito na movimentação ofensiva do trio formado por Asamoah (caindo pela esquerda), o canhoto Ayew (de pé trocado pela direita) e Gyan (mais centralizado). Ambos os ataques, porém, pecavam pela falta de objetividade, o que era agravado pelo empenho das duas defesas.

A Alemanha tinha maior posse bola e encontrava algum espaço pelas laterais, como aconteceu logo na saída de jogo, com Cacau arrancando pela direita e batendo forte, mas em cima de Kingson. Aos 8', era Podolski quem caía pelo lado do campo, desta vez o esquerdo. Ele recebeu no fundo e centrou, Jonathan meteu o pé e quase jogou para dentro, mas Kingson salvou. Aos 13', um exemplo da maior arma ganesa, quando Asamoah avançou pela esquerda, achou Ayew na área e o filho de Abedi Pelé ajeitou para Gyan, que só não marcou porque foi travado no último instante.

Gana tentava adiantar a marcação e aos 23' a Alemanha errou na saída de bola, Gyan enfiou para Boateng na área e o meia não chutou de primeira, perdendo grande chance. Na resposta, Cacau explorou bem a linha de impedimento da defesa de Gana e deu ótimo passe para Oezil, que entrou sozinho pela meia direita, entrou na área, ajeitou para a perna esquerda e chutou para excelente defesa de Kingson, que saía aos seus pés. Logo em seguida, Ayew cobrou escanteio da direita de pé trocado e Gyan entrou no primeiro pau, cabeceando enviesado e vencendo Neur, mas Lahm salvou em cima da linha, bem junto ao poste direito. Aos 29', Muller avançou pela direita e enfiou dentro da área para Khedira, que ajeitou de calcanhar para Cacau chutar no canto esquerdo e Kingson pegar. Aos 32', Ayew entrou driblando pela direita e centrou para Gyan cabecear para fora. Aos 40', Schweinsteiger cobrou falta da meia esquerda e Kingson fez grande defesa, salvando mesmo com Mertesacker passando à sua frente na tentativa do cabeceio.

Como se vê, o primeiro tempo teve lances bastante alternados em ambas as áreas, apesar do problema da falta de objetividade das equipes. A essa altura, Gana e Alemanha estavam se classificando, mas um gol no jogo entre Sérvia e Austrália tiraria um dos dois da Copa. Sob essa circunstância, a partida ficou bem mais nervosa na etapa final.

Aos 5', Gana desperdiçou sua melhor oportunidade em todos os 90 minutos, quando Asamoah recebeu na esquerda nas costas da zaga, invadiu a área e tentou encobrir Neuer, que fez ótima defesa. Aos 15', a Alemanha marcou aquele que seria o gol da vitória: Muller armou pela direita e passou para Oezil na meia-lua. O habilidoso canhoto apenas deu um toque para ajeitar o corpo e bater de curva no ângulo superior esquerdo de Kingson, fazendo o gol que Messi tanto tem tentado sem sucesso nesta Copa. Na saída, Ayew foi no fundo pela esquerda e cruzou de pé direito (gosta de jogar com o pé trocado, hein?) no segundo pau, onde Gyan cabeceou para baixo e Boateng evitou o empate. Aos 20, Gyan recebeu dentro da área e retribuiu de calcanhar para Ayew, que ficou de frente para o gol e chutou forte, mas Lahm colocou o pé na frente e a bola encobriu o travessão.

A partir daí, o jogo deu uma esfriada, imagino que por Gana viver um impasse: partir em busca do empate e se arriscar a levar mais ou se segurar na desvantagem mínima e contar que a Austrália, que vencia por 2 x 0, não marcasse mais dois ou ainda que a Sérvia não reagisse. Ficando tudo como estava, Gana se classificaria. Com Gana travada, a Alemanha preocupou-se em fazer o seu, ou seja, segurar a vitória que lhe garantia a vaga e o primeiro lugar, sabendo que um empate poderia até eliminá-la, dependendo do que ocorreria em Nelspruit.

Assim pouco mais aconteceu e no fim da história todos saíram de campo felizes para sempre - ao menos até as oitavas de final.

O capitão Lahm fez mais uma boa partida pela seleção alemã, inclusive salvando dois gols praticamente certos. Neuer foi muito bem e, sem brilhar, os jovens Muller e Oezil mostraram em alguns poucos lances que podem vir a comandar uma equipe muito forte no futuro. Numa única jogada entre os dois, a Alemanha venceu o jogo. Kingson foi mais uma vez um bom destaque da seleção de Gana. O trio Asamoah, Ayew e Gyan só precisava ter um centroavante artilheiro ao lado, já que marcar gols não parece muito a deles e assim acabam jogando fora um punhado de situações que criam.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 39: Gana 0 x 1 Alemanha.

COPA DO MUNDO 2010 ► Vitória emocionante classifica EUA e elimina Argélia e Eslovênia

É, o título ficou estranho, mas não saiu errado. Foi como matar dois coelhos com uma só cajadada. O jogo dos EUA era contra a Argélia, mas a vitória com o gol de Donovan nos acréscimos não só acabou de vez com as esperanças do país africano, como derrubou a Eslovênia, que perdera para a Inglaterra e aguardava o apito final em Pretória para comemorar a classificação, caso se mantivesse a igualdade no placar.

Foi emocionante. E justo, muito justo. Os EUA procuraram o gol desde que o fraco juiz belga Frank de Bleeckere autorizou o início da partida, mesmo quando erravam muitos passes até a marcados 15, 20 minutos. No segundo tempo, o técnico Bob Bradley foi jogando o time para frente na medida em que o tempo passava e o gol não saía. A impressão que dava era que a cada chance desperdiçada entrava alguém para ajudar a continuar a perder gols.

Já a Argélia passou a maior parte da Copa jogando de forma apática, quadrada, esperando primeiro para tentar fazer depois. Hoje até criou chances, esteve até melhor nos primeiros momentos, mas a iniciativa maior sempre esteve do outro lado. Por ironia, sofreu o gol da derrota num raro contra-ataque que concedeu aos norte-americanos, quando finalmente foi com vontade em busca do gol.

Duas coisas eu havia comentado com minha esposa. Primeira: "Os EUA estão dando azar porque a bola final não está caindo nos pés do Donovan, quando cair ele marca." Segunda: "Alguma hora esse time da Argélia vai ter que partir com tudo para o ataque." Foi no fim da partida - e perdeu no contra-ataque.

Mas a primeira grande chance que o ex-presidente americano Bill Clinton ver ser desperdiçada foi da Argélia. Logo aos 5', Djebbour recebeu nas costas da zaga, matou no peito e, sem deixar cair, mandou um balaço no travessão. Na resposta, Gomez bateu forte entrando pela meia-direita e M'Bolhi colocou a escanteio. O centroavante Gomez não estava muito feliz nas finalizações (assim como os demais atacantes americanos, o tempo mostraria isso...). Aos 16', voleou para fora um cruzamento da direita e aos 20' perdeu sozinho após ficar com uma bola espirrada pela zaga, chutando em cima do goleiro. Na sequência, ele tocou para Dempsey, que recebeu na pequena área e marcou, um gol bem mal anulado em minha opinião, pois Dempsey estava na mesma linha de Bougherra.

A essa altura - e até o fim -, os dois times estavam sendo eliminados com o empate. Aos 34' foi a vez da Argélia ameaçar: Matmour recebeu no lado esquerdo da área e cruzou forte, com perigo. Aos 35', Donovan deixou Dempsey livre com goleiro, mas o goleiro venceu o duelo. Aos 36', lance incrível: Donovan tabelou pela meia direita com Bradley, recebeu na área, tirou o goleio com um toque por cima e, quando ia finalizar com o pé esquerdo, Altidore apareceu para salvar e isolar por cima do travessão. Aos 37', Matmour viu o goleiro adiantado e bateu forte da intermediária, mas Howard mandou para escanteio. Aos 42', Dempsey chutou de longe. Mesmo escorreghando na hora de bater, a Jabulani fez várias curvas antes e depois de quicar, mas M'Bolhi defendeu com firmeza. E aos 43' foi Ziani que bateu da meia-direita, quase encontrando o ângulo superior esquerdo de Howard.

No segundo tempo, os EUA tiveram o sentido de urgência e partiram logo em busca do gol, dando o tom do que seria o restante da partida e a opção do contra-ataque à Argélia. Aos 11', Altidore fez uma grande arrancada pela esquerda e rolou macio para a meia-lua. Dempsey recebeu, entrou na área e na saída de M'Bolhi tocou no poste esquerdo. A bola voltou para a perna esquerda de Dempsey, que, desequilibrado, perdeu de novo. Aos 19', nova grande chance americana: Feilhaber, que entrara no intervalo, invadiu a área pela direita e do fundo tentou achar Altidore, mas M'Bolhi cortou antes. Donovan cobrou o escanteio e Dempsey, que, como quem estiver lendo já deve ter percebido, também não estava num dia muito feliz e cabeceou para fora. Aos 23', Cherundolo apareceu bem do lado esquerdo da aérea e centrou para Buddle, sozinho, cabecear em cima do goleiro. No contragolpe, Ziani recebeu na direita, entrou na área e bateu cruzado, perdendo boa chance.

As jogadas de área se sucediam com maior ou menor perigo, sempre com maior iniciativa norte-americana. Aos 33', Bradley chutou forte em cobrança de falta da meia-esquerda e M'Bolhi bateu roupa. Aos 44', Buddle ficou sozinho dentro da área pela esquerda, mas errou o passe para Altidore. Os EUA se atiravam e a Argélia tinha espaços para revidar. Numa dessas, aos 45', a Argélia atacou pela direita e Saifi cabeceou do lado esquerdo da área nas mãos de Howard, que armou o contra-ataque. Donovan avançou pelo campo adversário e aprofundou para Altidore, que invadiu a área e centrou para Dempsey chutar, mas M'Bolhi abafou. A bola sobrou para Donovan, que escorou no canto direito e saiu para comemorar. Não deu tempo para mais nada.

Nos EUA, gosto muito de Donovan. Sem ser um fenômeno, é um meia habilidoso, consistente, sereno, disciplinado taticamente e bom finalizador. Howard foi um goleiro seguro. Altidore e Dempsey apareceram bem em diversos momentos, mas o objetivo de um chute é fazer a bola entrar no gol... No time da Argélia, M'Boulhi fez grandes intervenções e Matmour incomodou bastante, mas vale para ele o mesmo que para Dempsey e Altidore.

Os EUA conseguem uma justa classificação e em primeiro lugar no grupo, até porque foram garfados contra a Eslovênia e a anulação daquele gol de Dempsey hoje não me convenceu. Já a Argélia pagou pela falta de ousadia, de vontade de vencer, especialmente na partida contra de estreia contra os eslovenos.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 38: EUA 1 x 0 Argélia.