segunda-feira, 31 de maio de 2010

FÓRMULA 1 ► Lewis Hamilton vence o chato Grande Prêmio da Turquia de Fórmula 1

Há quem tenha gostado do Grande Prêmio da Turquia de Fórmula 1. Talvez por questões técnicas que um simples torcedor como eu não considera relevante na hora de avaliar se uma corrida foi legal ou não. Eu simplesmente achei uma corrida chatíssima, cujas únicas emoções ficaram nas tentativas frustradas de ultrapassagem entre companheiros de equipe. No caso, Sebastian Vettel sobre Mark Webber, da RBR, e Jason Button sobre Lewis Hamilton, da McLaren.

O resultado foi desastroso para a RBR. Seus pilotos lideravam a prova e uma manobra afoita de Vettel tirou os dois carros da pista, o de Vettel para não mais voltar. Vettel saiu fazendo gestos de que Webber era maluco, mas o australiano estava completamente inocente na história.

As McLaren herdaram as primeiras posições, Hamilton à frente. Button ainda tentou ultrapassá-lo. Até conseguiu, mas levou o troco na sequência e o juízo os fez acomodarem-se onde estavam.

Chamam certas corridas de procissão, romaria... Mas, para mim, corridas em circuitos como esse de Istambul são como ficar brincando de trenzinho: é legal ficar olhando o trenzinho pra lá, o trenzinho pra cá, mas sempre com a certeza de que nenhum vagão vai jamais ultrapassar o outro, salvo em caso de acidente. Como tem acontecido nesses circuitos bizarramente desenhados na Fórmula 1, onde é virtualmente impossível um carro minimamente competitivo ser ultrapassado, salvo bobagem do piloto ou acidente.

Por isso não culpo Vettel pela batida. Qualquer tentativa de ultrapassagem ali só pode ser feita assim, roda a roda, dando um chega pra lá e rezando para conseguir segurar o carro na pista. Deve ser estressante andar mais rápido que o carro da frente e saber que não vai encontrar nenhum ponto de ultrapassagem sem imenso risco de acidente. Qual é a graça disso, para quem corre e para quem assiste?

Para os brasileiros, o mais relevante foi Lucas di Grassi conseguir levar sua carroça, digo, seu carro até o final. E para Felipe massa fica o consolo de ter chegado uma posição à frente de Fernando Alonso. Mas o polonês Robert Kubica, destaque da temporada, mais uma vez superou o brasileiro da Ferrari e já o alcançou na classificação geral do cam, campeonato.


Colocação final do GP da Turquia:

1. Lewis Hamilton (ING/McLaren), 1h28m47s620

2. Jenson Button (ING/McLaren), a 2s645
3. Mark Webber (AUS/Red Bull), a 24s285
4. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 31s110
5. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 32s266
6. Robert Kubica (POL/Renault), a 32s824
7. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 36s635
8. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 46s544
9. Adrian Sutil (ALE/Force Índia), a 49s029
10. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber), a 1m05s650
11. Pedro de la Rosa (ESP/Sauber), a 1m05s944
12. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), a 1m07s800
13. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force Índia), a 1 volta
14. Rubens Barrichello (BRA/Williams), a 1 volta
15. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 1 volta
16. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 1 volta
17. Nico Hulkenberg (ALE/Williams), a 1 volta
18. Timo Glock (ALE/Virgin), a 2 voltas
19. Lucas di Grassi (BRA/Virgin), a 3 voltas

Não chegaram:

20. Karun Chandhok (Karun Chandhok (IND/Hispania) - a 6 voltas do fim

21. Bruno Senna (BRA/HRT) – a 8 voltas do fim
22. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) – a 19 voltas do fim
23. Heikki Kovalainen (FIN/ Lotus) – a 25 voltas do fim
24. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth) – a 26 voltas do fim


Classificação do Mundial de Pilotos após sete provas:

1º) Mark Webber - 93

2º) Jenson Button - 88
3º) Lewis Hamilton - 84
4º) Fernando Alonso - 79
5º) Sebastian Vettel - 78
6º) Felipe Massa - 67
7º) Robert Kubica - 67
8º) Nico Rosberg - 66
9º) Michael Schumacher - 34
10º) Adrian Sutil - 22
11º) Vitantonio Liuzzi - 10
12º) Rubens Barrichello - 7
13º) Vitaly Petrov - 6
14º) Jaime Alguersuari - 3
15º) Nico Hulkenberg – 1
16ª) Sebastien Buemi – 1
17ª) Kamui Kobayashi - 1

NBA ► Kobe Bryant brilha, Los Angeles Lakers fecha a série contra o Phoenix Suns e faz final dos sonhos contra Boston Celtics

Los Angeles Lakers 111 x 103 Phoenix Suns
Final Conferência Oeste
(4 x 2)

Assim que acabou o jogo em que o Los Angeles Lakers derrotou o Phoenix Suns no Arizona, garantindo o título da Conferência Oeste e vaga na final que toda a mídia e a NBA sonham contra o Boston Celtics, não resisti a comentar via e-mail com meu amigo Fábio Balassiano, o do blog Bala na Cesta: “Não sei como ainda me assusto com as cestas absurdas que o Kobe consegue arrumar marcado daquele jeito em momentos absolutamente críticos.” E o verbo é esse mesmo: assustar. Como diversos adversários lamentam depois, não dá para marcar mais que isso.

Pois é. Pelo prólogo aí em cima, fica claro que Kobe Bryant foi, mais uma vez, o cara. Li diversas análises sobre a partida e a série inteira e a conclusão geral é que Kobe fez a diferença em um confronto de estilos bem diferentes e que mostrou-se bem equilibrado.

Neste jogo 6, o Lakers fazia uma grande partida. Com certeza a melhor da série. Pelas circunstâncias, talvez a melhor de todos os playoffs. Apesar de toda a garra, velocidade, bolas de 3, liderança de Steve Nash, rotação de jogadores e torcida, o Phoenix Suns não conseguia encostar no placar. Até que, no início do último quarto, Sasha Vujacic, dando sequência a um estranho duelo particular com o compatriota Goran Dragic (sei não, parece até briga por causa de mulher), resolveu apimentar a partida respondendo a uma provocação do armador do Suns com uma cotovelada tão discreta quanto a cabeçada de Zidane em Materazzi na final da Copa do Mundo de 2006.

Resultado: como o Suns tinha acabado de marcar dois pontos, conseguiu um ataque de seis, graças a dois lances livres na cobrança da falta técnica e mais dois com a posse de bola que ainda ganhou - esses quatro últimos convertidos por Dragic. Assim, uma confortável diferença de 17 pontos caiu para 11 e a parada por causa da confusão incendiou o ginásio bem na hora em que estava em quadra toda aquela impressionante força B de Phoenix: além do iugoslavo, Leandrinho, Channing Frye e Jared Dudley.

E lá veio o Suns em mais uma tentativa de reação espetacular. Era o Suns correndo, diminuindo, chegando... e Kobe segurando, com ajuda daquelas bolas pontuais de Derek Fisher e de grandes rebotes conseguidos por Lamar Odom nas duas tábuas. Até Steve Nash diminuir para apenas três pontos a diferença, a 2’18” do fim. Aí Kobe pegou a bola e acabou com o jogo, marcando mais nove pontos, com duas cestas de quadra praticamente impossíveis de ser convertidas por um ser humano normal, a primeira sobre uma aparentemente perfeita dupla marcação de Grant Hill e Jared Dudley e a segunda, faltando 35 segundos e que finalizou o Suns, sobre uma marcação tão feroz de Hill que Alvin Gentry, ao lado de Kobe na jogada, não resistiu e gritou para seu jogador, tentando não só incentivá-lo como talvez até desestabilizar o astro de Los Angeles: “Grande defesa, Hill!”. Bem, Kobe encestou e ainda deu um tapinha no ótimo treinador adversário: “Ainda não o suficiente.” Não restou a Gentry outra a coisa a fazer senão abrir um grande e conformado sorriso, numa das cenas mais legais de toda a temporada.

Kobe terminou anotando 37 pontos e seis rebotes. Foi a décima vez nas últimas 11 partidas que ele marcou mais de 30 pontos – sendo que a exceção ficou para uma noite em que ele arremessou menos e bateu seu recorde de assistências em playoffs, 13. Ele igualou-se a Kareem Abdul-Jabbar como o segundo jogador a mais vezes pontuar acima de 30 pontos em playoffs (atrás apenas de Michael Jordan) e já é o jogador que mais vezes pontuou acima dessa marca em partidas em que seu time teve a chance de fechar uma série fora de casa em toda a história da NBA.

Antes do Kobetime, o Lakers contara com uma ótima presença de Ron Artest, que marcara surpreendentes 24 de seus 25 pontos nos três primeiros quartos, destroçando a tática adversária de optar por deixá-lo livre para os arremessos e focar a marcação em seus companheiros. Andrew Bynum também foi muito bem. Seu joelho desta vez o permitiu jogar 20 minutos de importante presença no garrafão, marcando 10 pontos e pegando seis rebotes. Apesar da grande partida, o Lakers não contou desta vez com muita ajuda de Pau Gasol (apenas nove pontos e sete rebotes) e Odom não estava chutando bem (acertou apenas três em 12 arremessos).

No Phoenix Suns, vale um grande parabéns ao time todo, que jamais desistiu de lutar. Não por acaso, um time comandando por um incrivelmente determinado Steve Nash, que teve mais uma grande atuação (21 pts, 5 reb, 9 ast). Stoudemire lutou muito, mas não estava numa noite muito feliz: apesar de seus 27 pontos (muitos em lances livres, o que mostra sua determinação em atacar a cesta), acertou apenas sete em 20 arremessos de quadra. Grant Hill abdicou do jogo ofensivo para dedicar-se à inglória tarefa de parar Kobe numa daquelas noites imparáveis. E fez o que pôde. Pouco se pode fazer a mais do que o veterano ala fez. Depois de um início de série horrível, Channing Frye despediu-se com mais uma boa atuação, marcando 12 pontos e pegando 13 rebotes. Quem decepcionou mesmo no adeus do valente time do Arizona foi o pivô Robin Lopez, que vinha bem, mas no sábado esteve apagadíssimo, conseguindo apenas um rebote e zerando em pontos.

Mais alguns números: Steve Nash tornou-se o jogador com maior presença em playoffs a nunca disputar uma final da NBA, uma pena; contando com a temporada passada, foi a sexta série consecutiva que o Lakers fechou fora de casa.

E o ponto final da série: entrevistado logo após a partida pelo repórter da TNT, Kobe respondeu o que faria com Vujacic se o time perdesse após a lambança do iugoslavo: "Ia matá-lo." "E agora?", insistiu o repórter. "Ainda vou matá-lo.", finalizou Kobe. Impagável - e revelador da disposição de Kobe e do Lakers nestes playoffs.

Agora Los Angeles Lakers e Boston Celtics fazem a final dos sonhos da NBA, para alegria de toda a cabeça da liga e de toda a mídia norte-americana e, porque não dizer, mundial. O Lakers conseguiu vingar-se este ano do Phoenix Suns. Kobe e Lamar jamais esqueceram as derrotas nos playoffs de 2006 e 2007, ambas na primeira rodada. Assim como, ao lado de Fisher, também não esqueceram a humilhante derrota na final de 2008 contra o Celtics, que fechou a série com uma vitória por 39 pontos de diferença no jogo 6. Além de Kobe e Odom, Gasol e Fisher também estavam lá. Bem, para muita gente, Gasol não estava. Bynum estava machucado, assim como Trevor Ariza, hoje no Houston Rockets. Agora o Lakers tem Bynum com um joelho só, o que já ajuda a fazer volume no garrafão. Tem Artest em lugar de Vladimir Radmanovic, o que é uma mudança da água para o vinho. Tem um Gasol muito mais maduro e confiante. Enquanto isso, o Celtics tem exatamente a mesma base e em função dela chega a mais uma final. E dependerá muito da resistência física de seu veterano trio Kevin Garnett-Paul Pierce-Ray Allen, pois sozinho Rajan Rondo não poderá vencer a série.

Vale lembrar que, após a partida final em 2008, em Boston, reza a lenda que Ron Artest teria ido ao vestiário do Lakers após o jogo falar com Kobe Bryant: "Você precisa de ajuda. Eu posso ajudá-lo." Artest queria ser campeão,  sempre admirou a competitividade de Kobe (as cotoveladas trocadas entre os dois seriam prova disso!) e sabia que Kobe precisava de ajuda para voltar a ser campeão, ao menos sobre o Celtics. Bem, Kobe conseguiu um novo anel já na temporada seguinte, mas o Celtics continuou entalado na garganta angelina. Duas temporadas depois, chegou o momento para o qual Artest se dispôs a ajudar Kobe.

Enfim, uma final em que muitos não arriscam prognósticos, mas eu arrisco (não vale dinheiro mesmo, então não tem problema errar...): se o Lakers mantiver o mando de quadra nas duas primeiras partidas, leva a série e conquista o campeonato. Acho fundamental para o Celtics roubar uma vitória em Los Angeles. Sem mando de quadra, Garnett tem se mostrado determinado a não decidir nenhuma série em um jogo 7 na quadra adversária. Ele parece entender que há limites para seu time. Principalmente, limites físicos, que podem ser negativamente determinantes numa série decidida assim.

sábado, 29 de maio de 2010

NBA ► Orlando Magic já foi: Boston Celtics conquista Conferência Leste e está na final da NBA

Orlando Magic 84 x 96 Boston Celtics
Semifinal da Conferência Leste
(2 x 4)

Pela segunda vez seguida, o Boston Celtics conseguiu fechar uma série em casa no jogo 6 e evitar um dramático jogo 7 em território inimigo, conquistando assim o título da Conferência Leste. Depois do Cleveland Cavaliers de LeBron James, a vítima da vez foi o Orlando Magic de Dwight Howard. Após a tranquila vitória de ontem, o time dos veteranos Ray Allen, Paul Pierce e Kevin Garnett e do ótimo armador Rajon Rondo aguarda o vencedor da série entre o tradicional rival Los Angeles Lakers e o Phoenix Suns para começar a decidir o campeonato da NBA na próxima quinta-feira.

Ontem, cedo o Orlando Magic mostrou que sua cartola de truques estava com o estoque bem baixo. Quase vazio. Com uma atuação errática, precipitando muitas jogadas, não aproveitou sequer as duas faltas que Garnett cometeu logo no início da partida nem a contusão que tirou Rajon Rondo de quase todo o segundo período. Pior: viu o armador reserva Nate Robinson (foto) fazer provavelmente a partida mais incrível da carreira, anotando 13 pontos em 13 minutos de quadra.

Foi bom para mim, que acabei não perdendo muita coisa. Estava sem dormir há quase 40 horas e o primeiro quarto me deu a nítida impressão de que o jogo já estava nas mãos do Celtics. Assim, foi difícil evitar a chegada de Morfeu e acabei caindo no sono.

Pelos números, pelo que consegui ver e pelo que li na internet, no Bala na Cesta, no Bola Presa, ESPN etc, Paul Pierce foi o destaque da partida, comandando a festa da torcida com 31 pontos, 13 rebotes e ainda distribuindo cinco assistências. Após um início claudicante, Pierce vem crescendo muito nos playoffs.

Para não ficar falando só de flores sobre o Celtics, dois fatos chamaram a atenção. Primeiro, mais uma pífia (gosto dessa palavra...) atuação de Rasheed Wallace. Embora empenhado na marcação, não pode sair de um jogo decisivo sem marcar um ponto sequer. O segundo fato é algo que tenho notado durante as partidas do Celtics, não apenas ontem. Posso estar completamente equivocada, mas sinto Kevin Garnett muito frustrado, imaginando que seja por estar longe de seu melhor condicionamento físico. Ele não vem jogando seu basquete habitual e a boba segunda falta que cometeu, dando dois socos no braço de Dwight Howard, com apenas 4 minutos de bola quicando, apenas fortaleceu essa minha impressão de frustração. Foi um lance totalmente nada a ver para um jogador da categoria e da experiência dele.

Pelo lado do Orlando Magic, destaque para ele, claro, Dwight Howard. Apesar de eu também ter achado que o Super-Homem estava usando força - e cotovelos - demais em alguns momentos, ele realmente queria vencer. Terminou com 28 pontos e 12 rebotes. Essa é um a questão que diferencia os jogadores na NBA: querer. Howard queria, entregou-se ao máximo, enterrou, bandejou, errou lances livres, distribuiu tocos e tapas, pegou rebotes, pontuou... Há jogadores que são assim. Alguns podem mais, outros podem menos, mas sempre querem vencer. Como Kevin Garnett, o que me faz imaginar que ele possa estar frustrado por não poder jogar com 100% de suas condições e empenhar-se como sempre. Na série que pode ou não ser decidida hoje no na Conferência Oeste, há outros dois exemplos assim: Kobe Bryant e Steve Nash. São jogadores que, cada um ao seu modo, dentro de suas características, vão ao limite tentando levar suas equipes à vitória. Esse tipo de jogador,inclusive, nem precisa de anéis para ser considerado campeão. O legal é que o público americano sabe muito bem reconhecer isso.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

NBA ► Herói por acidente: Ron Artest salva o dia em Los Angeles e põe o Lakers na frente do Phoenix Suns

Phoenix Suns 101 x 103 Los Angeles Lakers
Final Conferência Oeste
(2 x 3)

Começando pelo fim: sabem aquela sensação de déjà vu? Veja os vídeos abaixo. No primeiro, jogo 6, duelo em Oklahoma. O segundo, jogo 5, a batalha em Los Angeles.

Pois é. Qual o personagem de Dustin Hoffman em “Herói por Acidente”, Ron Artest parecia não querer nada com a hora da morte, assim como Gasol naquele jogo 6 em Oklahoma, quando o espanhol fez um pífio segundo tempo e errou algumas jogadas importantes antes de fazer a cesta da vitória. Desta vez em Los Angeles, Artest errara todos seus arremessos (sim, porque sua única cesta tinha sido uma bandejinha em um contra-ataque), principalmente dois chutes a um minuto do fim que quase infartaram a torcida que lotava o Staples Center. O primeiro, ainda vá lá, estava em cima do tempo. Já o segundo, com três pontos à frente, no rebote do primeiro erro, foi um lance absolutamente infantil. Não por ter chutado, já que estava livre na linha dos 3, mas por quando ter chutado: qualquer criança sabia que o time tinha que trabalhar os 24 segundos de posse de bola. Àquela altura, o Lakers precisava desesperadamente de mais um pontinho para fazer o Suns precisar de duas posses de bola e não concluir sua incrível reação. O Suns não aproveitou os erros de Artest e logo depois, faltando apenas 20 segundos, Pau Gasol desperdiçou uma assistência tipo “toma, faz” de Kobe machadando a bola no aro – bastava um pouco mais de jeito e menos de força para arrumar ao menos uma falta.

Daí o Suns foi furioso ao ataque atrás dos três pontos que precisava para levar a partida para a prorrogação. Steve Nash errou de três e... Steve Nash pegou o rebote! Jason Richardson (foto) chutou de novo dos 3... Aro! Channing Frye pega o rebote (hello, defesa do Lakers, cadê você?), para Richardson. JR dá um decidido passo à frente e manda seu maior pombo sem asas da temporada: tabela, aro e rede – sua única cesta de três, após cinco tentativas infrutíferas. Incrível! A 3,5 segundos do fim, jogo empatado. Aí rolou o que vimos lá em cima no início, no segundo vídeo.

Incrivelmente, a defesa do Suns reagiu como a do Thundercats no momento decisivo, parecendo hipnotizada observando Kobe Bryant com a bola na mão para decidir mais uma partida, de tal forma que simplesmente esqueceu-se de defender o garrafão no caso de um possível rebote. E a bola de ontem de Kobe nem aro deu.

Justiça seja feita, até pelo pouco tempo no cronômetro, a marcação sobre Kobe foi excelente. Pressentindo a falta de chance para sequer bater a bola, Kobe tentou antecipar o jump para ter alguma visão por cima de seus marcadores, mas acabou faltando braço para o arremesso. E a bola foi parar nas mãos de Artest, que jogou para cima como deu e colocou o Lakers a uma vitória da final da NBA. Fosse daqueles comerciais bacanas e poderia aparecer uma cartela assim depois: That’s why I love this game! E é por isso que tenho usado este meu espaço aqui para registrar mais esta temporadas de playoffs, deixando a vontade de escrever sobre diferentes assuntos um pouco de lado.

O jogo de ontem foi sensacional. O Suns começou bem e ameaçou ir embora, só que o Lakers reagiu e chegou a abrir 18 pontos no terceiro quarto. Mas à base de velocidade nos contragolpes e chutes e mais chutes de três (e ainda umas tolas faltas do Lakers que permitiram seguidos arremessos de bonificação), o Suns conseguiu uma sensacional reação e lutava contra o tempo para tentar chegar no placar antes do zerar do cronômetro. Sabe aquele final de corrida de automobilismo em que o líder vê sua vantagem sobre o segundo colocado diminuir volta a volta, restando apenas saber se o número de voltas restantes será o suficiente para haver a decisiva ultrapassagem?Pois parecia bem essa a situação. O Lakers tentava desesperadamente cruzar a linha de chegada antes de ser ultrapassado. Infelizmente para o Suns, não deu.

Steve Nash fez uma grande partida, partida de All Star, de MVP. Foram 29 pontos, 11 assistências e uma garra incrível ao imprimir um ritmo de jogo que tonteou a defesa californiana. Foi o destaque absoluto do time e fez seus companheiros renderem mesmo não estando em uma noite à altura da sua. Além da velocidade e dos chutes de 3, as seguidas infiltrações no garrafão penduraram os titulares do Lakers, que foi obrigado a cedo afrouxar a marcação. Dos seis titulares do Lakers (digamos assim), apenas Lamar Odom não se arrebentou com as faltas, o que mais uma vez expôs a fragilidade do banco de Phil Jackson (ontem até Sasha Vujacic e Luke Walton ganharam mais tempo de quadra) e mostra por que Andrew Bynum, mesmo com o joelho cada vez mais estourado, é obrigado a ir para o sacrifício jogo após jogo, nem que seja para ao menos ocupar espaço e poupar faltas de Gasol e Odom. Um Bynum sem um joelho, com todo o respeito, vale bem mais que, ao menos hoje, um DJ Mbenga e um Josh Powell inteiros.

Channing Frye (14 pts, 10 reb) e Amare Stoudemire (19 pts) foram, numericamente, os maiores auxílios a Nash. Mas coletivamente todo o time funcionou muito bem, mantendo um ritmo constante mesmo quando estava atrás – bem atrás - no placar.

Falando do Lakers, podemos começar repetindo as palavras que usei para abrir o parágrafo anterior: Kobe Bryant fez uma grande partida, partida de All Star, de MVP. Foram 30 pontos, 11 rebotes, nove assistências e ainda quatro tocos. Nos momentos agudos, recebeu preciosíssima ajuda de seu veterano parceiro Derek Fisher (foto), que fechou com 22 pontos. Apesar dos bons números (21 pts, 8 reb, 5 ast), Gasol não brilhou. Lamar Odom, sim, deu ótima contribuição, anotando 17 pontos, 14 rebotes e mais quatro assistências.

Aí abaixo, os highlights da partida no vídeo distribuído pela NBA, via YouTube.


Agora vamos para o jogo 6, no Arizona. Se o Phoenix Suns conseguir manter o astral lá em cima e não ficar chorando o leite derramado neste jogo 5, quando poderia roubar uma decisiva vitória em Los Angeles (o Lakers estava pendurado demais para encarar bem uma prorrogação), tem grandes chances de empatar a série e levar a decisão da Conferência Oeste para um imprevisível jogo 7 no Staples Center. O Suns precisa correr e mostrar logo ao Lakers que no Arizona os campeões não vão conseguir nada. Caso contrário, se permitir ao Lakers abrir vantagem ou mesmo a partida se arrastar enroscada até o fim, correrá sério risco de ver tudo acabar diante de sua torcida, pois Kobe, Fisher e companhia sabem muito bem como fechar jogos assim, mesmo em quadra adversária.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

NBA ► Orlando Magic bate novamente o Celtics e vai confiante para o jogo 6 da final da Conferência Leste em Boston

Boston Celtics 92 x 113 Orlando Magic
Final Conferência Leste
(3 x 2)

Quem diria, após o início das finais das conferências, que acompanharíamos tantas emoções em séries que agora mostram-se bem indefinidas? Após as primeiras vitórias de Boston Celtics e Los Angeles Lakers, as torcidas, a imprensa, David Stern, as TVs... Todos já começavam (começávamos!) a pensar em novo épico confronto entre as franquias mais vencedoras e maiores rivais da NBA. Mas...

Pouco pude ver do jogo de ontem, só algumas olhadelas, mas com as bolas de 3 do Orlando Magic caindo às mil maravilhas (52% de aproveitamento, 39 pontos!), o Boston Celtics se vê de repente muito pressionado para o jogo 6 da série, que jogará em casa. De aparente presa fácil, o Magic tornou-se bastante resistente e a situação aparente para o Celtics é tipo ou vai ou racha nesse jogo 6. Ninguém imagina que, conseguindo igualar a série em Boston, o Magic (como qualquer time na mesma situação) vá perder a oportunidade de fazer História e sacramentar uma épica virada em um possível jogo 7 em Orlando.

Dizem os números (aqueles que às vezes enganam...) que a defesa do Boston fracassou solenemente, sendo batida em rebotes e permitindo ao ataque adversário aproveitar mais de 50% de arremessos e chegar a uma folgada contagem centenária . Na verdade, do pouco que vi, achei que o Magic manteve controle sobre o Celtics a partida inteira, com razoável e constante vantagem no placar o tempo inteiro. Mas nada que evitasse mais um confronto bastante físico, com muito contato e até com um lance que assustou a todos no ginásio: após recebr uma cotovelada aparentemente involuntária (não ponho minha mão no fogo...) de Dwight Howard, Glen Davis ficou completamette grogue, perdendo o controle dos movimentos a ponto de ser amparado pelo juiz Joey Crawford para que não voltasse ao chão (foto um pouco acima).

Com 21 pontos, 10 rebotes e cinco tocos, Dwight Howard foi mais uma vez o destaque do Magic, bem coadjuvado por todo o time, especialmente Jameeer Nelson (24 pts, 5 reb, 5 ast), Rashard Lewis (14 pts, 7 reb) e J.J. Redick (14 pts direto do banco de reservas). Stan Van Gundy conseguiu fazer o time jogar bem rodando bastante os jogadores, usando dez peças com relevante tempo em quadra.

O Celtics também rodou, mas sem a mesma eficiência. Rajan Rondo e Paul Pierce estiveram bem, mas Kevin Garnett novamente esteve abaixo de suas possibilidades e do que o time precisa. Ray Allen, então... Cada vez mais
shooter e menos armador (embora ontem tenha feito sete assistências), não pode acertar apenas três em 11 arremessos em uma partida decisiva. Curiosamente, o Celtics desperdiçou uma rara significativa atuação de Rasheed Wallace nos playoffs (21 pontos, acertando sete em nove arremessos).

Agora as perspectivas para o jogo 6 são inversas para os times perante a história dos playoffs da NBA. Para evitar o risco de entrar para essa história pela porta dos fundos, permitindo uma virada tão rara quanto a passagem do cometa Halley, o Celtics sabe que precisa fechar a série em 4 x 2, diante de sua torcida, em Boston. Até fisicamente, dificilmente Garnett, Pierce e Allen aguentariam um possível e decisivo jogo 7.

Já para o Magic, é a chance de ser o mocinho. Veja como são as coisas: mesmo tendo perdido a vantagem do mando de quadra com as duas derrotas em casa no início da série, o Magic agora está em um momento psicológico bem favorável. Mas não deve se iludir. A História, as estatísticas, a torcida, a força e a tradição estão com o Celtics para este jogo 6. Se há um time que jamais imaginaríamos ceder uma vantagem de 3 x 0 em toda a liga, um time no qual apostássemos todas as nossas fichas de que jamais permitiria que isso acontecesse em qualquer circunstância, esse time seria o Boston Celtics. Resta ao Magic desafiar a mesa e quebrar a banca.