sexta-feira, 20 de agosto de 2010

POLÍTICA ► Fernando Gabeira é a grande decepção das eleições 2010

Essa frase que dá título ao post eu posso falar de cadeira porque fiz muita campanha para Fernando Gabeira, desde sua primeira candidatura ao governo do estado do Rio de Janeiro em 1986.

Naquela época, fazia pouco que Gabeira fora fundador do recém-criado Partido Verde. Eu logo adotei a ideia de um partido ecológico no Brasil, nos moldes dos que já existiam na Europa.

Mas o PV não era levado muito a sério. Tinha uma aura meio elitista, meio inconsequente. Foi daí que surgiu uma oportuna coligação com o também ainda jovem Partido dos Trabalhadores: se o PV tinha uma imagem não muita séria, o PT, por sua vez, possuía imagem oposta, de um partido sério demais, dogmático demais, inflexível demais, ameaçador até para quase todas as camadas sociais do país.

Pois a coligação com o PV deu a leveza e a imagem de flexibilidade que o PT precisava para aliviar o peso carregado de sua estrutura e seu forte enraizamento ideológico e o PT, em troca, deu ao PV a chancela de um partido sério, que não estava ali apenas para brincadeiras.

Foi uma campanha muito bonita, com momentos marcantes, como a Passeata das Rosas na Avenida Rio Branco e o abraço à Lagoa Rodrigo de Freitas. Eu fiz muita campanha. Distribuí panfletos, usei broches e camisa. Gabeira não levou, mas amealhou mais de meio milhão de votos e fincou a bandeira do PV no Rio de Janeiro como um partido com um jeito diferente de fazer política. E se não elegi Gabeira naquele momento, ajudei a eleger Carlos Minc, depois elegi Alferdo Sirkis e, mais tarde, o próprio Gabeira, quando se candidatou a deputado federal em 1994.

Antes, em 1989, Gabeira saiu candidato à presidência da República. Era uma candidatura ideológica, não pragmática. Ninguém achava que houvesse qualquer chance de chegar ao menos ao segundo turno, mas era importante marcar posição pelas causas ambientais nacionalmente.

Na época, fui algumas vezes à sede do partido, ali na Lapa, pegar material para campanha. Fiz boca de urna, empunhei bandeira, fui a eventos e tudo o mais. O meu voto "pra valer" seria para Luís Inácio Lula da Silva, que eu tinha certeza que iria para o segundo turno, apesar da acirrada disputa com Fernando Collor e Leonel Brizola. Mas, antes disso, fiz o que achava importante na defesa de ideais ecológicos com os quais me identificava e resistindo a uma forte campanha pelo voto útil ainda no primeiro turno.

Por essas e outras, posso tomar emprestado sem muita cerimônia os versos de Chico Buarque e dizer: "Quem te viu, quem te vê, Fernando Gabeira." Quem diria que o Partido Verde tornar-se-ia só mais um partido na política nacional, e não o partido diferente. E quem diria ainda que chegaria o dia em que veria Fernando Gabeira fazer uma campanha em que renegaria nacionalmente o seu PV, passando a mim e a muita gente a ideia de um político pragmático e carreirista, coisas contra as quais tanto lutara no passado. O político Gabeira há um bom tempo vinha guinando à direita. Até apoio e capa da Veja recebeu. E parece que agora chegou ao seu destino - totalmente oposto ao seu ponto de partida.

Assistindo ao horário eleitoral gratuito (é, eu assisto quando posso e confesso que gosto, por favor, não tentem me internar!) não há como não ficar chocado ao ver Fernando Gabeira ignorar a candidata do PV à presidência, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina da Silva, e veladamente (ou nem tanto) apoiar a candidatura José Serra, da aliança PSDB e DEM, o DEM de Cesar maia, de quem Gabeira virou uma espécie de "peixe", como diria o ex-jogador e hoje político (?) Romário. Acho algo muito triste de ver. Não é questão de reformular opiniões e ideias ou de flexibilizar seu jeito de fazer política, mas de como fazer isso.

A ideia de traição ao partido e sua causas aumenta ao vermos vários candidatos do PSDB e do DEM com o painel ao fundo estampando o nome de Gabeira e até José Serra falando em prol de sua candidatura. Enquanto isso, os candidatos do PV seguem pedindo votos para si, para Marina e para o próprio Gabeira.

Hoje, vendo o programa de Fernando Gabeira, tive a sensação de ver apenas mais um político carreirista e fisiológico, sensação agravada pelo deprimente apoio a José Serra, desrespeitando seus eleitores, seu próprio partido e uma candidata como Marina Silva, que verdadeiramente não merecia isso.

Por isso, eu, que tanto votei nele, posso dizer de cadeira que Fernando Gabeira é a grande decepção das Eleições 2010. Tão decepcionante que deve estar deixando o V da bandeira do partido vermelho de vergonha.

Seria agora a minha vez de perguntar: "O que é isso, companheiro?"

É a minha opinião.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

BASQUETE ► Meu ídolo Ubiratan no Hall da Fama do Basquete dos EUA

Quase deixei passar batido, mas ficou no quase. Semana passada, o eterno ídolo de nosso basquetebol Ubiratan Pereira Maciel (18 de janeiro de 1944 / 17 de julho de 2002) foi entronizado no seletíssimo Hall da Fama do Basquete em Springfield (Massachusetts/EUA). Dentre as 259 personalidades já eternizadas ali, apenas outro nome brasileiro se faz presente: a Rainha Hortência.

Ubiratan foi um dos meus ídolos do basquete. Pensando melhor, foi o meu ídolo no basquete brasileiro, especialmente devido ao grande desempenho do pivô no Campeonato Mundial das Filipinas, em 1978. Foi uma competição que acompanhei com o ouvido colado ao radinho de pilha (é, o basquete aqui já foi tão popular que as rádios transmitiam os principais jogos) e de olho nas raras partidas transmitidas pela TV.

Ubiratan foi um dos grandes destaques daquele Mundial, que marcou também a popularização da chamada "ponte aérea", com Oscar jogando a bola por cima do aro para Marcel completar e vice-versa. Foi nesse campeonato uma das minhas maiores emoções no basquete, com a vitória do Brasil sobre a Itália na decisão do terceiro lugar. O Brasil perdia por um ponto de diferença a poucos segundos do fim, quando Marcel recebeu o fundo bola e arremessou do meio da quadra, com o cronômetro zerando para conquistar a vitória e garantir nosso lugar no pódio. Foi também ali nas Filipinas que me tornei admirador de um dos jogadores mais talentosos que vi em quadra, o canhoto iugoslavo Mirza Delibasic.

Mas o lance aqui é lembrar o velho Bira, que foi um monstro na briga debaixo do garrafão contra os gigantes americanos na grande vitória por 92 x 90 contra os EUA. Nosso pivô, que sempre foi mais um facilitador ofensivo que um cestinha e possuía uma notável capacidade defensiva, teve uma grande atuação naquela partida que ouvi pelo radinho.

Naquele time que saiu com o bronze do Mundial, Marcel e Oscar começavam a despontar, mas havia, além do velho Bira, nomes como Carioquinha, Hélio Rubens, Adílson e Marquinhos, que tanto vi jogar aqui nas quadras cariocas, assim como seu irmão Paulão. Também fazia parte daquele grupo o hoje comentarista da ESPN Brasil Eduardo Agra.

Foram bons tempos para o basquete brasileiro, um tempo em que os jogadores jogavam com muito mais paixão. Não à toa, cansei de pegar o desgastante ônibus 634 para me despencar à noite da Ilha do Governador para as quadras do Maracanãzinho, Tijuca e América para acompanhar jogos do Fluminense pelo campeonato carioca. E um dos grandes símbolos daqueles tempos foi Ubiratan, agora eternizado na terra do basquetebol.

Nestas mal traçadas linhas, sem muita inspiração, apenas faço questão de deixar registrada minha admiração pelo nosso grande pivô, um dos meus ídolos no esporte nacional.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MÚSICA ► Há 33 anos partia Elvis Presley, o Rei do Rock'n'Roll

"Antes de Elvis, não havia nada." John Lennon.

Desde criança eu sou fã de Elvis Presley. Sei lá exatamente por quê. Meu pai gostava, mas não era fã. Minha mãe também, mas da mesma forma não era fã. Talvez por influência dos filmes da Sessão da Tarde. Mas sei que o álbum duplo "Elvis 40 Greatest Hits" que pedi para meu comprar para mim assim que passou o anúncio na TV, em 1975, durante muitos anos não saída da vitrola.

Depois eu fui crescendo e à idolatria infantil somou-se a admiração pelo incrível talento e versatilidade interpretativa de Elvis Presley, que foi muito mais do que "apenas" (como se fosse pouco) o Rei do Rock'n'Roll - uma marca registrada, inclusive.

Quando Elvis morreu, em 16 de agosto de 1977, lembro que eu estava assistindo, se não me engano (a memória infantil confunde-se um pouco com o tempo), ao Capitão Aza (assim, com Z), na extinta e saudosa TV Tupi. A edição especial, urgente, anunciava a morte de Elvis Presley. Só sei que fiquei chocado. E mais nada me recordo até o dia seguinte. Também sei, pelo que meus pais contam, que chorei muito e fiquei tão consternado que minha Tia Ester, beatlemaníaca e também admiradora de Elvis, veio com o saudoso tio Michel lá da Glória até a Ilha do Governador por pura preocupação.


Elvis é de um tempo em que um cantor ou intérprete efetivamente cantava, não dublava usando playback. Isso era totalmente inaceitável. Aliás, em se tratando de canto, mesmo, continua totalmente inaceitável. Hoje cantores dançarinos usam e abusam desse recurso, mas sendo avaliados e idolatrados mais pelo espetáculo que proporcionam do que por seu talento interpretativo.

Mas lá nos anos 1950 não era assim. E não foi até a morte de Elvis Presley. Tanto que, já doente e com dificuldade para recordar-se de letras de músicas que cantava já há décadas, jamais cogitou-se à sua volta o uso de playback. Como todo artista deve fazer, Elvis dava a cara ao subir ao palco. E mais vale um artista errar e seguir em frente do que fazer uma apresentação fake calcada em uma perfeita gravação dublada nem sempre com perfeição.

Se Elvis fisicamente morreu ou não, pode haver dúvida. Mas seu legado é eterno. Elvis Presley foi a marca do século 20. Sua obra influenciou as mais diferentes vertentes do rock, de Paul McCartney, John Lennon, Bob Dylan, Bruce Springsteen, Bono Vox, Mick Jagger, Janis Joplin, Steven Tyler, Roberto Carlos...

Tornou-se um ícone tão impregnado na cultura americana que seu nome é comumente citado em filmes, músicas e mesmo no dia-a-dia das pessoas. "Elvis não morreu" é uma máxima aqui em nossa terra. "Elvis has left the bulding", como anunciado ao fim de cada apresentação, é uma frase das mais conhecidas na música. Seus sanduíches, seus extravagantes hábitos alimentares, sua personalidade resvalando para a bipolaridade, os presentes dados a desconhecidos (a velhinha negra que ganhou um cadillac zero porque apreciava um no mostruário da loja onde Elvis estava), os tiros na TV ... Tudo em Elvis foi superlativo e marcante.


Musicalmente, Elvis Presley foi pioneiro em um sem número de coisas. Uma espécie de "Cidadão Kane", a inigualável obra-prima de Orson Welles, da música. O primeiro show transmitido ao vivo para todo o mundo, o primeiro acústico, o uso de orquestra, de som quadrifônico...

Principalmente, seu carisma e incrível talento para interpretar com feeling inigualável rock, country, gospel, baladas ou o gênero musical que fosse o faz único. Como disse alguém cujo nome infelizmente não recordo (lembrando eu atualizo aqui), Elvis era desses raros intérpretes cuja interpretação transcendia a qualidade do material com que trabalhava.

FUTEBOL ► Nada justifica que nos dias atuais o futebol brasileiro não adote o calendário europeu, só a vocação para perder dinheiro

Há muito tempo discute-se a necessidade do futebol brasileiro adotar o calendário europeu, mas sempre há vozes retrógradas e até carregadas de um bobo nacionalismo que se levantam em contrário. No profissionalismo globalizado de hoje, não adotar o calendário europeu é desperdício de dinheiro e de possibilidade de internacionalizar a marca dos nossos clubes. Fora a questão de que isso permitiria um maior planejamento para o Brasileirão, que tanto sofre com o sem número de jogadores transferidos para o Velho Mundo no meio do campeonato.

Eu cresci tentando acompanhar pelos jornais e pelo radinho de pilha os muitos amistosos que o Fluminense fazia fora do país, em especial na Europa, mas até no continente africano, e nos meses de julho e agosto. O Fluminense e todos os grandes do futebol nacional. Hoje, pesquisando o passado, é fácil observar que desde os anos 1950 até os clubes de menor expressão estavam sempre na estrada. No Rio de Janeiro, não era raro Bonsucesso, Bangu e Madureira aventurarem-se além-mar atrás de faturamento. Sempre foi assim. Até a já quase ditatorial gestão de Ricardo Teixeira à frente da CBF.

Coincidência ou não, de lá para cá o calendário brasileiro passou a não dar brechas aos clubes para faturar em excursões ao exterior. Pior: com o recesso europeu ocorrendo justo no momento em que o campeonato nacional engrena, passamos a sofrer com o até patético desmantelamento de nossos maiores clubes em meio à competição. A tal ponto que virou lugar comum dizer que o campeonato brasileiro só começa de verdade após o fim da janela de transferência do mercado europeu e do impacto que isso provoca por aqui. Ridículo.

Mas o que mais me irrita, particularmente, não é nem a perda de jogadores no meio da principal competição do futebol mais vezes campeão do mundo. É perder a oportunidade de internacionalizar o nome dos clubes brasileiros numa época globalizada e marcada por inúmeros torneios e amistosos internacionais na Europa, na Ásia e na América do Norte.

Assim, fomos obrigados a ver no pós-Copa do Mundo deste ano, por exemplo, um sem número de partidas envolvendo grandes clubes europeus e outros nem tanto de países nossos sul-americanos, mexicanos e até do segundo escalão do Velho Mundo.

Bastaria à CBF ter um mínimo de respeito e atenção com nosso futebol para adequar nosso calendário ao europeu. Assim nossos clubes poderiam, como nos velhos tempos, "fazer a Europa". Poderiam, inclusive, sem muita dificuldade, contando apenas com competência e criatividade, fazer uma pré-temporada lá fora, se preparando para o Brasileirão e faturando um bom troco disputando jogos-treinos e amistosos em gramados estrangeiros, fossem nos EUA, na Europa..

Um dia, quem sabe a gente chega lá. Mas com certeza não será na gestão Ricardo Teixeira, porque não interesse para isso.

É minha opinião.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

RIO DE JANEIRO ► Bandalha nas ruas da cidade: será que há uma máfia disso também ou é apenas mais um caso de imensa incompetência?

Fico impressionado com certas situações que presenciamos no dia a dia da cidade do Rio de Janeiro. Parece que a autoridade não existe e a lei que impera é a da bandalha. No trânsito, então...

Quem passa à frente do Ilha Plaza Shopping, por exemplo, na Ilha do Governador, em certos horários, deve imaginar ter chegado à casa da Mãe Joana, tal o número de veículos de transporte alternativo (muitas vezes irregulares) que se acumulam em fila dupla (e até tripla) à frente da entrada do estabelecimento à caça de passageiros.

A Guarda Municipal sabe disso. A Polícia Militar sabe disso. Qualquer anão de jardim daqueles que adornam antigas residências sabe disso. Então? O que falta para pôr fim a isso? Qual a dificuldade?

Isso ocorre não só com transporte alternativo à frente de um shopping da Zona Norte como com carros de madame na porta de caros colégios da Zona Sul da cidade.

Depois não há como querer que o povo não suspeite que haja dinheiro rolando por trás disso. Ou então trata-se apenas de mais uma grande, imensa, gigantesca, colossal prova de incompetência dos órgãos públicos responsáveis.

É minha opinião.

FUTEBOL ► Kaká: mais uma prova de que a mentira tem pernas curtas

Kaká sempre passou a imagem do jogador bonzinho, politicamente correto e, principalmente, temente a Deus, algumas vezes extrapolando ao misturar religião com sua atividade profissional. Mas os últimos meses têm revelado uma imagem que não condiz com uma pessoa que usa o nome de Jesus em praticamente cada discurso que faz.

Na recente Copa do Mundo da África do Sul, Kaká protagonizou um espetáculo absolutamente covarde, religiosamente preconceituoso e, acima de tudo, mentiroso. E que hoje soa ainda mais patético que na ocasião.

Após o jornalista Juca Kfouri escrever que o principal jogador da seleção brasileira enfrentava sério problema físico que poderia levar até à necessidade de cirurgia, comprometendo sua carreira, Kaká aproveitou uma coletiva de imprensa para, na vez de fazer sua pergunta o repórter André Kfouri, filho de Juca, atacar o pai do profissional de imprensa.

Foi covarde porque coletiva de imprensa numa Copa do Mundo não dá direito de réplica aos jornalistas. O profissional faz a pergunta e já passa o microfone para o seguinte. Não que André fosse fazer uso disso, até porque ele portou-se muito bem no decorrer de seu trabalho na África, sem jamais usar de seu espaço com um microfone frente às câmeras para sequer mencionar o incidente em suas reportagens.

Foi preconceituoso porque acusou Juca Kfouri de persegui-lo por ser ele, Juca, ateu e Kaká ser evangélico. Veja o paradoxo: sob pretexto de uma suposta perseguição religiosa de que estaria sendo vítima, ele, Kaká, é quem comete um ato de preconceito religioso explícito, usando a falta de religiosidade de Juca para desqualificá-lo e fazer a grave acusação de perseguição religiosa.

E foi mentiroso porque, como já declarara logo após a competição, jogou mesmo com dor, inclusive recebendo infiltrações. E o balde derramou mesmo agora que o médico belga Marc Martens, que o operou, disse que sua carreira inclusive esteve em risco - como Juca Kfouri havia escrito.

Hoje, 13 de agosto, Kaká se vê completamente desacreditado em suas declarações e ainda apela para o abominável discurso de que fez isso pelo Brasil. Ora essa...

Acho muita mentira e pouca verdade para alguém que vive com Jesus na boca, mas que, como muitos, não mostra O ter em suas ações.

É minha opinião.

POLÍTICA ► Como assim não fazer campanha olhando pelo retrovisor?

Há declarações que contradizem a história da própria pessoa que as faz. José Serra, mais uma vez candidato do PSDB à presidência da República, sempre usou a palavra experiência como um mote eleitoral, destacando seu currículo (mesmo com algumas contradições) e seus longos anos de vida pública.

O problema é que político, em geral, tem uma grande dificuldade de tornar coerentes seus discursos nas diferentes circunstâncias que enfrenta durante sua trajetória. Acontece à esquerda, à direita e ao centro também. Mas algumas vezes eles extrapolam e acabam passando uma imagem que depõe contra si mesmo. Especialmente em uma época em que os políticos têm uma maior visibilidade, como durante as campanhas eleitorais para o cargo maior da nação. É preciso ter experiência nesse jogo. Saber jogar.

José Serra é um homem inteligente. Sair por aí dizendo que não se deve fazer campanha olhando pelo retrovisor contradiz tudo o que pregou em pleitos anteriores e o faz passar apenas por mais um político oportunista em busca de frases de efeito que se adaptem a um determinado momento.

O candidato da oposição já tem se saído mal com feitos fictícios ("pai dos genéricos", "pai do FAT", combate à Aids...) que até o fizeram recorrer a constrangedoras retratações. José Serra é bom técnico e devia fazer campanha política como um técnico, enfatizando propostas e soluções, e não caindo no discurso comum de políticos carreiristas que se torna verdadeira armadilha para quem não tem jeito para isso - o que não é qualquer demérito.

Além do quê, fazer campanha sem olhar para as próprias realizações ou de seu partido é como procurar emprego e pedir para não levarem em conta seu passado profissional. Não faz qualquer sentido, certo?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

BRASIL ► Assassinos livres, inocentes em cana: retrato da justiça no Brasil

Deu em várias páginas da internet. Optei por reproduzir do site O Repórter:

*** *** ***

INACREDITÁVEL: confundido com assaltante,
jovem inocente está na cadeia
Por Redação - 09.08.2010 às 21:41:00

Justiça de cabeça para baixo. Inocentes na cadeia, culpados nas ruas

SÃO PAULO* - Ele estava no lugar de sempre e trabalhando. Wilson de Oliveira, estudante universitário está preso há dois meses acusado de roubar uma moto. Ele trabalhava como motorista numa empresa de ônibus de São Paulo e foi confundido ao sair da garagem onde trabalha.

Não faltam provas de sua inocência, mas no caso de Wilson, a Justiça fechou os olhos. No momento da prisão ele tentou explicar que não era o ladrão. "Até então eu falava [para os policiais], vamos lá na garagem que vocês vão ver que eu estava trabalhando. Mas, eles nem quiseram saber".

O boletim de ocorrência registrado na delegacia mostra que o roubo da moto aconteceu às 22h15 e o relatório de entrada e saída de funcionários da empresa onde Wilson trabalha registrou a entrada dele às 6h:04 da manhã e a saída às 22:19, quatro minutos após o roubo relatado na delegacia.

As câmeras de segurança da empresa comprovam a saída de Wilson que pilotova a própria moto.

Na saída, ele passou pelos ladrões que abandonaram a moto roubada e no caminho, a 700 metros da empresa, policiais militares confundiram Wilson com os ladrões e o prenderam. Ele alegou inocência, mas mesmo assim, está a 65 dias atrás das grades.

Dois pedidos de liberdade provisória foram negados pela justiça e os juizes não quiseram se pronunciar sobre o caso de Wilson de Oliveira. (com informações do Jornal Nacional da TV Globo).

*** *** ***

Enquanto isso, assassinos confessos seguem em liberdade aguardando isso, graças àquilo, apelando para esse ou aquele recurso...

Alguma novidade nisso?

FUTEBOL ► Blogueiro quebra a cara: Duque de Caxias x Bragantino teve 193 pagantes. Parabéns, CBF e televisão!

Pois é. O pessimista blogueiro apostou em menos de 50 pagantes no jogo entre Duque de Caxias e Bragantino, realizado ontem à noite no Engenhão no absurdo horário de 21h50min. Quebrei a cara: o público acabou sendo de 193 torcedores, que proporcionaram a renda (?) de R$ 4.780,00. Um grande feito para os promotores do evento, que devem sentir-se realizados.

Ao menos valeu para o Duque de Caxias a momentânea saída da zona de rebaixamento da segunda divisão. Alguns reforços deram mais competitividade ao time. Na verdade, foram mais de 10 no recesso da competição durante a disputa da Copa do Mundo. Alguns deles interessantes, como o veterano centroavante Somália e o volante Leandro Teixeira, destaque no campeonato carioca e que não teve chances no Fluminense. Talvez isso garanta mais um ano de permanência entres os 20 que sonham em disputar a divisão principal. O que seria, sem dúvida, um grande feito para um clube pequeno obrigado a jogar sempre fora de sua cidade.

A pergunta que não quer calar é aquela feita por todo mundo dotado de alguma razão: será que não dava para o Duque de Caxias mandar em seu estádio, o Marrentão, com capacidade para 7 mil pessoas, seus jogos na segunda divisão do campeonato brasileiro? De preferência, num horário mais decente?

Com a palavra, CBF e SporTV.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

FUTEBOL ► Jogo do Duque de Caxias é marcado para 21h50min no Engenhão. É ou não é uma idiotice?

Tem coisas no futebol brasileiro que mostram claramente por que, apesar de eu achar os times e a competitividade muito maior, não pode ser levado nunca tão a sério como o europeu, por exemplo.

Hoje, terça-feira, está marcada para o Engenhão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a partida entre Duque de Caxias e Bragantino, válida pela segunda divisão do campeonato brasileiro. O Duque de Caxias, como diz o nome, NÃO é um time da cidade do Rio de janeiro. É de Duque de Caxias (dããã), na Baixada Fluminense. Clube novo, sem torcida, cujo apoio costuma ser apenas de moradores vizinhos que por ventura comecem a simpatizar pelo clube. O que não poderia ocorrer, claro, em nenhum outro lugar fora de Caxias.

Ano passado o Duque de Caxias estreou na segundo na meio por acaso e já como um time itinerante. Qual um nômade, o clube da Baixada joga em tudo que é lugar, menos na sua cidade. Até em Volta Redonda! E assim proporciona públicos constrangedores para o futebol profissional do país que mais títulos mundiais possui.

Hoje, aposto em menos de 50 pagantes. Parafraseando Nélson Rodrigues, qualquer paralelepípedo de porta de botequim apostaria também. Mas isso não parece incomodar os gênios que comandam o futebol brasileiro: a pútrida CBF e a emissora que detém os direitos de transmissão dos nossos campeonatos nacionais.

Imagino que o SporTV deva achar uma beleza exibir uma partida de futebol com aquele fundo imaculadamente azul das cadeiras do Engenhão, sem uma alma viva para quebrar o triste espetáculo monocromático. Não bastasse o fato do adversário nem em casa (Bragança Paulista) atrair torcida. Isso é espetáculo que se venda?

Só me permito imaginar coisas negativas diante de um quadro desses. Uma é que realmente a CBF e as Organizações Globo não estão nem aí para o futebol brasileiro, representado na figura dos clubes e de seus torcedores. Não gosto de usar linguagem chula ou vulgar, pois sempre acho falta de recurso linguístico e falta de respeito a quem lê, mas sinceramente: parece que eles literalmente defecam e seguem caminhando sem sequer olhar para trás.

É essa a imagem do futebol brasileiro que querem exportar para o mundo todo? Para os comentaristas da emissora que detém os direitos de transmissão, parece que sim, já que não se vê qualquer crítica à organização do campeonato e a esse horário imbecil de jogos que eles transmitem (dããã 2). Mantém aquela empáfia de quem tem algo que o outro não tem e com isso se satisfaz e sente parzer. No caso, os direitos de exibição dos jogos, o que a concorrência não tem.

Fosse a CBF uma entidade interessada em atender aos interesses de seus afiliados e as Organizações Globo menos preocupada em apenas vender, independente da qualidade do espetáculo (o que importa é grana…), evitariam uma situação constrangedora como essa.

Diz a CBF que o estádio do Duque de Caxias, o Marrentão, não tem condições de receber jogos de seus campeonatos. Mas como assim? Jogos para 500, mil pessoas? Cabem sete mil no Marrentão. Não é o suficiente? E a Vila Belmiro tem condições de sediar finais de campeonatos da CBF? Final de Copa do Brasil num alçapão ultrapassado e que não atende à demanda da partida? Só para comparar, as finais de dois torneios equivalentes à nossa Copa do Brasil, mas disputados apenas por clubes das terceira e quarta divisões inglesas, são realizadas simplesmente no majestoso e agora moderno Wembley. Aqui, joga-se na Vila Belmiro… No tempo em que o Santos era um grande clube de verdade, realizava suas partidas importantes até no Maracanã, sempre no maior palco disponível. Mas hoje isso é passado e o Santos é um desses clubes ditos grandes cheios de atitudes pequenas, como já comentei aqui em relação ao meu Fluminense. Mas isso é outra história.

A marcação de jogos de clubes de menor número de torcedores deveria, obviamente, procurar torná-los os mais atraentes possíveis. Mas claro que não há qualquer interesse nesse sentido.

A história aqui é que esse horário, por si só, já constitui uma afronta ao torcedor. Numa situação dessas, uma verdadeira imbecilidade. É um caso, no mínimo, de extrema incompetência.

O canal por assinatura Multishow exibiu há pouco tempo um reality show chamado “Escola de Idiotas”. Os responsáveis por marcar um jogo como Duque de Caxias x Bragantino para 21h50min de uma terça-feira à noite no Engenhão com certeza deveriam frequentar uma escola assim – e provavelmente seriam eternos repetentes.

É a minha opinião.