quarta-feira, 2 de junho de 2010

BRASIL ► Declaração de José Serra escancara mais uma vez preconceito contra países da América Latina

Declaração do candidato à presidência da República José Serra, do PSDB: “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice do narcotráfico.”

Todos sabemos que o PSDB e seu aliado DEM rezam pela cartilha norte-americana. Seus anos no poder atestam isso. Mesmo fora dele, muito raramente deixam de alinhavar suas opiniões àquelas emitidas pela Casa Branca. A maneira como os países da América Latina foram relegados a segundo (terceiro, sexto, nono, décimo-oitavo...) plano durante os anos FHC está registrada na História. Bom para o Brasil naquele tempo – e noutros também - era viver às boas com EUA e o FMI.

Até aí morreu o Neves. Como diria Nelson Rodrigues caso fosse um assunto relacionado ao futebol, qualquer pedaço de concreto de arquibancada sabe disso. Basta vermos a posição pesedebista e demoníaca (de DEM?) em relação a questões envolvendo China, Venezuela, Irã, Coreia do Norte, Cuba...

Mas chega a ser constrangedor quando um candidato à presidência com relevante possibilidade de eleição escancara tamanho preconceito em relação a um país vizinho em plena campanha eleitoral, o que reverbera tal sandice mundo afora. Pois não passa disso: puro preconceito, caso de discriminação mesmo, o que não chega a ser novidade, considerando que Jorge Bornhausen, um dos líderes de seu aliado DEM (demoníaco?), uma vez declarou aos quatro ventos que “vamos acabar com essa raça” – a “raça”, no caso, os cidadãos brasileiros militantes ou eleitores do Partido dos Trabalhadores. Bem, a “raça” não acabou, muito pelo contrário...

Mas a questão aqui é a seguinte:chamo de puro preconceito porque sabemos que não é uma opinião isenta, imparcial, que seria emitida independente de quem fosse o país atingido. Lembrando que os EUA constituem disparadamente o maior mercado consumidor de drogas do mundo, alguém consegue imaginar o candidato José Serra declarando algo assim?

“Você acha que os EUA iria importar 90% da cocaína produzida no mundo sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo americano é cúmplice do narcotráfico.”

Eu, não. Se o fizesse, subiria no meu conceito a ponto de dar algum valor mesmo a declarações estapafúrdias como a que gerou este post. Mas não vai rolar, não é?

MUNDO ► Ação assassina israelense põe em xeque o "dois pesos, duas medidas" da política internacional

É muito melhor distrair-se acompanhando as finais da NBA do que a podre política internacional. Mas como a decisão entre Los Angeles Lakers e Boston Celtics só começa amanhã, deu vontade de registrar coisas que andam acontecendo impossíveis de não se notar e de se ficar indiferente.

Uma delas é a violenta e assassina intervenção israelense contra o comboio político-humanitário (não vamos ser tão ingênuos...) que tentava chegar à isolada Faixa de Gaza não tem justificativa. Pode-se dizer de tudo, que era um risco que os ativistas corriam, sabiam que poderiam ser impedidos de ir adiante, que havia uma intenção política em relação a uma possível interceptação militar de Israel, que não havia ingenuidade nos barcos et cetera e tal. Mas havia novecentas e setenta e oito maneiras diferentes de fazer a abordagem ao comboio sem tirar a vida de ninguém.

Principalmente porque a intervenção ocorreu em águas internacionais, o extremismo da ação militar israelense em nada difere das assassinas ações terroristas de que é vítima. Em nada. E não é a primeira vez que Israel age assim.


Esse seria um bom momento para que as forças políticas internacionais mostrassem independência e imparcialidade em suas ações e condenações. Mas não creio que isso ocorra. Há um óbvio e mal disfarçado modelo de gestão à base do "dois pesos, duas medidas" no ventre das decisões que envolvem a ONU e seus diferentes órgãos disso e daquilo. Ou alguém acha que se fosse uma ação promovida pelo governo iraniano do controverso presidente Mahmoud Ahmadinejad a secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton pediria cautela nas investigações? Ou que o próprio Irã liderasse a investigação sobre o ataque?

Pois as declarações de Hillary Clinton são nesse sentido: cautela nas investigações e que Israel seja responsável pela investigação de sua ação assassina.

Acredite... se quiser.

terça-feira, 1 de junho de 2010

FÓRMULA INDY ► Dario Franchitti, o Escocês Voador, é bicampeão das 500 Milhas de Indianápolis

As 500 Milhas de Indianápolis são certamente um dos eventos Top 10 do esporte mundial. Provavelmente, um dos Top 3. A centenária prova, que este ano foi a sexta da temporada de Fórmula Indy, é marcada por uma grande aura de magia. A história, a velocidade, a multidão estimada em 500 mil pessoas nas arquibancadas, o perigo... Tudo respira tradição no asfalto do Indianapolis Motor Speedway.

A começar pela solene abertura, com desfile militar, banda, hinos e o mais que tradicionalíssimo ladies and gentleman, start your engines (“senhoras e senhores, liguem seus motores”). É tamanha a expectativa que a largada em si ficaria quase em segundo plano, não fosse o fato de em Indianápolis haver a possibilidade de até quatro voltas de apresentação para melhor reconhecimento da pista pelos pilotos - o que normalmente acontece e nos faz lembrar que o que realmente importa vai começar.

No meu particular Top 10 de grandes momentos que vivi acompanhando os mais diversos esportes (Fluminense à parte...), a Indy 500 está lá no topo, com a emocionante (sensacional, fantástica, incrível, espetacular e mais um monte de superlativos) vitória de Emerson Fittipaldi com uma ultrapassagem roda a roda a não sei quantas milhas por hora a duas voltas do fim. Outro dia registrarei isso com mais calma.

Domingo passado, numa corrida repleta de acidentes e bandeiras amarelas (a bandeira quadriculada foi dada sob uma delas, inclusive), Dario Franchitti, o Escocês Voador, conseguiu sua segunda vitória em Indianápolis. Na mistura de estratégia e velocidade, a brigada brasileira acabou não se dando bem, com Hélio Castroneves e Tony Kanaan (que fazia espetacular corrida de recuperação após largar na 33ª e última posição) serem obrigados a fazer um splash and go para ter combustível suficiente para completar as 200 voltas da prova quando disputavam as primeiras posições.

O mais inusitados acidentes ocorreram com Raphael Matos e Scott Dixon no mesmo pit stop, quando os carros dos dois pilotos perderam uma das rodas após a parada. Nunca vi isso. No video, o carro azul é o do brasieliro e o vernmelho, do neozelandês:


Classificação da corrida (em negrito, os pilotos brasileiros):


1) Dario Franchitti (ESC/Chip Ganassi) - 3h05min37s0131

2) Dan Wheldon (ING/Panther) - a 0s1536
3) Marco Andretti (EUA/Andretti) - a 23s5251*
4) Alex Lloyd (ING/Dale Coyne) - a 20s9876*
5) Scott Dixon (NZL/Chip Ganassi) - a 21s4922*
6) Danica Patrick (EUA/Andretti) - a 21s7560*
7) Justin Wilson (ING/Dreyer-Reinbold) - a 25s9761
8) Will Power (AUS/Penske) - a 30s2474
9) Hélio Castroneves (BRA/Penske) - a 33s0137
10) Alex Tagliani (CAN/Fazzt) – a 34s2482
11) Tony Kanaan (BRA/Andretti) - a 59s5957
12) Graham Rahal (Rahal Letterman) - a 59s9739
13) Mario Romancini (BRA/Conquest) - a 1min05s0219*
14) Simona de Silvestro (SUI/HVM) - a 1min01s6745*
15) Tomas Scheckter (AFS/Dreyer & Reinbold) a 1 volta
16) Townsend Bell (EUA/Schmidt Ganassi )- a 1 volta
17) Ed Carpenter (EUA/Panther)- a 1 volta
18) Ryan Hunter-Reay (EUA/Andretti) - a 2 voltas
19) Mike Conway (ING/ Dreyer & Reinbold) - a 2 voltas
20) Takuma Sato (JAP/KV) - a 2 voltas
21) Ana Beatriz, a Bia Figueiredo (BRA/Dreyer & Reinbold) - a 4 voltas
22) Bertrand Baguette (BEL/Conquest) - a 17 voltas

* os pilotos marcados com asteriscos tiveram suas posições alteradas pelos comissários da prova.

Não completaram:


23) Sebastian Saavedra (COL/Bryan Herta) – 159 voltas

24) Ryan Briscoe (AUS/Penske) – 147 voltas
25) E.J. Viso (VEN/KV)Jay Howard (ING/Sarah Fisher) – 139 voltas
26) Sarah Fisher (EUA/Sarah Fisher) – 125 voltas
27) Vitor Meira (BRA/AJ Foyt) – 105 voltas
28) Hideki Mutoh (JAP/Newman-Haas) – 76 voltas
29) Raphael Matos (BRA/Luczo Dragon) – 72 voltas
30) John Andretti (EUA/Petty-Andretti) – 62 voltas
31) Mario Moraes (BRA/KV) – 17 voltas
32) Bruno Junqueira (BRA/Fazzt) – 7 voltas
33) Davey Hamilton (EUA/de Ferran Dragon Racing) – nenhuma volta completada

Link para a classificação completa do campeonato na página oficial da Fórmula Indy:
http://www.indycar.com/schedule/standings/.

Além da pontuação pela ordem de chegada ao encerramento de uma corrida, cada piloto da Fórmula Indy que liderar o maior número de voltas em cada prova receberá um bônus de 2 pontos, somados à pontuação normal. Além disso, há um ponto extra para quem conquistar a pole-position. Com isso, é possível que um piloto some 53 pontos em uma corrida.  
(Fonte:http://www.band.com.br/esporte/formula-indy/classificacao.asp)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

FÓRMULA 1 ► Lewis Hamilton vence o chato Grande Prêmio da Turquia de Fórmula 1

Há quem tenha gostado do Grande Prêmio da Turquia de Fórmula 1. Talvez por questões técnicas que um simples torcedor como eu não considera relevante na hora de avaliar se uma corrida foi legal ou não. Eu simplesmente achei uma corrida chatíssima, cujas únicas emoções ficaram nas tentativas frustradas de ultrapassagem entre companheiros de equipe. No caso, Sebastian Vettel sobre Mark Webber, da RBR, e Jason Button sobre Lewis Hamilton, da McLaren.

O resultado foi desastroso para a RBR. Seus pilotos lideravam a prova e uma manobra afoita de Vettel tirou os dois carros da pista, o de Vettel para não mais voltar. Vettel saiu fazendo gestos de que Webber era maluco, mas o australiano estava completamente inocente na história.

As McLaren herdaram as primeiras posições, Hamilton à frente. Button ainda tentou ultrapassá-lo. Até conseguiu, mas levou o troco na sequência e o juízo os fez acomodarem-se onde estavam.

Chamam certas corridas de procissão, romaria... Mas, para mim, corridas em circuitos como esse de Istambul são como ficar brincando de trenzinho: é legal ficar olhando o trenzinho pra lá, o trenzinho pra cá, mas sempre com a certeza de que nenhum vagão vai jamais ultrapassar o outro, salvo em caso de acidente. Como tem acontecido nesses circuitos bizarramente desenhados na Fórmula 1, onde é virtualmente impossível um carro minimamente competitivo ser ultrapassado, salvo bobagem do piloto ou acidente.

Por isso não culpo Vettel pela batida. Qualquer tentativa de ultrapassagem ali só pode ser feita assim, roda a roda, dando um chega pra lá e rezando para conseguir segurar o carro na pista. Deve ser estressante andar mais rápido que o carro da frente e saber que não vai encontrar nenhum ponto de ultrapassagem sem imenso risco de acidente. Qual é a graça disso, para quem corre e para quem assiste?

Para os brasileiros, o mais relevante foi Lucas di Grassi conseguir levar sua carroça, digo, seu carro até o final. E para Felipe massa fica o consolo de ter chegado uma posição à frente de Fernando Alonso. Mas o polonês Robert Kubica, destaque da temporada, mais uma vez superou o brasileiro da Ferrari e já o alcançou na classificação geral do cam, campeonato.


Colocação final do GP da Turquia:

1. Lewis Hamilton (ING/McLaren), 1h28m47s620

2. Jenson Button (ING/McLaren), a 2s645
3. Mark Webber (AUS/Red Bull), a 24s285
4. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 31s110
5. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 32s266
6. Robert Kubica (POL/Renault), a 32s824
7. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 36s635
8. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 46s544
9. Adrian Sutil (ALE/Force Índia), a 49s029
10. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber), a 1m05s650
11. Pedro de la Rosa (ESP/Sauber), a 1m05s944
12. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), a 1m07s800
13. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force Índia), a 1 volta
14. Rubens Barrichello (BRA/Williams), a 1 volta
15. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 1 volta
16. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 1 volta
17. Nico Hulkenberg (ALE/Williams), a 1 volta
18. Timo Glock (ALE/Virgin), a 2 voltas
19. Lucas di Grassi (BRA/Virgin), a 3 voltas

Não chegaram:

20. Karun Chandhok (Karun Chandhok (IND/Hispania) - a 6 voltas do fim

21. Bruno Senna (BRA/HRT) – a 8 voltas do fim
22. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) – a 19 voltas do fim
23. Heikki Kovalainen (FIN/ Lotus) – a 25 voltas do fim
24. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth) – a 26 voltas do fim


Classificação do Mundial de Pilotos após sete provas:

1º) Mark Webber - 93

2º) Jenson Button - 88
3º) Lewis Hamilton - 84
4º) Fernando Alonso - 79
5º) Sebastian Vettel - 78
6º) Felipe Massa - 67
7º) Robert Kubica - 67
8º) Nico Rosberg - 66
9º) Michael Schumacher - 34
10º) Adrian Sutil - 22
11º) Vitantonio Liuzzi - 10
12º) Rubens Barrichello - 7
13º) Vitaly Petrov - 6
14º) Jaime Alguersuari - 3
15º) Nico Hulkenberg – 1
16ª) Sebastien Buemi – 1
17ª) Kamui Kobayashi - 1

NBA ► Kobe Bryant brilha, Los Angeles Lakers fecha a série contra o Phoenix Suns e faz final dos sonhos contra Boston Celtics

Los Angeles Lakers 111 x 103 Phoenix Suns
Final Conferência Oeste
(4 x 2)

Assim que acabou o jogo em que o Los Angeles Lakers derrotou o Phoenix Suns no Arizona, garantindo o título da Conferência Oeste e vaga na final que toda a mídia e a NBA sonham contra o Boston Celtics, não resisti a comentar via e-mail com meu amigo Fábio Balassiano, o do blog Bala na Cesta: “Não sei como ainda me assusto com as cestas absurdas que o Kobe consegue arrumar marcado daquele jeito em momentos absolutamente críticos.” E o verbo é esse mesmo: assustar. Como diversos adversários lamentam depois, não dá para marcar mais que isso.

Pois é. Pelo prólogo aí em cima, fica claro que Kobe Bryant foi, mais uma vez, o cara. Li diversas análises sobre a partida e a série inteira e a conclusão geral é que Kobe fez a diferença em um confronto de estilos bem diferentes e que mostrou-se bem equilibrado.

Neste jogo 6, o Lakers fazia uma grande partida. Com certeza a melhor da série. Pelas circunstâncias, talvez a melhor de todos os playoffs. Apesar de toda a garra, velocidade, bolas de 3, liderança de Steve Nash, rotação de jogadores e torcida, o Phoenix Suns não conseguia encostar no placar. Até que, no início do último quarto, Sasha Vujacic, dando sequência a um estranho duelo particular com o compatriota Goran Dragic (sei não, parece até briga por causa de mulher), resolveu apimentar a partida respondendo a uma provocação do armador do Suns com uma cotovelada tão discreta quanto a cabeçada de Zidane em Materazzi na final da Copa do Mundo de 2006.

Resultado: como o Suns tinha acabado de marcar dois pontos, conseguiu um ataque de seis, graças a dois lances livres na cobrança da falta técnica e mais dois com a posse de bola que ainda ganhou - esses quatro últimos convertidos por Dragic. Assim, uma confortável diferença de 17 pontos caiu para 11 e a parada por causa da confusão incendiou o ginásio bem na hora em que estava em quadra toda aquela impressionante força B de Phoenix: além do iugoslavo, Leandrinho, Channing Frye e Jared Dudley.

E lá veio o Suns em mais uma tentativa de reação espetacular. Era o Suns correndo, diminuindo, chegando... e Kobe segurando, com ajuda daquelas bolas pontuais de Derek Fisher e de grandes rebotes conseguidos por Lamar Odom nas duas tábuas. Até Steve Nash diminuir para apenas três pontos a diferença, a 2’18” do fim. Aí Kobe pegou a bola e acabou com o jogo, marcando mais nove pontos, com duas cestas de quadra praticamente impossíveis de ser convertidas por um ser humano normal, a primeira sobre uma aparentemente perfeita dupla marcação de Grant Hill e Jared Dudley e a segunda, faltando 35 segundos e que finalizou o Suns, sobre uma marcação tão feroz de Hill que Alvin Gentry, ao lado de Kobe na jogada, não resistiu e gritou para seu jogador, tentando não só incentivá-lo como talvez até desestabilizar o astro de Los Angeles: “Grande defesa, Hill!”. Bem, Kobe encestou e ainda deu um tapinha no ótimo treinador adversário: “Ainda não o suficiente.” Não restou a Gentry outra a coisa a fazer senão abrir um grande e conformado sorriso, numa das cenas mais legais de toda a temporada.

Kobe terminou anotando 37 pontos e seis rebotes. Foi a décima vez nas últimas 11 partidas que ele marcou mais de 30 pontos – sendo que a exceção ficou para uma noite em que ele arremessou menos e bateu seu recorde de assistências em playoffs, 13. Ele igualou-se a Kareem Abdul-Jabbar como o segundo jogador a mais vezes pontuar acima de 30 pontos em playoffs (atrás apenas de Michael Jordan) e já é o jogador que mais vezes pontuou acima dessa marca em partidas em que seu time teve a chance de fechar uma série fora de casa em toda a história da NBA.

Antes do Kobetime, o Lakers contara com uma ótima presença de Ron Artest, que marcara surpreendentes 24 de seus 25 pontos nos três primeiros quartos, destroçando a tática adversária de optar por deixá-lo livre para os arremessos e focar a marcação em seus companheiros. Andrew Bynum também foi muito bem. Seu joelho desta vez o permitiu jogar 20 minutos de importante presença no garrafão, marcando 10 pontos e pegando seis rebotes. Apesar da grande partida, o Lakers não contou desta vez com muita ajuda de Pau Gasol (apenas nove pontos e sete rebotes) e Odom não estava chutando bem (acertou apenas três em 12 arremessos).

No Phoenix Suns, vale um grande parabéns ao time todo, que jamais desistiu de lutar. Não por acaso, um time comandando por um incrivelmente determinado Steve Nash, que teve mais uma grande atuação (21 pts, 5 reb, 9 ast). Stoudemire lutou muito, mas não estava numa noite muito feliz: apesar de seus 27 pontos (muitos em lances livres, o que mostra sua determinação em atacar a cesta), acertou apenas sete em 20 arremessos de quadra. Grant Hill abdicou do jogo ofensivo para dedicar-se à inglória tarefa de parar Kobe numa daquelas noites imparáveis. E fez o que pôde. Pouco se pode fazer a mais do que o veterano ala fez. Depois de um início de série horrível, Channing Frye despediu-se com mais uma boa atuação, marcando 12 pontos e pegando 13 rebotes. Quem decepcionou mesmo no adeus do valente time do Arizona foi o pivô Robin Lopez, que vinha bem, mas no sábado esteve apagadíssimo, conseguindo apenas um rebote e zerando em pontos.

Mais alguns números: Steve Nash tornou-se o jogador com maior presença em playoffs a nunca disputar uma final da NBA, uma pena; contando com a temporada passada, foi a sexta série consecutiva que o Lakers fechou fora de casa.

E o ponto final da série: entrevistado logo após a partida pelo repórter da TNT, Kobe respondeu o que faria com Vujacic se o time perdesse após a lambança do iugoslavo: "Ia matá-lo." "E agora?", insistiu o repórter. "Ainda vou matá-lo.", finalizou Kobe. Impagável - e revelador da disposição de Kobe e do Lakers nestes playoffs.

Agora Los Angeles Lakers e Boston Celtics fazem a final dos sonhos da NBA, para alegria de toda a cabeça da liga e de toda a mídia norte-americana e, porque não dizer, mundial. O Lakers conseguiu vingar-se este ano do Phoenix Suns. Kobe e Lamar jamais esqueceram as derrotas nos playoffs de 2006 e 2007, ambas na primeira rodada. Assim como, ao lado de Fisher, também não esqueceram a humilhante derrota na final de 2008 contra o Celtics, que fechou a série com uma vitória por 39 pontos de diferença no jogo 6. Além de Kobe e Odom, Gasol e Fisher também estavam lá. Bem, para muita gente, Gasol não estava. Bynum estava machucado, assim como Trevor Ariza, hoje no Houston Rockets. Agora o Lakers tem Bynum com um joelho só, o que já ajuda a fazer volume no garrafão. Tem Artest em lugar de Vladimir Radmanovic, o que é uma mudança da água para o vinho. Tem um Gasol muito mais maduro e confiante. Enquanto isso, o Celtics tem exatamente a mesma base e em função dela chega a mais uma final. E dependerá muito da resistência física de seu veterano trio Kevin Garnett-Paul Pierce-Ray Allen, pois sozinho Rajan Rondo não poderá vencer a série.

Vale lembrar que, após a partida final em 2008, em Boston, reza a lenda que Ron Artest teria ido ao vestiário do Lakers após o jogo falar com Kobe Bryant: "Você precisa de ajuda. Eu posso ajudá-lo." Artest queria ser campeão,  sempre admirou a competitividade de Kobe (as cotoveladas trocadas entre os dois seriam prova disso!) e sabia que Kobe precisava de ajuda para voltar a ser campeão, ao menos sobre o Celtics. Bem, Kobe conseguiu um novo anel já na temporada seguinte, mas o Celtics continuou entalado na garganta angelina. Duas temporadas depois, chegou o momento para o qual Artest se dispôs a ajudar Kobe.

Enfim, uma final em que muitos não arriscam prognósticos, mas eu arrisco (não vale dinheiro mesmo, então não tem problema errar...): se o Lakers mantiver o mando de quadra nas duas primeiras partidas, leva a série e conquista o campeonato. Acho fundamental para o Celtics roubar uma vitória em Los Angeles. Sem mando de quadra, Garnett tem se mostrado determinado a não decidir nenhuma série em um jogo 7 na quadra adversária. Ele parece entender que há limites para seu time. Principalmente, limites físicos, que podem ser negativamente determinantes numa série decidida assim.