sexta-feira, 9 de julho de 2010

BRASIL ► Militar novamente condenado por crime contra a humanidade… na Argentina

Deu na internet.
Reprodução do site Vermelho :

AMÉRICA LATINA
9 DE JULHO DE 2010 - 10H22
Argentina: Ex-militares vão cumprir prisão perpétua em cela comum

O ex-general argentino Luciano Benjamín Menéndez foi condenado nesta quinta-feira (8) a prisão perpétua por crimes de violação de direitos humanos cometidos durante a última ditadura militar (1976-1983) da Argentina. Esta é a quarta pena de Menéndez, de 85 anos, que deve cumprir em penitenciária comum. Outro repressor sentenciado no mesmo dia foi o ex-chefe de polícia Roberto Albornoz, que teve a prisão domiciliar revogada e foi condenado à mesma pena.

Os dois são considerados culpados pela morte de cerca de 20 pessoas, torturas e a privação ilegal da liberdade, além de violações de domicílios. O processo incluía também o ex-governador da província de Tucumán Antonio Bussi, que foi excluído do julgamento por razões de saúde, além dos ex-militares e Mario Zimmerman e Alberto Cattáneo, que morreram quando as audiências, iniciadas em 16 de fevereiro, estavam em andamento.

Além do processo pelos crimes cometidos em Tucumán, Menéndez, o ex-presidente Jorge Rafael Videla e outros 29 militares, estão sendo julgados em Córdoba pelo fuzilamento, em 1976, de 31 presos em uma prisão clandestina.

No total, 779 pessoas, entre militares e civis, acusadas por crimes contra a humanidade estão nas mãos da Justiça atualmente, segundo dados divulgados ontem por uma entidade ligada à Procuradoria-Geral da Nação (ministério público argentino).

Destas, 123 já foram julgadas, das quais 110 foram condenadas e 13 absolvidas. Ainda de acordo com a procuradoria, são 656 os processados, dos quais 325 estão próximos de ser julgados; e 464 do total estão presos , 55% em presídios locais, 39% sob prisão domiciliar, 4% em unidades das forças de segurança e o restante em hospitais ou no exterior.

Idas e vindas

Os julgamentos relacionados à ditadura foram cancelados em 1987 pelas leis de Ponto Final e Obediência Devida durante o governo do presidente Raúl Alfonsín. Em 2005, no mandato do então presidente Néstor Kirchner (2003-2007), as medidas de anistia foram anuladas, permitindo a reabertura dos processos.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que, no Chile, as penas contra chefes da polícia secreta de Augusto Pinochet, a Dina, foram atenuadas. Manuel Contreras, entre outros acusados, foi condenado anteriormente à prisão perpétua pelos assassinatos do general Carlos Prats e de sua esposa, Sofía. Hoje, a Suprema Corte do país diminuiu essa condenação a 17 anos de prisão.

Fonte: Opera Mundi
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Enquanto isso, por aqui... tudo como dantes no quartel de Abrantes.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Espanha se impõe, bate Alemanha e faz final inédita com a Holanda

A Espanha derrotou a Alemanha por 1 x 0 em Durban e vai disputar no próximo domingo sua primeira final de Copa do Mundo. Copa do Mundo que, em sua primeira disputa no continente africano, terá um campeão inédito. Tanto Espanha quanto Holanda jamais levantaram o troféu máximo do futebol mundial.

O jogo de hoje foi um caso de teimosia. Ambas as equipes insistiram em seu estilo, fincando pé, na base do "daqui não saio, daqui ninguém me tira", até o ponto em uma subjugasse a o outra. Ou que um gol saísse e abrisse a partida. No primeiro tempo, o jogo de xadrez praticamente empacou, mas, no segundo, a Espanha conseguiu colocar a Alemanha em xeque, deixar o adversário sem respostas ofensivas, até chegar ao mate, que foi o improvável gol de cabeça de Puyol, totalmente fora do script, surgido após uma cobrança de escanteio.

Desde o início a Espanha tentou impor seu ritmo, tocando, tocando, fazendo a bola girar, em busca de brechas na defesa alemã. Mas essas brechas não apareciam. As chances espanholas vinham sempre de chutes de fora da área. A única exceção ocorreu logo aos 5', quando Pedro enfiou para David Villa por trás da zaga, mas Neuer saiu muito bem e fez a defesa nos pés do atacante. Mas, em geral, faltava objetividade aos espanhóis.

Uma coisa que reparei retrata bem a fixação das equipes aos seus padrões normais de jogo. Nem em escanteios a Espanha era objetiva, preferindo sempre o toque curto à cobrança direta na área (que foi, aliás, como surgiu o gol, numa cobrança direta). Quase nunca essa jogada resultava em algo. A exceção foi aos 13', quando Xavi cobrou curto, recebeu de volta e centrou forte, para Puyol entrar mergulhando e cabecear por cima. Já a Alemanha, até lateral tentava jogar na área adversária, procurando ser o mais objetiva possível.

O problema é que cada time enfrentava seus próprios problemas. A Espanha carecia de uma melhor atuação de Iniesta, que errava muitos passes. Lógico que, como a bola passa muito pelos pés do bom meia, ele fica mais sujeito a erros, mas hoje ele estava produzindo bem abaixo do que o normal. E de seus passes mais incisivos surgem as melhores jogadas do time. Além disso, o treinador Vicente Del Bosque optou por Pedro em lugar de Fernando Torres. Isso fez David Villa ficar muito preso entre os zagueiros, perdendo sua boa jogada pelo lado esquerdo, que funcionou tão bem durante todo o Mundial. E ficar preso entre uma zaga formada por Friedrich e Mertesacker não é algo muito animador. Por isso, o toca-toca pouco levava a algum lugar.

Já a Alemanha tinha mais problemas. O mais óbvio, a ausência de Thomas Muller, suspenso por um injusto cartão amarelo recebido na goleada sobre a Argentina. Sem ele, entrou Trochowski. A dificuldade maior nem era o lado técnico, mas o posicionamento. Trochowski ficou sempre muito estático na direita e sem um décimo da excelente movimentação e visão de jogo de Muller. Isso sobrecarregou muito Oezil, que de assessor de Muller na criação de ações ofensivas passou a principal agente, sem um assessor ao lado. Para piorar, muito fixo na esquerda, Podolski estava mal e mal ficou até o fim. E a cereja podre do bolo foi a má atuação de Schweinsteiger, um dos melhores nomes do Mundial. Assim como Iniesta, Schweinsteiger esteve muito abaixo de seus padrões, mas bota abaixo nisso.

Assim foi todo o primeiro tempo. A Espanha tocava e não abria a defesa adversária. E a Alemanha desperdiçava suas poucas - mas boas - chances de contra-atacar com perigo devido a erros de passe ou de movimentação. Só ameaçou mesmo aos 31', quando Casillas defendeu no cantinho esquerdo um forte chute de Trochowski de fora da área.

No segundo tempo, a Espanha voltou em uma velocidade de rotação um pouco maior, tentando ser mais objetiva. Tanto que em 10 minutos Pedro, Xabi Alonso e David Villa já haviam finalizado bem de fora da área. Aos 12', o sinal de alerta acendia de vez para a Alemanha. Pedro chutou forte, Neuer rebateu. Na sequência, Xavi entrou pela esquerda e chutou cruzado, com a bola passando pela pequena área quase aos pés de David Villa. A bola foi para a direita e de lá a Pedro, que finalizou mais uma vez assustando Neuer.

Nesse momento, aprecia que o estilo alemão estava sendo subjugado pelo espanhol e que o gol seria uma sequência natural das ações. Tanto que aos 16' o treinador Joachim Low tirou Trochowski e colocou Kroos em seu lugar, tentando encontrar uma válvula de escape. E quase deu certo, porque Kroos acabou tendo a bola do jogo. Oezil conseguiu armar uma jogada pela esquerda e enfiou para Podolski, que, dentro da área, levantou para Kroos desperdiçar livre, a cara a cara com Casillas, que fez a defesa, na melhor oportunidade de toda a partida até aquele momento. Isso foi aos 23'. Aos 27', o golpe fatal. Numa rara cobrança de escanteio direto para a área, Puyol avançou sem marcação desde a entrada da área para cabecear forte para a rede: 1 x 0. Uma falha inusitada dos alemães, que se esqueceram de acompanhar o zagueiro.

Daí para frente, a Alemanha foi só desespero e pouco conseguiu. O limitado centroavante Mario Gomez entrou no lugar de Khedira, alteração que só serviu para bagunçar e abrir de vez o time. Del Bosque colocou Fernando Torres no lugar de David Villa para tentar aproveitar o contra-ataque, mas deve ter se arrependido de não ter tirado Pedro. O jovem atacante desperdiçou uma oportunidade que poderia ter custado caro ao time, aos 36'. Recebendo sozinho, Pedro avançou contra um zagueiro tendo torres livre, livre ao seu lado. Tentou driblar e perdeu. Ficou tão sem graça que acabou substituído logo depois. Poderia ter custado caro principalmente se o juiz húngaro Viktor Kassai marcasse a falta que Schweinsteiger sofreu na meia-lua aos 39'. Mas não rolou e a Espanha conseguiu uma justa vitória.

Puyol fez o gol da vitória histórica e não poderia deixar de ser destaque espanhol. Xabi Alonso viu que o toque-toque puro e simples não resolveria e foi o primeiro a tentar insistir com finalizações de fora da área. Xavi foi bem melhor que Iniesta na armação. E Casillas apareceu muito bem quando foi exigido. Na Alemanha. A dupla de zaga, Friedrich e Mertesacker, sob pressão quase o tempo inteiro, jogou muito bem. Assim com Neuer. Oezil procurou mais o jogo na fase final, mas não teve muita ajuda. E Klose não recebeu qualquer bola em condição de finalizar.

Foi o confronto de um estilo de jogo sobre outro. Venceu o espanhol.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 62: Alemanha 0 x 1 Espanha.

terça-feira, 6 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Em jogo difícil, Holanda derrota Uruguai com justiça e está na final do Mundial

A Holanda derrotou o Uruguai por 3 x 2 na Cidade do Cabo e chega pela terceira vez a uma final de Copa do Mundo. Agora, ao contrário de 1974 e 1978, ao menos não enfrentará a seleção do país anfitrião.

Apesar de toda a garra, coração, sangue, correria, gana, suor e lágrimas, essas qualidades todas inatas a qualquer equipe que represente a Celeste Olímpica, quem teve vontade de vencer foi a Holanda. A diferença eu ressalto no parágrafo seguinte.

Intervalo de jogo. Placar apontando 1 x 1. O treinador holandês Bert Van Marwuk substitui o volante De Zeeuw pelo meia ofensivo Van Der Vaart. Fica na prática com uma espécie de 4-1-2-3: a linha de quatro defensores, Van Bommel como volante, Sneijder e Deer Vaart na meia, Robben e Kuyt abertos nas extremas e Van Persie enfiado no comando do ataque. Já o técnico uruguaio Oscar Tabárez, aos 30 minutos do segundo tempo, com o placar desfavorável de 1 x 3, tira o meia Álvaro Pereira, que dava uma certa opção ofensiva pela esquerda, e coloca em campo o centroavante Loco Abreu. Não era hora de tirar um Pérez ou um Arévalo da vida e colocar o time todo à frente, não?

Essa diferença, para mim, exemplifica o mérito da Holanda, que mesmo após o segundo gol seguiu na mesma toada e acabou achando o terceiro, como poderia ter achado o quarto, o quinto... Só que, aos 46', quem acabou achando um gol foi o Uruguai, que já estava tão entregue que até Forlan já havia saído. E graças a injustificáveis 5 minutos de acréscimo, ainda pôde jogar algumas bolas na área de Stekelenburg, carregando de emoção o final da partida.

Assisti ao jogo - aliás, como a todos os outros em casa - na ESPN Brasil. Aos 27' do segundo tempo, o comentarista Paulo Vinícius Coelho disse que era a pior atuação holandesa na Copa. Pode ser. Mas, primeiro, deve-se ressalvar que semifinal é semifinal, não é hora propriamente de se preocupar em jogar bonito. Joga-se como é possível para vencer. E, ademais, havia do outro lado um Uruguai em seu melhor papel: o de azarão que entra para se defender. Por isso, mesmo apostando na Holanda, não imaginei que pudesse ser fácil. E "a pior atuação" da Holanda ainda assim foi suficiente para que ela vencesse sua sexta partida no Mundial, mantendo um incrível aproveitamento de 100% desde as Eliminatórias.

O pecado uruguaio foi sempre o contraponto ao seu vigor defensivo: muita coragem para defender, mas parecendo sempre pisar em ovos ao sair para o ataque. Hoje, a ausência de Luís Suárez, suspenso, facilitou a filosofia de Tabárez: ele empurrou Cavani para a frente, ao lado de Diego Forlán, e ficou com menos um homem para ameaçar a meta adversária.

O início da partida foi como o figurino indicava. A Holanda com mais iniciativa e o Uruguai tentando tirar espaços. Logo aos 3', Kuyt desperdiçou uma boa chance, ao chutar por cima uma bola que caiu em seus pés após Muslera cortar mal um centro da direita. Mas não estava fácil surgir oportunidades claras de gol. Gol que acabou saindo, para a Holanda, em grande estilo. O relógio marcava 18', quando o veterano Van Bronckhorst, do alto de seus mais de 100 jogos com a camisa laranja, acertou um lindo chute lá da intermediária esquerda, com a bola cravando o ângulo superior esquerdo de Muslera, que nada podia fazer. Foi um gol sem qualquer participação da Jabulani, pura técnica no momento de bater.

Parecia que a partida ficaria ao sabor holandês, mas os comandados de Van Marwijk deram uma desligada a partir dos 20', 25', se deixando enredar pela marcação uruguaia e se estressando com os adversários. Como aos 27', quando Cáceres tentou uma absurda bicicleta e acertou com extrema violência a cara de De Zeeuw. Cáceres recebeu o amarelo, que ficou barato. "Ah, mas ele não teve a intenção..." Não teve a intenção e tenta um lance daquele com um jogador em cima... Foi violentíssimo. É como não ter a intenção de matar e sair com um carro a 150km/h.

Um dos maus sintomas da queda de rendimento holandês era o excessivo número de bolas recuadas para o goleiro chutar. Não é o padrão do time. E não era um bom sinal. Aos 34', a melhor chance do Uruguai, quando a Holanda errou uma saída para o contra-ataque e deixou uma avenida para Cavani avançar área adentro pela direita e se atrapalhar na jogada. Mas, com o jogo equilibrado, a seleção uruguaia chegou ao empate aos 40', através de uma cobrança de falta na meia esquerda. Fórlan cobrou por cima da barreira e a bola jabulaniou à frente de Stekelenburg (que falhou, foi em cima dele) e morreu no fundo da rede.

No segundo tempo, o panorama voltou a ser o do início da partida. A Holanda buscava o ataque, mas errava muitos passes, favorecendo a marcação uruguaia. Assim o Uruguai conseguia manter-se mais tempo com a bola nos pés. Só que esse não é exatamente o forte do time, que optava sempre pelo toque mais para os lados, para manter o adversário sob controle, do que pela jogada em profundidade em busca do gol. Provavelmente, a intenção celeste era achar outra bola parada ou um contra-ataque para marcar. E quase consegue em mais uma daquelas recuadas para Stekelenburg dar o chutão. Boulahrouz tocou curto, Cavani chegou antes do goleiro e a bola sobrou para Àlvaro Pereira tocar por cobertura para o gol, onde Van Bronckhorst estava bem colocado para salvar.

Mas a tendência era sempre a Holanda rondar mais a área adversária do que o contrário. Só em uma nova cobrança de falta o Uruguai ameaçaria, com Forlán chutando no canto esquerdo baixo para Stekelenburg defender. Mas era Muslera quem trabalhava mais e tinha mais motivos para se preocupar. Aos 23', Van Persie se desenroscou de três adversários na esquerda da grande área e tocou para Der Vaart, que chutou cruzado para ótima defesa do goleiro uruguaio. A bola sobrou para Robben, que, com o pé errado, o direito, jogou por cima.

Aos 28', a Holanda chegaria ao segundo gol. Robben recebeu na direita, cortou para o meio e a bola acabou chegando em Sneijder no lado esquerdo da área. O meia chutou cruzado, no cantinho esquerdo de Muslera, que foi atrapalhado por Van Persie (um pé à frente) e Victorino.

Saindo para o ataque, como esperado, o Uruguai abriu e aos 28' levou o terceiro. Kuyt recebeu bem aberto na ponta esquerda, colocou na perna direita e centrou para Robben cabecear muito bem, quase da marca do pênalti, para o chão, no canto direito de Muslera, que só pôde olhar. Daí para frente, a Holanda desperdiçou algumas boas chances de golear, a melhor delas com Robben, que ficou sozinho com Muslera após contra-ataque iniciado por Sneijder que passou pelo calcanhar de Van Persie, mas o goleiro defendeu.

Até que, aos 46', o Uruguai achou aquele segundo gol. Maxi Pereira recebeu na entrada da área após cobrança rápida de falta na intermediária e colocou no canto direito de Stekelenburg. Daí foi aquela pressão apaixonada e desesperada uruguaia até o juiz Ravshan Irmatov (Uzbequistão) decidir fazer soar o apito final.

Muslera foi bem na meta uruguaia, com boas defesas. Novamente Forlán foi o melhor homem da linha e fico imaginando se esse time não poderia ser mais audacioso. Gostei de Álvaro Pereira, inclusive de sua tentativa de marcar chutando do meio do campo. Acho que, ao longo da competição, Álvaro Pereira poderia ter jogado mais adiantado pela esquerda, dando mais opções para os avançados Forlán e Suárez e aliviando o trabalho solitário de Cavani na alimentação ao ataque. Acho que para um país com bons jogadores e muita tradição como o Uruguai, garra, coração, amor à camisa, etc... é pouco. Muito pouco. O Uruguai não é a Nova Zelândia, a Suíça, a Austrália, a Coreia do Norte... Pode e precisa ambicionar mais em campo. Que este bom Mundial sirva como resgate da autoestima para sair em busca de voos mais ambiciosos - começando pela maneira de jogar.

Na Holanda, bem mesmo, poucos. O time valeu-se mais de seu forte conjunto e da melhor técnica de seus jogadores. Além, claro, da intenção de vencer. Na verdade, não jogar bem e ainda assim vencer é prova de força. Sneijder errou muito, mas o pouco que acertou foi decisivo, assim como Robben, que, mesmo não brilhando, infernizou a vida de Cáceres. Mais regular durante os 90 minutos acabou sendo o capitão Van Bronckhorst.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 61: Uruguai 2 x 3 Holanda.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

FÓRMULA INDY ► Australiano Will Power vence o GP de Watkins Glen com dobradinha da Penske

Acho Watkins Glen um autódromo muito legal, que fez parte do circo da Fórmula 1 durante as décadas de 1970 e 1980. Foi lá que Emerson Fittipaldi venceu sua primeira corrida, em 1970, garantindo o título de Jochen Rindt, que morrera três provas antes. Curiosamente, também foi lá que Emerson se despediu das pistas, em 1980. O circuito estava de fora até da Fórmula Indy, que o reintegrou ao calendário em 2005.

Ontem só pude acompanhar as últimas 15 voltas, tempo suficiente para ver Dario Franchitti partir para cima de Ryan Briscoe na disputa do segundo lugar, fazer a ultrapassagem, mas não conseguir segurar a vantagem. Assim Ryan Briscoe recuperou a segunda a posição e garantiu a dobradinha para a equipe Penske, com a vitória do australiano William Power após 60 voltas e 1h40min27s4391 de corrida.

Os brasileiros Raphael Matos e Mário Moraes foram bem e chegaram logo atrás dos homens do pódio, em 4º e 5º lugar, respectivamente.

Abaixo, um vídeo da prova, distribuído pela Indy Car através do YouTube:


A classificação da corrida (em negrito, os pilotos brasileiros):

1º) Will Power (AUS/Penske) - 60 voltas - 1h40min27s4391
2º) Ryan Briscoe (AUS/Penske) - a 1s2181
3º) Dario Franchitti (ESC/Chip Ganassi) - a 2s6754
4º) Raphael Matos (BRA/Luczo Dragon) - a 8s0208
5º) Mário Moraes (BRA/KV) - a 9s229

6º) Dan Wheldon (ING/Panther) - a 9s523
7º) Ryan Hunter-Reay (EUA/Andretti) - a 10s5003
8º) Scott Dixon (NZL/Chip Ganassi)- a 12s0546
9º) Hélio Castroneves (BRA/Penske) - a 12s9834
10º) Justin Wilson (ING/Dreyer-Reinbold)– a 13s5635
11º) E.J. Viso (VEN/KV) - a 18s7591
12º) Hideki Mutoh (JAP/Newman-Haas) - a 20s2279
13º) Marco Andretti (EUA/Andretti) - a a26s6965
14º) Paul Tracy (CAN/ Dreyer & Reinbold) - a 27s7310
15º) Takuma Sato (JAP/KV) - a 28s8774
16º) Adam Carroll (IRN/Andretti Autosport) 17) - a 29s3624
18º) Bertrand Baguette (BEL/Conquest) - a 36s5350
19º) Vitor Meira (BRA/AJ Foyt) - a 36s9869
20º) Danica Patrick (EUA/Andretti) - a 38s2675
21º) Tony Kanaan (BRA/Andretti) - a 38s6700
22º) Mario Romancini (BRA/Conquest) - 59 voltas

23º) Milka Duno (VEN/Dale Coyne Racing) - 57 voltas

Não completaram:

24º) Simona de Silvestro (SUI/HVM) – 38 voltas
25º) Alex Lloyd (ING/Dale Coyne) – 22 voltas

Link para a classificação completa do campeonato na página oficial da Fórmula Indy: http://www.indycar.com/schedule/standings/.

Além da pontuação pela ordem de chegada ao encerramento de uma corrida, cada piloto da Fórmula Indy que liderar o maior número de voltas em cada prova receberá um bônus de 2 pontos, somados à pontuação normal. Além disso, há um ponto extra para quem conquistar a pole-position. Com isso, é possível que um piloto some 53 pontos em uma corrida.
(Fonte: http://www.band.com.br/esporte/formula-indy/classificacao.asp)

domingo, 4 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Espanha supera Paraguai em jogo de muito coração e pouca arbitragem

O guatemalteco Carlos Batres é uma tragédia anunciada com o apito na boca. O primeiro jogo que apitou nesta Copa foi aquele show de horrores protagonizado por Argélia e Eslovênia. E ali eu registrei: "A arbitragem poderia ser uma ameaça ao jogo, se o jogo tivesse qualquer qualidade para ser ameaçado." Foi ele que arrumou aquele empate para a Itália contra a Nova Zelândia, caindo no conto do mergulho de De Rossi na área depois de perder o domínio da jogada. Ontem, ele atingiu seu ápice. Do jeito que a Fifa é uma piada, é bem capaz de acabar apitando a final da competição.

A quartas de final no Ellis Park, em Johanesburgo, começou veloz. Antes de se completar o primeiro minuto, o paraguaio Santana finalizou da entrada da área para Casillas defender. Mas logo a partida entrava num ritmo de xadrez. Não que fosse ruim propriamente dita, mas ambas as seleções batiam-se em campo e nenhuma levava qualquer vantagem sobre a outra. Quem esperava o Paraguai apenas retrancado, surpreendeu-se. A seleção sul-americana não se expunha, claro, mas adiantava sua marcação na saída de bola dos zagueiros, procurando cortar espaços e evitar que o meio-campo espanhol impusesse seu jogo de toque, movimentação e presença próximo à área adversária.

Assim, apenas aos 16' David Villa conseguiu a primeira penetração pela esquerda, arrumando um escanteio. A Espanha apresentava-se com Iniesta muito aberto pela direita, quase não aparecendo. Fernando Torres seguia sem brilhar e David Villa não recebia aproximação de ninguém pela esquerda. Mesmo com o Paraguai já não marcando e saindo para o campo adversário como no início e a Espanha começando a chegar com mais frequência perto da meta de Villar, foi o Paraguai que, aos 40', acabou chegando ao gol - mal anulado pela arbitragem. Fosse uma arbitragem decente, acho até que seria um erro aceitável. Valdez estava na mesma linha da zaga quando recebeu um lançamento da direita, dominou e finalizou para a rede. Mas um trio comandado por Carlos Batres... Era apenas uma prévia do que estava por vir.

Apesar da Espanha começar a ter maior posse de bola, a chance de Valdez não surpreendia tanto assim. A marcação paraguaia começava lá na frente, com Valdez e Cardozo muito empenhados na marcação. E os dois atacantes também estavam sempre a postos como válvula de escape para que qualquer chutão se transformasse em uma chance de contra-ataque. Tanto que, aos 45', Cardozo raspou um desses chutões de cabeça e a bola sobrou para Valdez, que partiu para cima de Puyol pela meia esquerda, cortou para dentro e bateu forte da entrada da área, mas por cima da meta de Casillas.

O panorama não se modificou no segundo tempo e Fernando Torres já havia sido substituído por Fábregas quando Batres armou seu circo de horror e colocou uma pilha incrível na partida, deixando nervosos não só jogadores, mas todo mundo que acompanhava o duelo pela última vaga nas semifinais da Copa do Mundo de 2010.

Tudo começou aos 12'. Escanteio a favor do Paraguai lá na esquerda. Na cobrança, Pique simplesmente agarrou o braço de Cardozo, que procurava se desvencilhar dele, num lance mais parecido com uma brincadeira de pegar de criança do que com uma disputa de bola entre profissionais do futebol. Não foi aquela troca habitual de agarrões e empurrões, foi um forte puxão infantil pelo braço. Surpreendentemente, Carlos Batres viu e marcou. Cardozo cobrou mal o pênalti, em cima de Casillas, que sequer deu rebote.

Na sequência, a Espanha vai ao ataque, David Villa invade a área pela esquerda e, ante a aproximação de Alcaraz, se atira grotescamente. Era tudo que o senhor Carlos Batres queria para compensar logo (compensar o quê?) e marcar um pênalti para a Espanha também. Mas podia ter esperado um lance mais discreto ou passar algum tempo ao menos. Então, um minuto depois, a bola saía da marca de cal de uma área para a outra e Xabi Alonso se colocava para fazer a cobrança. O meia do Real Madrid cobra e marca, mas Carlos Batres faz soar um monte de apitos curtos. Segundo o juiz, a área havia sido invadida por espanhóis antes da cobrança.

A repetição da jogada na TV mostra uma discreta invasão de um espanhol e outra ainda mais discreta de um paraguaio. Quem acompanha futebol com um pouco mais de maldade podia perceber que Batres sabia que inventara um pênalti para a Espanha, por isso precisava dar uma disfarçada na situação. Como houve dupla invasão, mesmo discreta, mandou repetir a cobrança.

Só que, nesse instante, a TV reprisava a cobrança desperdiçada por Cardozo. E pasmem: nada menos que cinco espanhóis invadiram a área acintosamente antes que o centroavante paraguaio tocasse na bola. Não foi uma invasão nada discreta, foi um verdadeiro desembarque na Normandia. Isso apenas provava que Batres não estava preocupado em aplicar a regra do jogo, mas apenas em apitar de acordo com o que fosse mais conveniente para ele, Carlos Batres.

Batres só não contava que os deuses do futebol estivessem meio cansados de suas lambanças e decidissem colocá-lo definitivamente em maus lençóis. Na segunda cobrança de Xabi Alonso, Villar voou no canto esquerdo e defendeu, mas deu rebote. Fábregas chegou primeiro na bola e driblou o goleiro, que o derrubou escandalosamente. David Villa chutou na sequência e Paulo da Silva salvou o gol certo. "E aí, Batres, vai ter peito para marcar o novo pênalti, agora um pênalti de verdade, a favor dos espanhóis?", pareciam perguntar, zombando, os deuses do futebol. Claro que não. Como diz o ditado, quem procura, acha.

Daí para frente, lógico, os jogadores ficaram totalmente pilhados, mas, felizmente, apenas pensando em jogar bola - ou ao menos tentar. O Paraguai já não tinha pernas para exercer a mesma marcação compacta de antes. Seus atacantes continuavam a pressão na saída de bola, mas já havia um espaço aberto entre eles e o resto do time, do que se aproveitava a Espanha para tentar finalmente impor seu jogo. Para isso, muito contribuía a presença de Iniesta pela esquerda, onde vinha atuando nas partidas anteriores. Iniesta crescia de produção e com ele, toda a Espanha.

A essa altura, Pedro havia substituído Xabi Alonso e a frente paraguaia era formada por Cardozo e Roque Santa Cruz. A Espanha pressionava, mas sem criar grandes situações de gol. Enquanto isso, o Paraguai era todo coração na defesa e Cardozo e Santa Cruz tinham espaços para ameaçar no contra-ataque, mas erravam o toque final e não conseguiam finalizar.

Até que, aos 38', finalmente Iniesta encontrou espaço para avançar livre pela meia esquerda, realizou uma grande jogada e passou para Pedro no meio, sozinho, livre de marcação, cara a cara com Villar. Na saída do goleiro, Pedro tocou no canto direito. A bola caprichosamente venceu Villar e bateu no poste, oferecendo-se para David Villa. Sem goleiro, Villa colocou no canto esquerdo, tentando tirar de Claudio Morel, desesperado na linha de gol. A bola chocou-se com a trave, correu para o outro lado e ainda encontrou o poste direito, antes de finalmente morrer no fundo da rede. Espanha 1 x 0 Paraguai.

Ato contínuo, Lucas Barrios substituiu Cáceres na seleção paraguaia, que tentou desesperadamente empatar a partida. E quase conseguiu aos 43', quando Lucas Barrios foi lançado nas costas da zaga pela meia direita e bateu forte da entrada da área. Casillas não conseguiu segurar e Santa Cruz chegou primeiro no rebote, mas Casillas se recuperou e conseguiu salvar. Foi o fim do sonho paraguaio.

Foi um jogo de poucos destaques individuais e muito coração. Pouco antes do gol da Espanha, o blogueiro, modéstia à parte, comentara com a patroa que a vitória da Espanha só iria sair dos pés de Iniesta. E foi o que aconteceu. Não entendi por que ele passou tanto tempo na direita. Caído para a esquerda, cresceu na partida e achou a jogada decisiva. Casillas também acabou sendo fundamental, com as defesas no pênalti e naquele rush final de Barrios e Santa Cruz. Acho que o técnico Vicente Del Bosque devia ter aproveitado Jesus Navas pela ponta direita. O avante do Sevilha poderia ter aberto mais a defesa adversária e sido mais útil, por exemplo, que a presença de Pedro, mais um atacante a entrar pelo meio.

O Paraguai foi todo coração e por pouco não obtém melhor sorte. Seus zagueiros Paulo da Silva e Alcaraz jogaram sob grande pressão, mas saíram-se muito bem. Não entendi algumas opções do técnico Gerardo Martino. Lucas Barrios deveria ter tido mais tempo de jogo. Acho que Riveros devia ter chegado mais à frente. Morel, ótima arma no apoio com seus cruzamentos, precisou ficar preso à marcação, certo. Mas acho que cabia ao técnico criar alguma situação para permitir um avanço ou outro do lateral. Os atacantes paraguaios acabaram fracassando em mais uma Copa do Mundo, mas acho que muito disso deve-se a um esquema que não os favorece. São todos bons finalizadores, alguns altos, fortes na bola aérea, Barrios mais habilidoso pelo chão... Acho que valia a pena jogar mais em função deles.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 60: Paraguai 0 x 1 Espanha.

COPA DO MUNDO 2010 ► Alemanha joga bem de novo, goleia Argentina e e está na semifinal

Antes de mais nada, acho que Alemanha devia questionar a Fifa e pedir o cancelamento do cartão amarelo que o bom e jovem meia Muller recebeu e o tira da semifinal. Foi um absurdo cometido pelo juiz Ravshan Irmatov (do Uzbequistão), que se mostrou sem qualquer critério, que logo no início viu Di Maria interceptar um passe com mão como se fosse um goleiro e assinalou a infração, mas não recebeu cartão. Depois amarelou o alemão num lance de tentativa de domínio de bola ao desarmar Messi. E aos 25' do segundo tempo Mascherano cometeu toque semelhante ao de Muller e o juizão também não o amarelou.

Depois, devo registrar que dou um baita azar com - ou a - Lionel Messi ou então a estrela argentina não joga metade do que nos querem fazer acreditar que ele joga. Pelo que vi até hoje, o bom e às vezes muito bom jogador Messi não chega à perna direita de Maradona, como alguns afoitos chegam a querer compará-lo. "Ah, mas Messi fez isso, aquilo..." Bem, não levo muito a sério o Campeonato Espanhol como referência de dificuldade. Lembro sempre que um dia o esforçado, mas limitado, Catanha foi artilheiro lá, o Atlético Mineiro acreditou nisso e acabou rebaixado aqui no nosso Brasileiro. Depois, jogando por Barcelona ou Real Madrid, o jogador sempre vai contar com uma escandalosa simpatia da arbitragem. O que vejo muito de Messi é na seleção argentina e também acompanhei as finais da Eurocopa contra a Internazionale. Logo se vê, então, que pouco vi além de um bom jogador, de recursos, mas que não apareceu nem decidiu. Podem ser que evolua, se torne mais participativo, fuja da marcação, chame o jogo para si, contribua mais na armação, crie mais jogadas de gol, em vez de limitar-se a tentar driblar até conseguir finalizar.

Aliás, esses "supercraques" que a Nike, a Adidas e outras grandes marcas nos impõem e a imprensa (muitas vezes patrocinada pelas mesmas marcas) tenta nos fazer engolir são geralmente jogadores superestimados. O único craque de verdade, na acepção da palavra que aprendi ainda nos tempos de Pelé, Rivelino, Zico, Cruyff e Beckenbauer, que pisou os gramados nos últimos 10 anos chama-se Zinedine Zidane. O resto trata-se, quando muito, de muito bom jogador. Alguns desses reis dos comerciais nem chegam a isso. São o que nos tempos de ouro do futebol seriam chamados de bonzinhos. E só.

Agora vou registrar algo da partida em que a Alemanha goleou com justiça a Argentina por 4 x 0 na Cidade do Cabo e garantiu vaga em uma das semifinais da Copa do Mundo de 2010. Foi uma grande apresentação da seleção alemã, contra uma Argentina que tentou sempre, mas não mostrou recursos para criar jogadas claras de gol nem para impedir a variação ofensiva mostrada pelo adversário. Em um espaço de uma semana, a Alemanha aplicou duas goleadas históricas contra tradicionais rivais, Inglaterra e Argentina, o que por si só já torna a campanha na África do Sul memorável.

A Alemanha saiu marcando em cima desde o apito inicial e logo encontrou seu primeiro gol. Podolski sofreu falta na lateral esquerda que Schweinsteiger cobrou para Muller se antecipar à marcação de Otamendi e cabecear para o chão, vencendo o goleiro Romero. Isso aos 3'. A partir daí, o jogo ficou à feição dos alemães. Os argentinos tinham maior posse de bola, mas não conseguiam ameaçar a meta de Neuer. O mérito argentino era aparentar tranquilidade (salvo os tradicionais pontapés de Mascherano), sem sair afobadamente para o ataque e se abrindo atrás para os mortais contragolpes adversários. Mas chances de gol, mesmo, nada. Foi a Alemanha que desperdiçou uma grande oportunidade de ampliar ainda nessa etapa, quando Muller fez ótima infiltração pela direita e rolou para Klose chutar quase da marca do pênalti. O artilheiro alemão bateu por cima, desperdiçando uma chance que não costuma deixar passar. Isso foi aos 23'.

Enquanto a Alemanha seguia bem postada, a Argentina tentava, mas só fazia bater de frente na defesa comandada por Mertesacker. Di Maria caía pela direita e tentava algumas finalizações cortando para o meio. Tevez se movimentava muito e procurava jogo, mas errava mais do que acertava. E pouco se via Messi em campo. Um dos chutes de Di Maria, cortando Boateng e chutando de esquerda em cima de Neuer, foi seguido por jogada idêntica feita por Higuaín, com o mesmo desfecho. Foi o melhor momento argentino na primeira etapa.

No segundo tempo, a Argentina voltou tentando pressionar, enquanto a Alemanha aceitou a presença adversária mais próxima à sua área, talvez porque, mesmo com a bola rondando o gol de Neuer, a Argentina jamais conseguia chegar em condições efetivas de marcar, criando aquela chance que costumamos chamar de "gol feito", por exemplo. Tanto que a situação de maior perigo veio de fora da área, novamente dos pés de Di Maria, que bateu de perna esquerda à direita de Neuer, com a bola passando muito perto do poste.

Com a pressão, mesmo infrutífera, argentina, o jogo ficou mais movimentado, pois os espaços começavam a aparecer mais generosamente para os contra-ataques alemães. Até que, aos 22', Muller recebeu na meia esquerda de costas para zaga, foi tocado e caiu. Mesmo no chão, conseguiu virar e enfiar a bola para Podolski, que entrou na área, foi ao fundo e rolou fora do alcance de Romero para Klose, muito bem colocado, apenas escorar para o gol vazio. Era um filme já visto e cuja reprise estava anunciada. Não era difícil imaginar que seria mais provável a Alemanha ampliar ainda mais o placar do que a Argentina conseguir uma reação.

Aos 29', Schweinsteiger recebeu uma cobrança curta de escanteio na esquerda e entrou na área driblando três adversários, rolando do fundo, na saída de Romero, para o zagueiro Mertesacker marcar mais um: 3 x 0. Estava fácil. O ataque argentino continuava com suas ações infrutíferas, Tevez não parava de tentar, Di Maria era substituído, Higuaín corria muito e Messi parecia preocupado apenas em deixar o seu. Assim, prejudicou vários ataques na tentativa de um drible a mais em busca de espaço para o chute, em vez de servir um companheiro. Ao menos conseguiu finalizar bastante, sempre de fora da área e sem conseguir sucesso algum. Do outro lado, o futebol nada egocêntrico ou egoísta alemão armava mais um golpe fatal. Na saída em velocidade, Oezil tocou para Podolski, que arrancou pela meia esquerda e fez a passagem de volta para Oezil quase dentro da grande área. De primeira, o habilidoso canhotinha alemão não teve dificuldade em achar Klose, novamente muito bem colocado, quase que na linha do último zagueiro. Klose apenas escorou no canto direito de Romero e saiu para comemorar seu quarto gol na competição e o 14º em Copas do Mundo. 4 x 0. Mais uma goleada histórica e a Alemanha garantida em mais uma semifinal.

Na Argentina, Tevez lutou sempre, sem jamais se esconder. Di Maria arrumou um bom espaço para jogar em cima de Boateng no primeiro tempo, mas no segundo foi melhor marcado. Mesmo irritando de tanto se colocar em impedimento, Higuaín ainda conseguiu algumas ações perigosas. Messi, conforme passava o tempo, mais parecia preocupado em não deixar a África do Sul sem sua marca. E só. Romero fez algumas boas defesas e a zaga argentina, tão contestada, acabou muito exposta ao ataque adversário, sem haver muito que pudesse fazer. Mal foi a lateral direita, com Otamendi, errando muito e o tempo inteiro. Mascherano merece uma linha ou duas à parte: como fez faltas duras e por trás (além de uma defesa com a mão...)! E só a dez minutos do fim Ravshan Irmatov lhe deu um cartão amarelo.

Na Alemanha, muitos destaques. Schweinsteiger é o líder de um time de garotos e faz uma grande Copa do Mundo. Muller teve mais uma grande atuação. Khedira também. Meio sumido na primeira etapa, Oezil fez ótimo segundo tempo. A defesa comandada por Mertesacker não errou. Neuer foi sempre seguro. Boateng fez um fraco primeiro tempo na lateral esquerda, mas se achou depois do intervalo. O capitão Lahm joga com muita segurança do outro lado. E Klose é um centroavante sem tanta habilidade, mas com um incrível senso de colocação. Seu posicionamento nos dois gols que marcou, acompanhando a linha do último zagueiro para evitar se posicionar em impedimento, deveria ser usado como exemplo para muitos atacantes afoitos que costumam prejudicar ataques assim.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 59: Argentina 0 x 4 Alemanha.

sábado, 3 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Em uma das mais dramáticas partidas da história dos Mundiais, Uruguai derrota Gana nos pênaltis e está na semifinal

O relógio assinalava o 15º minuto do segundo tempo da prorrogação do jogo entre Gana e Uruguai, que decide uma das vagas nas semifinais da Copa do Mundo. Falta na lateral direita do ataque ganês. Pantsil joga a bola na área. Há o primeiro toque, a bola sobe, o goleiro Muslera sai para evitar uma cabeçada e o gol fica vazio. A bola cai no pé esquerdo de Apiah, que chuta e o centroavante Luís Suarez salva em cima da linha com o joelho. A bola volta e Adiyiah cabeceia firme. A bola vence Muslera e o lateral Fucile voa e não acha nada, mas Suarez, em cima da linha, consegue espalmar e evitar o gol. Ato contínuo, pênalti marcado e Suarez, expulso, sai inconsolável do gramado, a camisa escondendo o choro. Gana está a uma cobrança de pênalti de tornar-se a primeira seleção africana a chegar às semifinais de uma Copa do Mundo.

Haja coração. As vuvuzelas baixam o volume no instante que Asamoah Gyan, um dos destaques não só de Gana como de todo o Mundial e o melhor homem do time em campo, parte para a bola. Imagino que o estádio inteiro tenha ouvido a batida seca na bola, o zunir da Jabulani pelo ar e a explosão com o travessão. A bola não entra.

Futebol é assim, diriam alguns, inclusive eu. Mas não nesse momento. É uma frase dita refletidamente, numa análise posterior, o sangue esfriando. Mas naquele momento, eu desliguei a TV da sala e fui para o quarto assistir deitado na cama e debaixo das cobertas às cobranças decisivas de pênaltis. Não há como um fã de futebol não se envolver com uma situação como essa. E quem acompanha há mais tempo, com mais dedicação, sabe que está presenciando a história do esporte ser escrita ali, à frente de seus olhos. No meu caso, via TV. Presenciando um momento com um grau de emoção e dramaticidade jamais visto e que será lembrado pelo resto de nossos tempos sempre que se falar em Copa do Mundo.

Bem, nos pênaltis, a vantagem emocional é toda uruguaia. Diego Forlán converte o primeiro, colocando mais pressão em cima dos jogadores de Gana. E quem pega a bola para a primeira cobrança ganesa é Gyan. Haja personalidade. O craque do time põe a bola na marca da cal e coloca no ângulo esquerdo. A disputa chega a ficar empatada em 2 x 2, quando Scotti põe o Uruguai em vantagem e o capitão Mensah cobra muito mal, atrasando nas mãos de Muslera. Maxi Pereira ainda desperdiçaria seu pênalti, mas a cobrança feita pelo jovem Adiyiah no canto esquerdo foi muito bem defendida por Muslera. Basta agora ao Uruguai que Loco Abreu converta seu chute para que a Celeste Olímpica volte a uma semifinal de Copa do Mundo depois de 40 anos.

Eu, a essa altura - na verdade, desde a altura do apito inicial -, estava de amarelo e vermelho de corpo e alma. Nada contra o Uruguai e a tradição de sua camisa, algo bom de ver voltar com força a uma disputa de Mundial. Mas a inédita presença de uma seleção africana numa semifinal na primeira competição realizada em seu continente era uma possibilidade apaixonante. Mas eu tinha certeza de que, se dependesse da última cobrança uruguaia, nos pés do centroavante do Botafogo Loco Abreu, as vuvuzelas seriam silenciadas. Eu só fazia pensar: "Ele vai dar a cavadinha, Kingson não vai ter chance. Ele vai dar a cavadinha." Eu disse, não disse? Ou melhor, pensei... E não deu outra. Com a frieza que lhe é peculiar, Loco Abreu cobrou do mesmo modo que nós aqui do Brasil já o vimos vencer os goleiros Doni, numa partida contra a seleção brasileira, e Bruno, na final do Estadual do Rio de Janeiro deste ano: goleiro num canto, bola levemente levantada no meio, morrendo na rede e explodindo a nação uruguaia lá no sul de nosso continente. Do outro lado, o choro inconsolável de uma das maiores estrelas da Copa. Trêmulo, Asamoah era consumido pela dor e pelas lágrimas, numa cena de impressionante emoção. E assim foi escrita uma página inédita e uma das de maior teor dramático e emocional da história das Copas do Mundo.

O resto do jogo, o que houve antes desse turbilhão de emoções, se não foi revestido de técnica, foi sempre carregado de paixão. Ambos os times jogaram com muita garra, disputando cada momento como se essa fosse a partida de suas vidas.

O Uruguai começou melhor, mesmo levando um tempo para Calvani se adaptar à posição mais recuada de Diego Forlán, que por sua vez se adiantara para o espaço normalmente ocupado por Calvani. Por que o treinador Oscar Tabárez fez essa inversão, não faço ideia. Mas, ainda assim, a Celeste tinha um certo domínio e rondava a meta defendida por Kingson. Gana errava muito nos passes, mas o Uruguai ameaçava mais era nas bolas paradas. No chão, a melhor chance foi uma arrancada de Suarez aos 10', invadindo a área pela esquerda e chutando para defesa de Kingson. Mas o normal era chegar como no escanteio cobrado fechado por Forlán da ponta esquerda que obrigou Kingson a uma grande defesa, de puro reflexo, após desvio no corpo de Mensah.

Esse panorama não se alterou até ali por volta dos 25'. Foi bem quando o zagueiro Vorsah foi à área cabecear rente à trave direita uma cobrança de escanteio feita por Asamoah. A partir daí, Gana adiantou a marcação para pressionar a saída de bola do Uruguai e aos poucos seu domínio se acentuava. Como costuma acontecer nessas situações, forçado a apelar para a ligação direta e permitindo maior posse de bola ao adversário, o time uruguaio acabou isolando seus três homens de frente do resto do time e não chegava mais próximo à meta defendida por Kingson. As chances ganesas começavam a surgir e a se avolumar. O domínio era visível e já nos acréscimos Muntari arriscou de fora da área. O chute saiu à meia altura, a Jabulani voou e quicou, fugindo de Muslera e se alojando no canto esquerdo do gol.

Com a desvantagem, o Uruguai voltou disposto a empatar logo. E Gana não conseguiu segurar a vantagem por mais de dez minutos, porque Forlán cobrou uma falta da meia esquerda por cima da barreira e a Jabulani viajou por cima de Kingson. Partida empatada. E daí para frente, muito equilíbrio em campo.

Pouco antes do empate, Gana desperdiçara um contra-ataque quando Prince Boateng errara um passe até simples. Sem Ayew, suspenso com dois cartões amarelos, Gana perdia a inversão de posições de seu ataque. Assim, seu substituto Muntari se fixava na ponta-esquerda e o jovem Inkoon ficava na direita. Asamoah desta vez não aparecia tanto na área adversária e isso fez falta ao time. Prince Boateng fez um grande primeiro tempo, mas caía de produção na medida em que suas pernas cansavam. Na frente, Gyan mais uma vez se destacava, procurando jogo e incomodando a zaga uruguaia o tempo inteiro.

O jogo seguiu até o fim do tempo normal na mesma toada, equilíbrio nas ações e as duas equipes tentando decidir tudo sem prorrogação. Mas não foi possível e o tempo extra começou em clima de total indefinição, com alguns jogadores acusando visível desgaste. No Uruguai, os volantes Pérez e Arévalo Rios pareciam não se aguentar mais em campo. Forlán também pegara e não voltava mais, sem deixar de ameaçar quando tinha a bola nos pés. Suarez ainda tinha pernas, mas poucas bolas lhe chegavam em boas condições. No lado africano, Boateng sofria fisicamente e sua expressão facial mostrava a frustração de não conseguir mais realizar com as pernas o que sua cabeça pedia. Por isso se fixou à frente e não compunha mais o meio. Muntari também pregou e foi uma pena Apiah não entrar bem. Mas Gyan ainda lutava como um touro e Pantsil, mesmo errando tecnicamente, se aventurava ao ataque sem importar-se com a avenida que deixava atrás.

Nos minutos finais do segundo tempo da prorrogação, Gana tentou com o que restava de suas forças pressionar em busca da vitória ainda com a bola rolando. Abria-se na defesa, mas faltavam pernas aos uruguaios para aproveitar os espaços. E assim o quadro foi sendo desenhado até aquele momento em que Fucile derrubou Adiyiah na lateral direita e foram riscados os últimos traços de um quadro que hoje já é História.

No vencedor Uruguai, Forlán foi a alma do time e ameaçou mesmo quando não tinha mais pernas. Fucile foi muito bem na lateral esquerda e o chato Suarez (reclama, simula, discuta...) ameaçou bastante e acabou sendo decisivo ao evitar o gol da vitória ganesa. Muslera destacou-se nos pênaltis, especialmente na cobrança de Adiyiah.

Na seleção de Gana, Asamoah Gyan foi o melhor, o mais lutador e o trágico personagem que errou no momento decisivo. Kingson alternou saídas estranhas com algumas defesas muito difíceis. Pantsil tentou sempre, o volante Annan se destacou no desarme e nas tentativas de apoio e Boateng atuou muito bem enquanto teve pernas.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 58: Uruguai 1 (4) x (2) 1 Gana.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Holanda vira e elimina Brasil do Mundial

Venceu o melhor time. Acho relativamente fácil medir esse tipo de comparação quando parece consenso geral que o Brasil produziu no primeiro tempo sua melhor atuação na Copa, enquanto, do outro lado, a Holanda realizou provavelmente sua partida mais discreta, cometendo erros de passes que normalmente não comete. Ou seja: a Holanda não precisou jogar o seu melhor futebol - longe disso - para eliminar uma seleção brasileira que mostrou seu máximo durante 45 minutos.

E acho triste ver que ainda há comentaristas que dizem coisas como "o Brasil perdeu para si mesmo porque é melhor..." ou que "o Brasil é melhor, a seleção da Holanda é apenas ok..." Sei lá... Ou andei assistindo a uma outra Copa do Mundo ou minha concepção de futebol é bem diferente de quem o vê desse jeito.

Hoje o lindo estádio de Porto Elizabete viu o Brasil realizar um grande primeiro tempo, dentro de suas possibilidades e do tipo de futebol que propõe seu treinador. O meio campo marcava bem e tirava espaços para o toque de bola holandês. De quebra, encontrava brechas para ameaçar a meta defendida por Stekelenburg. Sneidjer não se achava, Robben era bem e multiplamente marcado na ponta direita e Kuyt era pouco acionado na esquerda. Vale lembrar que, antes da volta de Robben, Kuyt vinha saindo-se muito bem pelo lado direito.

Os volantes brasileiros movimentavam-se bem, a zaga estava segura, especialmente Juan, e Maicon conseguia chegar à frente com certa liberdade, inclusive quase marcando aos 45'. Muito ajudou o gol marcado por Robinho logo aos 10', emendando de primeira um tão espetacular quanto improvável lançamento de Felipe Melo pelo meio da zaga. Fosse um time mais capacitado no ataque e poderia ter decidido o jogo nessa etapa inicial, mas o Brasil é um time de reação e não de ação. Ele depende do adversário se oferecer e oferecer espaços. E mesmo em desvantagem e atuando mal, a Holanda em momento algum perdeu o equilíbrio emocional ou aventurou-se afobadamente ao ataque.

E o ataque foi o que nos faltou para matar a Holanda no primeiro tempo. Kaká jamais apareceu na armação, Luís Fabiano fez uma partida bem fraquinha e Robinho fez um gol e uma grande jogada, que, se fosse aproveitada, talvez justificasse sua atuação. Mas não foi e mais nada Robinho fez. A grande jogada, o lance que poderia ter decidido a classificação, foi uma descida de Robinho pela esquerda, driblando dois defensores e passando a Luís Fabiano, que deixou de calcanhar para Kaká, que tentou achar o ângulo superior direito de Stekelenburg, que foi lá buscar.

Mas mesmo nesse bom primeiro tempo, desde o início o Brasil mostrou uma faceta que poderia lhe custar muito caro. Na verdade, desde o início da Copa do Mundo. Bastou o japonês Yuichi Nishimura fazer a bola rolar e os jogadores brasileiros começaram a mostrar um descontrole emocional totalmente fora de propósito, xingando, batendo, peitando... E o Brasil vencendo. O Brasil vencendo e o técnico Dunga praguejando, gesticulando, tresloucadamente, batendo na proteção do banco de reservas. A tal ponto que o quarto árbitro precisou intervir e pedir ao treinador que se controlasse. Enquanto isso, do outro lado, as câmeras flagravam o treinador holandês Bert van Marwijk placidamente sentado, pernas cruzadas, conversando com seu auxiliar, acompanhando seu time ser derrotado naquele momento.

No segundo tempo, sabe-se lá por que cargas d'água, o Brasil voltou mais tenso ainda e com sua marcação recuada. A Holanda seguia tentando impor seu jogo de toque e movimentação e começava a aumentar sua posse de bola. Pressionava fisicamente, se aproximava e cercava a área brasileira, mas pecava muito no penúltimo toque, aquele que cria a real situação de gol. Aí ficou claro que a Holanda não estava em seus melhores dias. Mas estava equilibrada, não perdeu seu padrão tático e insistia no que apostava. Robben aos poucos dominava mais o setor direito do ataque. Mesmo sem ser brilhante, jogava com muita inteligência. No primeiro tempo, mesmo errando bastante, amarelou Michel Bastos pela reincidência de faltas. Acabou provocando a entrada de Gilberto e continuou forçando ali, nas ultrapassagens com Sneijder. Sneijder, por sua vez, já encontrava espaços para se movimentar e administrar o toque de bola holandês, porque a marcação brasileira simplesmente desencaixou e passou a deixar os meias adversários respirarem.

Sem ameaçar mais, o Brasil começou a ver a Holanda jogar. Uma hora o leite ferve. Um escanteio cobrado curto de Robben para Sneijder foi jogado na área e Júlio Cesar saiu mal, encontrando Felipe Melo e deixando a bola passar. 1 x 1.

Na teoria, tudo bem. Basta recomeçar e ir à luta. Mas o destempero brasileiro exacerbou-se a tal ponto após esse gol que o time simplesmente parou em campo. De vez. O jogo estava nos pés da Holanda, que, mesmo errando aquele tal penúltimo passe, mantinha absoluto controle emocional e maior posse de bola. Logo, num escanteio bobamente cedido por Juan (num lance que pegara a defesa bem desarrumada, certo, mas poderia ser evitado), a Holanda chegou ao gol que seria o da vitória. Robben cobrou quase a meia altura no primeiro pau, Kuyt desviou e o baixinho Sneijder escorou de cabeça. 2 x 1. Uma jogada pra lá de manjada.

Eu já registrara aqui que essa seleção brasileira era consistente e competitiva dentro do esquema traçado pelo treinador. Mas que não havia um plano B. O que fazer na hora de atacar, de precisar correr atrás de um empate? Por isso não surpreendeu o eclipse parcial depois do empate e o eclipse total após o segundo gol. E o desequilíbrio foi retratado na previsível agressão de Felipe Melo a Sneijder, um pisão covarde que ele diz que precisa ver na TV porque acha que o juiz foi muito rigoroso...

Bem, a partir do momento que conseguiu a vantagem, a Holanda fez o que sabe fazer de melhor: tocou a bola, tocou a bola, tocou a bola, tocou a bola... E se estivesse feliz, acertaria um dos meia-dúzia de ótimos contra-ataques que teve para vencer com mais folga.

O melhor do Brasil, para mim, foi Maicon. Conseguiu apoiar bem e por seu lado o bom Kuyt não teve facilidade. Não pôde deixar de cair no segundo tempo, já que o time simplesmente travou. Juan foi outro bom nome. Cedeu um escanteio bobo, mas cá entre nós: mais bobo foi a defesa inteira deixar Sneijder marcar de cabeça com aquela altura toda. Lúcio o acompanhou bem. Júlio Cesar falhou no primeiro gol, que acabou sendo decisivo. Felipe Melo? Surpreendeu com aquele lançamento à altura de um Gerson, um Rivelino ou qualquer outro Gênio lançador da história do nosso futebol. O resto? Ah, o resto foi o esperado, previsível, especialmente a expulsão que vai entrar para nossos anais de Mundiais como "aquela que todo mundo sabia que ia acontecer". Robinho foi lamentável, destemperado desde o início e omisso durante o segundo tempo. Luís Fabiano foi visto apenas naquele toque de calcanhar, mas não o tiraria. Melhor teria sido sair Kaká, o pior de todos, não armando uma jogada sequer, fugindo de suas responsabilidades de grande nome da equipe. Ah, o quê? Estava machucado, jogando fora de suas condições? Nãããããooo!!! Ele jurou por Jesus e sua religião que o jornalista Juca Kfouri o perseguia por motivos religiosos e, ateu como é, inventara que sua contusão na região pubiana o impedia de jogar sem dor. Mas, espere aí... O que a gente ouve agora após o jogo? O Kaká dizendo que não tinha condições ideais? Mas então o bom garoto é mentiroso? Esse é o retrato dessa seleção brasileira, uma mentira.

Na Holanda, Robben foi genial sem ser genial. Quero dizer, Robben não estava em seus melhores dias tecnicamente, mas jogou com muita inteligência. Sneijder é um meia que o futebol brasileiro hoje não tem e marcou dois gols que entram para a história do futebol de seu país. Stekelenburg foi seguro quando exigido, especialmente no primeiro tempo. O time merece realmente os parabéns por jamais se desesperar nem com a desvantagem nem com o mau futebol nos primeiros 45 minutos. Acho que deve ser mérito do treinador, que se mostrou tranquilo o tempo inteiro. E costuma-se dizer que os jogadores são espelhos de seu treinador. Sendo assim, muito do que aconteceu nesta partida fica explicada...

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 57: Holanda 2 x 1 Brasil.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

FÓRMULA 1 ► Corrida? Onde? GP da Europa em Valência mais parecia um trenzinho de parque de diversões

Corrida de Fórmula 1 durante Copa do Mundo de Futebol já é algo meio estranho de acompanhar. Uma corrida em um circuito de rua como o de Valência, onde foi realizado o Grande Prêmio da Europa, parece até sabotagem. Sempre fica a pergunta: quem inventa uma pista como essa, em que a chance de um carro ultrapassar outro é a mesma de um vagão de um trenzinho de parque de diversões ultrapassar o da frente?

Foi isso que aconteceu no domingo passado naquela cidade espanhola: um longo desfile de carrinhos coloridos em fila indiana. Bem se deu Sebastian Vettel ,que saiu na frente e lá ficou até o fim. Ruben Barrichello conseguiu seu melhor resultado na temporada, largando bem e ganhando posições também com a confusão causada pela entrada do safety car na pista após o acidente entre Mark Webber e Heikki Kovalainen na oitava volta.

Aliás, um acidente que felizmente podemos chamar apenas de espetacular, e não de trágico. Webber escapou bem dessa. As imagens são impressionantes:


Esse safety car deu muita confusão e gerou acusações de manobras indevidas de vários pilotos. Muitos foram penalizados em 5s no fim da corrida e Lewis Hamilton ainda teve que fazer uma parada de penalização. Fernando Alonso e a Ferrari, principalmente, choraram muito depois da prova. Para entender melhor o chororô vermelho, sugiro o post do Márcio Arruda sobre o assunto.

E para não dizer que absolutamente nada aconteceu em termos de emoção, registre-se o ótimo desempenho do japonês Kamui Kobayashi. Aproveitando-se da confusão, aboletou-se na quarta posição e ali ficou, retardando ao máximo a parada obrigatória para troca de pneus. Quando o fez, a 4 voltas do fim, estava em terceiro e voltou em nono. Andando bem com os pneus macios, incrivelmente conseguiu ultrapassar Fernando Alonso e Sebastien Buemi, chegando em sétimo. De corrida mesmo, de verdade, foi o que aconteceu em Valência. Como disse meu irmão, parece que a Sauber não avaliou bem suas possibilidades, pois se previsse desempenho tão bom após o pit stop, poderia ter parado algumas voltas antes e disputado, com chances, até o quarto lugar.


Colocação final do GP da Europa:

1. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), 1h40m29s571
2. Lewis Hamilton (ING/McLaren), a 5s
3. Jenson Button (ING/McLaren), a 12s6
4. Rubens Barrichello (BRA/Williams), a 25s6
5. Robert Kubica (POL/Renault), a 27s1
6. Adrian Sutil (ALE/Force Índia), 30s1
7. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber), 30s9
8. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 32s8
9. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso), 36s2
10. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 44s3
11. Felipe Massa (BRA/Ferrari), 46s6
12. Pedro de la Rosa (ESP/Sauber), 47s4
13. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), 48s2
14. Vitaly Petrov (RUS/Renault), 48s2
15. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), 48s8
16. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force Índia), 50s8
17. Lucas di Grassi (BRA/Virgin), 56 voltas
18. Karun Chandhok (Karun Chandhok (IND/Hispania), 55 voltas
19. Timo Glock (ALE/Virgin), 55 voltas
20. Bruno Senna (BRA/HRT), 55 voltas
21. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth), 53 voltas

Não chegaram:

22. Nico Hulkenberg (ALE/Williams), 49 voltas
23. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus), 8 voltas
24. Mark Webber (AUS/Red Bull), 8 voltas


Classificação do Mundial de Pilotos após nove provas:

1º) Lewis Hamilton - 127
2º) Jenson Button - 121
3º) Sebastian Vettel - 115
4º) Mark Webber - 103
5º) Fernando Alonso - 98
6º) Robert Kubica - 83
7º) Nico Rosberg - 75
8º) Felipe Massa - 67
9º) Michael Schumacher - 34
10º) Adrian Sutil - 31
11º) Rubens Barrichello - 19
12º) Vitantonio Liuzzi - 12
13º) Sebastien Buemi – 7
14º) Kamui Kobayashi - 7
15º) Vitaly Petrov - 6
16ª) Jaime Alguersuari - 3
17ª) Nico Hulkenberg – 1

COPA DO MUNDO 2010 ► Espanha fura retranca de Portugal e chega às quartas de final

No primeiro minuto de jogo, Fernando Torres quase abriu o marcador. Caído pela ponta esquerda, cortou para o meio e bateu no ângulo direito do goleiro Eduardo, que foi lá buscar. No minuto seguinte, foi a vez de David Villa finalizar da meia-esquerda e obrigar Eduardo a trabalhar. Aos 5', novamente Torres invadiu pela esquerda e Eduardo salvou mais uma. Já há um padrão aí, não é mesmo? O jogo mal começara e ficava claro qual equipe partiria para a vitória e qual se limitaria a defender. Assim foi durante os 90 minutos em que a Espanha muito justamente eliminou a retrancada seleção de Portugal nas oitavas de final disputada na Cidade do Cabo.

O panorama durante os 90 minutos não mudou um instante sequer. Com a posse de bola e toques envolventes, a Espanha procurava espaços e rondava constantemente o gol guarnecido por Eduardo, até então invicto na competição. Com seus quatro homens do meio (Xabi Alonso, Xavi, Iniesta e Busquets, este um pouco menos) sempre à frente, mais os atacantes Torres e Villa e ainda o apoio constante do lateral Sérgio Ramos, a Espanha dominava o meio campo e ia criando chances de gol, apesar do forte bloqueio português à frente de sua área.

Já Portugal limitava-se a defender. Com Cristiano Ronaldo isolado, Simão mais recuado e muito distante dele e Hugo Almeida sempre brigando com a bola, pouco ameaçava a meta defendida por Casillas. Seu meio campo era absolutamente improdutivo e incapaz de uma troca de passes, o que não surpreendia, porque imaginar troca de passes entre os botinudos Pepe e Raul Meireles e Tiago requer um certo esforço mental. A presença do limitado Almeida à frente só tornava mais lógico o fato da equipe lusa nada criar. Desse modo, cabia a Portugal apostar no 0 x 0 e levar a decisão da vaga para a disputa de pênaltis. Só podia ser esse o objetivo do técnico Carlos Queiroz.

E lá foi o jogo nessa toada, com a Espanha atacando e o grito de gol preso na garganta. Grito que esteve mais próximo de sair aos 15' do segundo tempo, quando Sérgio Ramos centrou e Lloriente, que havia substituído o cansado Fernando Torres, cabeceou de peixinho para o chão, de dentro da pequena área, para ótima defesa no reflexo de Eduardo. Ou logo depois, quando David Villa entrou livre pela esquerda e perdeu, quando tinha a melhor opção de tocar para o lado na direção de quem entrava.

O gol, a essa altura, era questão de tempo, mas havia o risco do tempo não esperar e levar a partida para a prorrogação e pênaltis, como desejava Portugal. Mas prevaleceu o velho ditado "água mole em pedra dura tanto bate até que fura" e aos 18' a Espanha chegou ao gol que lhe daria a classificação. E foi através do artilheiro David Villa. Na pressão, Iniesta deu um toquinho na entrada da área para Xabi Alonso, que, de calcanhar, deixou Villa livre na esquerda, na cara de Eduardo, que ainda salvou o primeiro chute, mas não teve como evitar a conclusão fatal no rebote.

Daí para frente Portugal... só escapou de levar mais um. Como aos 24', quando Sérgio Ramos avançou mais uma vez rumo à área, cortou para a perna esquerda e soltou a bomba rasteira e cruzada, para grande defesa de Eduardo no cantinho direito. Ou aos 27', quando Villa chutou de fora e Eduardo de novo defendeu. Ou ainda aos 41', quando Lloriente recebeu um lançamento longo e cabeceou para baixo no canto esquerdo, com a bola raspando a trave.

Quanto a Portugal, sua única chance realmente relevante ocorreu aos 6' dessa etapa final, quando Almeida conseguiu puxar um ataque pela esquerda, limpou Puyol e procurou Ronaldo na área. A bola desviou na zaga e encobriu Casillas, quase caindo dentro do gol. E foi só.

Na Espanha, destaque para o artilheiro David Villa, os meias Iniesta e Xabi Alonso (que toque foi aquele?) e o lateral Sérgio Ramos, incansável no apoio. Em Portugal, só há lugar de honra para Eduardo. Não à toa, o goleiro foi o jogador que mais sentiu a derrota. Afinal, foi quem mais se empenhou por sua seleção em campo. A entrevista final de Carlos Queiroz, dizendo que a Espanha merecera por controlar mais a bola e que quem tem a posse de bola está sempre mais próximo da vitória, é um primor de paradoxismo. Se ele acha isso, como escala o meio de campo que ele escalou? Como deixar Deco e Liedson de fora assistindo a Pepe, Raul Meireles e Hugo Almeida maltratarem a bola? Pepe e Meireles só fizeram disputar com Ricardo Carvalho a malfadada honra de mais violento jogador no gramado. Apesar dos esforços, quem acabou expulso no final foi Ricardo Costa, após uma covarde cotovelada em Capdevilla. Que coisa feia...

Não sei o que foi melhor para a Copa do Mundo: a permanência do bom futebol espanhol ou a eliminação da retrancada e botinuda seleção portuguesa.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 56: Espanha 1 x 0 Portugal.