Há pouco postei sobre um blog do Esporte UOL em que o autor dispara petardos aparentemente pelegos contra o presidente Lula. É só mais um exemplo de como o peleguismo tem dominado o jornalismo brasileiro. Mas há algum tempo estou com um bom exemplo disso para registrar aqui. Só que fui deixando para depois. Agora resolvi aproveitar o embalo.
Alguns meses atrás, estava à toa clicando pela internet quando parei na capa de esportes do Globo.com. Passando os olhos pelos blogs em destaque, li o título de um deles: "A quem interessa o horário de 21h45min no futebol?"
Levei um susto: "Como assim um blogueiro do Globo.com critica algo imposto pela Rede Globo?" Confesso que me passou um sopro de satisfação por perceber a independência do jornalista e até de respeito ao Globo.com por publicar uma opinião contrária aos seus interesses. Mas tudo não passou de ledo e patético engano.
Ao clicar para acessar o blog de Emerson Gonçalves, percebi que tinha lido o título sem atenção. O título real era: "A quem não interessa o horário de 21h45min no futebol?" Não parece um bom exemplo de peleguismo?
Juro que não quero gastar muitas linhas, porque esse tipo de coisa, um texto como esse, me causa ojeriza. Faz mal ao espírito. É um claro exemplo de choque de classes. A dele, provavelmente burguesa, e a do povo trabalhador que ama o futebol.
Gostaria que esse colunista saísse de Campo Grande, por exemplo, de ônibus, numa quarta-feira à noite, para assistir a uma partida que comece quase às 22h no Maracanã. E ao fim do apito final ele saísse para pegar uma (uma só?) condução de volta para casa depois de meia-noite, um horário em que poucos ônibus circulam pelas nada seguras ruas da cidade, esperando muitas vezes uma, duas horas pelo transporte, chegando em casa sabe-se lá quando, para na manhã seguinte, normalmente por volta das 5h, ter que levantar para cumprir a dura rotina diária de trabalho.
Isso só se justifica numa situação excepcional, como uma final de campeonato. Particularmente, nem nesse caso eu concordo, mas entendo que existam alguns argumentos válidos. Fora essa situação excepcional, porém, não tem qualquer cabimento defender horário tão imbecil.
Quem defende o horário de 21h45min não sai do sofá para ir ao estádio. E quando o faz, vai na viatura da empresa, com ar condicionado, vaga garantida no estacionamento do estádio, transporte de volta para casa... E, com certeza, não levanta às 5h no dia seguinte.
Fico impressionado como há jornalistas que se prestem a esse papel de pelego. Ou será que há realmente quem acredite que 21h45min de um dia de semana é um bom horário para o torcedor que trabalha e madruga diariamente se arriscar nas violentas madrugadas das grandes capitais do país para assistir a uma partida de futebol?
Essa é a minha opinião. E mais não tenho nem paciência para argumentar.
Blog que o jornalista David Telio Duarte utiliza como registro de memórias sobre assuntos de seu interesse, como esporte, política, cinema, escolas de samba ou qualquer coisa que lhe venha à cabeça.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
IMPRENSA ► O tênis é um esporte burguês. Alguma dúvida quanto a isso?
O presidente da república Luís Inácio Lula da Silva disse em vídeo que está rolando por aí que tênis é um esporte burguês.
E há alguma dúvida quanto a isso? Parece que sim, pois tem quem conteste a afirmação ou entenda que o presidente não pode falar isso. Provavelmente, que seria melhor mentir.
O vídeo, gravado aparentemente por um celular, é interessante. Em um evento aqui no Rio, um garoto de nome Leandro, aparentemente já conhecido do governador Sérgio Cabral, reclama de não poder praticar esportes por causa da falta de segurança. Quando ele cita o tênis, o presidente Lula retruca dizendo que tênis é esporte da burguesia e sugere: "Por que não faz natação?" Aí o garoto reclama da falta de segurança e o Lula dá uma chamada no Cabral, dizendo que é um prejuízo político deixar isso acontecer por não colocar guardas para fazer a segurança da área. Tremenda saia justa provocada pelo moleque.
O jornalista de nome Fernando Sampaio, que tem um blog no portal UOL, aproveitou a deixa e publicou um post intitulado "Burguês é a mãe" (que depois virou um mais simpático "Burguês é a vovozinha"), no qual destila toda sua verve contra o presidente - sem apresentar qualquer argumento que contestasse a afirmação de que tênis é um esporte burguês. Muito pelo contrário.
Tudo o que funcionário do grupo Abril escreveu apenas corrobora as palavras do presidente, especialmente a falta de quadras públicas em todo o país.
Até entendo que quem critique a óbvia afirmação o faça por questões ideológicas, oportunismo político. Vá lá, pode-se entender que faça parte do jogo democrático aproveitar para bater qualquer bola levantada na ponta da rede, mesmo sem acreditar no que se está dizendo. É como juiz de futebol em jogo em que nosso time perde, é sempre culpado, algumas vezes sem qualquer motivo justificado (por isso gosto de reclamar de arbitragem quando o time vence...).
Também entendo que atletas profissionais do esporte sintam-se melindrados e partam para o chororô, o que apenas não acho muito inteligente, pois não faz nenhum sentido lógico, basta olhar o panorama do tênis no Brasil. Parte dele, inclusive, retratado pelo blogueiro da Folha, digo do UOL Esporte. Melhor seria que os atletas aproveitassem o gancho para cobrar providências em sentido contrário.
Fica a impressão de uma clara ação de um jornalista que trabalha para um grupo de comunicação escancaradamente contrário ao governo atual, a ponto de ser acusado de forjar documentos e coisas afins, o que não chega a surpreender tratando-se de uma organização que apoiou a ditadura militar (vide o livro “Cães de Guarda – Jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988″, de Beatriz Kushnir). Deve ser difícil para um funcionário ir contra os interesses patronais. Mais fácil é aderir, o que acaba tirando sua credibilidade. É preciso muita personalidade e um bom lastro profissional para ser independente nessas circunstâncias para falar bem ou mal de quem quer que seja de acordo apenas com o que pensa, e não com o que pensam por ele. Há exceções, felizmente, mas que, como toda exceção, apenas comprovam a a regra.
Eu gostei da frase, por mais óbvia que seja: "O tênis é um esporte da burguesia." E falo de cadeira.
Joguei tênis na minha adolescência. Ou tentava jogar. Afinal, nunca fui burguês. O tênis era - e é - um esporte caro. Uma raquete é cara. As bolas se desgastam rapidamente e ficar comprando latinhas de bolas novas era um problema. Problema maior era encontrar horário livre nas raras quadras públicas disponíveis. No meu bairro, eram apenas duas.
Cansei de jogar com raquetes inadequadas, com a rede espicaçada, bolas carecas e de ficar até horas esperando por uma brecha para poder entrar numa quadra. Contratar um instrutor? Nem pensar.
Fácil o tênis só é - como sempre foi - para quem tem grana. Aí não há problema para se ter sempre uma boa raquete, bolas novas, um instrutor à disposição e, claro, o título de sócio de algum clube para se jogar sempre que tiver vontade. Ou então morar em um condomínio bacana o suficiente para ter algumas quadras de tênis para os moradores se divertirem.
Daí eu pergunto: em que parte desse cenário não se enquadra a frase "o tênis é um esporte da burguesia"? Boa parte do que o Fernando Sampaio escreve simplesmente me faz novamente perguntar retoricamente: em que parte desse cenário não se enquadra a frase "o tênis é um esporte da burguesia"? Qual o motivo de tamanha revolta?
Como disse Mino Carta na coluna que reproduzi aqui, esse parece o tipo de texto direcionado àqueles que avidamente se agarram a qualquer discurso e palavras que possam usar contra o popular presidente, "aqueles que se alimentam diariamente com os editoriais, as colunas, as reportagens editorializadas dos jornalões. E lhes repetem, em estado de parva obediência, de dependência canina, os chavões, os clichês, as frases feitas pelos locais públicos e privados." Como diria Nelson Rodrigues, poderíamos imaginar o blogueiro babando enquanto mistura em seu argumento Irã, El Salvador, "imbróglios internacionais" e tudo que a visão burguesa possa deturpar contra um governo marcadamente popular.
O tênis é um esporte burguês. Talvez Fernando Sampaio não tenha tido qualquer dificuldade para praticá-lo, mas eu sempre tive, por isso meus tempos de tenista amador ficaram lá no passado, indo apenas até o ponto em que não tinha mais como me divertir praticando esse esporte que acho muito legal. Se o autor interpretasse o próprio texto, entenderia isso e veria como seu destempero o faz perder crédito. Tudo de útil que ele escreve corrobora com a frase "o tênis é um esporte da burguesia". O que seria legal ele ter feito, com um pouco mais de justiça e imparcialidade, era criticar o governo atual por não ter feito nada para mudar esse triste cenário e registrar que isso é uma maldita herança do passado, cujo maior responsável foi o governo à época dos vitoriosos tempos de Gustavo Kuerten.
Nos anos em que Guga viveu o auge de sua vitoriosa carreira, o governo brasileiro nada fez para aproveitar toda a visibilidade que o esporte estava tendo e massificá-lo país afora. Tudo conspirava a favor, só não havia iniciativa alguma nesse sentido. Ah, é, mas esse auge ocorreu no governo Fernando Henrique Cardoso... E esse gancho para analisar a triste situação do tênis no Brasil foi simplesmente ignorado pelo jornalista do UOL. Como diria algum ingênuo personagem de desenho animado ou seriado tatibitate: "Por que será, hein?"
Enfim, como Fernando Sampaio usou da liberdade de expressão conferida livremente a todos (será mesmo?) neste país para ofender explicitamente o mandatário maior da República ("nosso gênio Lula acaba de vomitar mais uma frase infeliz"), não creio que vá se considerar ofendido por eu interpretar que seu post seja um caso de diarreia mental.
Mas é bom para que um presidente da república saiba que não deve sair por aí chamando de burgueses esportes tão populares que podemos praticar em qualquer esquina, como tênis, golfe, motonáutica, automobilismo...
É a minha opinião.
E há alguma dúvida quanto a isso? Parece que sim, pois tem quem conteste a afirmação ou entenda que o presidente não pode falar isso. Provavelmente, que seria melhor mentir.
O vídeo, gravado aparentemente por um celular, é interessante. Em um evento aqui no Rio, um garoto de nome Leandro, aparentemente já conhecido do governador Sérgio Cabral, reclama de não poder praticar esportes por causa da falta de segurança. Quando ele cita o tênis, o presidente Lula retruca dizendo que tênis é esporte da burguesia e sugere: "Por que não faz natação?" Aí o garoto reclama da falta de segurança e o Lula dá uma chamada no Cabral, dizendo que é um prejuízo político deixar isso acontecer por não colocar guardas para fazer a segurança da área. Tremenda saia justa provocada pelo moleque.
O jornalista de nome Fernando Sampaio, que tem um blog no portal UOL, aproveitou a deixa e publicou um post intitulado "Burguês é a mãe" (que depois virou um mais simpático "Burguês é a vovozinha"), no qual destila toda sua verve contra o presidente - sem apresentar qualquer argumento que contestasse a afirmação de que tênis é um esporte burguês. Muito pelo contrário.
Tudo o que funcionário do grupo Abril escreveu apenas corrobora as palavras do presidente, especialmente a falta de quadras públicas em todo o país.
Até entendo que quem critique a óbvia afirmação o faça por questões ideológicas, oportunismo político. Vá lá, pode-se entender que faça parte do jogo democrático aproveitar para bater qualquer bola levantada na ponta da rede, mesmo sem acreditar no que se está dizendo. É como juiz de futebol em jogo em que nosso time perde, é sempre culpado, algumas vezes sem qualquer motivo justificado (por isso gosto de reclamar de arbitragem quando o time vence...).
Também entendo que atletas profissionais do esporte sintam-se melindrados e partam para o chororô, o que apenas não acho muito inteligente, pois não faz nenhum sentido lógico, basta olhar o panorama do tênis no Brasil. Parte dele, inclusive, retratado pelo blogueiro da Folha, digo do UOL Esporte. Melhor seria que os atletas aproveitassem o gancho para cobrar providências em sentido contrário.
Fica a impressão de uma clara ação de um jornalista que trabalha para um grupo de comunicação escancaradamente contrário ao governo atual, a ponto de ser acusado de forjar documentos e coisas afins, o que não chega a surpreender tratando-se de uma organização que apoiou a ditadura militar (vide o livro “Cães de Guarda – Jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988″, de Beatriz Kushnir). Deve ser difícil para um funcionário ir contra os interesses patronais. Mais fácil é aderir, o que acaba tirando sua credibilidade. É preciso muita personalidade e um bom lastro profissional para ser independente nessas circunstâncias para falar bem ou mal de quem quer que seja de acordo apenas com o que pensa, e não com o que pensam por ele. Há exceções, felizmente, mas que, como toda exceção, apenas comprovam a a regra.
Eu gostei da frase, por mais óbvia que seja: "O tênis é um esporte da burguesia." E falo de cadeira.
Joguei tênis na minha adolescência. Ou tentava jogar. Afinal, nunca fui burguês. O tênis era - e é - um esporte caro. Uma raquete é cara. As bolas se desgastam rapidamente e ficar comprando latinhas de bolas novas era um problema. Problema maior era encontrar horário livre nas raras quadras públicas disponíveis. No meu bairro, eram apenas duas.
Cansei de jogar com raquetes inadequadas, com a rede espicaçada, bolas carecas e de ficar até horas esperando por uma brecha para poder entrar numa quadra. Contratar um instrutor? Nem pensar.
Fácil o tênis só é - como sempre foi - para quem tem grana. Aí não há problema para se ter sempre uma boa raquete, bolas novas, um instrutor à disposição e, claro, o título de sócio de algum clube para se jogar sempre que tiver vontade. Ou então morar em um condomínio bacana o suficiente para ter algumas quadras de tênis para os moradores se divertirem.
Daí eu pergunto: em que parte desse cenário não se enquadra a frase "o tênis é um esporte da burguesia"? Boa parte do que o Fernando Sampaio escreve simplesmente me faz novamente perguntar retoricamente: em que parte desse cenário não se enquadra a frase "o tênis é um esporte da burguesia"? Qual o motivo de tamanha revolta?
Como disse Mino Carta na coluna que reproduzi aqui, esse parece o tipo de texto direcionado àqueles que avidamente se agarram a qualquer discurso e palavras que possam usar contra o popular presidente, "aqueles que se alimentam diariamente com os editoriais, as colunas, as reportagens editorializadas dos jornalões. E lhes repetem, em estado de parva obediência, de dependência canina, os chavões, os clichês, as frases feitas pelos locais públicos e privados." Como diria Nelson Rodrigues, poderíamos imaginar o blogueiro babando enquanto mistura em seu argumento Irã, El Salvador, "imbróglios internacionais" e tudo que a visão burguesa possa deturpar contra um governo marcadamente popular.
O tênis é um esporte burguês. Talvez Fernando Sampaio não tenha tido qualquer dificuldade para praticá-lo, mas eu sempre tive, por isso meus tempos de tenista amador ficaram lá no passado, indo apenas até o ponto em que não tinha mais como me divertir praticando esse esporte que acho muito legal. Se o autor interpretasse o próprio texto, entenderia isso e veria como seu destempero o faz perder crédito. Tudo de útil que ele escreve corrobora com a frase "o tênis é um esporte da burguesia". O que seria legal ele ter feito, com um pouco mais de justiça e imparcialidade, era criticar o governo atual por não ter feito nada para mudar esse triste cenário e registrar que isso é uma maldita herança do passado, cujo maior responsável foi o governo à época dos vitoriosos tempos de Gustavo Kuerten.
Nos anos em que Guga viveu o auge de sua vitoriosa carreira, o governo brasileiro nada fez para aproveitar toda a visibilidade que o esporte estava tendo e massificá-lo país afora. Tudo conspirava a favor, só não havia iniciativa alguma nesse sentido. Ah, é, mas esse auge ocorreu no governo Fernando Henrique Cardoso... E esse gancho para analisar a triste situação do tênis no Brasil foi simplesmente ignorado pelo jornalista do UOL. Como diria algum ingênuo personagem de desenho animado ou seriado tatibitate: "Por que será, hein?"
Enfim, como Fernando Sampaio usou da liberdade de expressão conferida livremente a todos (será mesmo?) neste país para ofender explicitamente o mandatário maior da República ("nosso gênio Lula acaba de vomitar mais uma frase infeliz"), não creio que vá se considerar ofendido por eu interpretar que seu post seja um caso de diarreia mental.
Mas é bom para que um presidente da república saiba que não deve sair por aí chamando de burgueses esportes tão populares que podemos praticar em qualquer esquina, como tênis, golfe, motonáutica, automobilismo...
É a minha opinião.
sábado, 7 de agosto de 2010
FUTEBOL ► São Paulo x Internacional 2010 foi quase um remake de Fluminense x São Paulo 2008. Quase...
Libertadores 2008.
Quartas de final.
Fluminense e São Paulo fazem o jogo da volta no Maracanã.
Em São Paulo, os paulistas venceram por 1 x0. No Rio, os cariocas precisam de dois gols de diferença para ir adiante na competição.
O primeiro tempo termina com o placar apontando 1 x 0 para o Fluminense.
O Fluminense precisa de mais um gol.
O São Paulo retorna do intervalo e empata a partida no segundo tempo.
Na saída de bola, porém, o Fluminense marca e retoma a vantagem.
Agora o Fluminense precisa novamente de mais um gol para se classificar para a semifinal.
Empurrado pela torcida, o Fluminense pressiona e o São Paulo tenta manter a vantagem que lhe garante a vaga.
A cerca de 10 minutos para o fim, um jogador do São Paulo é expulso.
Três minutos de acréscimo.
Aos 46 minutos, escanteio para o Fluminense.
Libertadores 2010
Semifinal.
São Paulo e Internacional fazem o jogo da volta no Morumbi.
Em Porto Alegre, os gaúchos venceram por 1 x0. Em São Paulo, os paulistas precisam de dois gols de diferença para ir adiante na competição.
O primeiro tempo termina com o placar apontando 1 x 0 para o São Paulo.
O São Paulo precisa de mais um gol.
O Internacional retorna do intervalo e empata a partida no segundo tempo.
Na saída de bola, porém, o São Paulo marca e retoma a vantagem.
Agora o São Paulo precisa novamente de mais um gol para se classificar para a semifinal.
Empurrado pela torcida, o São Paulo pressiona e o Internacional tenta manter a vantagem que lhe garante a vaga.
A cerca de 10 minutos para o fim, um jogador do Internacional é expulso.
Três minutos de acréscimo.
Aos 46 minutos, escanteio para o São Paulo.
Impressionante a semelhança, não? Mas o final, quanta diferença...
No Maracanã, Thiago Neves cobrou o escanteio e Washington subiu para marcar de cabeça um gol histórico.
No Morumbi, o São Paulo não teve essa sua última chance. Tudo porque o veterano goleiro Rogério Ceni agiu de maneira surpreendentemente infantil.
O goleiro tantas vezes campeão pelo tricolor paulista foi para a área tentar o gol. Lá chegando, porém, logo se envolveu em troca de empurrões com adversários, inclusive acertando uma cotovelada em um deles. Era tudo o que o Internacional queria para matar ao tempo. O árbitro colombiano Oscar Ruiz, claro, não autorizou a cobrança e foi colocar ordem na casa.
Quando finalmente o escanteio foi batido, Rogério Ceni cometeu acintosa falta sobre o goleiro Renan, acabando com a última chance são-paulina, porque Oscar Ruiz acabou o jogo ali mesmo, na marcação da falta.
Foi uma atitude muito infeliz - para dizer o mínimo.
Lembro que às vésperas da partida entre Fluminense x São Paulo em 2008 comentei com algumas pessoas que tudo o que queria era que o Fluminense tivesse a chance de uma última jogada decisiva. É o que todo torcedor espera, que no último instante uma bola milagrosa dê a classificação ao seu time num confronto desses. Era muito difícil fazer dois gols de diferença num time como do São Paulo, mas se o Fluminense estivesse vencendo pela vantagem mínima e precisasse só de mais um golzinho e tivesse uma última posse de bola para atacar, cavar uma falta, arrumar um escanteio, pôr uma última bola na área... Que pudéssemos cantar "Abenção, João de Deus" mais uma vez e torcer.
Eu não me conformo quando nessas situações um jogador comete a estupidez de cometer uma falta de ataque, cobrar direto para a linha de fundo ou ainda fazer aquela cobrança curta, que não dá em nada e o juiz aproveita para terminar sem que a última chance se concretize.
Custo a crer que um jogador experiente e acostumado a decisões como Rogério Ceni tenha agido assim. Não sou torcedor do São Paulo, mas fiquei aflito com aquela atitude no fim do jogo, aquela frustração de não ter tido a última oportunidade de mudar o destino de uma competição.
Quartas de final.
Fluminense e São Paulo fazem o jogo da volta no Maracanã.
Em São Paulo, os paulistas venceram por 1 x0. No Rio, os cariocas precisam de dois gols de diferença para ir adiante na competição.
O primeiro tempo termina com o placar apontando 1 x 0 para o Fluminense.
O Fluminense precisa de mais um gol.
O São Paulo retorna do intervalo e empata a partida no segundo tempo.
Na saída de bola, porém, o Fluminense marca e retoma a vantagem.
Agora o Fluminense precisa novamente de mais um gol para se classificar para a semifinal.
Empurrado pela torcida, o Fluminense pressiona e o São Paulo tenta manter a vantagem que lhe garante a vaga.
A cerca de 10 minutos para o fim, um jogador do São Paulo é expulso.
Três minutos de acréscimo.
Aos 46 minutos, escanteio para o Fluminense.
Libertadores 2010
Semifinal.
São Paulo e Internacional fazem o jogo da volta no Morumbi.
Em Porto Alegre, os gaúchos venceram por 1 x0. Em São Paulo, os paulistas precisam de dois gols de diferença para ir adiante na competição.
O primeiro tempo termina com o placar apontando 1 x 0 para o São Paulo.
O São Paulo precisa de mais um gol.
O Internacional retorna do intervalo e empata a partida no segundo tempo.
Na saída de bola, porém, o São Paulo marca e retoma a vantagem.
Agora o São Paulo precisa novamente de mais um gol para se classificar para a semifinal.
Empurrado pela torcida, o São Paulo pressiona e o Internacional tenta manter a vantagem que lhe garante a vaga.
A cerca de 10 minutos para o fim, um jogador do Internacional é expulso.
Três minutos de acréscimo.
Aos 46 minutos, escanteio para o São Paulo.
Impressionante a semelhança, não? Mas o final, quanta diferença...
No Maracanã, Thiago Neves cobrou o escanteio e Washington subiu para marcar de cabeça um gol histórico.
No Morumbi, o São Paulo não teve essa sua última chance. Tudo porque o veterano goleiro Rogério Ceni agiu de maneira surpreendentemente infantil.
O goleiro tantas vezes campeão pelo tricolor paulista foi para a área tentar o gol. Lá chegando, porém, logo se envolveu em troca de empurrões com adversários, inclusive acertando uma cotovelada em um deles. Era tudo o que o Internacional queria para matar ao tempo. O árbitro colombiano Oscar Ruiz, claro, não autorizou a cobrança e foi colocar ordem na casa.
Quando finalmente o escanteio foi batido, Rogério Ceni cometeu acintosa falta sobre o goleiro Renan, acabando com a última chance são-paulina, porque Oscar Ruiz acabou o jogo ali mesmo, na marcação da falta.
Foi uma atitude muito infeliz - para dizer o mínimo.
Lembro que às vésperas da partida entre Fluminense x São Paulo em 2008 comentei com algumas pessoas que tudo o que queria era que o Fluminense tivesse a chance de uma última jogada decisiva. É o que todo torcedor espera, que no último instante uma bola milagrosa dê a classificação ao seu time num confronto desses. Era muito difícil fazer dois gols de diferença num time como do São Paulo, mas se o Fluminense estivesse vencendo pela vantagem mínima e precisasse só de mais um golzinho e tivesse uma última posse de bola para atacar, cavar uma falta, arrumar um escanteio, pôr uma última bola na área... Que pudéssemos cantar "Abenção, João de Deus" mais uma vez e torcer.
Eu não me conformo quando nessas situações um jogador comete a estupidez de cometer uma falta de ataque, cobrar direto para a linha de fundo ou ainda fazer aquela cobrança curta, que não dá em nada e o juiz aproveita para terminar sem que a última chance se concretize.
Custo a crer que um jogador experiente e acostumado a decisões como Rogério Ceni tenha agido assim. Não sou torcedor do São Paulo, mas fiquei aflito com aquela atitude no fim do jogo, aquela frustração de não ter tido a última oportunidade de mudar o destino de uma competição.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
POLÍTICA ► Deu na Internet: "A escalada do muro: como reagiria a mídia a uma vitória final da candidata de Lula?" - Coluna de Mino Carta na Carta Capital
Hoje o blogueiro estou sem ideias e sem muito tempo - para variar. Decidi reproduzir uma coluna que achei excelente - mais uma - de Mino Carta, na Carta Capital. O link original é este aqui . Abaixo, a reprodução.
Pergunta ao acaso: se Dilma vence, quem irá dedicar-se ao alpinismo e quem não?
Aguardo com alguma ansiedade para a próxima semana a pesquisa eleitoral Datafolha. Às vezes, nos últimos tempos, me agrediu a impressão de que costuma basear-se mais na esperança, belíssimo sentimento, do que em critérios estritamente técnicos. Fique claro, porém, que a esperança não é exclusividade da Folha de S.Paulo. Abriu as asas, pássaro formoso, no céu das redações da mídia nativa em geral.
Não me surpreenderei se o Datafolha começar uma operação de pouso em proveito de sua credibilidade. Pois é do -conhecimento até do mundo mineral que a candidatura de Dilma Rousseff continua em ascensão e a de José Serra em queda. As próximas pesquisas devem confirmar a tendência. Será possível que a discrepância entre o Datafolha e os demais institutos não comece a encolher?
Uma questão interessante neste momento passa a ser a seguinte: como reagiria a mídia a uma vitória final da candidata de Lula? E como reagiriam todos aqueles da plateia que lhe deram ouvidos? Quem se apressaria a subir no muro e quem manteria em relação ao governo Dilma a mesma feroz oposição observada contra o governo Lula? Existe, por mais vaga e remota, a possibilidade de ruptura de uma frente midiática automaticamente armada desde sempre ao menor sinal de risco para a minoria privilegiada e seus aspirantes?
Sublinho que não ouso me atirar a um precipitado prognóstico eleitoral, de fato emprego o condicional. Mas, aqui e acolá, com meias palavras ou nas entrelinhas, insinuam-se, nas páginas impressas e nas falas dos comentaristas do rádio e da tevê, os indícios de uma comedida, contudo insólita cautela. Sintomático o texto de Merval Pereira, da ala de frente da Escola Serrista, publicado em O Globo de quarta-feira 4.
Registra-se ali a “percepção majoritária de que, ao fim e ao cabo”, Dilma derrotará Serra. Puro espanto de minha parte. Tu quoque, Merval? Logo, como outro pássaro, aquele do Cáucaso, vingador dos deuses do Olimpo traídos por Prometeu, o colega põe o bico na ferida: essa percepção baseia-se, sim, na popularidade do presidente, “mas, sobretudo, no jogo bruto que ele vem usando, não respeitando limites na faina para eleger a sua escolhida”. Excesso de gerúndios e de severidade.
Qualquer presidente, em qualquer canto do mundo democrático, e nem tanto, mergulha na faina (faina?) de, como se diz, “fazer seu sucessor”. Recentemente, para citar personagem do agrado da mídia nativa, o presidente colombiano Uribe esforçou-se bastante para levar à vitória seu ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, por ele ungido candidato à sucessão.
Por outro lado, não estava calculado o peso que o apoio de Lula exerceria a favor da escolhida? Não era este o resultado previsto para a estratégia do plebiscito cultivada pelo presidente mais amado da história do Brasil?
Jamais sustentaria que Merval Pereira é de escalar muros, muito pelo contrário. O que escreve hoje prova que ele ficaria onde está, de opinião e letra intocadas, caso Dilma Rousseff viesse a ser a presidente por ele tão peremptoriamente indesejada. Mas haveria certamente jornalistas e seus patrões de súbito dados ao alpinismo, e entre outros e mais diversos donos do poder, explícito ou acobertado, os senhores do estamento, como diria Raymundo Faoro, dispostos a rever posições em nome do pragmatismo.
Algo me intriga, de certa forma mais ainda, e diz respeito ao comportamento dos leitores que sofregamente esperam pela revista Veja na manhã de sábado, ou que se alimentam diariamente com os editoriais, as colunas, as reportagens editorializadas dos jornalões. E lhes repetem, em estado de parva obediência, de dependência canina, os chavões, os clichês, as frases feitas pelos locais públicos e privados.
Seriam capazes de se perguntar, movidos por razões morais e intelectuais, como se deu uma entrega tão passiva à má informação?
Seria salutar exame de consciência. E, sempre em caso de vitória de Dilma – insisto no esclarecimento –, que se daria se ela se habilitasse a dar continuidade ao governo Lula e o Brasil avançasse mais e mais no melhor dos caminhos, rumo ao país que há tanto tempo merece ser?
A tendência é a eleição da candidata do governo, mas não creio que "a grande mídia" vá ntregar os pontos sem mais uma tentativa ou duas de golpe. Afinal, há anos trabalham avidamente nisso...
****
A escalada do muro
Mino Carta - 6 de agosto de 2010 às 10:45h
Pergunta ao acaso: se Dilma vence, quem irá dedicar-se ao alpinismo e quem não?
Aguardo com alguma ansiedade para a próxima semana a pesquisa eleitoral Datafolha. Às vezes, nos últimos tempos, me agrediu a impressão de que costuma basear-se mais na esperança, belíssimo sentimento, do que em critérios estritamente técnicos. Fique claro, porém, que a esperança não é exclusividade da Folha de S.Paulo. Abriu as asas, pássaro formoso, no céu das redações da mídia nativa em geral.
Não me surpreenderei se o Datafolha começar uma operação de pouso em proveito de sua credibilidade. Pois é do -conhecimento até do mundo mineral que a candidatura de Dilma Rousseff continua em ascensão e a de José Serra em queda. As próximas pesquisas devem confirmar a tendência. Será possível que a discrepância entre o Datafolha e os demais institutos não comece a encolher?
Uma questão interessante neste momento passa a ser a seguinte: como reagiria a mídia a uma vitória final da candidata de Lula? E como reagiriam todos aqueles da plateia que lhe deram ouvidos? Quem se apressaria a subir no muro e quem manteria em relação ao governo Dilma a mesma feroz oposição observada contra o governo Lula? Existe, por mais vaga e remota, a possibilidade de ruptura de uma frente midiática automaticamente armada desde sempre ao menor sinal de risco para a minoria privilegiada e seus aspirantes?
Sublinho que não ouso me atirar a um precipitado prognóstico eleitoral, de fato emprego o condicional. Mas, aqui e acolá, com meias palavras ou nas entrelinhas, insinuam-se, nas páginas impressas e nas falas dos comentaristas do rádio e da tevê, os indícios de uma comedida, contudo insólita cautela. Sintomático o texto de Merval Pereira, da ala de frente da Escola Serrista, publicado em O Globo de quarta-feira 4.
Registra-se ali a “percepção majoritária de que, ao fim e ao cabo”, Dilma derrotará Serra. Puro espanto de minha parte. Tu quoque, Merval? Logo, como outro pássaro, aquele do Cáucaso, vingador dos deuses do Olimpo traídos por Prometeu, o colega põe o bico na ferida: essa percepção baseia-se, sim, na popularidade do presidente, “mas, sobretudo, no jogo bruto que ele vem usando, não respeitando limites na faina para eleger a sua escolhida”. Excesso de gerúndios e de severidade.
Qualquer presidente, em qualquer canto do mundo democrático, e nem tanto, mergulha na faina (faina?) de, como se diz, “fazer seu sucessor”. Recentemente, para citar personagem do agrado da mídia nativa, o presidente colombiano Uribe esforçou-se bastante para levar à vitória seu ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, por ele ungido candidato à sucessão.
Por outro lado, não estava calculado o peso que o apoio de Lula exerceria a favor da escolhida? Não era este o resultado previsto para a estratégia do plebiscito cultivada pelo presidente mais amado da história do Brasil?
Jamais sustentaria que Merval Pereira é de escalar muros, muito pelo contrário. O que escreve hoje prova que ele ficaria onde está, de opinião e letra intocadas, caso Dilma Rousseff viesse a ser a presidente por ele tão peremptoriamente indesejada. Mas haveria certamente jornalistas e seus patrões de súbito dados ao alpinismo, e entre outros e mais diversos donos do poder, explícito ou acobertado, os senhores do estamento, como diria Raymundo Faoro, dispostos a rever posições em nome do pragmatismo.
Algo me intriga, de certa forma mais ainda, e diz respeito ao comportamento dos leitores que sofregamente esperam pela revista Veja na manhã de sábado, ou que se alimentam diariamente com os editoriais, as colunas, as reportagens editorializadas dos jornalões. E lhes repetem, em estado de parva obediência, de dependência canina, os chavões, os clichês, as frases feitas pelos locais públicos e privados.
Seriam capazes de se perguntar, movidos por razões morais e intelectuais, como se deu uma entrega tão passiva à má informação?
Seria salutar exame de consciência. E, sempre em caso de vitória de Dilma – insisto no esclarecimento –, que se daria se ela se habilitasse a dar continuidade ao governo Lula e o Brasil avançasse mais e mais no melhor dos caminhos, rumo ao país que há tanto tempo merece ser?
****
A tendência é a eleição da candidata do governo, mas não creio que "a grande mídia" vá ntregar os pontos sem mais uma tentativa ou duas de golpe. Afinal, há anos trabalham avidamente nisso...
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
FUTEBOL ► Flamengo: uma torcida desrespeitada por maus atletas e dirigentes
Todo mundo conhece a força e o tamanho da torcida do Flamengo no país inteiro. Não é por ser Fluminense que não vejo isso. É o óbvio. Menos para o Datafolha, claro. Mas o Datafolha não conta, porque esse instituto de pesquisa parece retratar um Brasil bem diferente da realidade. Pois bem, todo mundo que não seja o Datafolha sabe que a torcida rubro-negra é a maior do país, sem sombra de dúvidas. Mas a maior torcida do país anda meio constrangida, envergonhada - e por justas razões.
As sucessivas incursões de estrelas do time pelas páginas policiais são realmente de corar qualquer cidadão de bem. Enquanto torcedores de futebol, fingimos não prestar muita atenção na vida fora de campo dos jogadores que defendem nossas cores dentro das quatro linhas. Principalmente quando se começa a ouvir à boca pequena que um faz isso, outro aquilo... O que importa é o time ir bem. O resto a gente finge que não vê.
Mas para tudo há limite. Primeiro foi Adriano, depois Vagner Love, novamente Adriano, para culminar na trágica barbárie protagonizada pelo goleiro Bruno. Goleiro e capitão da equipe. Goleiro, capitão e ídolo da garotada flamenguista. E aí o estrago foi feito.
Os pais sentem-se envergonhados. Como explicar ao filho que o ídolo dele (ou até deles) foi capaz de participar de um ato insane e covarde daquele? Se os mais velhos não se conformam, a criançada simplesmente não entende e fica chocada.
Se o clube tem um prejuízo de imagem incalculável, a dor da torcida é maior ainda. Há uma máxima - que acho de mau gosto - de que para o torcedor o que importa é o que o jogador faz dentro de campo. Mas estamos vendo que não é bem assim. No clássico contra o Botafogo pelo campeonato brasileiro, os rubro-negros foram minoria de um público que mal chegou a 15 mil pagantes. Depois, mesmo com duas boas vitórias seguidas (Botafogo e depois Goiás, fora de casa), menos de 20 mil torcedores presenciaram o empate contra o Avaí no Maracanã. Domingo passado, contra o Vasco, mais uma vez a torcida do Flamengo foi minoria.
Não são números ou fatos à altura da torcida do Flamengo. O Flamengo luta para entrar no chamado G-4, enquanto Vasco e Botafogo tentavam sair da zona de rebaixamento. Mas é notório o desânimo pelos lados da Gávea. O torcedor sente e parece envergonhado com uma situação provocada pela falta de pulso da diretoria do clube, que sempre fez vista grossa aos excessos de seus atletas. Como pode, com o passado conturbado de Bruno (desde os tempos de Atlético Mineiro), o goleiro ser nomeado capitão? Maior exemplo de que diretoria e comissão técnica não tiveram competência ou interesse em cobrar disciplina e respeito de seus jogadores não há.
Mas isso passa. Torcedores de todos os clubes com alguma razão na cabeça passam por isso. Também tive minha cota como tricolor. Especialmente quando o jogador Romário fazia do clube gato e sapato nos anos de 2003 e 2004. Era algo entre o patético e o humilhante. Simplesmente deixei de ir a campo quando esse não atleta estava escalado. Por um lado foi bom, pude dedicar mais sábados e domingos à minha então namorada, hoje esposa. Mas felizmente um novato treinador de quem o já veterano jogador um dia dissera "está chegando agora e já quer a janelinha" o tirou do ônibus. E foi assim que Alexandre Gama devolveu o Fluminense a mim - ou vice-versa. Talvez um dia ainda escreva sobre esses negros anos tricolores por aqui.
Enfim, aos poucos a torcida do Flamengo voltará com força, dependendo apenas dos resultados do time em campo, sem recear ver o nome de seus ídolos nas páginas policiais. Até porque jogadores vêm e vão, o clube fica. Novos ídolos surgem. O jovem Marcelo Lomba, por exemplo, tem se saído bem no gol rubro-negro. E goleiros exercem enorme fascínio sobre a garotada.
E mais a mais, agora um acima de qualquer suspeita Zico está comandando o futebol da Gávea, o que é garantia de respeito e profissionalismo não só para o Flamengo como para todo o futebol nacional. Impossível imaginar Zico passando a mão na cabeça de jogadores que maculem o nome do clube do qual ele é o maior ídolo da história e tanto ajudou a brilhar.
As sucessivas incursões de estrelas do time pelas páginas policiais são realmente de corar qualquer cidadão de bem. Enquanto torcedores de futebol, fingimos não prestar muita atenção na vida fora de campo dos jogadores que defendem nossas cores dentro das quatro linhas. Principalmente quando se começa a ouvir à boca pequena que um faz isso, outro aquilo... O que importa é o time ir bem. O resto a gente finge que não vê.
Mas para tudo há limite. Primeiro foi Adriano, depois Vagner Love, novamente Adriano, para culminar na trágica barbárie protagonizada pelo goleiro Bruno. Goleiro e capitão da equipe. Goleiro, capitão e ídolo da garotada flamenguista. E aí o estrago foi feito.
Os pais sentem-se envergonhados. Como explicar ao filho que o ídolo dele (ou até deles) foi capaz de participar de um ato insane e covarde daquele? Se os mais velhos não se conformam, a criançada simplesmente não entende e fica chocada.
Se o clube tem um prejuízo de imagem incalculável, a dor da torcida é maior ainda. Há uma máxima - que acho de mau gosto - de que para o torcedor o que importa é o que o jogador faz dentro de campo. Mas estamos vendo que não é bem assim. No clássico contra o Botafogo pelo campeonato brasileiro, os rubro-negros foram minoria de um público que mal chegou a 15 mil pagantes. Depois, mesmo com duas boas vitórias seguidas (Botafogo e depois Goiás, fora de casa), menos de 20 mil torcedores presenciaram o empate contra o Avaí no Maracanã. Domingo passado, contra o Vasco, mais uma vez a torcida do Flamengo foi minoria.
Não são números ou fatos à altura da torcida do Flamengo. O Flamengo luta para entrar no chamado G-4, enquanto Vasco e Botafogo tentavam sair da zona de rebaixamento. Mas é notório o desânimo pelos lados da Gávea. O torcedor sente e parece envergonhado com uma situação provocada pela falta de pulso da diretoria do clube, que sempre fez vista grossa aos excessos de seus atletas. Como pode, com o passado conturbado de Bruno (desde os tempos de Atlético Mineiro), o goleiro ser nomeado capitão? Maior exemplo de que diretoria e comissão técnica não tiveram competência ou interesse em cobrar disciplina e respeito de seus jogadores não há.
Mas isso passa. Torcedores de todos os clubes com alguma razão na cabeça passam por isso. Também tive minha cota como tricolor. Especialmente quando o jogador Romário fazia do clube gato e sapato nos anos de 2003 e 2004. Era algo entre o patético e o humilhante. Simplesmente deixei de ir a campo quando esse não atleta estava escalado. Por um lado foi bom, pude dedicar mais sábados e domingos à minha então namorada, hoje esposa. Mas felizmente um novato treinador de quem o já veterano jogador um dia dissera "está chegando agora e já quer a janelinha" o tirou do ônibus. E foi assim que Alexandre Gama devolveu o Fluminense a mim - ou vice-versa. Talvez um dia ainda escreva sobre esses negros anos tricolores por aqui.
Enfim, aos poucos a torcida do Flamengo voltará com força, dependendo apenas dos resultados do time em campo, sem recear ver o nome de seus ídolos nas páginas policiais. Até porque jogadores vêm e vão, o clube fica. Novos ídolos surgem. O jovem Marcelo Lomba, por exemplo, tem se saído bem no gol rubro-negro. E goleiros exercem enorme fascínio sobre a garotada.
E mais a mais, agora um acima de qualquer suspeita Zico está comandando o futebol da Gávea, o que é garantia de respeito e profissionalismo não só para o Flamengo como para todo o futebol nacional. Impossível imaginar Zico passando a mão na cabeça de jogadores que maculem o nome do clube do qual ele é o maior ídolo da história e tanto ajudou a brilhar.
Assinar:
Postagens (Atom)