No primeiro minuto de jogo, Fernando Torres quase abriu o marcador. Caído pela ponta esquerda, cortou para o meio e bateu no ângulo direito do goleiro Eduardo, que foi lá buscar. No minuto seguinte, foi a vez de David Villa finalizar da meia-esquerda e obrigar Eduardo a trabalhar. Aos 5', novamente Torres invadiu pela esquerda e Eduardo salvou mais uma. Já há um padrão aí, não é mesmo? O jogo mal começara e ficava claro qual equipe partiria para a vitória e qual se limitaria a defender. Assim foi durante os 90 minutos em que a Espanha muito justamente eliminou a retrancada seleção de Portugal nas oitavas de final disputada na Cidade do Cabo.
O panorama durante os 90 minutos não mudou um instante sequer. Com a posse de bola e toques envolventes, a Espanha procurava espaços e rondava constantemente o gol guarnecido por Eduardo, até então invicto na competição. Com seus quatro homens do meio (Xabi Alonso, Xavi, Iniesta e Busquets, este um pouco menos) sempre à frente, mais os atacantes Torres e Villa e ainda o apoio constante do lateral Sérgio Ramos, a Espanha dominava o meio campo e ia criando chances de gol, apesar do forte bloqueio português à frente de sua área.
Já Portugal limitava-se a defender. Com Cristiano Ronaldo isolado, Simão mais recuado e muito distante dele e Hugo Almeida sempre brigando com a bola, pouco ameaçava a meta defendida por Casillas. Seu meio campo era absolutamente improdutivo e incapaz de uma troca de passes, o que não surpreendia, porque imaginar troca de passes entre os botinudos Pepe e Raul Meireles e Tiago requer um certo esforço mental. A presença do limitado Almeida à frente só tornava mais lógico o fato da equipe lusa nada criar. Desse modo, cabia a Portugal apostar no 0 x 0 e levar a decisão da vaga para a disputa de pênaltis. Só podia ser esse o objetivo do técnico Carlos Queiroz.
E lá foi o jogo nessa toada, com a Espanha atacando e o grito de gol preso na garganta. Grito que esteve mais próximo de sair aos 15' do segundo tempo, quando Sérgio Ramos centrou e Lloriente, que havia substituído o cansado Fernando Torres, cabeceou de peixinho para o chão, de dentro da pequena área, para ótima defesa no reflexo de Eduardo. Ou logo depois, quando David Villa entrou livre pela esquerda e perdeu, quando tinha a melhor opção de tocar para o lado na direção de quem entrava.
O gol, a essa altura, era questão de tempo, mas havia o risco do tempo não esperar e levar a partida para a prorrogação e pênaltis, como desejava Portugal. Mas prevaleceu o velho ditado "água mole em pedra dura tanto bate até que fura" e aos 18' a Espanha chegou ao gol que lhe daria a classificação. E foi através do artilheiro David Villa. Na pressão, Iniesta deu um toquinho na entrada da área para Xabi Alonso, que, de calcanhar, deixou Villa livre na esquerda, na cara de Eduardo, que ainda salvou o primeiro chute, mas não teve como evitar a conclusão fatal no rebote.
Daí para frente Portugal... só escapou de levar mais um. Como aos 24', quando Sérgio Ramos avançou mais uma vez rumo à área, cortou para a perna esquerda e soltou a bomba rasteira e cruzada, para grande defesa de Eduardo no cantinho direito. Ou aos 27', quando Villa chutou de fora e Eduardo de novo defendeu. Ou ainda aos 41', quando Lloriente recebeu um lançamento longo e cabeceou para baixo no canto esquerdo, com a bola raspando a trave.
Quanto a Portugal, sua única chance realmente relevante ocorreu aos 6' dessa etapa final, quando Almeida conseguiu puxar um ataque pela esquerda, limpou Puyol e procurou Ronaldo na área. A bola desviou na zaga e encobriu Casillas, quase caindo dentro do gol. E foi só.
Na Espanha, destaque para o artilheiro David Villa, os meias Iniesta e Xabi Alonso (que toque foi aquele?) e o lateral Sérgio Ramos, incansável no apoio. Em Portugal, só há lugar de honra para Eduardo. Não à toa, o goleiro foi o jogador que mais sentiu a derrota. Afinal, foi quem mais se empenhou por sua seleção em campo. A entrevista final de Carlos Queiroz, dizendo que a Espanha merecera por controlar mais a bola e que quem tem a posse de bola está sempre mais próximo da vitória, é um primor de paradoxismo. Se ele acha isso, como escala o meio de campo que ele escalou? Como deixar Deco e Liedson de fora assistindo a Pepe, Raul Meireles e Hugo Almeida maltratarem a bola? Pepe e Meireles só fizeram disputar com Ricardo Carvalho a malfadada honra de mais violento jogador no gramado. Apesar dos esforços, quem acabou expulso no final foi Ricardo Costa, após uma covarde cotovelada em Capdevilla. Que coisa feia...
Não sei o que foi melhor para a Copa do Mundo: a permanência do bom futebol espanhol ou a eliminação da retrancada e botinuda seleção portuguesa.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 56: Espanha 1 x 0 Portugal.
Blog que o jornalista David Telio Duarte utiliza como registro de memórias sobre assuntos de seu interesse, como esporte, política, cinema, escolas de samba ou qualquer coisa que lhe venha à cabeça.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
quarta-feira, 30 de junho de 2010
COPA DO MUNDO 2010 ► Em jogo amarrado, Paraguai elimina Japão na cobrança de pênaltis
Decepcionante seria a melhor palavra. Paraguai e Japão não pareciam minimamente dispostos a se arriscar e o 0 x 0 do placar no tempo normal e na prorrogação foi a lógica consequência de um jogo no qual um gol só sairia por acaso, em um lance isolado. Com certeza, decepcionou também ao público que compareceu ao Loftus Versfeld, em Pretória. Ao menos os paraguaios saíram festejando a inédita classificação às quartas de final.
A decepção aumenta pelo fato de ambas as equipes terem condições de jogar mais, para frente, com um mínimo de audácia. Mas o técnico Gerardo Martini de cara mostrou que não iria se expor, ao sacar do time titular o atacante Valdez para a entrada de Benitez, que atuou mais recuado. O início até foi meio enganador. Mal a bola rolou e Okubo finalizava à direita da meta de Bravo, assustando o goleiro paraguaio. O Japão ameaçou pressionar a saída de bola, o Paraguai um pouco também, mas ficou por aí. Logo estavam os dois times esperando um ao outro e as defesas levando ampla vantagem, sem permitir que boas chances fossem criadas. O Paraguai tinha mais posse de bola, mas só conseguia com isso errar mais passes que o Japão, que por sua vez esperava para contra-atacar em velocidade, o que também não conhecia, porque além do Paraguai não sair muito, também errava muitos passes.
Aos 19', um raro momento de emoção na partida, quando Barrios recebeu na esquerda, driblou Komano e chutou nas pernas do goleiro Kawashima, que saía a seus pés. Na resposta, Matsui pegou uma sobra quase na intermediária ofensiva e acertou um belo chute no travessão. Mas a emoção foi ficando por aí. O máximo que ocorria era uma bola parada aqui, outra ali. O Japão simplesmente não conseguia fazer a bola chegar em Honda e não conseguia impor velocidade à saída de bola. O Paraguai procurava os flancos, mas com um ritmo muito lento, o que facilitava a defesa adversária.
No segundo tempo, nada mudou. O Paraguai tinha a bola, mas não criava, e o Japão não encaixava um contra-ataque. De um lado, Roque Santa Cruz pouco era visto na área (a bola também não chegava), Vera não se aventurava e Lucas Barrios até procurava bastante o jogo, mas sem muita ajuda. O pouco que surgia vinha dos pés do veterano lateral esquerdo Claudio Morel, que chegou com perigo algumas vezes ao fundo e batia bem as bolas paradas. Do outro, Honda jogava praticamente isolado no ataque, pois até Endo atuava mais recuado e Matsui mal chegava à frente. Do time veloz e envolvente no ataque que derrubou a Dinamarca, pouco se via.
Os treinadores mexeram, mas sem nada que alterasse o andamento da partida. O Japão ainda caiu mais após a saída de Matsui.
Assim, não foi surpresa alguma a vaga nas oitavas de final ser decidida na loteria da disputa de pênaltis. Loteria, sim. Tem quem diga que disputa de pênaltis é treino, capacidade, técnica, competência... Acho uma bobagem do ponto de vista lógico. Porque, se fosse assim, uma disputa de pênaltis que tivesse dez Zicos de um lado e outros dez Zicos do outro terminaria empatada, porque todos se equivaleriam em capacidade e talento para cobrar e, como todos seriam extremamente competentes, ninguém erraria. E não é assim que funciona. Na disputa de pênaltis, uma hora alguém tem que errar, por isso é uma loteria mesmo. Uma das coisas que mais me espanta é ouvir um comentarista dizer, com pompa, coisas tipo "disputa de pênaltis é competência". Não creio que seja.
Cobrança de pênaltis é competência, disputa de pênaltis, não, porque um vai ter que errar. Então, na loteria dos pênaltis, deu Paraguai, por uma bola no travessão de diferença, chutada por Komano.
Em um jogo desses, apenas defensores poderiam se destacar mesmo. Ambas as duplas de zaga, Paulo da Silva e Alcaraz no Paraguai, Túlio Tanaka e Nakazawa no Japão, foram muito bem. Aliás, a dupla de zaga japonesa fez uma excelente Copa do Mundo. O lateral Morel também se destacou no Paraguai, de seus pés saindo algumas das poucas jogadas de perigo da partida.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 55: Paraguai 0 (5) x (3) 0 Japão.
A decepção aumenta pelo fato de ambas as equipes terem condições de jogar mais, para frente, com um mínimo de audácia. Mas o técnico Gerardo Martini de cara mostrou que não iria se expor, ao sacar do time titular o atacante Valdez para a entrada de Benitez, que atuou mais recuado. O início até foi meio enganador. Mal a bola rolou e Okubo finalizava à direita da meta de Bravo, assustando o goleiro paraguaio. O Japão ameaçou pressionar a saída de bola, o Paraguai um pouco também, mas ficou por aí. Logo estavam os dois times esperando um ao outro e as defesas levando ampla vantagem, sem permitir que boas chances fossem criadas. O Paraguai tinha mais posse de bola, mas só conseguia com isso errar mais passes que o Japão, que por sua vez esperava para contra-atacar em velocidade, o que também não conhecia, porque além do Paraguai não sair muito, também errava muitos passes.
Aos 19', um raro momento de emoção na partida, quando Barrios recebeu na esquerda, driblou Komano e chutou nas pernas do goleiro Kawashima, que saía a seus pés. Na resposta, Matsui pegou uma sobra quase na intermediária ofensiva e acertou um belo chute no travessão. Mas a emoção foi ficando por aí. O máximo que ocorria era uma bola parada aqui, outra ali. O Japão simplesmente não conseguia fazer a bola chegar em Honda e não conseguia impor velocidade à saída de bola. O Paraguai procurava os flancos, mas com um ritmo muito lento, o que facilitava a defesa adversária.
No segundo tempo, nada mudou. O Paraguai tinha a bola, mas não criava, e o Japão não encaixava um contra-ataque. De um lado, Roque Santa Cruz pouco era visto na área (a bola também não chegava), Vera não se aventurava e Lucas Barrios até procurava bastante o jogo, mas sem muita ajuda. O pouco que surgia vinha dos pés do veterano lateral esquerdo Claudio Morel, que chegou com perigo algumas vezes ao fundo e batia bem as bolas paradas. Do outro, Honda jogava praticamente isolado no ataque, pois até Endo atuava mais recuado e Matsui mal chegava à frente. Do time veloz e envolvente no ataque que derrubou a Dinamarca, pouco se via.
Os treinadores mexeram, mas sem nada que alterasse o andamento da partida. O Japão ainda caiu mais após a saída de Matsui.
Assim, não foi surpresa alguma a vaga nas oitavas de final ser decidida na loteria da disputa de pênaltis. Loteria, sim. Tem quem diga que disputa de pênaltis é treino, capacidade, técnica, competência... Acho uma bobagem do ponto de vista lógico. Porque, se fosse assim, uma disputa de pênaltis que tivesse dez Zicos de um lado e outros dez Zicos do outro terminaria empatada, porque todos se equivaleriam em capacidade e talento para cobrar e, como todos seriam extremamente competentes, ninguém erraria. E não é assim que funciona. Na disputa de pênaltis, uma hora alguém tem que errar, por isso é uma loteria mesmo. Uma das coisas que mais me espanta é ouvir um comentarista dizer, com pompa, coisas tipo "disputa de pênaltis é competência". Não creio que seja.
Cobrança de pênaltis é competência, disputa de pênaltis, não, porque um vai ter que errar. Então, na loteria dos pênaltis, deu Paraguai, por uma bola no travessão de diferença, chutada por Komano.
Em um jogo desses, apenas defensores poderiam se destacar mesmo. Ambas as duplas de zaga, Paulo da Silva e Alcaraz no Paraguai, Túlio Tanaka e Nakazawa no Japão, foram muito bem. Aliás, a dupla de zaga japonesa fez uma excelente Copa do Mundo. O lateral Morel também se destacou no Paraguai, de seus pés saindo algumas das poucas jogadas de perigo da partida.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 55: Paraguai 0 (5) x (3) 0 Japão.
terça-feira, 29 de junho de 2010
COPA DO MUNDO 2010 ► Brasil passa fácil pelo Chile e encara a Holanda nas quartas de final
Foi fácil, mais ou menos como se esperava. O Brasil derrotou o velho freguês Chile por 3 x 0 no Ellis Park, em Johanesburgo, e agora enfrenta a Holanda na batalha pela vaga em uma das semifinais do Mundial. Sem alterar seu padrão de jogo seguro na defesa, paciente, aguardando que o adversário oferecesse espaço para agredir e com ótimo aproveitamento ofensivo, a seleção brasileira só permitiu ao Chile criar oportunidades de verdade para marcar após a vitória estar praticamente selada.
Sem Felipe Melo, Ramires deu mais fluidez às saídas rápidas para os contra-ataques, mas o volante reserva não se contentou em suprir a ausência do titular apenas tática e tecnicamente (neste caso, com evidente vantagem). Talvez achando que assim estivesse mais à altura de Felipe Melo, Ramires deu uma entrada violenta em um adversário já com a partida decidida, recebeu seu segundo cartão amarelo na competição (havia feito o mesmo contra a Coreia do Norte) e não será uma opção para Dunga caso o titular não se recupere para as quartas de final.
Apesar de no início o Chile ter esboçado alguma resistência, com algumas razoáveis ações ofensivas, logo ficava clara a superioridade brasileira, cujo jogo, mesmo sem ser brilhantes, tem se mostrado bastante eficiente em explorar falhas dos adversários para decidir as partidas. A insegura defesa chilena estava ainda mais frágil com a ausência de vários titulares e a bola alta brasileira era uma arma muito perigosa contra o gol defendido por Bravo. Além de já há algum tempo ser uma jogada muito forte da seleção canarinho, a baixa estatura chilena ajudava muito.
Assim, apesar de aparentemente enroscado, o jogo estava à feição do Brasil e o gol seria apenas uma questão de paciência e de tempo. E ele surgiu aos 35', quando Juan acertou uma linda cabeçada após um escanteio cobrado da ponta direita. A partir daí, o Chile sentiu o golpe e não mais ofereceu resistência. Logo três minutos depois, Kaká recebeu na entrada da área para, com um único toque, deixar Luís Fabiano cara a cara com o goleiro. Com tranquilidade, o avante brasileiro driblou Bravo e tocou para a rede.
O segundo tempo voltou no mesmo diapasão... É, diapasão é muito ruim, vou mudar... O panorama não se alterou no segundo tempo. O Chile tocava a bola sem conseguir absolutamente nada e o Brasil aguardava, entre acomodado e seguro, o momento certo de contra-atacar e chegar à área adversária. Na primeira vez que encaixou a jogada, aos 14', fez o terceiro gol, após ótima arrancada de Ramires, que deixou para Robinho ter só o trabalho de finalizar. E mais nada aconteceu além de tímidas e infrutíferas tentativas do Chile de ao menos conseguir um gol de honra. Não foi desta vez.
Segue o Brasil, sem encantar, mas consistente e forte na competição. Falta um óbvio plano B para enfrentar defesas fechadas, como até a amadora Coreia do Norte mostrou. É um time de uma nota só, mas que pode sempre se fiar na qualidade individual de seus jogadores e nas bolas paradas para decidir. Quanto ao Chile, acho que o técnico Marcelo Bielsa pecou ou por falta de humildade ou por pura resignação. O Chile não atacou como de costume, mas também não se defendeu além do normal. Creio que uma retranquinha básica teria tornado o jogo ao menos mais equilibrado.
Juan foi o melhor do Brasil. Calado, apenas jogando, Kaká é um jogador que sobra no elenco e que pode decidir em uma ou duas jogadas, mesmo não marcando gols, apenas servindo. Ramires é bem melhor que Felipe Melo (em minha opinião, há pouca gente na posição em clubes de ponta no país que não seja), mas cometeu uma bobagem e assiste às quartas de final da arquibancada. Júlio Cesar foi bem quando exigido, especialmente no final, quando a seleção brasileira já havia encerrado seu expediente. E Maicon fez mais um bom jogo. Lúcio fez boas subidas ao ataque, mas novamente deixou-se ser driblado perigosamente dentro da área.
No Chile, pouco a destacar, foi uma presa fácil. Apesar de ter o costume de marcar contra o Brasil, Suazo foi mal e estragou alguns ataques antes da partida se definir que, se não alterassem o final da história, ao menos poderia fazê-la ser contada de modo diferente. Achei Sanchez o mais empenhado e quem mais trabalho deu à zaga adversária, caindo quase sempre pela direita. Por outro lado, o habilidoso Beausejour pouco se aventurou ao lado esquerdo do campo, atuando muito mais recuado do que vimos nas partidas anteriores do onze chileno.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 54: Brasil 3 x 0 Chile.
Sem Felipe Melo, Ramires deu mais fluidez às saídas rápidas para os contra-ataques, mas o volante reserva não se contentou em suprir a ausência do titular apenas tática e tecnicamente (neste caso, com evidente vantagem). Talvez achando que assim estivesse mais à altura de Felipe Melo, Ramires deu uma entrada violenta em um adversário já com a partida decidida, recebeu seu segundo cartão amarelo na competição (havia feito o mesmo contra a Coreia do Norte) e não será uma opção para Dunga caso o titular não se recupere para as quartas de final.
Apesar de no início o Chile ter esboçado alguma resistência, com algumas razoáveis ações ofensivas, logo ficava clara a superioridade brasileira, cujo jogo, mesmo sem ser brilhantes, tem se mostrado bastante eficiente em explorar falhas dos adversários para decidir as partidas. A insegura defesa chilena estava ainda mais frágil com a ausência de vários titulares e a bola alta brasileira era uma arma muito perigosa contra o gol defendido por Bravo. Além de já há algum tempo ser uma jogada muito forte da seleção canarinho, a baixa estatura chilena ajudava muito.
Assim, apesar de aparentemente enroscado, o jogo estava à feição do Brasil e o gol seria apenas uma questão de paciência e de tempo. E ele surgiu aos 35', quando Juan acertou uma linda cabeçada após um escanteio cobrado da ponta direita. A partir daí, o Chile sentiu o golpe e não mais ofereceu resistência. Logo três minutos depois, Kaká recebeu na entrada da área para, com um único toque, deixar Luís Fabiano cara a cara com o goleiro. Com tranquilidade, o avante brasileiro driblou Bravo e tocou para a rede.
O segundo tempo voltou no mesmo diapasão... É, diapasão é muito ruim, vou mudar... O panorama não se alterou no segundo tempo. O Chile tocava a bola sem conseguir absolutamente nada e o Brasil aguardava, entre acomodado e seguro, o momento certo de contra-atacar e chegar à área adversária. Na primeira vez que encaixou a jogada, aos 14', fez o terceiro gol, após ótima arrancada de Ramires, que deixou para Robinho ter só o trabalho de finalizar. E mais nada aconteceu além de tímidas e infrutíferas tentativas do Chile de ao menos conseguir um gol de honra. Não foi desta vez.
Segue o Brasil, sem encantar, mas consistente e forte na competição. Falta um óbvio plano B para enfrentar defesas fechadas, como até a amadora Coreia do Norte mostrou. É um time de uma nota só, mas que pode sempre se fiar na qualidade individual de seus jogadores e nas bolas paradas para decidir. Quanto ao Chile, acho que o técnico Marcelo Bielsa pecou ou por falta de humildade ou por pura resignação. O Chile não atacou como de costume, mas também não se defendeu além do normal. Creio que uma retranquinha básica teria tornado o jogo ao menos mais equilibrado.
Juan foi o melhor do Brasil. Calado, apenas jogando, Kaká é um jogador que sobra no elenco e que pode decidir em uma ou duas jogadas, mesmo não marcando gols, apenas servindo. Ramires é bem melhor que Felipe Melo (em minha opinião, há pouca gente na posição em clubes de ponta no país que não seja), mas cometeu uma bobagem e assiste às quartas de final da arquibancada. Júlio Cesar foi bem quando exigido, especialmente no final, quando a seleção brasileira já havia encerrado seu expediente. E Maicon fez mais um bom jogo. Lúcio fez boas subidas ao ataque, mas novamente deixou-se ser driblado perigosamente dentro da área.
No Chile, pouco a destacar, foi uma presa fácil. Apesar de ter o costume de marcar contra o Brasil, Suazo foi mal e estragou alguns ataques antes da partida se definir que, se não alterassem o final da história, ao menos poderia fazê-la ser contada de modo diferente. Achei Sanchez o mais empenhado e quem mais trabalho deu à zaga adversária, caindo quase sempre pela direita. Por outro lado, o habilidoso Beausejour pouco se aventurou ao lado esquerdo do campo, atuando muito mais recuado do que vimos nas partidas anteriores do onze chileno.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 54: Brasil 3 x 0 Chile.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
COPA DO MUNDO 2010 ► Holanda derrota Eslováquia e avança para as quartas de final
Jogando bem e de forma convincente, a Holanda derrotou a Eslováquia em Durban e se classificou para as quartas de final do Mundial. O resultado foi justo e até um pouco enganoso, pois o pênalti convertido pelos eslovacos já além dos acréscimos fez a partida parecer mais equilibrada do que realmente foi. Um placar de 3 x 1, por exemplo, estaria em um tamanho mais exato.
Com a volta do filho do treinador, o meia ofensivo e driblador Weiss, a Eslováquia entrou com uma equipe bem ousada, ao menos em sua armação. Jendriseck começou no lugar do suspenso Sestak, fazendo dupla de ataque com Vittek. No meio também saiu jogando outro meia ofensivo, Stoch, fazendo com que Hamsik fosse recuado para uma função praticamente de segundo volante. Marcando mesmo, apenas o botinudo Kucka, que só terminou os 90 minutos em campo graças à obra e graça de sua excelência Alberto Undiano, o mesmo juiz espanhol que deixou a Costa do Marfim bater à vontade na seleção brasileira e Luís Fabiano marcar um gol tocando duas vezes com o braço na bola no confronto entre as duas equipes.
Com Robben finalmente entrando de saída, a Holanda fez aquilo a que tem se habituado nos últimos tempos e dado certo - afinal, já são 23 partidas sem derrota e vaga garantida nas quartas de final de um Campeonato Mundial: movimentação de seus homens de meio e frente (Van Bommel, De Jong, Sneijder, Kuyt, Van Persie e Robben), toques rápidos, habilidade e chegada para encontrar espaços e criar situações de gol.
Como a Holanda gosta de jogar e a Eslováquia se propôs a isso, em seis minutos de bola rolando, meia dúzia de finalizações já haviam sido feitas, três para cada lado. A primeira foi eslovaca, logo a 1', com Stoch chutando forte de fora da área por cima da baliza. A última dessas foi a primeira grande oportunidade da partida, com Van Persie cabeceando errado de dentro da pequena área um centro da esquerda.
A partir daí, com o jogo ao seu estilo, a Holanda foi impondo sua natural superioridade, inclusive tática, e passou a ameaçar com mais frequência a meta defendida por Mucha. Van Persie já poderia ter aberto o placar aos 10', ao desperdiçar nova grande oportunidade, chutando fraco de dentro da área nas mãos do goleiro. Mas foi Robben o autor do primeiro gol, um gol desenhado, uma jogada que todo mundo sabia como seria feita, mas que não foi possível impedir: quase da lateral esquerda de sua própria intermediária, Sneijder fez um preciso lançamento na diagonal que pegou Robben à frente da linha da defesa; Van Persie riscou sem a bola para a ponta-direita e o 11 holandês cortou a zaga para o meio, batendo forte com a canhota no cantinho esquerdo de Mucha.
A partir do gol, a Holanda foi dominando totalmente as ações. A Eslováquia não encontrava mais espaços para ameaçar, porque os jogadores holandeses congestionavam o campo em sua intermediária e saía tocando para o contra-ataque, à espera de um encaixe perfeito para ampliar. E o teria conseguido ainda na primeira etapa, se Van Persie estivesse mais feliz nas finalizações. O atacante do Arsenal ainda perdeu mais duas ótimas chances antes do intervalo.
No segundo tempo, a Eslováquia continuou enredada em campo, enquanto a Holanda partia para decidir a partida, criando e desperdiçando grandes chances de gol, fazendo aparecer bem na fita o goleiro Mucha, com ótimas intervenções. Como aos 4', quando Robben riscou da direita para o meio e chutou rasteirinho cruzado para o goleiro espalmar a escanteio. Após a cobrança, Robben deixou o zagueiro Mathijsen cara a cara com Mucha, que fez excelente defesa. Apenas aos 18' a Eslováquia conseguiu ameaçar pela primeira vez nessa etapa, mesmo assim com um chute quase do meio do campo de Kucka que passou à direta de Stekelenburg.
Mas aos 21' os eslovacos encontraram duas excelentes oportunidades para empatar o jogo. Primeiro, Stoch recebeu de Hamsik na esquerda da área, entrou cortando para o meio e soltou a bomba para Stekelenburg espalmar por cima do travessão. Na cobrança do escanteio, Heitinga ficou quando a zaga se adiantou, deixando Vittek sozinho, com a bola dominada, de frente para o gol, mas Stekelenburg salvou novamente com uma defesa sensacional.
O lance serviu de aviso e a Holanda, talvez literalmente cansada de desperdiçar chances de matar a partida, se segurou mais um pouco, substituindo pernas que já se arrastavam, como as de Robben e Van Persie (entraram Elia e Huntelaar) para manter o ritmo até o fim. Até que aos 39' matou o jogo. O zagueiro Skrtel foi no meio de campo quase arrancar a cabeça de um adversário por trás. O horrível juiz acertadamente assinalou jogo perigoso. Skrtel não gostou e foi cara a cara tirar satisfações com Alberto Undiano, deixando seu setor desguarnecido atrás. Van Bommel cobrou às suas costas, Mucha saiu desesperado e foi encoberto de cabeça por Kuyt, que dominou com o gol vazio e apenas rolou para a chegada de Sneijder: 2 x 0.
Daí até o apito final, a Holanda ainda perderia ótimas chances de gol e nada mais além disso aconteceria se o árbitro não caísse numa cavada de Kopunek, que se viu livre na área após uma bola espirrada (em mais um saída da defesa em que alguém ficou dando condição), tentou driblar Stekelenburg e achou mais fácil se atirar largando o pé direito nos braços do goleiro, que ainda recebeu cartão amarelo com a marcação do pênalti. Vittek cobrou e fez seu quarto gol na Copa (é o atual artilheiro), desta vez, o de despedida, pois não havia tempo para mais nada, de verdade: foi a bola entrar e o juiz apitar o fim, pois já havia estourado o tempo de acréscimo.
Os melhores na Holanda, para mim, foram Kuyt, que criou um sem número de boas jogadas, especialmente pela direita, Sneijder e Robben, mesmo ainda fora de ritmo, ainda um jogador diferenciado. Stekelenburg foi muito bem quando exigido. Na Eslováquia, apesar da saída afobada no segundo gol, Mucha realizou grandes defesas e foi uma pena Vittek ter desperdiçado uma chance que costuma aproveitar, pois foi quem mais incomodou a zaga holandesa. Hamsik jogou muito recuado e nas poucas vezes que chegou à frente mostrou como o treinador errou em seu posicionamento.
Não dá para deixar de escrever um parágrafo rápido sobre o juiz espanhol Alberto Undiano. Ele absurdamente deixou o volante Kucka terminar a partida sem um cartão vermelho. Ainda no início Kucka fez dura falta em Sneijder. Mais tarde, nova entrada fortíssima, aí sim recebendo ao menos o amarelo. No segundo tempo, nova entrada violenta aos 17' e outra por trás aos 23', mas nada de vermelho. Enquanto isso, o ainda jovem (tem só 26!) com mais jeito de senhor do futebol, Robben, tocou a mão na bola num lance vadio próximo a uma lateral do campo e foi imediatamente amarelado. E depois Undiano ainda caiu na cavada de Kopunek no fim do jogo. Vá explicar como esse árbitro segue na Copa e apita uma oitavas de final. No mínimo, acaba premiado com uma semifinal pela frente. Ai de nós e do futebol.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 53: Holanda 2 x 1 Eslováquia.
Com a volta do filho do treinador, o meia ofensivo e driblador Weiss, a Eslováquia entrou com uma equipe bem ousada, ao menos em sua armação. Jendriseck começou no lugar do suspenso Sestak, fazendo dupla de ataque com Vittek. No meio também saiu jogando outro meia ofensivo, Stoch, fazendo com que Hamsik fosse recuado para uma função praticamente de segundo volante. Marcando mesmo, apenas o botinudo Kucka, que só terminou os 90 minutos em campo graças à obra e graça de sua excelência Alberto Undiano, o mesmo juiz espanhol que deixou a Costa do Marfim bater à vontade na seleção brasileira e Luís Fabiano marcar um gol tocando duas vezes com o braço na bola no confronto entre as duas equipes.
Com Robben finalmente entrando de saída, a Holanda fez aquilo a que tem se habituado nos últimos tempos e dado certo - afinal, já são 23 partidas sem derrota e vaga garantida nas quartas de final de um Campeonato Mundial: movimentação de seus homens de meio e frente (Van Bommel, De Jong, Sneijder, Kuyt, Van Persie e Robben), toques rápidos, habilidade e chegada para encontrar espaços e criar situações de gol.
Como a Holanda gosta de jogar e a Eslováquia se propôs a isso, em seis minutos de bola rolando, meia dúzia de finalizações já haviam sido feitas, três para cada lado. A primeira foi eslovaca, logo a 1', com Stoch chutando forte de fora da área por cima da baliza. A última dessas foi a primeira grande oportunidade da partida, com Van Persie cabeceando errado de dentro da pequena área um centro da esquerda.
A partir daí, com o jogo ao seu estilo, a Holanda foi impondo sua natural superioridade, inclusive tática, e passou a ameaçar com mais frequência a meta defendida por Mucha. Van Persie já poderia ter aberto o placar aos 10', ao desperdiçar nova grande oportunidade, chutando fraco de dentro da área nas mãos do goleiro. Mas foi Robben o autor do primeiro gol, um gol desenhado, uma jogada que todo mundo sabia como seria feita, mas que não foi possível impedir: quase da lateral esquerda de sua própria intermediária, Sneijder fez um preciso lançamento na diagonal que pegou Robben à frente da linha da defesa; Van Persie riscou sem a bola para a ponta-direita e o 11 holandês cortou a zaga para o meio, batendo forte com a canhota no cantinho esquerdo de Mucha.
A partir do gol, a Holanda foi dominando totalmente as ações. A Eslováquia não encontrava mais espaços para ameaçar, porque os jogadores holandeses congestionavam o campo em sua intermediária e saía tocando para o contra-ataque, à espera de um encaixe perfeito para ampliar. E o teria conseguido ainda na primeira etapa, se Van Persie estivesse mais feliz nas finalizações. O atacante do Arsenal ainda perdeu mais duas ótimas chances antes do intervalo.
No segundo tempo, a Eslováquia continuou enredada em campo, enquanto a Holanda partia para decidir a partida, criando e desperdiçando grandes chances de gol, fazendo aparecer bem na fita o goleiro Mucha, com ótimas intervenções. Como aos 4', quando Robben riscou da direita para o meio e chutou rasteirinho cruzado para o goleiro espalmar a escanteio. Após a cobrança, Robben deixou o zagueiro Mathijsen cara a cara com Mucha, que fez excelente defesa. Apenas aos 18' a Eslováquia conseguiu ameaçar pela primeira vez nessa etapa, mesmo assim com um chute quase do meio do campo de Kucka que passou à direta de Stekelenburg.
Mas aos 21' os eslovacos encontraram duas excelentes oportunidades para empatar o jogo. Primeiro, Stoch recebeu de Hamsik na esquerda da área, entrou cortando para o meio e soltou a bomba para Stekelenburg espalmar por cima do travessão. Na cobrança do escanteio, Heitinga ficou quando a zaga se adiantou, deixando Vittek sozinho, com a bola dominada, de frente para o gol, mas Stekelenburg salvou novamente com uma defesa sensacional.
O lance serviu de aviso e a Holanda, talvez literalmente cansada de desperdiçar chances de matar a partida, se segurou mais um pouco, substituindo pernas que já se arrastavam, como as de Robben e Van Persie (entraram Elia e Huntelaar) para manter o ritmo até o fim. Até que aos 39' matou o jogo. O zagueiro Skrtel foi no meio de campo quase arrancar a cabeça de um adversário por trás. O horrível juiz acertadamente assinalou jogo perigoso. Skrtel não gostou e foi cara a cara tirar satisfações com Alberto Undiano, deixando seu setor desguarnecido atrás. Van Bommel cobrou às suas costas, Mucha saiu desesperado e foi encoberto de cabeça por Kuyt, que dominou com o gol vazio e apenas rolou para a chegada de Sneijder: 2 x 0.
Daí até o apito final, a Holanda ainda perderia ótimas chances de gol e nada mais além disso aconteceria se o árbitro não caísse numa cavada de Kopunek, que se viu livre na área após uma bola espirrada (em mais um saída da defesa em que alguém ficou dando condição), tentou driblar Stekelenburg e achou mais fácil se atirar largando o pé direito nos braços do goleiro, que ainda recebeu cartão amarelo com a marcação do pênalti. Vittek cobrou e fez seu quarto gol na Copa (é o atual artilheiro), desta vez, o de despedida, pois não havia tempo para mais nada, de verdade: foi a bola entrar e o juiz apitar o fim, pois já havia estourado o tempo de acréscimo.
Os melhores na Holanda, para mim, foram Kuyt, que criou um sem número de boas jogadas, especialmente pela direita, Sneijder e Robben, mesmo ainda fora de ritmo, ainda um jogador diferenciado. Stekelenburg foi muito bem quando exigido. Na Eslováquia, apesar da saída afobada no segundo gol, Mucha realizou grandes defesas e foi uma pena Vittek ter desperdiçado uma chance que costuma aproveitar, pois foi quem mais incomodou a zaga holandesa. Hamsik jogou muito recuado e nas poucas vezes que chegou à frente mostrou como o treinador errou em seu posicionamento.
Não dá para deixar de escrever um parágrafo rápido sobre o juiz espanhol Alberto Undiano. Ele absurdamente deixou o volante Kucka terminar a partida sem um cartão vermelho. Ainda no início Kucka fez dura falta em Sneijder. Mais tarde, nova entrada fortíssima, aí sim recebendo ao menos o amarelo. No segundo tempo, nova entrada violenta aos 17' e outra por trás aos 23', mas nada de vermelho. Enquanto isso, o ainda jovem (tem só 26!) com mais jeito de senhor do futebol, Robben, tocou a mão na bola num lance vadio próximo a uma lateral do campo e foi imediatamente amarelado. E depois Undiano ainda caiu na cavada de Kopunek no fim do jogo. Vá explicar como esse árbitro segue na Copa e apita uma oitavas de final. No mínimo, acaba premiado com uma semifinal pela frente. Ai de nós e do futebol.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 53: Holanda 2 x 1 Eslováquia.
COPA DO MUNDO 2010 ► Apito amigo ajuda de novo e Argentina passa pelo México
Antes de mais nada, devemos sempre lembrar que a Fifa mente. Muito, conforme sua conveniência.Um exemplo fácil e atual: vá lá no link da Fifa sobre o jogo Inglaterra x Alemanha que coloquei no post anterior e veja o “lance a lance”. Em qualquer língua. Procure a jogada da bola que entrou e a arbitragem disse que não, aos 26′. Viu? Não diz que a bola entrou. Por que mentir sobre o óbvio? Somos todos cegos? E burros, idiotas, que a Fifa acha que pode manipular?
Enfim, a Fifa não é uma instituição exatamente idônea. Muito em relação a isso pode ser lido no livro “Como Eles Roubaram o Jogo”, escrito pelo inglês David A. Yallop. Apesar da visão meio preconceituosa em relação ao futebol sul-americano, vale a leitura. Há muitas acusações e informações desabonadoras em relação à Fifa e seus prepostos. Quando o livro foi lançado, muita gente estrilou, esperneou, reaclamou, ameaçou… Mas até onde sei, algum tempo atrás, o autor jamais foi vítima de qualquer processo e adianta ter provas de tudo que publicou. Por essas e outras, tenho o direito, como torcedor que acompanha futebol há tantos anos, de desconfiar de tudo que acontece numa Copa do Mundo, por exemplo.
Aí chegamos a México x Argentina. As equipes latinas faziam um jogo equilibrado. O México, melhor organizado, abrindo espaços com o toque e a aproximação de seus jogadores de meio ao ataque, forçando a marcação para não dar liberdade ao talentoso adversário. A Argentina, com mais dificuldade de sair de trás e fazer a bola chegar ao ataque, mas, quando chegava, fazia valer a habilidade individual de seus homens de frente. Então, até os 26′, três finalizações para cada lado, mas as finalizações mexicanas mais perigosas. Promessa de jogo bom.
Foi quando uma ação da dupla italiana formada pelo juiz Roberto Rosetti e pelo auxiliar Stefano Ayrold decidiu a partida, de tão escandalosa que foi. A essa altura, qualquer pessoa que acompanha futebol e por acaso tenha caído aqui nos meus rabiscos já decorou a jogada: Messi lança Tevez entre os zagueiros (em posição duvidosa, porém legal) e o goleiro Perez abafa a jogada. Na sequência, Tevez fica à frente da linha de gol, dentro da pequena área, sozinho, sem ninguém dando condição de jogo, quando Messi lhe passa a bola. A bola encobre o goleiro e os zagueiros e vai até Tevez, que cabeceia para a rede e, ato contínuo, primeira reação, olha para o bandeira, pois sabe que estava completamente impedido. Como nada é marcado, a vergonha é consumada, mas ainda iria piorar.
Como é possível piorar? Por causa de uma distração de quem cuida do telão do estádio (que na Copa do Mundo nunca mostra lances duvidosos, a não ser que a arbitragem esteja correta – por quê, hein?), que, enquanto os argentinos comemoravam e os mexicanos reclamavam, exibiu a jogada da forma como vemos em nossas casas, com direito a tira-teima e tudo. O bandeira Stefano Ayrold (numa prova de que realmente ele só cometeu um erro idiota, patético, mas sem dolo, sem intenção), ao ver a imagem no telão imediatamente chamou sua senhoria, Roberto Rosetti, e disse que cometera um erro e que o gol fora ilegal. Roberto Rosetti, sabe-se lá exatamente por quê, ignorou e ordenou nova saída do meio do campo. Nesse instante, o que poderíamos ingenuamente entender como um erro, passou a ser um roubo, pois o juiz, responsável pela legalidade do jogo, deliberadamente decide validar uma situação ilegal, que fere as regras do esporte.
Temos aí então um bandeira ruim ou distraído, de toda forma incompetente, mas que eu não chamaria de desonesto. E um ladrão, o juiz Roberto Rosetti.
Ouvi algumas pessoas dizerem coisas tipo “o árbitro foi traído pelo auxiliar”. Discordo, covardia. Num lance desses, o juiz é tão incompetente quanto o bandeira. Nenhum juiz precisa de auxiliar numa jogada tão clara. Um jogador de azul e branco cai na área e fica adiantado, sozinho, frente ao gol, sem ninguém de verde nem o goleiro de amarelo à sua frente. De qualquer lugar do campo seria possível um juiz assinalar a infração sem precisar olhar para um auxiliar. Qual a dificuldade que o lance impunha?
Veja que, na comparação, o lance do gol não assinalado da Inglaterra, em que a bola entrou quase um metro, seria impossível de se condenar. Juiz e bandeira sempre podem dar a desculpa de que foi um lance rápido, não foi possível reparar na linha do gol, havia gente na frente tapando a visão e coisa e tal. Justo. A gente pode engolir uma justificativa dessas e dormir com isso.
E o fato do juiz Roberto Rosetti logo ter tomado ciência da irregularidade, antes da nova saída de bola, e ter mantido a decisão equivocada, para mim, denota dolo, intenção de fraudar o jogo. E ponto. É minha opinião. E uma opinião fácil de dar, porque o juiz não tinha argumentos para não anular o gol. “O chute de Messi entrou direto.” Ridículo, só sendo deficiente visual para alegar isso. “Não vi impedimento.” Deficiência visual e desconhecimento da regra de jogo. “A Fifa não usa recurso eletrônico.” Mentira! A Copa da Alemanha em 2006 foi praticamente decidida graças às imagens da televisão, que mostraram a cabeçada de Zidane em Materazzi que nem árbitro nem auxiliares viram em campo. Mas alguém viu na TV e o quarto árbitro chamou o árbitro, que expulsou Zidane. Logo, a mentira tem pernas curtas (essa é bem velha, eu sei).
E toda a situação torna-se mais estranha quando lembramos que logo na estreia a Argentina venceu beneficiada por um “erro” (a essa altura, sei lá se foi erro ou “erro”) da arbitragem. Escanteio cobrado da direita e o argentino Samuel agarra o nigeriano Obasi escandalosamente, impedindo o jogador nigeriano de interceptar a cabeçada de Heinze, que assim marcou o único gol da partida. Um erro, azar. Contra a Coreia do Sul, jogo enroscado, Argentina vencendo por 2 x1, Coreia do Sul pressionando e com chances de empatar… E Messi chuta da esquerda, a bola bate na trave e se oferece no segundo pau para Higuain, impedido, marcar o terceiro gol e decidir a partida. Dois erros? Coincidência, acontece. E agora, Argentina x México… Três erros? Aí já temos um suspeito padrão. Principalmente se pensarmos quem são as figuras de maior destaque da Copa do Mundo, que mais chamam a atenção da mídia e da torcida, dentro e fora de campo. Dentro? Lionel Messi. Fora? Diego Maradona.
Eu acredito em bruxas. Em se tratando de Fifa, então…
Daí em diante, o jogo (principalmente a graça dele) acabou, porque os mexicanos ficaram totalmente desequilibrados emocionalmente, tanto que logo depois Osório quase que literalmente esqueceu a bola dentro da área nos pés de Higuain, que não teve dificuldades para ampliar. A Argentina ainda teve algumas chances, mas no segundo tempo foi o México que tentou alguma coisa e criou algumas situações de perigo. Tevez faria o terceiro numa jogada individual, uma bomba de fora da área no ângulo esquerdo de Perez. E Hernandez descontaria girando bonito e fácil em cima de Demichelis, antes de fuzilar Romero. A Argentina se segurou mais atrás, até com certo juízo, para garantir sua integridade física, enquanto os mexicanos não tinham mais forças para reagir, apenas para entrar forte nos adversários, sabendo que a consciência do juiz o impediria de tomar uma providência decente.
Para não dizer que não lembrei de ninguém com a bola rolando, Tevez fez um golaço e Hernandez, outro. Ficam como destaques por obras tão bonitas numa noite bem feia.
Tudo o que eu – e qualquer torcedor – gostaria é de ter certeza de que as lambanças da arbitragem, ao menos numa Copa do Mundo, sejam frutos apenas de incompetência dos homens de preto – ou azul, amarelo, rosa, sei lá.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 52: Argentina 3 x 1 México.
Enfim, a Fifa não é uma instituição exatamente idônea. Muito em relação a isso pode ser lido no livro “Como Eles Roubaram o Jogo”, escrito pelo inglês David A. Yallop. Apesar da visão meio preconceituosa em relação ao futebol sul-americano, vale a leitura. Há muitas acusações e informações desabonadoras em relação à Fifa e seus prepostos. Quando o livro foi lançado, muita gente estrilou, esperneou, reaclamou, ameaçou… Mas até onde sei, algum tempo atrás, o autor jamais foi vítima de qualquer processo e adianta ter provas de tudo que publicou. Por essas e outras, tenho o direito, como torcedor que acompanha futebol há tantos anos, de desconfiar de tudo que acontece numa Copa do Mundo, por exemplo.
Aí chegamos a México x Argentina. As equipes latinas faziam um jogo equilibrado. O México, melhor organizado, abrindo espaços com o toque e a aproximação de seus jogadores de meio ao ataque, forçando a marcação para não dar liberdade ao talentoso adversário. A Argentina, com mais dificuldade de sair de trás e fazer a bola chegar ao ataque, mas, quando chegava, fazia valer a habilidade individual de seus homens de frente. Então, até os 26′, três finalizações para cada lado, mas as finalizações mexicanas mais perigosas. Promessa de jogo bom.
Foi quando uma ação da dupla italiana formada pelo juiz Roberto Rosetti e pelo auxiliar Stefano Ayrold decidiu a partida, de tão escandalosa que foi. A essa altura, qualquer pessoa que acompanha futebol e por acaso tenha caído aqui nos meus rabiscos já decorou a jogada: Messi lança Tevez entre os zagueiros (em posição duvidosa, porém legal) e o goleiro Perez abafa a jogada. Na sequência, Tevez fica à frente da linha de gol, dentro da pequena área, sozinho, sem ninguém dando condição de jogo, quando Messi lhe passa a bola. A bola encobre o goleiro e os zagueiros e vai até Tevez, que cabeceia para a rede e, ato contínuo, primeira reação, olha para o bandeira, pois sabe que estava completamente impedido. Como nada é marcado, a vergonha é consumada, mas ainda iria piorar.
Como é possível piorar? Por causa de uma distração de quem cuida do telão do estádio (que na Copa do Mundo nunca mostra lances duvidosos, a não ser que a arbitragem esteja correta – por quê, hein?), que, enquanto os argentinos comemoravam e os mexicanos reclamavam, exibiu a jogada da forma como vemos em nossas casas, com direito a tira-teima e tudo. O bandeira Stefano Ayrold (numa prova de que realmente ele só cometeu um erro idiota, patético, mas sem dolo, sem intenção), ao ver a imagem no telão imediatamente chamou sua senhoria, Roberto Rosetti, e disse que cometera um erro e que o gol fora ilegal. Roberto Rosetti, sabe-se lá exatamente por quê, ignorou e ordenou nova saída do meio do campo. Nesse instante, o que poderíamos ingenuamente entender como um erro, passou a ser um roubo, pois o juiz, responsável pela legalidade do jogo, deliberadamente decide validar uma situação ilegal, que fere as regras do esporte.
Temos aí então um bandeira ruim ou distraído, de toda forma incompetente, mas que eu não chamaria de desonesto. E um ladrão, o juiz Roberto Rosetti.
Ouvi algumas pessoas dizerem coisas tipo “o árbitro foi traído pelo auxiliar”. Discordo, covardia. Num lance desses, o juiz é tão incompetente quanto o bandeira. Nenhum juiz precisa de auxiliar numa jogada tão clara. Um jogador de azul e branco cai na área e fica adiantado, sozinho, frente ao gol, sem ninguém de verde nem o goleiro de amarelo à sua frente. De qualquer lugar do campo seria possível um juiz assinalar a infração sem precisar olhar para um auxiliar. Qual a dificuldade que o lance impunha?
Veja que, na comparação, o lance do gol não assinalado da Inglaterra, em que a bola entrou quase um metro, seria impossível de se condenar. Juiz e bandeira sempre podem dar a desculpa de que foi um lance rápido, não foi possível reparar na linha do gol, havia gente na frente tapando a visão e coisa e tal. Justo. A gente pode engolir uma justificativa dessas e dormir com isso.
E o fato do juiz Roberto Rosetti logo ter tomado ciência da irregularidade, antes da nova saída de bola, e ter mantido a decisão equivocada, para mim, denota dolo, intenção de fraudar o jogo. E ponto. É minha opinião. E uma opinião fácil de dar, porque o juiz não tinha argumentos para não anular o gol. “O chute de Messi entrou direto.” Ridículo, só sendo deficiente visual para alegar isso. “Não vi impedimento.” Deficiência visual e desconhecimento da regra de jogo. “A Fifa não usa recurso eletrônico.” Mentira! A Copa da Alemanha em 2006 foi praticamente decidida graças às imagens da televisão, que mostraram a cabeçada de Zidane em Materazzi que nem árbitro nem auxiliares viram em campo. Mas alguém viu na TV e o quarto árbitro chamou o árbitro, que expulsou Zidane. Logo, a mentira tem pernas curtas (essa é bem velha, eu sei).
E toda a situação torna-se mais estranha quando lembramos que logo na estreia a Argentina venceu beneficiada por um “erro” (a essa altura, sei lá se foi erro ou “erro”) da arbitragem. Escanteio cobrado da direita e o argentino Samuel agarra o nigeriano Obasi escandalosamente, impedindo o jogador nigeriano de interceptar a cabeçada de Heinze, que assim marcou o único gol da partida. Um erro, azar. Contra a Coreia do Sul, jogo enroscado, Argentina vencendo por 2 x1, Coreia do Sul pressionando e com chances de empatar… E Messi chuta da esquerda, a bola bate na trave e se oferece no segundo pau para Higuain, impedido, marcar o terceiro gol e decidir a partida. Dois erros? Coincidência, acontece. E agora, Argentina x México… Três erros? Aí já temos um suspeito padrão. Principalmente se pensarmos quem são as figuras de maior destaque da Copa do Mundo, que mais chamam a atenção da mídia e da torcida, dentro e fora de campo. Dentro? Lionel Messi. Fora? Diego Maradona.
Eu acredito em bruxas. Em se tratando de Fifa, então…
Daí em diante, o jogo (principalmente a graça dele) acabou, porque os mexicanos ficaram totalmente desequilibrados emocionalmente, tanto que logo depois Osório quase que literalmente esqueceu a bola dentro da área nos pés de Higuain, que não teve dificuldades para ampliar. A Argentina ainda teve algumas chances, mas no segundo tempo foi o México que tentou alguma coisa e criou algumas situações de perigo. Tevez faria o terceiro numa jogada individual, uma bomba de fora da área no ângulo esquerdo de Perez. E Hernandez descontaria girando bonito e fácil em cima de Demichelis, antes de fuzilar Romero. A Argentina se segurou mais atrás, até com certo juízo, para garantir sua integridade física, enquanto os mexicanos não tinham mais forças para reagir, apenas para entrar forte nos adversários, sabendo que a consciência do juiz o impediria de tomar uma providência decente.
Para não dizer que não lembrei de ninguém com a bola rolando, Tevez fez um golaço e Hernandez, outro. Ficam como destaques por obras tão bonitas numa noite bem feia.
Tudo o que eu – e qualquer torcedor – gostaria é de ter certeza de que as lambanças da arbitragem, ao menos numa Copa do Mundo, sejam frutos apenas de incompetência dos homens de preto – ou azul, amarelo, rosa, sei lá.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 52: Argentina 3 x 1 México.
Assinar:
Postagens (Atom)