sábado, 19 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Austrália com um a menos segura 1 x 1 contra Gana

Mesmo com vantagem de um homem desde os 25’ do primeiro tempo, quando empatou a partida, Gana não conseguiu superar a Austrália e perdeu ótima chance de praticamente garantir classificação para as oitavas de final. Pelo contrário, complicou muito sua situação. Para os australianos, ainda há esperanças, mas o saldo negativo provocado pela goleada sofrida contra a Alemanha deve ser fatal às suas pretensões.

A partida, realizada no Royal Bafokeng, em Rustemburgo, começou movimentada, mas sem situações de gol, fosse pela pouca técnica australiana, fosse pela falta de criatividade ganesa. Mas logo aos 11’ Bresciano cobra falta, a barreira se abaixa, Kingson bate roupa e Holman, completamente livre, empurra para a rede, fazendo Austrália 1 x 0. Kingson falhou ao tentar jogar a bola para o lado, mas a Jabulani ajudou muito nesse gol. Foi mais um lance em que um goleiro não acerta a direção da bola. Será coincidência? Será uma espécie de epidemia? Talvez uma “jabulanitite”?

Gana andou fazendo algumas triangulações pelas laterais, mas que terminavam sempre com cruzamentos ruins. Mesmo pouco criativa, Gana chegou ao empate aos 25’. Tudo começou com um chute de Asamoah Gyan desviado na zaga para escanteio. No rebote, o canhotinha Ayew fez uma jogada na ponta direita à altura do pai, o grande Abedi Pelé, e tocou para a área. Gyan foi empurrado por um zagueiro, mas a bola sobrou para Jonathan Mensah, que chutou firme e Kewell salvou com o braço em cima da linha. Pênalti, vermelho para Kewell e gol de Gyan. Gana empatava e tinha agora um homem a mais em campo. Mas só no finzinho dessa etapa chegou com perigo ao gol. Primeiro, com Boateng invadindo a área desde a intermediária pela meia-direita e batendo cruzado e depois com Ayew, em nova jogada pela direita, salva pela zaga.

No segundo tempo, Gana partiu para cima, mas esbarrou em um problema crônico nos times africanos: a individualidade. Em vez de abrir o jogo e soltar rápido a bola para aproveitar a vantagem numérica em campo, os ganeses insistiam em prender a bola e arriscar de fora da área, querendo resolver individualmente a partida. Diversas vezes homens livres nas laterais eram ignorados em troca de chutes de longe, normalmente sem levar perigo ao gol australiano.

O panorama não mudou até os 21’, quando Chippefield, que tinha acabado de entrar, subiu livre e cabeceou para fora um centro da direita. No contragolpe, Asamoah Gyan bateu cruzado e Kwadwo Asamoah quase chega para marcar. Mas o lance anterior parece ter servido como uma senha para o treinador da Austrália. Ele colocou em campo o centroavante Kennedy e jogou o time para frente, talvez sentindo a insegurança defensiva de Gana, que tinha na zaga dois jovens reservas de 20 anos, Lee Addy e Jonathan Mensah.

E deu certo. A zaga sentiu e a Austrália cresceu. Mas foi quando Gana criou sua melhor chance em toda a partida. Boateng enfiou nas costas da defesa e Asamoah Gyan bateu para fora. Na resposta, a zaga ganesa bateu cabeça e Kennedy acabou livre para marcar, mas Kingson abafou o chute e no rebote ainda foi buscar a finalização de Valerie. Daí para frente, Gana desarticulou-se de vez e a Austrália tentou tudo para chegar ao gol, mas esbarrava já até na falta de pernas. A última chance do jogo, porém, foi a favor de Gana, numa cobrança de bola parada da esquerda que o jovem Mensah cabeceou para fora.

Gana pagou por sua falta de objetividade no ataque. Chutou muito, mas sempre mal e precipitadamente, tanto que o goleiro Schwarzer pouco fez. Kingson trabalhou muito mais. Agora ficou em situação delicada no grupo, apesar de, paradoxalmente, estar na liderança. Só que não pode perder para a Alemanha na última rodada.

Já a Austrália foi muito determinada e, dentro das circunstâncias, tentou o que pôde pela vitória. Seu maior mérito foi ajustar o sistema defensivo, cuja marcação em linha favoreceu o desastre contra a Alemanha. O zagueiro Moore foi um dos pilares de sua defesa e o resto do time lutou o tempo inteiro.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 25: Gana 1 x 1 Austrália.

COPA DO MUNDO 2010 ► Holanda não brilha, mas vence Japão e está quase classificada

Alguém mais engraçadinho poderia dizer que a Fifa permitiu a Holanda e Japão fazerem um aquecimento de 45 minutos dentro gramado do bonito Durban Stadium já uniformizados e com trio de arbitragem acompanhando de perto a movimentação dos jogadores. Maldade. Mas que nada aconteceu nessa etapa, não aconteceu mesmo.

Ainda sem seu melhor jogador, Robben, a Holanda tinha cerca de 70% de posse de bola totalmente infrutífera, tanto que o goleiro japonês Kawashima só foi pegar uma bola no último minuto, num chute muito do meia-boca de Kuyt, de fora da área. O time embolava, não abria pelas pontas e ninguém aparecia bem. O Japão, por sua vez, optou por defender-se à espera de espaço para contra-atacar. Para isso, procurava pressionar a saída de bola adversária, fazendo os holandeses até apelarem para os passes longos, saindo assim de sua zona de conforto.

Quando começou o segundo tempo (ou o primeiro, do ponto de vista daquele engraçadinho...), o panorama mudou. A Holanda voltou ao menos com disposição diferente e partiu para cima com mais vontade – ou melhor, com vontade, o que não havia antes. Numa sucessão de jogadas perigosas, chegou ao gol. Aos 2’, Van Bronckhorst fez boa jogada no fundo e cruzou para Van Persie cabecear e Kawashima defender. Pouco depois, Van Bommel deixou Van Persie na cara do gol, mas o atacante do Arsenal bateu muito mal. No ataque seguinte, aos 8’, Van Bronckhorst foi novamente ao fundo e centrou. O bom zagueiro nipo-brasileiro Túlio Tanaka cortou em cima de Van Persie, que ajeitou para trás. Sneidjer bateu forte de primeira no canto direito de Kawashima, que voou e rebateu para o lado oposto, com a bola caindo no fundo da rede. Falhou o goleiro, mas a Jabulani deu uma forcinha...

Se alguém (muita gente) achava que agora as cosias agora ficariam mais fáceis para a Holanda, ledo engano. Descobriu-se que o Japão tinha um plano B: atacar. E organizadamente como se defendeu antes de sofrer o gol, partiu em busca do empate. Em dois ataques seguidos, o atacante Okubo arrematou com perigo de fora da área. Pouco depois, novamente pela meia-esquerda, Okubo deu um grande susto em Stekelenburg. Lá pelos 24’, Van Der Wiel salvou para escanteio bola que cruzava a área em busca de um pé japonês. Na cobrança, foi a vez de Van Persie salvar. Como se vê, o Japão correu atrás, mas não chegava ao empate e começava a cansar. Disso aproveitou a Holanda para encaixar dois contra-ataques que seriam mortais, caso Affelay, que entrara no lugar de Sneidjer, não os desperdiçasse. Mas o Japão não desistia e aos 45’ Túlio Tanaka, a essa altura praticamente um atacante, para aproveitar sua altura, escorou de cabeça para o centroavante Okazaki desperdiçar na frente do gol, finalizando por cima. No fim, vitória da Holanda. Justa?Justa, teve a chance e fez. Mas não foi melhor que o adversário.

A Holanda jogou menos que na estreia. No início, parecia achar que poderia marcar a qualquer momento. Depois, deixou a impressão de se surpreender com o poder de reação japonês. Só vou destacar aqui o veterano Van Bronckhorst, pelas duas jogadas de fundo no início do segundo tempo, a segunda resultando no púnico gol da partida, e outro veterano, Van Bommel, sereno na defesa e na pouca armação que o time teve.

O Japão, por sua vez, deixou boa impressão. Mais uma vez foi uma seleção organizada, firme defensivamente, sobressaindo-se a atuação de seus zagueiros Túlio Tanaka e Nagatomo. Okubo encontrou um espaço na meia esquerda onde penetrava bem para finalizar de fora da área, ameaçando o gol holandês. Mas a pergunta que não quer calar é: “Por que diabos o Japão não jogou assim desde o início?” Vai que marca na frente e seria mais fácil defender-se para sair no contra-ataque.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 24: Holanda 1 x 0 Japão.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Irreconhecível, Inglaterra não sai do zero com modesta Argélia e se complica

Em uma partida mais adequada a um duelo das divisões regionais britânicas do que a uma Copa do Mundo, Inglaterra e Argélia não saíram do zero nesta noite na Cidade do Cabo. Para a Argélia, mais um resultado para o currículo, ao lado da vitória de 2 x 1 sobre a Alemanha em 1982 e a derrota de apenas 1 x 0 para o Brasil em 1986. Já para a Inglaterra...

Outro dia escrevendo sobre a NBA, disse que os alienígenas de “Space Jam” haviam roubado o talento do Kevin Garnett e depois do Ray Allen em determinados jogos das finais. Pois agora já acho que os baixinhos deixaram o basquete de lado e deram uma passadinha em Londres antes da seleção embarcar para a África e pegar emprestado o talento de craques ingleses. Rooney (vindo de parado), Lampard (só pode ser um clone às avessas), Gerrad (o menos ruim dele hoje em relação à estreia ainda é inaceitável)... Ninguém joga!

No primeiro tempo, a Inglaterra simplesmente perdeu a posse de bola para a Argélia de tal maneira que nem após o segundo tempo, quando a seleção africana fez uma óbvia opção por não correr qualquer risco e os ingleses tentaram de tudo para empatar, conseguiu se recuperar nesse item. A Argélia terminou com 53% de posse de bola. Francamente...

Não há muito o que falar sobre o jogo, que foi bem fraquinho e com poucas oportunidades de gol. No primeiro tempo a Argélia ainda arriscou mais. No segundo, deu uma cansada básica e recuou bastante, satisfeitíssima com o empate. Poderia ter tentado um pouquinho mais, porque a Inglaterra raramente levava efetivo perigo ao gol de M’Bohli, que pouco trabalhou substituindo Gaouaqui,que falhara feio na estreia. Ainda assim quase aproveita uma bola muito mal atrasada por Terry, com o goleiro David James salvando ao chegar primeiro que Matmour na bola. Na ESPN Brasil, Paulo Vinícius Coelho destacou os meias Yebda e Ziani, especialmente este, enquanto teve pernas.Eu destacaria a personalidade com que o time encarou a Inglaterra desde o início (ao contrário do que ocorrera contra a Eslovênia) e a precisão de seu sistema defensivo, com seus jogadores pouco errando e não dando chances ao adversário.

A rigor, a Inglaterra teve apenas uma grande chance, no segundo tempo, quando uma triangulação entre Gerrad e Heskey deixou Wright-Phillips em condições de marcar, mas a bola desviou na zaga e caprichosamente encobriu o gol defendido por M’Bolhi. O time apenas deu pequena - mas insuficiente - melhorada (até porque pior não dava para ficar), quando Fabio Capello mexeu tentando tornar o time mais ágil, colocando Wright-Phillips no lugar de Lennon (podia ter saído outro, Lennon ao menos corria bastante) e Defoe no lugar de Heskey, o incrível centroavante que não faz gol. Eu optaria pelo magrelão Peter Crouh, de menor força física, mas melhor toque, excelente no jogo aéreo e mais artilheiro.

Para mim, o único destaque inglês foi o veterano goleiro David James, que se tornou o primeiro goleiro negro a defender a Inglaterra numa Copa do Mundo e o mais velho a estrear na competição (39 anos). James esteve seguro nas poucas, mas precisas intervenções, em especial nas saídas de gol. Não é nada, não é nada, ao menos não atrapalhou.

A arbitragem de Ravshan Irmatov, do Uzbequistão, foi discreta, o que quer dizer que foi legal. Ou não. Na verdade, não reparei muito, o que reforça a primeira hipótese. Mas o jogo foi tão ruim, alguns jogadores ingleses erravam tanto, que eventuais erros da arbitragem poderiam passar completamente despercebidos.

Agora a Inglaterra precisa vencer a Eslovênia para continuar na competição. A Argélia também joga por vitória contra o bem armado time norte-americano, mas a viagem á África do Sul, com certeza, já está ganha.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 23: Inglaterra 0 x 0 Argélia.

COPA DO MUNDO 2010 ► Juiz (outro!) tira vitória dos EUA no bom jogo contra a Eslovênia

EUA e Eslovênia fizeram uma partida bem disputada no grama do Soccer City, em Johanesburgo e empataram em 2 x 2. A lamentar, mais uma vez, arbitragem, que piora jogo a jogo na Copa do Mundo e infuiu diretamente no resultado.

Se o juiz Koman Coulibaly, do Mali, atuasse no nosso Campeonato Carioca aqui, eu colocaria tremas nos dois erros graves que cometeu em prejuízo da seleção norte-americana. Diria que ele estava muito bem colocado para errar sem intenção ou então ele seria completamente incompetente ou... cego. No fim do primeiro tempo, ele interrompeu uma jogada de grande perigo a favor dos EUA após escanteio cobrado por Donovan marcando infração supostamente cometida pelo bom atacante Findley. Em cima do lance, Coulibaly viu (ou “viu”) toque de mão quando Findley nitidamente levou uma bolada na cara. Não satisfeito em assinalar a falta, ainda penalizou o jogador com cartão amarelo, o que o tira da última e decisiva partida desta fase. Pior ele fez aos 39’ da etapa final, quando anulou gol Maurice Edu após cobrança de falta do lado da área feita por Donovan, alegando... alegando... alegando... Sabe-se lá o que esse sujeito viu, pois estava muito bem colocado, não houve impedimento e as únicas infrações que se veem são cometidas por três defensores eslovenos agarrando atacantes americanos. Enfim...

A partida em si foi movimentada desde o começo, mas com poucas chances de gol. Aos 13’, o meia Birsa ajeitou na perna esquerda e de fora da área encobriu o goleiro Tim Howard,que estava adiantado. Quero dizer, adiantado é quando alguém chega alguns minutos antes do horário marcado para um compromisso. Howard, digamos, chegou uns dois dias antes: o bom goleiro foi pego na risca da pequena área. Os EUA tentaram pressionar, mas aforuxaram a marcação da saída de bola e aos poucos foram cedendo a posse de bola. Aos 30’, Onyewu, que tivera boa atuação contra a Inglaterra, cometeria um de seus erros hoje, derrubou na entrada da área o atacante Ljubijankic depois de aparente troca de agarrões – que na verdade aconteceram apenas por parte do barbudo zagueiro -, mas nosso juiz não viu. Aqui, pelo menos, teve a desculpa da distância que estava da jogada.

Depois de abusar inutilmente da ligação direta, os EUA voltaram a colocar a bola no chão e a dar o ar da sua graça, quando Altidore arrancou pela direita e foi derrubado pelo zagueiro Cesar. Na cobrança, o canhotinha Torres obrigou Handakovic a uma ótima defesa. Na cobrança, Onyewu quase marcou de cabeça e pouco depois o juizão amarelou Findley. Resumidamente, foi um primeiro tempo movimentado, mas em que pouca coisa acontecia.

Com Feilhaber e Mo Edu no lugar de Findley e Torres, os EUA voltaram do intervalo em busca do empate, mas cedendo espaços para contra-ataques. Como que deu origem ao gol de Ljubijankic, que recebeu ótima assistência de Novakovic e tocou na saída de Howard. O 0 x 2 não desanimou os americanos, que empataram através do ótimo Landon Donovan, que aproveitou uima furada de Cesar, entrou livre pela direita e, praticamente sem ângulo, fuzilou Handanovic, diminuindo o placar. Na saída de bola Howard precisou ser rápido para sair nos pés de Ljubijankic antes que o esloveno concluísse para marcar o terceiro gol de sua equipe. As equipes começaram a se alternar no ataque, surgindo lances de perigo de ambos os lados e partida definitivamente ficando bem animada. Aos 12’, por exemplo, Altidore se livrava da zaga e ia ficar sozinho cm o goleiro, quando foi desarmado por Suler.

Após intensificar a pressão, os EUA chegaram ao empate aos 37’, quando Miachael Bradley, filho do técnico Bob Bradley (mais um filho de técnico!) chutou sem chances para Handanovic após Altidore escorar de cabeça. Logo depois o juizão anulou o gol legal de Mo Edu que seria o da virada e a Eslovênia ainda encontraria forças para ameaçar duas vezes, a primeira em cabeçada fraca Novakovic nas mãos de Howard e depois com um forte chute de Radosavlevic que o goleiro espalmou.

E assim ficou o jogo. Fora as más ações do árbitro, um resultado justo pelo desempenho de ambas as equipes. Vejam só: a Eslovênia esteve a oito minutos de tornar-se a primeira seleção classificada para a segunda fase do Mundial.

Nos EUA, Donovan novamente deu o tom da equipe. É um talentoso e inteligente armador, já com mais de 100 jogos defendendo sua seleção, apesar de ainda ter apenas 28 anos. Dempsey fez boa partida e Howard redimiu-se da má colocação no primeiro gol adversário com boas defesas. Os atacantes eslovenos Ljubijankic e Novakovic deram muito trabalho à zaga americana e o goleiro Handanovic foi sempre muito seguro.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 22: Eslovênia 2 x 2 EUA.

COPA DO MUNDO 2010 ► Juiz exagera, atacante perde pênalti, técnico erra e Alemanha é derrotada pela Sérvia

Anotei no meu bloquinho: “Aos 21’,quatro cartões amarelos, um exagero. Esse juiz vai estragar o jogo.” E estragou - a Alemanha que o diga.

Jogando no belo Nelson Mandela Stadium, em Port Elizabeth, a Sérvia conseguiu importante vitória sobre a Alemanha por 1 x 0 e deu uma boa embolada no grupo D da Copa do Mundo. Estão falando em zebra, mas acho meio estranho falar em zebra na África. Afinal, há muita zebra na África. Assim, uma zebra não pode ser algo surpreendente. Digamos, então, que foi um urso polar. Ter o próprio blog dá a vantagem de escrever umas gracinhas bobas assim (muitas vezes sem graça, eu sei) sem ninguém para impedir...

Mas, sem demérito para a Sérvia, que entrou com uma proposta de jogo defensiva (apesar de precisar da vitória), a executou e venceu, a Alemanha merecia melhor sorte na partida. Teve a iniciativa desde o início. Mesmo não criando muito, dominava o meio-campo e, sempre bem organizada, valorizando a posse de bola e os toques em detrimento de chutões e bolas rifadas a esmo, procurando o gol desde o início, Por sua vez, mesmo atrás, a Sérvia mostrava-se mais desenvolta quando tinha a bola nos pés que na partida contra Gana. Aos 24’, por exemplo, acertou seu primeiro contra-ataque, com o atacante Krasic, bem aberto na ponta-direita, errando o cruzamento final para o grandalhão Zigic, um anúncio do que estaria por vir.

Se a Alemanha ainda não criava à altura de seu domínio, isso ocorria porque algumas de suas principais peças demoravam a engrenar. Os garotos Mueller e Oezil e o experiente Lahm ainda erravam alguns passes e se ajeitavam em campo, quando Klose foi expulso aos 36 no lance que praticamente definiria a partida. Achei um exagero do péssimo juiz espanhol Alberto Undiano a aplicação do segundo cartão amarelo no atacante alemão. O primeiro foi um lance cavado pelo adversário, que estava à frente e posicionou-se no caminho do camisa 9, que corria atrás dele. Esse cartão, na verdade, não foi um exagero, foi um equívoco. Já o segundo surgiu de um toque de Klose por trás quando tentava alcançar a bola. Duas coisas chamaram minha atenção. Uma, a naturalidade de Klose nas jogadas, que anda tiveram de violentas ou desleais. Outra, a falta de critério do juiz, que permitiu depois jogadores reincidirem em faltas e aplicar o mesmo cartão amarelo para uma entrada realmente violenta (a única de todos os 90 e poucos minutos) de Subotic. Pior (para os alemães, claro) que, na cobrança da falta de Klose, com o time atordoado, a Alemanha permitiu que o bom Krasic fosse ao fundo pela direita e cruzasse na cabeça de Zigic, que só escorou para Jovanovic marcar o gol que seria o da vitória.

Ainda no primeiro tempo, Khedira acertou um balaço no travessão e no rebote uma meia bicicleta de Mueller foi interceptada em cima da linha, mas o juiz apitou erradamente, já que foi o zagueiro que projetou a cabeça na direção da chuteira do alemão.

Na volta do intervalo, a Sérvia, que já entrara com o volante Ninkovic no lugar do atacante Pantelic, voltou mais recuada, mesmo com a vantagem de um homem, possivelmente na esperança da Alemanha ceder espaços para contra-ataques. Foi uma temeridade, porque os alemães foram criando e - para sorte dos sérvios – desperdiçando uma chance atrás da outra, especialmente com Podolski, que finalizou muito, mas estava em um início de tarde bastante infeliz. O surgimento das jogadas de gol deveu-se, principalmente, á subida de rendimento daqueles três que mencionei acima (Lahm, Mueller e Oezil) e da chegada do meia Khedira.

Aos 8’ o goleiro Stojkovic fez uma estranha defesa de manchete numa bomba de Schweinsteiger.Aos 12’, passe em diagonal de Oezil deixou Podolski em boas condições de marcar, mas o chute saiu rente à trave direita. Um minuto depois, Oezil deixou novamente Podolski na cara do gol, que mandou um petardo (petardo é bacana...) na rede, pelo lado de fora, naquele lance que engana quem está do lado oposto. Na sequência, um dos pênaltis mais idiotas da história das Copas. Um cruzamento da esquerda que não encontraria nenhum alemão numa área onde só havia camisas vermelhas, o bom zagueiro Vidic achou de mergulhar e dar um tapa na bola. Pênalti que Podolski cobrou muito mal e Stojkovic defendeu.

Perder um pênalti com um a menos numa Copa do Mundo é barra, mas a Alemanha seguia tentando e impressionava por jamais rifar a bola, optando sempre pela solução à base de toques. Só que, a essa altura, a Sérvia começava a encaixar seus golpes. Como aos 21’, quando nova jogada de Krasic terminou com o chute de Jovanovic na trave, a segunda finalização da equipe. Logo depois, Podolski, de novo, finalizava para fora, agora de fora da área.

Aí veio o “lance” que realmente definiu a partida. Em busca da reação, o treinador alemão Joachim Loew tirou Mueller e Oezil e colocou em seus lugares Cacau e Marin, recuando Podolski para a meia. Deu tudo errado e a Alemanha perdeu totalmente sua organização tática e passou dar mais espaços para o adversário. Aos 28’ de novo Krasic fez boa jogada e centrou para Zigic cabecear no travessão. Aos 35’, de novo Krasi cruzou para Zigic dessa vez escorar para Kacar quase marcar. Podolski ainda encontrou tempo para mais uma finalização perigosa para fora e depois a Sérvia apenas esperou o tempo passar para comemorar sua primeira vitória numa Copa do Mundo.

Krasic foi o melhor em campo, criando a jogada do gol e outras boas situações para seus companheiro finalizarem.O gigante Zigic também foi muito bem fazendo o que dele se espera: ganhar no alto para concluir a gol ou ajeitar para alguém. Na Alemanha, Khedira foi o mais regular. Lahm cresceu durante o jogo. Apesar de alternarem boas e más jogadas, Mueller e Oezil claramente davam ordem e qualidade à posse de bola alemã e não deveriam ser substituídos.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 21: Alemanha 0 x 2 Sérvia.