quarta-feira, 9 de junho de 2010

NBA ► “Fishertime”: Derek Fisher, o cara certo das horas incertas, garante vitória e vantagem do Los Angeles Lakers sobre o Boston Celtics na final da NBA

Los Angeles Lakers 91 x 84 Boston Celtics
Final
(2 x 1)

Consegui ver ao vivo o final do jogo 3 entre Los Angeles e Boston Celtics, graças ao bendito horário de refeição a que todo trabalhador tem direito. E ali pelas tantas fiquei pensando: “Cara, Lakers x Celtics é realmente O jogo.” Não há como imaginar rivalidade maior que seja mais atraente em uma final da NBA. Digo mais: acho que não há nada que represente mais a NBA que Lakers e Celtics disputando uma série decisiva. Duas grandes franquias, de peso, tradição,conquistas, torcida, determinação, a atmosfera... A intensidade da disputa é realmente impressionante. Ninguém quer perder - de verdade. Tudo parece História, como os vídeos antigos que nós, amantes do basquete, vemos embevecidos sobre grandes momentos da NBA. Ou melhor: parece a História sendo escrita diante de nossos olhos, via telinhas e telonas que a tecnologia de hoje nos oferece.

Feito esse clicheríssimo nariz-de-cera (abertura meio embromatória de um texto jornalístico), vamos ao jogo em si... Incrível como essa série tem sido marcada pela combatividade dos times e pela irregularidade técnica dos jogadores. Poucas vezes o coletivo esteve valendo tanto sobre o individual numa decisão. Até agora, pelo menos. Assim, um jogador que vá além acaba desequilibrando. Se no jogo 2 Ray Allen deu a vitória ao Celtics, desta vez, o veterano armador fez um ótimo último quarto e deu a vitória na partida e a vantagem de 2 x 1 na série ao Lakers.

O jogo não fugiu ao padrão dos dois primeiros: muita defesa, muito contato, cestas suadas, muitas faltas, muita gente pendurada, árbitros cada vez mais inseguros, recorrendo ao vídeo até para decisões em jogadas claras. Um erro, inclusive, poderia ter influenciado bastante no placar final, ao não ser marcada uma claríssima falta de Kevin Garnett no ataque sobre Lamar Odom, que ganhara o rebote limpamente e teve o braço puxado de modo que não teve como não largar a bola, que saiu pela linha de fundo. Não vendo a falta, os árbitros consultaram o vídeo para dar o fundo bola para o Celtics. Sorte deles que Garnett fez uma falta ofensiva e a bola retornou ao time do Lakers.


No primeiro tempo, apesar de toada a briga, o Celtics não conseguiu impedir o Lakers de marcar: foram 52 pontos e uma confortável vantagem de 12, que foi a 17 no início do terceiro quarto. O que mais ou menos corresponde às minhas expectativas: se o jogo pender para uma pontuação alta, fica muito difícil para o Celtics acompanhar o Lakers. E foi quando conseguiu finalmente frear o ataque californiano que o Celtics conseguiu, pouco a pouco, tirar a diferença, até ela cair para apenas um ponto a 10 minutos do fim. E aí entrou em cena Derek Fisher, com 11 pontos, apenas um de lance livre e todos os outros em condições absolutamente difíceis. O veterano armador das bolas certas nas horas certas foi decisivo e garantiu importante vantagem para seu time na busca do bicampeonato.

Era preciso aparecer alguém para decidir e o Lakers teve essa figura em Fisher. Kobe Bryant fez um jogo extremamente competitivo, de muita vibração, muita garra mesmo na briga pela bola, muita defesa, liderança... 
Na foto seguinte, o flagrante de uma incrível recuperada de bola, praticamente fora da quadra após ser tirada das mãos de Garnett, que ainda resultou em assistência para cesta de Andrew Bynum. Enfim, a tal da atitude, apesar de sofrer com os arremessos, acertando apenas 10 em 29 tentados. Nessas situações, o Lakers precisa de uma segunda via que decida. E Fisher foi, mais uma vez, O cara.


Para vencer em Boston, o Lakers teve que funcionar muito bem como time, mas isso não refletiu-se necessariamente em números para os jogadores. Pau Gasol sofreu com Kevin Garnett e não produziu muito no ataque, marcando apenas 13 pontos, mas pegou 10 rebotes e fez quatro assistências. Ron Artest pouco chutou – e chutou mal: acertou uma em quatro. Mas fez um grande jogo defensivo e recuperou uma fundamental bola que Kendrick Perkins batia no meio da quadra (quem? onde?) fazendo o quê?) no final do último período.. E Bynum saiu com nove pontos e 10 rebotes. Lamar Odom desta vez acertou todos os seus arremessos, anotando 12 pontos. O resto do banco, se não pontuou, brigou bastante e economizou faltas dos titulares. Neste jogo, apenas Fisher esteve realmente ameaçado pelas faltas. Como eu previ (também não foi grande coisa, me parecia meio óbvio), Kobe Bryant não teve qualquer problema com faltas após jogar pendurado boa parte da partida anterior. Esses juízes são cada vez mais previsíveis: se no jogo 2 penduraram cedo vários titulares do Lakers, agora viram mais faltas dos jogadores do Celtics...

Em relação ao Celtics, eu escrevi que Garnett e Paul Pierce não poderiam voltar a jogar tão mal, pois não é provável que o time vença assim. No jogo de ontem, os alienígenas devolveram a habilidade de Garnett, que sobrou em cima de Gasol no ataque, acertando 11 de seus 16 arremessos e anotando 25 pontos. Mas Paul Pierce... Pierce fracassou novamente, foram apenas 15 pontos, (o time precisa de mais) e pendurou-se cedo em faltas. Curiosamente, Pierce acertou três de seus quatro arremessos da linha de 3. Os homens grandes do Celtics esforçaram-se bastante. Kendrick Perkins conseguiu 11 rebotes e apenas duas faltas, o que lhe permitiu jogar com toda a força o tempo inteiro que esteve em quadra. E Glen Davis anotou 12 pontos vindo do banco, jogando também com muita intensidade. Como a “ausência” de Pierce tem sido meio frequente, o Celtics sofreu mesmo com as estrelas que lhe darem a vitória no jogo 2 no Staples Center.

Após um triplo-duplo, Rajon Rondo sofreu com a forte marcação e não teve muitas chances de chutar. Terminou com discretíssimos 11 pontos e oito assistências. Mas o que fez a diferença negativa desta vez foi Ray Allen. O armador que no domingo bateu o recorde de cestas de 3 em partidas de playoffs. Eu comentei que havia sido uma atuação um tanto acima de seus padrões, isso não deveria se repetir. Mas também não podia imaginar que Allen fosse do vinho para água! Ele ontem por pouco não atingiu uma marca nada honrosa: errou todos seus 13 arremessos de quadra. Parece que os alienígenas torcem pelo Lakers e desta vez resolveram drenar todo o talento do armador. Se tivesse errado mais um, Allen teria perpetrado o pior desempenho da história dos playoffs da NBA. E foi por muito pouco, pois Garnett cometeu uma falta de ataque quando Allen já desperdiçava uma bandeja extremamente fácil no final da partida. Como disse Fisher, encarregado de marcá-lo, isso não vai acontecer de novo. Mas aconteceu ontem - e foi fatal para o Celtics.

E agora? O Lakers tem a vantagem de 2 x 1 na série. Os próximos dois jogos ainda são em Boston, mas o time já tem a certeza de voltar à Califórnia dependendo, no máximo, de duas vitórias no Staples Center para conquistar mais um campeonato. Isso deve dar a Kobe e companhia maiores segurança e tranquilidade, o que pode ser muito bom para o time. Com certeza, a pressão está toda sobre o Celtics, que parece não ter pensado em hipótese alguma que não venceria suas três partidas com mando de quadra. Isso podemos concluir tanto pela correta leitura que Kevin Garnett fez das séries anteriores contra Cleveland Cavaliers e Orlando Magic (de que não poderiam voltar à casa adversária para um decisivo jogo 7), quanto pelas palavras captadas de Paul Pierce para Kendrick Perkins no final do jogo 2: "Não voltaremos para Los Angeles!". Bem, vão voltar. É hora de colocar o plano B em ação...

Para quem acompanha o blog, mais um sensacional vídeo distribuído pelo site da NBA, desta vez sobre o jogo de ontem:

terça-feira, 8 de junho de 2010

NBA ► Bolas de 3 de Ray Allen garantem vitória e Boston Celtics empata série final da NBA contra Los Angeles Lakers

Boston Celtics 103 x 94 Los Angeles Lakers
Final
(1 x 1)

A dura vida de trabalhador me impediu de ver com a atenção que gostaria o jogo 2 da final da NBA entre Los Angeles Lakers e Boston Celtics. Foi tudo à base de uma olhada aqui, outra ali, uma lida nas resenhas, uns vídeos na rede...

Mas pelo que percebi disso tudo, assim como o jogo 1, foi uma partida bem tecnicamente fraquinha na parte ofensiva e mais uma vez carregada de faltas, desfigurando os times e descaracterizando o forte jogo de contato que costuma marcar os playoffs decisivos. Comparando ao futebol, digamos que a arbitragem anda definitivamente mais para o estilo brasileiro do que para o jeito europeu de se apitar.

Na bola, fizeram a diferença as incríveis bolas de 3 de Ray Allen. Tão discreto na primeira partida, o veterano armador bater recorde de bolas de 3 convertidas numa série final da NBA, acertando oito tiros. Numa partida tão equilibrada e com os pontos custando a sair, pode-se dizer que foi o fator decisivo para a importante vitória do Celtics na quadra adversária.
 
E foi um jogo bem estranho, com atuações bem irregulares. Andrew Bynum foi ótimo para o Lakers, Com mais tempo de quadra por causa do cedo problema de Lamar Odom com faltas, o gigante de joelho baleado foi muito bem no garrafão. Se não pegou tantos rebotes assim (foram seis), marcou 21 pontos e distribuiu incríveis sete tocos (na foto, um deles, sobre Paul Pierce). Em compensação, Ron Artest foi uma tragédia ofensiva (acertou um em 10 arremessos!) e prematuramente também se pendurou em faltas. Gasol foi bem, ao lado de Bynum, marcando 25 pontos, pegando oito rebotes e ainda distribuindo seis tocos. Mas Odom foi mal: além das faltas, quase nada produziu na frente (apenas três arremessos) e atrás (cinco rebotes). Kobe Bryant foi bem meia-boca: também limitado pelo número de faltas, chuto acima do par (comparando ao golfe), acertando apenas oito de 20 arremessos. Em compensação anotou razoáveis cinco rebotes e seis assistências, além de expressivas cinco roubadas de bola. Derek Fisher foi ainda uma boca a menos, arremessando mal, apesar de esdruxulamente conseguir sete rebotes, número ótimo para um armador com sua estatura (ou a falta dela). Alguma coisa está errada na ordem universal quando o melhor fundamento de um armador veterano e baixo com Fisher é o número de rebotes.

Fica claro pelos números que em uma partida truncada como essa, o Lakers deveria ter apostado tudo na dominância que Gasol e Bynum exerceram no garrafão. Um desperdício.
 
Apesar de vencedor, o Celtics também apresentou atuações bastante díspares. Ray Allen terminou com 32 pontos e valeu-se bem do problema com faltas de seus marcadores para encontrar espaços para chutar com mais liberdade (veja na foto a liberdade de um de seus arremessos). Rajon Rondo também foi ótimo, conseguiu um triplo-duplo, com 19 pontos, 12 rebotes e 10 assistências. Mas alguém deve ter dito que Glen Davis devia chutar mais e ele chutou – e mal: acerou quatro chutes em 13. Kevin Garnett ainda não teve seu talento devolvido pelos alienígenas e fez outra partida bem fraquinha, mas parece meio óbvio a essa altura da temporada que o líder do Celtics está totalmente fora de suas melhores condições de jogo. Paul Pierce... Difícil acreditar que o Celtics tenha conseguido roubar uma vitória em Los Angeles com Pierce tão apagado, acertando apenas dois de 11 arremessos de quadra.

Como se vê, as bolas de 3 de Allen foram absoluta e totalmente decisivas para a vitória do Celtics.

Enfim, foi uma partida tão errática que fica difícil um prognóstico para os próximos três confrontos em Boston. Contra Cavaliers e Magic, Garnett deixou claro que seu time não podia voltar à quadra adversária para um decisivo jogo 7. Do mesmo modo, o pensamento único no Celtics é esse: fechar a série em casa e não voltar ao Staples Center.

Mas como prever alguma coisa? A partida de Ray Allen foi uns dois graus acima da curva do ótimo chutador de 3. Oito bolas é muito. Em compensação, Paul Pierce e Garnett (mesmo sem totais condições) podem fazer muito mais. No lado californiano, os gigantes Gasol e Bynum foram dominantes de uma forma rara: sozinhos fizeram 13 tocos, contra três de todo o time adversário, e ainda anotaram mais de 20 pontos. Não é muito simples de se repetir, assim como as pífias atuações de Odom e Fisher. Além de Kobe, que provavelmente não deve ter problemas com faltas nos próximos jogos, já que os árbitros andam apitando como em nosso futebol: uma pra cá, outra pra lá, e assim vão levando a coisa.
 
Eu disse antes da série começar que, se o Celtics quisesse sonhar com o título, deveria obrigatoriamente vencer uma das primeiras partidas em Los Angeles. Agora joga três em casa. Como os jogos estão muito físicos e equilibrados, não dá para dizer que isso fará a mesma diferença que fez em 2008, quando o time do Lakers atuava de maneira nitidamente mais soft.

Vamos aguardar logo mais para ver que rumo toma a série. Uma vitória do Lakers coloca novamente os atuais campeões no caminho de uma nova conquista, assim como um convincente triunfo do Celtics pode abalar a confiança adversária e colocar um novo anel à vista de Kevin Garnett e seus comandados.


Fechando, o vídeo que a NBA divulgou sobre o jogo 2:

domingo, 6 de junho de 2010

FUTEBOL ► Por que o golaço de Roger, do Guarani, passou quase despercebido pela mídia?

Na rodada de meio de semana do Campeonato Brasileiro, um golaço não recebeu as loas devidas por parte da mídia esportiva. Por quê? Veja o gol de Roger que deu a vitória ao Guarani contra o Vasco em pleno São Januário, no minuto final da partida:



Perguntei ao meu irmão: "Você viu o golaço que o Roger fez?" Não, não viu. Meu sobrinho também não. Meu irmão deu uma justificativa sintomática: "Ninguém falou nada nesses programas na TV." Pois é, ninguém falou praticamente nada. Por quê?

Algumas respostas plausíveis: grande parte da mídia esportiva não entende de futebol, só sabe vender notícia, fabricar craques e escândalos; gerar factoides; é populista no pior sentido; não dá valor a nada feito que não seja referente a um clube dito de massa; sequer sabe o que é um golaço etc...

A perfeita matada no peito de Roger (ex-São Paulo, Fluminense e Sport, entre outros), naquele curto pedaço do campo, é qualquer coisa. No melhor estilo eternizado e ensinado pelo Rei Pelé. E o toque sutil... O que dizer? E no último lance de uma partida disputada fora de casa, e logo em São Januário, onde o Vasco, independente de estar bem ou mal das pernas, sempre é um adversário difícil de ser batido? Golaço. Golaço que aqui em meu espaço faço questão de celebrar.

Foi o discreto e correto profissional Roger quem fez o golaço, jogando pelo Guarani, que não faz parte do bloco de clubes que recebe a quase total atenção da imprensa. Alguém pode imaginar a repercussão de um gol assim caso fosse marcado por um dos pares do recém-divorciado Império do Amor? Ou por um Neymar da vida, o rei do cai-cai? No mínimo parariam o mundo e empurrariam o menino problema goela adentro de Dunga lá África do Sul...

Ninguém chamou Roger de rei da área ou coisa parecida, nem as TVs ficaram de quatro para o gol e seu autor, como costumam ficar por muito menos para outros jogadores ou jogadores de outros times. Acompanhei algumas das vezes em que o gol foi exibido. Em nenhuma delas foi feito qualquer alarde. Aliás, se você não prestasse a atenção ou desse uma piscada na hora, em alguns canais nem repararia na beleza do gol, já que era exibido a toque de caixa, como mais um, sem direito nem àquele tradicional clichê do "esse vale a pena ver de novo". Uma injustiça.


Hoje tem gente que acha que golaço só é feito por jogador de time grande (?). Que golaço é um chute de bico, totalmente desequilibrado, verdadeiro pombo sem asas que faz trezentas e noventa e cinco curvas graças a essas patéticas bolas usadas atualmente e que literalmente cai no ângulo de uma baliza. Para essa gente, só certos jogadores de certos times fazem golaço, os outros só fazem gols bonito, assim como certos goleiros não frangam nem falham, apenas dão azar.

Não vou ficar aqui querendo definir o que é golaço, até porque é algo que tem alguns padrões subjetivos. Mas para mim um golaço passa por um chute refinado tecnicamente, um deslocamento surpreendente, uma jogada inesperada, um lance decisivo, um certo grau de dificuldade, que pode ser técnica ou psicológica (o momento).

Uma observação, porém, faço questão de registrar. Às vezes um time está ganhando de 20 x 0 (como é possível ver, adoro esses exageros de linguagem) de um Rosita Sofia da vida e aparece "craque" que pega a bola, dá de calcanhar aqui, dribla de letra ali, rabisca mais três, arrisca um balãozinho e faz o gol de bunda. Legal. Mas até aí (como também gosto de dizer), morreu o Neves. Quero ver fazer tudo isso no último minuto de um jogo decisivo e/ou contra o maior rival, seu time com a corda no pescoço e a torcida querendo arrancar seu couro fora. Aí, sim, não tem preço: é um golaço, e não apenas um gol bonito.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

NBA ► Defesa garante vitória do Los Angeles Lakers sobre Boston Celtics na abertura da final da NBA

Boston Celtics 89 x 102 Los Angeles Lakers
Final
(0 x 1)

É, o título do post não saiu truncado. Não foi a defesa do Boston Celtics ou o ataque do Los Angeles Lakers. O destaque da abertura do playoff decisivo da NBA foi a defesa do time da Califórnia. Domingo os times voltam a se encontrar na segunda partida da série, ainda no Staples Center.

A partida em si foi um misto de playoff da Conferência Leste com futebol brasileiro. Foi como uma partida decisiva da Conferência Leste por ter sido extremamente física, não parecendo estar em quadra – e em sua quadra - um time mais adepto ao showtime como o Lakers, legítimo representante do tipo de basquete praticado na Conferência Oeste. E também parecia futebol brasileiro porque qualquer flatulência soltada próximo ao adversário os juízes interpretavam como falta.

Creio que o exagero na marcação das faltas foi uma opção covarde dos árbitros, que podem ter usado esse recurso para evitar que o jogo físico descambasse para... violência física. Assim a partida foi um tanto descaracterizada. Logo ambos os times ficaram pendurados, com praticamente todos os titulares se carregando em faltas.


A primeira consequência disso é que a todo instante o jogo era interrompido, jamais pegando embalo, e sempre havia alguém cobrando lance livre. A segunda é que os reservas acabaram ganhando mais tempo de quadra. E foi aí, no final do primeiro quarto, com infiltrações consecutivas dos bancos Jordan Farmar e Shannon Brown, que o Lakers conseguiu finalizar o período com cinco pontos de vantagem e usar essa margem (que no segundo período ainda caiu durante um breve momento para dois pontos e no último quarto chegou a 19) para sustentar-se à frente o resto da partida.

Enfim, não achei nada lindo de se ver. Acho que nem os adeptos de um bom basquete de defesa ficaram muito satisfeitos, porque muitas das faltas marcadas eram simplesmente patéticas. Estava difícil qualquer contato sem que isso fizesse soar um apito. O resultado óbvio é que, após pendurarem os times, os árbitros depois tiveram que fazer uma “conta de chegar” para decidir quando apitar as faltas seguintes, evitando tirar cedo peças importantes do jogo para que o mundo não caísse sobre eles.


O melhor em quadra foi Kobe Bryant, usando muito bem a forte marcação que sofreu para abrir espaços para seus companheiros. Mais uma vez anotou 30 pontos nestes playoffs e ainda pegou sete rebotes e fez seis assistências. De quebra, exerceu boa marcação sobre Rajon Rondo, impedindo que o emergente astro adversário explodisse na partida. Ron Artest também realizou ótimo trabalho defensivo e ainda anotou 14 pontos. Pau Gasol conseguiu 14 rebotes no garrafão e marcou 23 pontos. Na verdade, todo o time do Lakers (inclusive seu banco!) fez uma partida coletivamente muito correta e concentrada, sem ninguém destoar. Não é padrão “lakerniano” manter o mesmo ritmo durante os 48 minutos de jogo, como ontem.

No Boston, briga não faltou, mas o time pareceu surpreendido ao ver o Lakers tão firme no estilo de jogo que eles deveriam dominar. Não que esperassem um Lakers soft, mas acho que não imaginavam um adversário tão hard. O próprio treinador Doc Rivers disse que seu time foi superado em força e vontade. Apesar da forte marcação e do problema com faltas, Paul Pierce mostrou que segue sendo um pesadelo hollywoodiano, anotando 24 pontos e pegando nove rebotes. Rondo ainda conseguiu números bem decentes, apesar de insuficientes para a necessidade do time (13 pts, 8 ast, 6 reb). Ray Allen atrapalhou-se com as faltas e rendeu pouco e Kevin Garnett... Bem, Garnett fez 16 pontos, mas pegou ínfimos quatro rebotes e protagonizou uma cena um tanto ridícula para um supercraque como ele, um lance que parecia tirado do filme “Space Jam – O Jogo do Século”, onde pequenos alienígenas roubavam o talento dos astros da NBA. Parecia que o talento de Garnett havia sido roubado:



Para o Celtics, acendeu uma luz de alerta: o Lakers está aprendendo a jogar o basquete físico, o estilo de jogo que o arrasou nas finais de 2008. E isso pode ser um problema sério para o tradicional time verde de Boston, pois se o Lakers conseguir se adaptar durante toda a série a um jogo mais físico, concentrado na defesa, terá um grande trunfo em mãos, já que dificilmente o Celtics conseguirá se igualar ofensivamente ao time californiano. Assim, o Celtics perderia a vantagem do jogo físico e, pela lógica, o Lakers tiraria proveito de seu maior arsenal ofensivo, como fez neste jogo 1. Garnett e companhia precisam de todas as maneiras prevalecer quando o jogo estiver sendo jogado no estilo deles. Se não...

Fechando, o recap do jogo 1 distribuído pelo site da NBA (por problemas técnicos, via YouTube):


quinta-feira, 3 de junho de 2010

FUTEBOL ► Juízes pusilânimes incentivam violência no futebol brasileiro

Que a arbitragem no futebol brasileiro faz coisas que até Deus duvida e nos faz, meros torcedores, suspeitarmos de tudo, todo mundo sabe. Mas agora suas excelências estão revelando um lado ainda mais aterrador: o da conivência com a violência que ameaça explicitamente a integridade física dos profissionais do esporte.

Dois exemplos tristes e ao mesmo tempo patéticos do nível da arbitragem nacional pudemos presenciar em menos de uma semana. Tristes, pelas consequências, as contusões dos atletas, uma mais grave que a outra. Patéticos pela ação dos árbitros das partidas, dois patetas bananas.

Na sexta-feira passada, dia 29 de maio, Santo André e Guaratinguetá jogavam pela segunda divisão do Campeonato Brasileiro em Guaratinguetá, quando o atacante William, do Santo André, teve a perna quebrada após um carrinho criminoso do zagueiro Júlio César.

Pior não é o crime, mas a impunidade. A entrada foi extremamente desleal. “Ah, mas pegou na bola...” Não tem a menor importância, não é nenhum atenuante. Foi pênalti, inclusive, já que a agressão ocorreu dentro da área. Mas o patético árbitro Rodrigo Braghetto (SP) marcou apenas... nada! mandou seguir o jogo.

Assim, o violento zagueiro Júlio Cesar está liberado para continuar distribuindo porrada (acho uma palavra de baixo calão e o uso de palavras assim simples falta de recurso linguístico, mas estamos falando de violência mesmo) à vontade em campo, ameaçando a integridade física dos colegas de profissão (será que um jogador desses tem alguma consciência disso?), enquanto sua vítima amarga pelo menos três meses fora dos gramados, sem trabalhar.


O lance que podemos ver no vídeo acima é muito parecido ao que marcou para sempre o na época ótimo ponta-esquerda Pedrinho, do Vasco, que nunca mais recuperou-se inteiramente após uma criminosa entrada do zagueiro Jean Elias (para quem não lembra, um renomado botinudo), do Cruzeiro, em uma partida disputada em São Januário pelo Campeonato Brasileiro de 1998. A entrada violentíssima tirou Pedrinho dos campos durante oito meses. Como mencionei acima, nunca mais o habilidoso atacante recuperou-se totalmente, tendo sua condição física comprometida pelo resto da carreira, jamais conseguindo emendar novamente grandes sequências de jogos.

Assim como no lance em Guaratinguetá, o agressor pegou a bola, mas não sem quase aleijar um colega de profissão, tal a violência da entrada. O que fez o árbitro goiano Antônio Pereira da Silva, um dos “grandes” da época? Marcou lateral... Lamentável.

Vai que ontem, no Maracanã, o atacante Lenílson, do Vitória da Bahia, de forma intencional e criminosa, chutou a cabeça do goleiro Rafael, do Fluminense, que já tinha a bola totalmente sob controle. A partida foi válida pela primeira divisão do Campeonato Brasileiro e o árbitro foi o incrível Wilson Luiz Seneme - incrível porque não sei como segue apitando impunemente, tamanho o número de erros que comete. O que fez, então, o paulista Seneme? Ele viu o lance, tanto que correu imediatamente para a área, chamou o agressor e... o premiou com um cartão amarelo!


Vimos aí no vídeo. Em qualquer lugar do mundo isso é um lance de expulsão, por sua covardia e por ameaçar não só a integridade física como a própria vida da vítima. O jogador não tinha a menor necessidade de atingir o goleiro. Não havia bola em disputa e ele teve todo o tempo do mundo para evitar o choque. Mas não, Lenílson proposital e acintosamente deixa a perna para atingir o adversário. Sabem, nem creio de repente que seja por maldade, talvez seja só molecagem, irresponsabilidade mesmo, sei lá. Prefiro até pensar assim. De todo modo, o goleiro teve que deixar o campo, enquanto o agressor seguiu a vida com o seu amarelinho no bolso.

Lances assim ainda ganham argumentos como "não tive a intenção" ou o famigerado "fui na bola". Ora, bolas: você amarra uma velhinha sobre os trilhos e passa com uma locomotiva por cima e diz que não teve a intenção de matá-la? Conta outra. E ainda há quem caia nessas desculpas esfarrapadas...

Parabéns às avessas, então, para árbitros como Rodrigo Braghetto, Wilson Luiz Seneme e Antônio Pereira da Silva, pela contribuição dada a páginas sujas pela violência do futebol brasileiro.