quarta-feira, 17 de março de 2010

BRASIL ► Sob a ótica de Ibsen Pinheiro, o petróleo é da ONU!


Um dos mais incríveis argumentos do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB/RS) para "surrupiar" os royalties de exploração da camada de pré-sal a que têm direito principalmente o Rio de Janeiro e o Espírito Santo sugere uma revolução na economia mundial. Senão vejamos o que ele diz em relação à extração de petróleo:

"Não existe estado produtor, no máximo tem uma vista para o mar."

Bem, um argumento desse, por analogia, também quer dizer isso:

"Não existe país produtor, no máximo tem uma vista para o mar."

Um argumento que, inclusive, acaba com o conceito de mar territorial, já que tudo seria paisagem...

Sob essa ótica, então, o petróleo é nosso... e de todos os países do mundo! Assim como todo o petróleo do mundo árabe e do resto do planeta!

Temos uma revolução econômica em escala mundial à vista!

segunda-feira, 15 de março de 2010

AUTOMOBILISMO ► Fórmula 1 x Fórmula Indy: estilo x emoção

Neste fim de semana começou a temporada 2010 de Fórmula 1 e em São Paulo foi realizada a etapa brasileira da Fórmula Indy. Bem, não vou entrar em maiores detalhes sobre as provas, para isso recomendo o blog do Márcio Arruda (http://jblog.com.br/formula1.php), especialista no assunto. Só gostaria de registrar diferenças básicas entre essas duas categorias do automobilismo  internacional que eu percebo como mero fã.

Acho a F1 uma categoria extremamente glamourosa, cheia de estilo e marcada pela beleza de seus circuitos. A prova do Bahrein, por exemplo. Achando que o novo regulamente traria mais competitividade à categoria (e até ainda acho) e considerando ser a primeira do ano, com novos pilotos e pilotos em novas casas, mesmo dormindo tarde, cedinho estava lá acordado para acompanhar a  corrida.

A corrida, em si, achei chata como têm sido as corridas de F1 desde o final do século passado. Muita influência tecnológica para pouco fator humano. Costumo brincar dizendo que hoje você forma um piloto de F1 deixando uma criança brincar desde cedo com o PlayStation. Mas fica difícil tirar o olho daquele visual hipnotizante do lindo circuito no deserto aliado às cores dos carros e ao ronco dos motores.

Então fiquei ali, durante quase duas horas em que pouca coisa aconteceu, a ponto do narrador quase exultar de alegria ao menor indício de uma disputa por posição. Qualquer posição. Mais ou menos assim: “É isso que vamos ver este ano, é para isso que o regulamento mudou, vamos ver provas com muitas ultrapassagens e disputas por posição!”

Bem, tudo isso ficou para a próxima. Até creio que possa se chegar a esse ponto ideal, mas a F1 precisa deixar de ser refém da disparidade de forças entre as equipes. Pode ser que as mudanças no regulamento ajudem. Mas se acabar com a bobagem do reabastecimento é um passo a frente, exigir o uso de pneus liso e biscoito na mesma prova é uma corrente de aço presa aos boxes.

Estilo não é o forte da Indy, apesar das legendárias 500 milhas de Indianápolis. Aquele monte de circuitos ovais mesclados a circuitos de ruas simplesmente feios e desprovidos de qualquer charme não são propriamente atraentes. Bonito, na categoria, só os carros mesmo. A corrida em São Paulo é prova disso. Mas o que falta em visual a Indy compensa em competitividade e emoção.

Há um maior equilíbrio entre os carros e as provas ficam abertas a um maior número de pilotos. Muitas vezes a vitória e as primeiras posições dependem mais do acerto do carro para aquele circuito e do braço de quem está atrás do volante do que do poderio da escuderia em si.

Tá certo, às vezes o excesso de bandeiras amarelas cansa, mas cada vez que a bandeira verde é dada em uma nova largada, você se esquece disso. E ao contrário de Bahrein, não faltou emoção em São Paulo.

Houve sol, chuva, as primeiras posições foram disputadas até as últimas voltas e, no fim, apenas quatro segundos separavam o quarto do 10º colocado. Muito legal!

Como sou fã de F1 desde os tempos em que havia corridas aos sábados na Europa (é, um dia já teve disso...), torço para que as mudanças façam a categoria voltar a ser ao menos um pouco como nos tempos em que o braço valia mais que os dedos.

quinta-feira, 11 de março de 2010

TECNOLOGIA ► Microsoft faz estranho jogo contra o patrimônio incentivando a pirataria

Apesar de não ter exercido a profissão a não ser como estagiário, sou formado em Administração. E fica difícil para quem faz esse tipo de faculdade ou qualquer curso de gerência entender a maneira de pensar de certos empresários. Talvez - provavelmente até - a falta de prática profissional faça certas coisas escaparem à minha compreensão. Como o caso da Microsoft, por exemplo.

A Microsoft sempre diz-se vítima da pirataria de softwares, principalmente em relação ao seu sistema operacional, o Windows, e que faz de tudo para combatê-la. Não acredito. Ao contrário, acho que a poderosa multinacional de tecnologia incentiva a pirataria através de sua - para mim, estranha - estratégia comercial.

Tomemos como exemplo o Brasil, onde há, no mínimo, 40 milhões de usuários domésticos de computadores. Desses, quantos devem possuir UMA licença legítima da Microsoft, que dá direito a apenas UMA instalação em UM único computador, pagando em torno de 500 reais pelo seu sistema operacional, agora o bom Windows 7? Poucos, não é? E quando digo poucos, quero dizer poucos mesmo. Creio que em torno de 1% (400 mil)... e olhe lá.

O Brasil é um mercado em que a Microsoft fatura corporativamente, vendendo para empresas, que não podem correr o risco de trabalhar com softwares piratas em suas máquinas e não arriscam-se em partir para o uso de software livre, como o Linux. E a Microsoft fatura muito bem. Ainda assim, isso não justifica o pouco interesse em faturar muito mais explorando o usuário doméstico, a quem a empresa não deixa muitas opções para obter um software original. O valor é extorsivo para a maior parte da população, ainda mais para uma licença que só vale a pena até a compra de um novo computador ou uma simples alteração de hardware ou mesmo a formatação da máquina.

Eu, simplesmente, não entendo. São 40 milhões de usuários provavelmente usando um Windows pirata, certo? Quanto a Microsoft fatura com isso? Zero.

Muitas pesquisas indicam que o consumidor gostaria muito de ter em seu computador um software original, mas não tem condições financeiras para isso. É caro.

Então vejamos: se em vez de R$ 500,00, pelo Windows 7, a Microsoft cobrasse um valor, digamos, social, em torno de R$ 20,00? Mesmo que por uma única licença para ser usada apenas uma vez em um único computador? Garanto que, no mínimo, metade desses 40 milhões de usuários domésticos comprariam o produto original. Mesmo que de ano em ano precisasse de outra licença, o preço não seria empecilho. Assim, a Microsoft faturaria pelo menos 400 milhões de reais de uma tacada só! Vai ver que eles nem consideram essa "ninharia" um faturamento relevante...

Para as empresas, a Microsoft poderia continuar cobrando seus 500 reais. Também poderia vender por esse preço ao usuário doméstico uma espécie de licença vitalícia ou de umas 50 instalações, incluindo aí as de novas versões do Windows.

Enfim, formas e formas de faturar mais e combater a pirataria e incentivar a compra de software original, existem. Mas ou não deve fazer diferença umas centenas de milhões a mais no recheado cofrinho da Microsoft ou outros motivos existem para a empresa apenas fingir que se incomoda com essa situação. Como costuma-se dizer, "aí tem..".

quarta-feira, 10 de março de 2010

BRASIL ► É sério isso?

1 - Deu na coluna do Ancelmo Góis no jornal O Globo (http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/posts/2010/02/18/a-coluna-de-hoje-267300.asp):

Calma, gente
A ONG Fala Bicho entra hoje com ação na Justiça contra a União da Ilha, que desfilou na Sapucaí mostrando uma simulação de tourada.
Scheila de Moura, presidente da ONG, diz que a alusão ao tema é apologia ao crime. Será?


Arquidiocese pede indenização por uso do Cristo Redentor em “2012”
A cena em que o Cristo Redentor é destruído no filme “2012” continua gerando polêmica. O longa foi lançado em novembro, mas a Arquidiocese do Rio de Janeiro ainda cobra da Columbia Pictures uma indenização por uso indevido de imagens do Cristo Redentor.
O jornal “O Estado de São Paulo” conta que as negociações começaram em dezembro e preveem retratação pública por escrito. Se as duas partes não chegarem a um acordo até março, a instituição vai entrar com uma ação judicial.
Apesar de não cobrar pelas imagens do Cristo, a arquidiocese pode vetar seu uso. Antes da gravação do filme, a Columbia havia consultado a organização e teve o pedido negado. O diretor Robert Emmerich fez as cenas mesmo assim.

*** 

Deixa ver, rapidamente, se entendi:

Caso 1 – Vamos dar o exemplo da escravidão. Falar sobre escravidão numa escola de samba, provavelmente a instituição que mais se fez ouvir bradando pelos direitos e enaltecendo a raça negra, também não pode? Representar a escravidão em filmes de cinema também é apologia? Simular consumo de droga numa peça teatral também é apologia? Nada disso pode? Ainda vou entender essas coisas... 

A propósito: odeio touradas, acho um ato desprezível, torço sempre pelo touro.

Caso 2 – Então destruir o Cristo em um filme de ficção não pode? Mas se der dinheiro para a Arquidiocese fica tudo por isso mesmo? Vender imagens do Cristo de braços abertos sobre a cidade em porta de igreja pode? Vender o Cristo crucificado também pode? Será que Jesus aprova isso? Lembram-se do que Ele fez ao chegar a um templo e encontrar um monte de oportunistas que vendiam de tudo e procuravam ganhar dinheiro de todas as formas? Acho que Ele não gosta nem um pouco desse negócio de venderem a imagem d'Ele por aí a torto e a direito... E eu gostaria de saber desde quando a Arquidiocese é dona do Cristo Redentor. Acho que perdi esse capítulo.



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Dizem que quem inventou o trabalho não tinha muito que fazer. No fim das contas, acabou sendo uma grande ideia, porque não ter o que fazer pode gerar ideias muito piores. 

terça-feira, 9 de março de 2010

CINEMA ► “Podecrer” e “1972”: caricatura D+, filme D-

Tentei outro dia assistir a “1972”, filme de José Emílio Rondeau. Ontem, me aventurei com “Podecrer”, de Arthur Fontes. Ambos os filmes agradaram a uma faixa jovem do público de cinema. Bem, se os tivesse visto no cinema mesmo, onde por pagar ingresso me obrigo a assistir a um filme até o fim, talvez pudesse gostar também. Mas em casa, com o controle remoto na mão, não deu.

“Podecrer” passa-se em 1981 e “1972” em... Bem, é óbvio. Em 1972 eu era uma criança; em 1981, um jovem. Mas mesmo sendo criança em 1972, a realidade daquela época nunca me foi distante e ficou difícil de engolir mais de 20, 25 minutos de filme com personagens tão caricatos e situações idem.

A turminha do filme de 1981, então, bota caricatura nisso... Mas como me dizia mais respeito (tipo “eu tava por lá nos anos 80”...), até consegui resistir exatos 52 minutos. Mais, impossível, até porque nada de relevante acontecia.

Talvez esse tipo de estereotipação de jovens de diferentes épocas seja interessante para apresentá-los a novas gerações, mas para quem esteve próximo ou viveu aqueles dias, tudo tem sido muito caricato. E pior: na maioria desses filmes, nos 70 ou 80, são sempre os mesmos tipos de personagens repetindo as mesmas situações. Como uma espécie de “Feitiço do Tempo” cinematográfico cujas ações se repetem em filmes sem fim.

Mas o problema seja de pessoas como eu, para quem o filme não foi dirigido e tudo o que acontece é extremamente redundante, repetitivo, já visto... Envelhecer dá nisso.

Nos anos 80 houve um filme de Joel Schumacher chamado “O Primeiro Ano do resto de Nossas Vidas”, com uma turma de garotos logo apelidada de Brat Pack, numa clara alusão ao Rat Pack, o clã de Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr e Cia. O Brat Pack reunia, entre outros, Demi Moore, Molly Ringwald, Rob Lowe  e Anthony Michael Hall.

Vi esse filme várias vezes. Uma no cinema, outras em vídeo na faculdade, onde todo mundo gostou e queria uma cópia. Mesmo achando algumas situações bastante clichês, eu gostava, afinal, eram coisas que aconteciam com a gente. Apenas não me deixava levar o suficiente para considerá-lo um graaaaaaande filme. Mas achava bom, legal e gostava muito.

Meu pai, cinéfilo de décadas passadas, quando viu em vídeo... Diria que ele fez um “hum”, tipo “de novo?” ou “já vi isso um monte de vezes” e deixou sair um “filme de jovens” como comentário. Não, não vou dizer que “hoje eu entendo” porque na hora entendi: ele já tinha visto aquilo muitas vezes, muito tempo antes.

Mas prometo a mim mesmo que em uma nova oportunidade, de preferência no frio e munido de muita pipoca, darei nova chance aos dois filmes, tanto a “Podecrer” como a “1972”, assistindo-os sem má vontade, sem preconceitos, com as melhores intenções, como se fosse a primeira vez – mas, por via das dúvidas, sem o controle remoto por perto.