De antemão, vai o aviso: este post contém aquilo que é chamado de spoiler, ou seja, revelações sobre o desenrolar ou final de filmes. E não é minha culpa.
A minha esposa já há muito é traumatizada. Eu mesmo não consigo evitar o espanto. Alguém precisa nos socorrer de certos canais de televisão por assinatura que parecem não saber que há uma grande diferença entre sinopse e resumo de um filme! Quem tem Net Digital ou Sky chega a - ou deveria - pensar duas vezes antes de acessar a sinopse de algum título.
Resumo é uma condensação em poucas palavras. Sinopse é uma descrição abreviada. Em relação a filmes, a sinopse diz do que se trata a história, enquanto o resumo conta a história.
Há canais que apresentam "sinopses" que simplesmente tornam desnecessário assistir ao filme, pois até o final já está revelado. Outras "sinopses" revelam clímax que o espectador só deveria descobrir lá no meio da trama, quando estivesse absorto por ela.
Veja os exemplos abaixo, lembrando mais uma vez que são sinopses-spoilers, estão disponíveis ao apertar de teclas do controle remoto.
A Namorada Perfeita (Telecine) - "O filme conta a história de um jovem rapaz que namora uma menina, mas resolve terminar com ela para encontrar a mulher perfeita; ele sai com várias só que, no final, acaba percebendo que a mulher da sua vida era a sua namorada."
- Então, tá, né? Economizei duas horas de filme em 15 segundos de leitura. O filme inteiro está resumido nessas poucas palavras acima - muito bem, resumido, por sinal. Não há qualquer dúvida sobre seu final.
Um Certo Olhar (Cinemax) - "Em viagem para encontrar a mãe de seu filho falecido, um homem aceita dar carona a uma jovem. Porém um acidente acaba matando-a, o que faz com que ele procure pela mãe dela."
- A sinopse mesmo seria algo assim: "Homem viajando sozinho dá carona a extrovertida jovem, sem saber que isso mudará o destino de ambos." Quando comecei a ver, acreditei que era uma sinopse (quanta ingenuidade...). Imaginei que a morte da garota seria logo na abertura e que o filme tratasse da alteração da jornada do motorista e seus conflitos internos, psicológicos, quanto a isso. Mas que nada... Primeiro que só depois da metade do filme é que começamos a saber o motivo da viagem, que vai aos poucos se revelando. Depois, a morte da garota não é logo no início e é um momento de grande impacto. Como pode ser revelada numa sinopse? O pior de tudo é que trata-se de um bom filme, com ótimas interpretações de Alan Rickman e Sigourney Weaver.
Rota Mortal: Não Olhe para Trás (Max Prime) - "Há um ano, Nicole e Jesse desapareceram na área de descanso numa antiga estrada, esquartejados pelo assassino da rota mortal. Três corajosos jovens decidem procurá-lo sem imaginar que o assassino está à espreita."
- Esta "sinopse" aqui é absurda. Claro que mereço, quem manda assistir a um filme desses? Na verdade, a história é de três pessoas (no caso, os "corajosos jovens") que saem em busca do casal de amigos desaparecido. Eles NÃO sabem o que aconteceu com os amigos e também NÃO sabem que há um assassino na estrada - até porque, se soubessem, avisariam a polícia, provavelmente, sei lá o que se passa na cabeça desses roteiristas....
O Primeiro Amor Nunca Acaba (A & E) - "Halley, uma adolescente desiludida com os fracassos amorosos, recusa-se a acreditar que o verdadeiro amor existe (sic). Até que, devido a um acidente, Macon entra na sua vida e ela descobre o grande amor."
- Da série "Então, tá, obrigado, agora que já li o filme, vou procurar algum para ver".
Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro (HBO) - "Três funcionárias do Tesouro Federal Americano, armam plano para roubar uma enorme quantidade de dinheiro, prestes a ser destruída."
- Esta aqui é daquelas que saem truncadas e que você chega até a perder o filme tentando entender - no caso, o que está prestes a ser destruída.
Os exemplos acima são aleatórios. Infelizmente, canais que assisto com frequência, como Cinemax, Max Prime e Telecine Light são vítimas do mesmo mal.
Enfim, cuidado quando acessar sinopses na sua TV por assinatura, para não ter a desagradável surpresa de ter o fim da história revelado antes mesmo do filme começar.
Blog que o jornalista David Telio Duarte utiliza como registro de memórias sobre assuntos de seu interesse, como esporte, política, cinema, escolas de samba ou qualquer coisa que lhe venha à cabeça.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
terça-feira, 13 de julho de 2010
FÓRMULA 1 ► "Nada mau para um segundo piloto, hein?", disse o canguru para o touro
A frase com a qual intitulei o post saiu da boca de Mark Webber, vencedor do Grande Prêmio da Inglaterra, disputado no tradicional circuito de Silverstone, logo após receber a bandeirada. O australiano ainda estava justamente inconformado com a decisão de sua equipe, a Red Bull (touro vermelho...), durante o treino classificatório, quando tirou a nova asa de seu carro para colocar no carro do companheiro de equipe Sebastian Vettel, que havia detonado a dele.
Ficou clara a predileção da Red Bull e a opção por Vettel como primeiro piloto, apesar de ambos disputarem as primeiras colocações na classificação do Mundial. Vettel é um piloto mais rápido, mas ainda muito bandalha, enquanto Webber, mesmo com uma barbeiragem aqui, outra lá mais adiante, é bem mais consistente. Na prova de domingo, novamente isso ficou provado. Vettel era pole, mas Webber largou na frente, os dois se tocaram e o australiano foi embora. Afobado para recuperar a posição, Vettel acabou saindo da pista na segunda curva, voltou, quase foi tocado outra vez, deu novo passeio na área de escape e acabou no boxe com um pneu furado e voltando atrás de todo mundo. Enquanto isso, Webber, que costuma ser muito seguro quando sai na frente, administrou o primeiro lugar e o assédio de Lewis Hamilton para vencer.
Quem fica muito feliz com essa falta de habilidade da Red Bull para administrar dois pilotos em condições de disputar o título é a McLaren. Com o segundo lugar de Hamilton e o quarto de Jenson Button (ótima corrida de recuperação), os dois lideram o campeonato, assim como a equipe está na frente na competição de construtores.
Nico Rosberg completou o pódio. O filho de Keke tem feito uma temporada muito consistente e poderia ter obtido melhores resultados se a Mercedes dedicasse a ele as atenções que dispensa a Michael Schumacher, que ainda segue pouco competitivo nesta sua volta à Fórmula 1. Um problema no motor impediu o bom polonês Robert Kubica de completar a prova e Rubens Barrichello fez outra prova muito boa. Rubinho está literalmente fazendo da Williams um carro de corrida. O japonês Kamui Kobayashi foi outro destaque, arriscando com acerto atrasar sua parada obrigatória para troca de pneus e terminando numa ótima sexta posição.
Já na Ferrari, Felipe Massa teve mais um mau desempenho. Classificou-se novamente atrás de Fernando Alonso no grid de largada, teve um pneu furado pela asa do carro de Hamilton na largada, voltou atrás, saiu duas ou três vezes da pista... Enfim, um fim de semana para esquecer. Mais um.
Fernando Alonso, por sua vez, foi vítima do incrível esforço da Federação Internacional de Automobilismo de fazer da Fórmula 1 uma competição menos emocionante que um duelo de xadrez. O que chega a ser uma ofensa ao xadrez, que tem em sua história desafios realmente de mexer com os nervos.
O que não deve acontecer na F1 sem que haja o imediato risco de uma investigação. O espanhol fazia uma boa corrida, quando dividiu uma chicana com Kubica, a quem tentava ultrapassar. Kubica obviamente fechou a porta. Alonso não teve alternativa a não ser cortar a chicana e acabou voltando na frente do polonês. Manobra de corrida de Fórmula 1. Não é isso que todos queremos? Bem, pelo menos eu e, garanto, todos os fãs do esporte. Mas não as autoridades... Logo veio na tela aquela cada vez mais patética informação de que a manobra estava "sob investigação". Depois de um sem número de voltas, decidiram mandar Alonso para os boxes, para uma parada de penalização.
Ridículo. Primeiro, Kubica havia sido o único prejudicado e já estava fora da prova. Parar Alonso apenas beneficiou a todos os outros pilotos e prejudicou o espanhol. Os comissários (acabei de ler na internet) se defendem dizendo que na hora do "incidente" se comunicaram com a Ferrari e pediram para avisar a Alonso para devolver a posição e que fizeram isso três vezes. Como a Ferrari não se mobilizou (a equipe achou tudo normal), veio a punição, aparentemente com atraso. Nessa altura, uma punição mais ridícula ainda. Como a manobra não envolveu ou influiu no desempenho de qualquer outro piloto, as autoridades deviam se preocupar em punir a Ferrari, se fosse o caso, com uma multa decente ou coisa que o valha, mas nunca o piloto.
Será que os atuais dirigentes da categoria ignoram mesmo a história da Fórmula 1? Como os mitos foram criados? Será que eles acham que foi através de estratégias mirabolantes para reabastecimento e troca de pneus? Ou teria sido pelo arrojo de pilotos que pisavam fundo e disputavam cada curva como se fosse um prato de comida? Fala sério...
Colocação final do GP da Inglaterra:
1. Mark Webber (AUS/Red Bull), 1h24m38s200
2. Lewis Hamilton (ING/McLaren), a 1s360
3. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 21s307
4. Jenson Button (ING/McLaren), a 21s986
5. Rubens Barrichello (BRA/Williams), a 31s456
6. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber), a 32s171
7. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), a 36s734
8. Adrian Sutil (ALE/Force Índia), a 40s932
9. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 41s599
10. Nico Hulkenberg (ALE/Williams), a 42s012
11. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force Índia), a 42s459
12. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 47s627
13. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 59s374
14. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 1m02s385
15. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 1m07s489
16. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth), 51 voltas
17. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus), 51 voltas
18. Timo Glock (ALE/Virgin), 51 voltas
19. Karun Chandhok (IND/Hispania), 50 voltas
20. Sakon Yamamoto (JAP/Hispania) Bruno Senna (BRA/HRT), 50 voltas
Não chegaram:
21. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), 44 voltas
22. Pedro de la Rosa (ESP/Sauber), 29 voltas
23. Robert Kubica (POL/Renault), 19 voltas
24. Lucas di Grassi (BRA/Virgin), 9 voltas
Classificação do Mundial de Pilotos após dez provas:
1º) Lewis Hamilton - 145
2º) Jenson Button - 133
3º) Sebastian Vettel - 121
4º) Mark Webber - 128
5º) Fernando Alonso - 98
6º) Nico Rosberg - 90
7º) Robert Kubica - 83
8º) Felipe Massa - 67
9º) Michael Schumacher - 36
10º) Adrian Sutil - 35
11º) Rubens Barrichello - 29
12º) Vitantonio Liuzzi - 12
13º) Sebastien Buemi – 7
14º) Kamui Kobayashi - 15
15º) Vitaly Petrov - 6
16ª) Jaime Alguersuari - 3
17ª) Nico Hulkenberg – 2
Classificação do Mundial de Construtores:
1º) McLaren -Mercedes - 278
2º) Red Bull -Renault - 249
3º) Ferrari - 165
4º) Mercedes - 126
5º) Renault - 89
6º) Force India-Mercedes - 47
7º) Williams -Cosworth - 31
8º) Sauber-Ferrari - 15
9º) STR-Ferrari - 10
10º) Lotus-Cosworth - 0
11º) VRT-Cosworth - 0
12º) Hispania-Cosworth - 0
Ficou clara a predileção da Red Bull e a opção por Vettel como primeiro piloto, apesar de ambos disputarem as primeiras colocações na classificação do Mundial. Vettel é um piloto mais rápido, mas ainda muito bandalha, enquanto Webber, mesmo com uma barbeiragem aqui, outra lá mais adiante, é bem mais consistente. Na prova de domingo, novamente isso ficou provado. Vettel era pole, mas Webber largou na frente, os dois se tocaram e o australiano foi embora. Afobado para recuperar a posição, Vettel acabou saindo da pista na segunda curva, voltou, quase foi tocado outra vez, deu novo passeio na área de escape e acabou no boxe com um pneu furado e voltando atrás de todo mundo. Enquanto isso, Webber, que costuma ser muito seguro quando sai na frente, administrou o primeiro lugar e o assédio de Lewis Hamilton para vencer.
Quem fica muito feliz com essa falta de habilidade da Red Bull para administrar dois pilotos em condições de disputar o título é a McLaren. Com o segundo lugar de Hamilton e o quarto de Jenson Button (ótima corrida de recuperação), os dois lideram o campeonato, assim como a equipe está na frente na competição de construtores.
Nico Rosberg completou o pódio. O filho de Keke tem feito uma temporada muito consistente e poderia ter obtido melhores resultados se a Mercedes dedicasse a ele as atenções que dispensa a Michael Schumacher, que ainda segue pouco competitivo nesta sua volta à Fórmula 1. Um problema no motor impediu o bom polonês Robert Kubica de completar a prova e Rubens Barrichello fez outra prova muito boa. Rubinho está literalmente fazendo da Williams um carro de corrida. O japonês Kamui Kobayashi foi outro destaque, arriscando com acerto atrasar sua parada obrigatória para troca de pneus e terminando numa ótima sexta posição.
Já na Ferrari, Felipe Massa teve mais um mau desempenho. Classificou-se novamente atrás de Fernando Alonso no grid de largada, teve um pneu furado pela asa do carro de Hamilton na largada, voltou atrás, saiu duas ou três vezes da pista... Enfim, um fim de semana para esquecer. Mais um.
Fernando Alonso, por sua vez, foi vítima do incrível esforço da Federação Internacional de Automobilismo de fazer da Fórmula 1 uma competição menos emocionante que um duelo de xadrez. O que chega a ser uma ofensa ao xadrez, que tem em sua história desafios realmente de mexer com os nervos.
O que não deve acontecer na F1 sem que haja o imediato risco de uma investigação. O espanhol fazia uma boa corrida, quando dividiu uma chicana com Kubica, a quem tentava ultrapassar. Kubica obviamente fechou a porta. Alonso não teve alternativa a não ser cortar a chicana e acabou voltando na frente do polonês. Manobra de corrida de Fórmula 1. Não é isso que todos queremos? Bem, pelo menos eu e, garanto, todos os fãs do esporte. Mas não as autoridades... Logo veio na tela aquela cada vez mais patética informação de que a manobra estava "sob investigação". Depois de um sem número de voltas, decidiram mandar Alonso para os boxes, para uma parada de penalização.
Ridículo. Primeiro, Kubica havia sido o único prejudicado e já estava fora da prova. Parar Alonso apenas beneficiou a todos os outros pilotos e prejudicou o espanhol. Os comissários (acabei de ler na internet) se defendem dizendo que na hora do "incidente" se comunicaram com a Ferrari e pediram para avisar a Alonso para devolver a posição e que fizeram isso três vezes. Como a Ferrari não se mobilizou (a equipe achou tudo normal), veio a punição, aparentemente com atraso. Nessa altura, uma punição mais ridícula ainda. Como a manobra não envolveu ou influiu no desempenho de qualquer outro piloto, as autoridades deviam se preocupar em punir a Ferrari, se fosse o caso, com uma multa decente ou coisa que o valha, mas nunca o piloto.
Será que os atuais dirigentes da categoria ignoram mesmo a história da Fórmula 1? Como os mitos foram criados? Será que eles acham que foi através de estratégias mirabolantes para reabastecimento e troca de pneus? Ou teria sido pelo arrojo de pilotos que pisavam fundo e disputavam cada curva como se fosse um prato de comida? Fala sério...
Colocação final do GP da Inglaterra:
1. Mark Webber (AUS/Red Bull), 1h24m38s200
2. Lewis Hamilton (ING/McLaren), a 1s360
3. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 21s307
4. Jenson Button (ING/McLaren), a 21s986
5. Rubens Barrichello (BRA/Williams), a 31s456
6. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber), a 32s171
7. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), a 36s734
8. Adrian Sutil (ALE/Force Índia), a 40s932
9. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 41s599
10. Nico Hulkenberg (ALE/Williams), a 42s012
11. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force Índia), a 42s459
12. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 47s627
13. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 59s374
14. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 1m02s385
15. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 1m07s489
16. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth), 51 voltas
17. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus), 51 voltas
18. Timo Glock (ALE/Virgin), 51 voltas
19. Karun Chandhok (IND/Hispania), 50 voltas
20. Sakon Yamamoto (JAP/Hispania) Bruno Senna (BRA/HRT), 50 voltas
Não chegaram:
21. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), 44 voltas
22. Pedro de la Rosa (ESP/Sauber), 29 voltas
23. Robert Kubica (POL/Renault), 19 voltas
24. Lucas di Grassi (BRA/Virgin), 9 voltas
Classificação do Mundial de Pilotos após dez provas:
1º) Lewis Hamilton - 145
2º) Jenson Button - 133
3º) Sebastian Vettel - 121
4º) Mark Webber - 128
5º) Fernando Alonso - 98
6º) Nico Rosberg - 90
7º) Robert Kubica - 83
8º) Felipe Massa - 67
9º) Michael Schumacher - 36
10º) Adrian Sutil - 35
11º) Rubens Barrichello - 29
12º) Vitantonio Liuzzi - 12
13º) Sebastien Buemi – 7
14º) Kamui Kobayashi - 15
15º) Vitaly Petrov - 6
16ª) Jaime Alguersuari - 3
17ª) Nico Hulkenberg – 2
Classificação do Mundial de Construtores:
1º) McLaren -Mercedes - 278
2º) Red Bull -Renault - 249
3º) Ferrari - 165
4º) Mercedes - 126
5º) Renault - 89
6º) Force India-Mercedes - 47
7º) Williams -Cosworth - 31
8º) Sauber-Ferrari - 15
9º) STR-Ferrari - 10
10º) Lotus-Cosworth - 0
11º) VRT-Cosworth - 0
12º) Hispania-Cosworth - 0
segunda-feira, 12 de julho de 2010
COPA DO MUNDO 2010 ► Espanha derrota Holanda na prorrogação e conquista seu primeiro Mundial
A primeira vez a gente nunca esquece. Ô clichê fácil e bobo, não é para isso que a gente estuda e aprende a escrever um pouco mais elaboradamente. Mas não deu para resistir. Os espanhóis, com certeza, não esquecerão. Com o Soccer City lotado e com direito à presença de Nelson Mandela no final do show de encerramento, a Espanha derrotou a Holanda por 1 x 0 no final da prorrogação e entrou para o seleto grupo de campeões mundiais de futebol (outro clichê, segunda-feira é fogo...).
Foi uma partida encardida, mal conduzida por um péssimo soprador de apito inglês que atende pelo nome de Howard Webb. Vou dizer uma coisa: quase deu saudade das arbitragens brasileiras. Brincadeirinha, nossas senhorias daqui são imbatíveis. Mas Webb foi péssimo. Não teve pulso para controlar o jogo duro imposto pela Holanda no primeiro tempo nem para punir jogadas desleais de parte a parte com o devido cartão vermelho. A primeira foi de Puyol, num claro revide ao estilo holandês de encarar essa decisão. O zagueiro espanhol entrou maldosamente por trás em Robben e foi premiado apenas com o cartão amarelo. Morrendo de inveja, num revide mais claro ainda, Van Bommel, logo em seguida entrou de carrinho nas pernas de Iniesta. Só aí já seriam dois límpidos lances de expulsão. Mas os piores viriam depois. Primeiro, ainda na etapa inicial, De Jong fez uma jogada absolutamente grotesca (achei mais grossa que desleal), mas estupidamente violenta, acertando com a sola o peito de Busquets, num lance que mais parecia um golpe marcial, tipo taekwondo. Webb, bonzinho como ele só, ficou no amarelo. Já no segundo tempo, fora da bola, Iniesta simplesmente agrediu Van Bommel depois de perder uma jogada (dessa vez, limpamente). O juizão viu a agressão, parou o jogo e fez aquele gesto que os árbitros do game Pro Evolution Soccer (ou Winning Eleven) costumam fazer com os braços, dizendo que "acabou". Mas não para o jogador, que nem o amarelinho recebeu.
Enfim, se disciplinarmente foi uma tragédia, tecnicamente Howard Webb também errou feio e ao menos um desses erros teve grave consequência - para os holandeses. Lá pelos 10 minutos do segundo tempo da prorrogação, a Holanda teve uma falta de média distância a seu favor, bem de frente para o gol. Sneijder cobrou e a bola desviou na barreira, quase entrando no ângulo direto de Casillas, que só pôde fazer golpe de vista. Todo o Soccer City, a torcida do Flamengo e o resto do mundo viram o claríssimo desvio. Mas Weeb e seu auxiliar, não. Em vez de escanteio, tiro de meta. Na sequência, gol do título espanhol. Que legal...
Mas a Espanha nada tem a ver com isso, até porque foi bem roubada naquela partida que a eliminou da Copa de 2002 contra a Coreia do Sul, não dá para esquecer. E também em 1962 contra o Brasil, outro crime de que foi vítima. Em campo, foi melhor, impôs seu jogo de toque envolvente, assim como fez contra a Alemanha, e venceu. Mas a falta de um definidor de verdade, um centroavante, poderia ter feito um campeão laranja. Com Fernando Torres muito mal fisicamente (conseguiu sentir o músculo nos pouquíssimos minutos que ficou em campo), David Villa acaba jogando mais enfiado na área, onde não tem muita presença e fica sem espaço para infiltrações, como a que gosta de fazer pela esquerda e que lhe rendeu importantes gols no Mundial.
A Espanha começou dominando, mas criando poucas chances. Devagar, a Holanda endureceu o jogo. Primeiro fisicamente. Depois, taticamente. Tanto que, ali pelo final do primeiro tempo, cheguei a comparar o duelo com uma luta de boxe. A Espanha entrou batendo e a Holanda, apanhando. Mas a Holanda resistia e aos poucos colocava a Espanha onde queria: com a posse bola, sim, mas cada vez mais em sua metade do campo, sem ameaçar a meta defendida por Stekelenburg. Aparentemente, a Holanda queria o jogo ali, aguardando a chance de um contra-ataque ou uma bola parada para decidir.
No segundo tempo, a Holanda não conseguiu exercer a mesma marcação e o jogo foi tornando-se cada vez mais perigoso para ela, pois em vez da posse de bola espanhola se dar da altura da linha média para trás, agora ela desenvolvia-se na metade holandesa do campo. Mas a estratégia de esperar pela chance de dar um bote fatal continuava lá, viva. Mesmo recuando - ou sendo recuada - cada vez mais, a falta de objetividade do ataque da Espanha mantinha viva essa esperança laranja de decidir tudo em uma jogada.
Curiosamente, apesar de todo o domínio e melhor futebol espanhol, pode-se dizer, sim, que a estratégia da Holanda deu certo. Ao menos, teoricamente. Porque a bola do jogo (ou a primeira bola do jogo) foi da Holanda, justamente como planejara: retomada de bola e lançamento ótimo de Sneijder para Robben, que entrou sozinho, cara a cara com Casillas. Mas o atacante do Bayer de Munique chutou na perna do goleiro do Real Madrid. Foi quase tudo como no script. Só que depois do mais difícil do plano dar certo (a criação da oportunidade), a parte mais fácil, a conclusão de Robben, deu errado. Isso foi aos 16'.
A essa altura, Jesus Navas, bom atacante pela ponta direita, havia entrado na Espanha, substituindo o sumido garoto Pedro. Acho que Navas deveria ter sido mais utilizado ao longo da Copa, ele dá mais profundidade e objetividade ao ataque espanhol. Enfim... Era uma tentativa espanhola de ser mais incisiva. E quase deu certo aos 24'. Como numa resposta ao gol perdido por Robben, Navas foi ao fundo e cruzou para David Villa desperdiçar uma chance incrível. Van der Wiel furou e Villa bateu de primeira, de dentro da pequena área, para uma defesa... Tá, esquece aquele incrível ali atrás, finge que não usei antes... Para uma defesa incrível de Stekelenburg! Na cobrança desse escanteio, Sérgio Ramos, completamente livre e abandonado dentro da área, errou uma cabeçada fácil, jogando por cima.
Esses lances em nada alteraram o panorama da partida. A Espanha continuava melhor e em cima e a Holanda, sem conseguir impor o seu próprio toque de bola, continuava apostando "naquela" jogada. Que saiu novamente aos 37'. Dessa vez, sim, creio que foi a bola do jogo. Um chutão da zaga foi desviado de cabeça por Van Persie e na velocidade, mesmo partindo depois, Robben deixou Puyol para trás, ficando de novo na cara de Casillas. Mas Robben demorou a finalizar, foi pressionado por Pique e perdeu para o goleiro ao tentar driblá-lo. Acho que não é à toa que há tanta gente sem cabelo nesse time holandês, porque desperdiçar duas chances dessas, nos pés de seu maior astro, numa final de Copa do Mundo, é de arrancar até os últimos fios mesmo... Talvez para evitar isso que eles já raspem logo tudo de uma vez.
Na prorrogação, a defesa da Holanda já não se compactava mais como antes e os espaços para as chances espanholas começavam a se oferecer com maior generosidade. Aos 4', por exemplo, Iniesta deixou Fábregas livre para marcar. Tal como Robben, o meia do londrino Arsenal entrou sozinho e tocou na saída de Stekelenburg... nos pés do goleiro. No minuto seguinte, Mathijsen quase marcou de bola parada, cabeceando por cima a cobrança de um escanteio. O zagueiro holandês, definitivamente, não estava com capacidade artilheira em dia: ainda no primeiro tempo, quase na pequena área, estragou de canela uma cobrança de falta muito bem ensaiada e executada.
O treinador Bert Van Marwijk percebeu que a situação estava ficando insustentável e tratou de tentar dar maior munição ofensiva ao seu time, tirando o volante De Jong e colocando Van Der Vaart. Mas o jogo estava agora mais ainda nos pés espanhóis. Aos 8' foi Iniesta quem demorou uma eternidade para finalizar, quando estava na cara de Stekelenburg, dando tempo para Van Bronckhorst salvar. Aos 10', Navas chutou forte de dentro da área, a bola bateu em Van Bronckhorst e desviou do goleiro holandês, que caiu para a direita e viu a Jobulani (mudaram ao nome da bola para a final, que coisa...) triscar sua trave esquerda e correr pelo lado de fora da rede.
No início do segundo tempo da prorrogação, Howard Webb viu puxão de Heitinga em Iniesta na frente da área e expulsou o defensor, que já tinha o amarelo. Robben reclamou muito porque num lance anterior com Villa ele se disse puxado, mas nada foi marcado. Eu não vi nada nem em um lance nem no outro. Segue o jogo... Com dez homens em campo, as chances holandesas de encaixar um contra-ataque caíam drasticamente. Mas ainda havia a esperança de uma bola parada. Como a que Sneijder cobrou e quase marcou, com a bola desviando na barreira para escanteio, que não foi marcado e... O resto hoje já é História.
Fernando Torres (substituiu David Villa) levantou da meia esquerda para Iniesta, que estava dentro da área, numa improvável inversão de posicionamento: o óbvio não seria o contrário, Iniesta levantar para Torres? Bem, Van Der Vaart rebateu, Fábregas pegou a sobra e enfiou para Iniesta, que ficou livre, com a bola quicando à feição, na meia direita da grande área. Meio que sem alternativa, o muito bom meia Iniesta foi praticamente obrigado a fazer algo que parece não fazer parte de seu vasto repertório: chutar a gol. E chutou bem, forte, cruzado, para baixo, sem chances de defesa para Stekelenburg, que viu a bola estufar a rede no seu canto direito.
Os holandeses reclamaram muito, pedindo impedimento no primeiro lançamento de Torres para Iniesta. Realmente, na hora me pareceu irregular a posição do carequinha espanhol. E, se estivesse irregular, o impedimento teria que ser marcado, porque ele obviamente era elemento ativo na jogada. A bola foi lançada para ele e por causa disso houve a intervenção de Van Der Vaart. Nas primeiras repetições, durante o jogo, continuei com a mesma impressão. O pessoal da ESPN também, apesar do bom Paulo Vinícius Coelho erroneamente dizer que Iniesta não participara do lance e que o impedimento só teria que ser marcado se Van Der Vaart tivesse deixado a bola passar. Mas como assim...? Deve ter sido cansaço do PVC... Bem, depois (na verdade, agora há pouco, via YouTube), por outro ângulo, achei que Iniesta estava na mesma linha de Van Der Vaart quando Fernando Torres tocou na bola. Um lance difícil, que seria mais fácil para o auxiliar levantar a bandeira, tanto que Iniesta olha para ele antes de sair comemorando.
No fim, Espanha justa campeã. Impôs seu jogo e nele apostou do primeiro ao último minuto do Mundial. Pena a tal falta de um centroavante. Talvez isso explique os constantes 1 x 0 em jogos nos quais teve bem maior tempo de posse de bola. Também teria sido justo uma eventual conquista da Holanda, que trocou um pouco de seu romantismo (mas seus três atacantes continuam lá...) em busca de um estilo mais pragmático que a levasse ao sonhado primeiro título. Não foi ainda desta vez, mas vencer todos os jogos das Eliminatórias e mais seis na África do Sul é prova de seus méritos. Foram duas grandes campanhas.
Casillas acabou salvando a pátria espanhola, num jogo em que protagonizou uma cena meio estranha, meio patética. Uma devolução de bola (aquele tal fair-play...) feita lá do campo da Holanda quase o fez levar um dos gols mais inusitados da história do futebol, porque o chute fraco, porém, alto, fez a Jobulani quicar à sua frente e quase o encobrir. Com a pontinha da luva, Casillas conseguiu tocar a escanteio. Na cobrança, Van Persie fez questão de rolar bem fraquinho para o goleiro a fim de evitar novo constrangimento... O que importa é que a bola não entrou e Casillas parou Robben três vezes, duas na cara dele. Xavi e Iniesta dominaram o meio-campo e Iniesta ainda acabou coroando sua grande Copa do Mundo com o gol do título. David Villa e Pedro não apareceram muito e, no pouco tempo em que esteve em campo, Jesus Navas foi bem mais produtivo.
Na Holanda, Sneijder nunca se omitiu, mas não conseguiu fazer seu time rodar. Ainda assim, num lance, poderia ter decidido a Copa, se Robben aproveitasse o ótimo lançamento que fez. Robben não estava bem, mas mesmo assim ainda perturbou bastante a zaga espanhola. Pena, para ele, que desperdiçou duas bolas que provavelmente teriam mudado o final da história. O capitão Van Bronckhorst despediu-se do futebol bem na defesa, salvando a pátria ao menos em duas ocasiões. Mas o melhor laranja estava de amarelo, o goleiro Stekelenburg, que corou uma ótimo Mundial com mais uma atuação muito boa.
Xavi, Iniesta, Casillas, Stekelenburg... Foram todos bons no dia da decisão da primeira Copa do Mundo em solo africano. Mas gostei mais da Shakira...
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 64: Holanda 0 x 1 Espanha.
Foi uma partida encardida, mal conduzida por um péssimo soprador de apito inglês que atende pelo nome de Howard Webb. Vou dizer uma coisa: quase deu saudade das arbitragens brasileiras. Brincadeirinha, nossas senhorias daqui são imbatíveis. Mas Webb foi péssimo. Não teve pulso para controlar o jogo duro imposto pela Holanda no primeiro tempo nem para punir jogadas desleais de parte a parte com o devido cartão vermelho. A primeira foi de Puyol, num claro revide ao estilo holandês de encarar essa decisão. O zagueiro espanhol entrou maldosamente por trás em Robben e foi premiado apenas com o cartão amarelo. Morrendo de inveja, num revide mais claro ainda, Van Bommel, logo em seguida entrou de carrinho nas pernas de Iniesta. Só aí já seriam dois límpidos lances de expulsão. Mas os piores viriam depois. Primeiro, ainda na etapa inicial, De Jong fez uma jogada absolutamente grotesca (achei mais grossa que desleal), mas estupidamente violenta, acertando com a sola o peito de Busquets, num lance que mais parecia um golpe marcial, tipo taekwondo. Webb, bonzinho como ele só, ficou no amarelo. Já no segundo tempo, fora da bola, Iniesta simplesmente agrediu Van Bommel depois de perder uma jogada (dessa vez, limpamente). O juizão viu a agressão, parou o jogo e fez aquele gesto que os árbitros do game Pro Evolution Soccer (ou Winning Eleven) costumam fazer com os braços, dizendo que "acabou". Mas não para o jogador, que nem o amarelinho recebeu.
Enfim, se disciplinarmente foi uma tragédia, tecnicamente Howard Webb também errou feio e ao menos um desses erros teve grave consequência - para os holandeses. Lá pelos 10 minutos do segundo tempo da prorrogação, a Holanda teve uma falta de média distância a seu favor, bem de frente para o gol. Sneijder cobrou e a bola desviou na barreira, quase entrando no ângulo direto de Casillas, que só pôde fazer golpe de vista. Todo o Soccer City, a torcida do Flamengo e o resto do mundo viram o claríssimo desvio. Mas Weeb e seu auxiliar, não. Em vez de escanteio, tiro de meta. Na sequência, gol do título espanhol. Que legal...
Mas a Espanha nada tem a ver com isso, até porque foi bem roubada naquela partida que a eliminou da Copa de 2002 contra a Coreia do Sul, não dá para esquecer. E também em 1962 contra o Brasil, outro crime de que foi vítima. Em campo, foi melhor, impôs seu jogo de toque envolvente, assim como fez contra a Alemanha, e venceu. Mas a falta de um definidor de verdade, um centroavante, poderia ter feito um campeão laranja. Com Fernando Torres muito mal fisicamente (conseguiu sentir o músculo nos pouquíssimos minutos que ficou em campo), David Villa acaba jogando mais enfiado na área, onde não tem muita presença e fica sem espaço para infiltrações, como a que gosta de fazer pela esquerda e que lhe rendeu importantes gols no Mundial.
A Espanha começou dominando, mas criando poucas chances. Devagar, a Holanda endureceu o jogo. Primeiro fisicamente. Depois, taticamente. Tanto que, ali pelo final do primeiro tempo, cheguei a comparar o duelo com uma luta de boxe. A Espanha entrou batendo e a Holanda, apanhando. Mas a Holanda resistia e aos poucos colocava a Espanha onde queria: com a posse bola, sim, mas cada vez mais em sua metade do campo, sem ameaçar a meta defendida por Stekelenburg. Aparentemente, a Holanda queria o jogo ali, aguardando a chance de um contra-ataque ou uma bola parada para decidir.
No segundo tempo, a Holanda não conseguiu exercer a mesma marcação e o jogo foi tornando-se cada vez mais perigoso para ela, pois em vez da posse de bola espanhola se dar da altura da linha média para trás, agora ela desenvolvia-se na metade holandesa do campo. Mas a estratégia de esperar pela chance de dar um bote fatal continuava lá, viva. Mesmo recuando - ou sendo recuada - cada vez mais, a falta de objetividade do ataque da Espanha mantinha viva essa esperança laranja de decidir tudo em uma jogada.
Curiosamente, apesar de todo o domínio e melhor futebol espanhol, pode-se dizer, sim, que a estratégia da Holanda deu certo. Ao menos, teoricamente. Porque a bola do jogo (ou a primeira bola do jogo) foi da Holanda, justamente como planejara: retomada de bola e lançamento ótimo de Sneijder para Robben, que entrou sozinho, cara a cara com Casillas. Mas o atacante do Bayer de Munique chutou na perna do goleiro do Real Madrid. Foi quase tudo como no script. Só que depois do mais difícil do plano dar certo (a criação da oportunidade), a parte mais fácil, a conclusão de Robben, deu errado. Isso foi aos 16'.
A essa altura, Jesus Navas, bom atacante pela ponta direita, havia entrado na Espanha, substituindo o sumido garoto Pedro. Acho que Navas deveria ter sido mais utilizado ao longo da Copa, ele dá mais profundidade e objetividade ao ataque espanhol. Enfim... Era uma tentativa espanhola de ser mais incisiva. E quase deu certo aos 24'. Como numa resposta ao gol perdido por Robben, Navas foi ao fundo e cruzou para David Villa desperdiçar uma chance incrível. Van der Wiel furou e Villa bateu de primeira, de dentro da pequena área, para uma defesa... Tá, esquece aquele incrível ali atrás, finge que não usei antes... Para uma defesa incrível de Stekelenburg! Na cobrança desse escanteio, Sérgio Ramos, completamente livre e abandonado dentro da área, errou uma cabeçada fácil, jogando por cima.
Esses lances em nada alteraram o panorama da partida. A Espanha continuava melhor e em cima e a Holanda, sem conseguir impor o seu próprio toque de bola, continuava apostando "naquela" jogada. Que saiu novamente aos 37'. Dessa vez, sim, creio que foi a bola do jogo. Um chutão da zaga foi desviado de cabeça por Van Persie e na velocidade, mesmo partindo depois, Robben deixou Puyol para trás, ficando de novo na cara de Casillas. Mas Robben demorou a finalizar, foi pressionado por Pique e perdeu para o goleiro ao tentar driblá-lo. Acho que não é à toa que há tanta gente sem cabelo nesse time holandês, porque desperdiçar duas chances dessas, nos pés de seu maior astro, numa final de Copa do Mundo, é de arrancar até os últimos fios mesmo... Talvez para evitar isso que eles já raspem logo tudo de uma vez.
Na prorrogação, a defesa da Holanda já não se compactava mais como antes e os espaços para as chances espanholas começavam a se oferecer com maior generosidade. Aos 4', por exemplo, Iniesta deixou Fábregas livre para marcar. Tal como Robben, o meia do londrino Arsenal entrou sozinho e tocou na saída de Stekelenburg... nos pés do goleiro. No minuto seguinte, Mathijsen quase marcou de bola parada, cabeceando por cima a cobrança de um escanteio. O zagueiro holandês, definitivamente, não estava com capacidade artilheira em dia: ainda no primeiro tempo, quase na pequena área, estragou de canela uma cobrança de falta muito bem ensaiada e executada.
O treinador Bert Van Marwijk percebeu que a situação estava ficando insustentável e tratou de tentar dar maior munição ofensiva ao seu time, tirando o volante De Jong e colocando Van Der Vaart. Mas o jogo estava agora mais ainda nos pés espanhóis. Aos 8' foi Iniesta quem demorou uma eternidade para finalizar, quando estava na cara de Stekelenburg, dando tempo para Van Bronckhorst salvar. Aos 10', Navas chutou forte de dentro da área, a bola bateu em Van Bronckhorst e desviou do goleiro holandês, que caiu para a direita e viu a Jobulani (mudaram ao nome da bola para a final, que coisa...) triscar sua trave esquerda e correr pelo lado de fora da rede.
No início do segundo tempo da prorrogação, Howard Webb viu puxão de Heitinga em Iniesta na frente da área e expulsou o defensor, que já tinha o amarelo. Robben reclamou muito porque num lance anterior com Villa ele se disse puxado, mas nada foi marcado. Eu não vi nada nem em um lance nem no outro. Segue o jogo... Com dez homens em campo, as chances holandesas de encaixar um contra-ataque caíam drasticamente. Mas ainda havia a esperança de uma bola parada. Como a que Sneijder cobrou e quase marcou, com a bola desviando na barreira para escanteio, que não foi marcado e... O resto hoje já é História.
Fernando Torres (substituiu David Villa) levantou da meia esquerda para Iniesta, que estava dentro da área, numa improvável inversão de posicionamento: o óbvio não seria o contrário, Iniesta levantar para Torres? Bem, Van Der Vaart rebateu, Fábregas pegou a sobra e enfiou para Iniesta, que ficou livre, com a bola quicando à feição, na meia direita da grande área. Meio que sem alternativa, o muito bom meia Iniesta foi praticamente obrigado a fazer algo que parece não fazer parte de seu vasto repertório: chutar a gol. E chutou bem, forte, cruzado, para baixo, sem chances de defesa para Stekelenburg, que viu a bola estufar a rede no seu canto direito.
Os holandeses reclamaram muito, pedindo impedimento no primeiro lançamento de Torres para Iniesta. Realmente, na hora me pareceu irregular a posição do carequinha espanhol. E, se estivesse irregular, o impedimento teria que ser marcado, porque ele obviamente era elemento ativo na jogada. A bola foi lançada para ele e por causa disso houve a intervenção de Van Der Vaart. Nas primeiras repetições, durante o jogo, continuei com a mesma impressão. O pessoal da ESPN também, apesar do bom Paulo Vinícius Coelho erroneamente dizer que Iniesta não participara do lance e que o impedimento só teria que ser marcado se Van Der Vaart tivesse deixado a bola passar. Mas como assim...? Deve ter sido cansaço do PVC... Bem, depois (na verdade, agora há pouco, via YouTube), por outro ângulo, achei que Iniesta estava na mesma linha de Van Der Vaart quando Fernando Torres tocou na bola. Um lance difícil, que seria mais fácil para o auxiliar levantar a bandeira, tanto que Iniesta olha para ele antes de sair comemorando.
No fim, Espanha justa campeã. Impôs seu jogo e nele apostou do primeiro ao último minuto do Mundial. Pena a tal falta de um centroavante. Talvez isso explique os constantes 1 x 0 em jogos nos quais teve bem maior tempo de posse de bola. Também teria sido justo uma eventual conquista da Holanda, que trocou um pouco de seu romantismo (mas seus três atacantes continuam lá...) em busca de um estilo mais pragmático que a levasse ao sonhado primeiro título. Não foi ainda desta vez, mas vencer todos os jogos das Eliminatórias e mais seis na África do Sul é prova de seus méritos. Foram duas grandes campanhas.
Casillas acabou salvando a pátria espanhola, num jogo em que protagonizou uma cena meio estranha, meio patética. Uma devolução de bola (aquele tal fair-play...) feita lá do campo da Holanda quase o fez levar um dos gols mais inusitados da história do futebol, porque o chute fraco, porém, alto, fez a Jobulani quicar à sua frente e quase o encobrir. Com a pontinha da luva, Casillas conseguiu tocar a escanteio. Na cobrança, Van Persie fez questão de rolar bem fraquinho para o goleiro a fim de evitar novo constrangimento... O que importa é que a bola não entrou e Casillas parou Robben três vezes, duas na cara dele. Xavi e Iniesta dominaram o meio-campo e Iniesta ainda acabou coroando sua grande Copa do Mundo com o gol do título. David Villa e Pedro não apareceram muito e, no pouco tempo em que esteve em campo, Jesus Navas foi bem mais produtivo.
Na Holanda, Sneijder nunca se omitiu, mas não conseguiu fazer seu time rodar. Ainda assim, num lance, poderia ter decidido a Copa, se Robben aproveitasse o ótimo lançamento que fez. Robben não estava bem, mas mesmo assim ainda perturbou bastante a zaga espanhola. Pena, para ele, que desperdiçou duas bolas que provavelmente teriam mudado o final da história. O capitão Van Bronckhorst despediu-se do futebol bem na defesa, salvando a pátria ao menos em duas ocasiões. Mas o melhor laranja estava de amarelo, o goleiro Stekelenburg, que corou uma ótimo Mundial com mais uma atuação muito boa.
Xavi, Iniesta, Casillas, Stekelenburg... Foram todos bons no dia da decisão da primeira Copa do Mundo em solo africano. Mas gostei mais da Shakira...
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 64: Holanda 0 x 1 Espanha.
domingo, 11 de julho de 2010
COPA DO MUNDO 2010 ► Nova geração alemã derrota Celeste Olímpica e termina Mundial em terceiro
Para muitos um verdadeiro enterro dos ossos, a partida que decide o terceiro lugar numa Copa do Mundo costuma ser bem animado. Ontem, em Porto Elisabete, debaixo de chuva e frio e com um gramado bem castigado, não foi diferente. Ali pela altura do final do primeiro tempo, comentei com minha esposa que aquilo era jogo para uns 3 x 2. E acabou não dando outra, com o placar se definindo após duas viradas.
O Uruguai parecia mais motivado, tanto que entrou em campo com sua força máxima, inclusive com Godin de volta à zaga, em lugar de Victorino. Apesar dessa motivação maior, os uruguaios não puderam certo relaxamento natural nessa partida. Após sempre tensas e decepcionantes - para quem perde - semifinais, as equipes acabam afrouxando um pouco em sua disciplina tática. Assim, mesmo mantendo seu esquema, a Celeste Olímpica não estava tão taticamente determinada como de costume.
É certo que o esquema era o mesmo. Seus volantes pegadores estavam lá, mas um pouco mais distantes e menos atentos que de hábito. Cavani jogava bem aberto na esquerda e pouco voltava. Como Forlán, que foi praticamente um ponta-de-lança das antigas, livre para chegar sempre na área (afinal, é atacante de origem, apesar de jogar a Copa travestido de meia ofensivo) e sem maiores obrigações defensivas.
No lado da Alemanha, o abatimento parecia maior. Essa posição entre os quatro finalistas não é novidade, o país é o que mais vezes chegou tão longe na história das Copas. Então, natural um certo desapontamento por nãoe star na grande final, mesmo tendo chegado à África do Sul com uma seleção muito renovada e não cotada para os primeiros lugares. Mas o fato é que a Alemanha chega quase sempre. Em 2006, mesmo em casa, entrara na competição em clima de total descrédito e foi terceira colocada. Em 2002, chegou à Ásia da mesma forma e foi vice-campeã. Agora, com seu time de garotos, tendo mais em vista a Copa de 2014, novo pódio.
O técnico Joachim Low, então, optou por algumas alterações importantes na equipe. Nada que ocorresse se estivesse na decisão. No gol, deu chance ao veterano goleiro Butt. O capitão Lahm, com algumas dores e muito desânimo, deu lugar a Aogo, que entrou na lateral-esquerda, com Boateng passando para o lado oposto. Podolski e Klose, mais ou menos contundidos, cederam as camisas para Cacau e Jansen. Mais importante, Thomas Muller, revelação e um dos melhores jogadores do Mundial, injustamente fora da semifinal devido a um clamoroso erro da arbitragem, estava de volta para a despedida.
A Alemanha adiantou - e afrouxou - a sua marcação. Estava menos concentrada. Como o Uruguai também adotou uma postura mais, digamos, flexível, a perspectiva de muitos gols existia desde que a bola rolou. Foi um jogo bem animado, com a bola sempre rondando uma área ou outra. Antes dos três minutos Fórlan já tivera duas daquelas faltas que ele gosta tanto, mas uma foi interceptada com a mão pela barreira e a outra, na cobrança da nova infração, passou por cima.
Aos 19', a Alemanha abriu o marcador. Completamente livre na intermediária, Schweinsteiger chutou forte, à meia altura. A bola jabulaniou à frente de Muslera, que bateu roupa bem para frente. Muller entrou livre e escorou. O empate uruguaio veio nem outro lance típico da falta de concentração em campo. Schweinsteiger tentou passar por Perez na linha média, foi desarmado e deu um contra-ataque de três contra dois para o adversário. Suárez recebeu e enfiou para Cavani na esquerda. O atacante do Palermo, da Itália, entrou e tocou na saída de Butt. Tudo igual. Dois gols, curiosamente, frutos de falhas de marcação inimagináveis até o meio da semana.
As chances continuavam se alternando, com maior ou menor clareza. A melhor delas foi uruguaia, aos 41', quando Forlán enfiou para Suárez na meia direita, por trás da linha da zaga. Suárez entrou livre na área e chutou cruzado, rasteiro, à direita de Butt.
Na etapa final, o panorama não se alterou. Logo aos 2', o Uruguai teve duas ótimas chances. A primeira com Cavani, livre pela esquerda. Na sequência, com Suárez. Duas ótimas intervenções de Butt. Aos 6', a Celeste marcou o segundo, um belo gol. Arévalo Rios fez uma rara incursão pela direita, tabelou com Suárez e centrou do fundo, à meia altura, para Forlán, que acertou um lindo voleio para baixo, à esquerda de Butt, que nem pôde se mexer.
Aos 9', um lance que não retundou em nada, perdido ali por uma dessas intermediárias da vida. Mas vou contar para você, a matada de bola de Oezil foi qualquer coisa, qualquer nota... Merece, ao menos, um parágrafo à parte.
Voltando ao jogo em si, a Alemanha empatou aos 10'. Boateng, bem mais desenvolto na direita do que na esquerda, centrou para a área, Muslera caçou borboletas e Jansen jogou para a rede. O que já estava aberto, ficou mais. Low substituiu Cacau, que não foi mal, mas jogava fora da área, pelo grandalhão Kiessling, que aos 34' quase completou novo cruzamento de Boateng. A Alemanha jogava mais perto do gol de Muslera, mas os ataques uruguaios sempre tinham espaço para ameaçar Butt. O gol que seria o da vitória acabou saindo para o lado germânico, aos 37'. Oezil cobrou escanteio de pé trocado, a bola pipocou na pequena área e subiu para Khedira colocar de cabeça no ângulo esquerdo.
Ainda houve emoção até o apito final. Aos 42', por exemplo, Boateng puxou um contra-ataque na diagonal e, da esquerda, deixou Kiessling sozinho com Muslera, mas o atacante, da marca do pênalti, chutou por cima. E aos 48', no último lance, Suárez foi derrubado na meia-lua. Forlán cobrou e a Jabulani caprichosamente achou o travessão. Fim da história de Alemanha e Uruguai na Copa do Mundo da África do Sul. Uma bonita história.
No Uruguai, o destaque, como em toda a competição, foi o trio ofensivo, com Calvani, Suárez (sempre arisco) e Forlán, um dos melhores jogadores da competição. Não dá ficar criticando Oscar Tabárez, já que o homem colocou o país novamente na elite do futebol mundial. Mas acho que ele poderia ter entrado mais vezes com Loco Abreu como referência na frente, deixando esses três mais livres ainda para tramar as jogadas ofensivas. O sistema defensivo foi sempre firme, com a feroz proteção de Pérez, Arévalo Rios e Maxi Pereira. Fucile foi um dos bons laterais da Copa. Muslera também se saiu bem, menos ontem, quando se atrapalhou algumas vezes com a Jabulani e a chuva. Foi muito bom ver a mística da Celeste Olímpica de volta aos holofotes de um Mundial.
A Alemanha atirou no futuro, mas já acertou no presente. A base para a Copa no Brasil está formada. Seus quatro homens de meio-campo, Khedira, Schweinsteiger, Muller e Oezil, têm ainda muitos anos de futebol pela frente. Khedira e Schweinsteiger são volantes que sabem jogar - e muito. Muller e Oezil foram duas ótimas revelações. A volta de Muller mostrou como Oezil ficou sobrecarregado na semifinal contra a Espanha. Mertesacker e Friedrich formaram provavelmente a melhor dupla de zaga do Mundial, um Mundial com grandes desempenhos nesse setor. O capitão Lahm é um dos falsos veteranos do time, tem apenas 26 anos e joga bem nas duas laterais. Podolski é outro de quem ouvimos falar há muito tempo, mas que recém completou 25 anos. Vai acabar jogando no meio. Neuer foi um bom goleiro. Para o futuro, a seleção vai precisar de um substituto para Klose, que cumpriu com louvor seu papel defendendo o país em Copas do Mundo. Do time titular, apenas Friedrich, já com 31 anos, também não deve estar no Brasil.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 63: Uruguai 2 x 3 Alemanha.
O Uruguai parecia mais motivado, tanto que entrou em campo com sua força máxima, inclusive com Godin de volta à zaga, em lugar de Victorino. Apesar dessa motivação maior, os uruguaios não puderam certo relaxamento natural nessa partida. Após sempre tensas e decepcionantes - para quem perde - semifinais, as equipes acabam afrouxando um pouco em sua disciplina tática. Assim, mesmo mantendo seu esquema, a Celeste Olímpica não estava tão taticamente determinada como de costume.
É certo que o esquema era o mesmo. Seus volantes pegadores estavam lá, mas um pouco mais distantes e menos atentos que de hábito. Cavani jogava bem aberto na esquerda e pouco voltava. Como Forlán, que foi praticamente um ponta-de-lança das antigas, livre para chegar sempre na área (afinal, é atacante de origem, apesar de jogar a Copa travestido de meia ofensivo) e sem maiores obrigações defensivas.
No lado da Alemanha, o abatimento parecia maior. Essa posição entre os quatro finalistas não é novidade, o país é o que mais vezes chegou tão longe na história das Copas. Então, natural um certo desapontamento por nãoe star na grande final, mesmo tendo chegado à África do Sul com uma seleção muito renovada e não cotada para os primeiros lugares. Mas o fato é que a Alemanha chega quase sempre. Em 2006, mesmo em casa, entrara na competição em clima de total descrédito e foi terceira colocada. Em 2002, chegou à Ásia da mesma forma e foi vice-campeã. Agora, com seu time de garotos, tendo mais em vista a Copa de 2014, novo pódio.
O técnico Joachim Low, então, optou por algumas alterações importantes na equipe. Nada que ocorresse se estivesse na decisão. No gol, deu chance ao veterano goleiro Butt. O capitão Lahm, com algumas dores e muito desânimo, deu lugar a Aogo, que entrou na lateral-esquerda, com Boateng passando para o lado oposto. Podolski e Klose, mais ou menos contundidos, cederam as camisas para Cacau e Jansen. Mais importante, Thomas Muller, revelação e um dos melhores jogadores do Mundial, injustamente fora da semifinal devido a um clamoroso erro da arbitragem, estava de volta para a despedida.
A Alemanha adiantou - e afrouxou - a sua marcação. Estava menos concentrada. Como o Uruguai também adotou uma postura mais, digamos, flexível, a perspectiva de muitos gols existia desde que a bola rolou. Foi um jogo bem animado, com a bola sempre rondando uma área ou outra. Antes dos três minutos Fórlan já tivera duas daquelas faltas que ele gosta tanto, mas uma foi interceptada com a mão pela barreira e a outra, na cobrança da nova infração, passou por cima.
Aos 19', a Alemanha abriu o marcador. Completamente livre na intermediária, Schweinsteiger chutou forte, à meia altura. A bola jabulaniou à frente de Muslera, que bateu roupa bem para frente. Muller entrou livre e escorou. O empate uruguaio veio nem outro lance típico da falta de concentração em campo. Schweinsteiger tentou passar por Perez na linha média, foi desarmado e deu um contra-ataque de três contra dois para o adversário. Suárez recebeu e enfiou para Cavani na esquerda. O atacante do Palermo, da Itália, entrou e tocou na saída de Butt. Tudo igual. Dois gols, curiosamente, frutos de falhas de marcação inimagináveis até o meio da semana.
As chances continuavam se alternando, com maior ou menor clareza. A melhor delas foi uruguaia, aos 41', quando Forlán enfiou para Suárez na meia direita, por trás da linha da zaga. Suárez entrou livre na área e chutou cruzado, rasteiro, à direita de Butt.
Na etapa final, o panorama não se alterou. Logo aos 2', o Uruguai teve duas ótimas chances. A primeira com Cavani, livre pela esquerda. Na sequência, com Suárez. Duas ótimas intervenções de Butt. Aos 6', a Celeste marcou o segundo, um belo gol. Arévalo Rios fez uma rara incursão pela direita, tabelou com Suárez e centrou do fundo, à meia altura, para Forlán, que acertou um lindo voleio para baixo, à esquerda de Butt, que nem pôde se mexer.
Aos 9', um lance que não retundou em nada, perdido ali por uma dessas intermediárias da vida. Mas vou contar para você, a matada de bola de Oezil foi qualquer coisa, qualquer nota... Merece, ao menos, um parágrafo à parte.
Voltando ao jogo em si, a Alemanha empatou aos 10'. Boateng, bem mais desenvolto na direita do que na esquerda, centrou para a área, Muslera caçou borboletas e Jansen jogou para a rede. O que já estava aberto, ficou mais. Low substituiu Cacau, que não foi mal, mas jogava fora da área, pelo grandalhão Kiessling, que aos 34' quase completou novo cruzamento de Boateng. A Alemanha jogava mais perto do gol de Muslera, mas os ataques uruguaios sempre tinham espaço para ameaçar Butt. O gol que seria o da vitória acabou saindo para o lado germânico, aos 37'. Oezil cobrou escanteio de pé trocado, a bola pipocou na pequena área e subiu para Khedira colocar de cabeça no ângulo esquerdo.
Ainda houve emoção até o apito final. Aos 42', por exemplo, Boateng puxou um contra-ataque na diagonal e, da esquerda, deixou Kiessling sozinho com Muslera, mas o atacante, da marca do pênalti, chutou por cima. E aos 48', no último lance, Suárez foi derrubado na meia-lua. Forlán cobrou e a Jabulani caprichosamente achou o travessão. Fim da história de Alemanha e Uruguai na Copa do Mundo da África do Sul. Uma bonita história.
No Uruguai, o destaque, como em toda a competição, foi o trio ofensivo, com Calvani, Suárez (sempre arisco) e Forlán, um dos melhores jogadores da competição. Não dá ficar criticando Oscar Tabárez, já que o homem colocou o país novamente na elite do futebol mundial. Mas acho que ele poderia ter entrado mais vezes com Loco Abreu como referência na frente, deixando esses três mais livres ainda para tramar as jogadas ofensivas. O sistema defensivo foi sempre firme, com a feroz proteção de Pérez, Arévalo Rios e Maxi Pereira. Fucile foi um dos bons laterais da Copa. Muslera também se saiu bem, menos ontem, quando se atrapalhou algumas vezes com a Jabulani e a chuva. Foi muito bom ver a mística da Celeste Olímpica de volta aos holofotes de um Mundial.
A Alemanha atirou no futuro, mas já acertou no presente. A base para a Copa no Brasil está formada. Seus quatro homens de meio-campo, Khedira, Schweinsteiger, Muller e Oezil, têm ainda muitos anos de futebol pela frente. Khedira e Schweinsteiger são volantes que sabem jogar - e muito. Muller e Oezil foram duas ótimas revelações. A volta de Muller mostrou como Oezil ficou sobrecarregado na semifinal contra a Espanha. Mertesacker e Friedrich formaram provavelmente a melhor dupla de zaga do Mundial, um Mundial com grandes desempenhos nesse setor. O capitão Lahm é um dos falsos veteranos do time, tem apenas 26 anos e joga bem nas duas laterais. Podolski é outro de quem ouvimos falar há muito tempo, mas que recém completou 25 anos. Vai acabar jogando no meio. Neuer foi um bom goleiro. Para o futuro, a seleção vai precisar de um substituto para Klose, que cumpriu com louvor seu papel defendendo o país em Copas do Mundo. Do time titular, apenas Friedrich, já com 31 anos, também não deve estar no Brasil.
Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 63: Uruguai 2 x 3 Alemanha.
sábado, 10 de julho de 2010
MÚSICA ► Da minha série “Não dá para ficar melhor que isso”: Paul Simon e Art Garfunkel no Central ParkPaul Simon e Art Garfunkel no Central Park
No meu panteão musical há espaço para tudo, encabeçado por dezenas de interpretações de Elvis Presley. A única exigência é que, lógico, seja do meu gosto. Mas assim como deve ser impossível escolher um filho predileto dentre vários, não consigo imaginar a possibilidade de definir "o mais isso" ou o "o mais aquilo", não só em relação à música como em relação a tudo que se refira à arte - e as outras coisas também, como a maior vitoria ou maior gol do seu clube de futebol. Arte é expressão de sentimento, logo, sua interpretação é subjetiva, totalmente pessoal e intransferível. Cada um sente de forma particular e ninguém tem como dizer o que o outro deve sentir como "bom" ou "ruim".
Assim, o meu pódio musical é recheado de momentos de diferentes vertentes. Um desses momentos imbatíveis, que não imagino como (eu) achar nada que supere, é o concerto no Central Park, em Nova York, realizado por Paul Simon e Art Garfunkel em 19 de setembro de 1981. Eles podem ter muita companhia ao lado, mas acima, não creio. Se houver, muito poucos.
A dupla já estava separada há mais de 10 anos quando realizou o show. Não brigaram, apenas seguiram caminhos diferentes na música. Mas para quem vê essa apresentação não fica a impressão de que eles estavam há uma década sem cantar juntos. O evento reuniu apenas 500 mil pessoas e me lembrei dele ao arrumar meus DVDs neste fim de semana. Ou melhor: não me lembrei, reencontrei.
Contextualizando, vi esse show pela primeira vez numa exibição na Bandeirantes, creio que ainda no mesmo ano. Naquele tempo, acredite quem não é da época, havia vida sem computadores e internet. As coisas não eram tão fáceis como hoje, tão de mão beijada. Porém, com certeza, eram mais românticas, mais valorizadas. Meu amigo Fernando Zimmer e eu queríamos gravar o show, só que também não havia videocassetes. Ou até já havia, sei lá, mas nós não tínhamos. O jeito foi fechar a porta do quarto, pegar o velho (já na época) gravador de fita cassete e colocar perto da saída de som da TV. E ficar colado na porta para não deixar ninguém entrar e estragar a gravação... Foram bons tempos, acredite. Ou, como diria Kevin Arnold, foram anos incríveis.
Hoje é mole. É só acessar o YouTube e... pronto! Assim pude sonorizar o post com três grandes momentos daquela noite mágica: o medley "Kodachrome"/"Maybellene", "The Boxer" e "The Sound of Silence". Momentos nota 10 da minha história, da minha memória.
Assim, o meu pódio musical é recheado de momentos de diferentes vertentes. Um desses momentos imbatíveis, que não imagino como (eu) achar nada que supere, é o concerto no Central Park, em Nova York, realizado por Paul Simon e Art Garfunkel em 19 de setembro de 1981. Eles podem ter muita companhia ao lado, mas acima, não creio. Se houver, muito poucos.
A dupla já estava separada há mais de 10 anos quando realizou o show. Não brigaram, apenas seguiram caminhos diferentes na música. Mas para quem vê essa apresentação não fica a impressão de que eles estavam há uma década sem cantar juntos. O evento reuniu apenas 500 mil pessoas e me lembrei dele ao arrumar meus DVDs neste fim de semana. Ou melhor: não me lembrei, reencontrei.
Contextualizando, vi esse show pela primeira vez numa exibição na Bandeirantes, creio que ainda no mesmo ano. Naquele tempo, acredite quem não é da época, havia vida sem computadores e internet. As coisas não eram tão fáceis como hoje, tão de mão beijada. Porém, com certeza, eram mais românticas, mais valorizadas. Meu amigo Fernando Zimmer e eu queríamos gravar o show, só que também não havia videocassetes. Ou até já havia, sei lá, mas nós não tínhamos. O jeito foi fechar a porta do quarto, pegar o velho (já na época) gravador de fita cassete e colocar perto da saída de som da TV. E ficar colado na porta para não deixar ninguém entrar e estragar a gravação... Foram bons tempos, acredite. Ou, como diria Kevin Arnold, foram anos incríveis.
Hoje é mole. É só acessar o YouTube e... pronto! Assim pude sonorizar o post com três grandes momentos daquela noite mágica: o medley "Kodachrome"/"Maybellene", "The Boxer" e "The Sound of Silence". Momentos nota 10 da minha história, da minha memória.
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