sábado, 29 de maio de 2010

NBA ► Orlando Magic já foi: Boston Celtics conquista Conferência Leste e está na final da NBA

Orlando Magic 84 x 96 Boston Celtics
Semifinal da Conferência Leste
(2 x 4)

Pela segunda vez seguida, o Boston Celtics conseguiu fechar uma série em casa no jogo 6 e evitar um dramático jogo 7 em território inimigo, conquistando assim o título da Conferência Leste. Depois do Cleveland Cavaliers de LeBron James, a vítima da vez foi o Orlando Magic de Dwight Howard. Após a tranquila vitória de ontem, o time dos veteranos Ray Allen, Paul Pierce e Kevin Garnett e do ótimo armador Rajon Rondo aguarda o vencedor da série entre o tradicional rival Los Angeles Lakers e o Phoenix Suns para começar a decidir o campeonato da NBA na próxima quinta-feira.

Ontem, cedo o Orlando Magic mostrou que sua cartola de truques estava com o estoque bem baixo. Quase vazio. Com uma atuação errática, precipitando muitas jogadas, não aproveitou sequer as duas faltas que Garnett cometeu logo no início da partida nem a contusão que tirou Rajon Rondo de quase todo o segundo período. Pior: viu o armador reserva Nate Robinson (foto) fazer provavelmente a partida mais incrível da carreira, anotando 13 pontos em 13 minutos de quadra.

Foi bom para mim, que acabei não perdendo muita coisa. Estava sem dormir há quase 40 horas e o primeiro quarto me deu a nítida impressão de que o jogo já estava nas mãos do Celtics. Assim, foi difícil evitar a chegada de Morfeu e acabei caindo no sono.

Pelos números, pelo que consegui ver e pelo que li na internet, no Bala na Cesta, no Bola Presa, ESPN etc, Paul Pierce foi o destaque da partida, comandando a festa da torcida com 31 pontos, 13 rebotes e ainda distribuindo cinco assistências. Após um início claudicante, Pierce vem crescendo muito nos playoffs.

Para não ficar falando só de flores sobre o Celtics, dois fatos chamaram a atenção. Primeiro, mais uma pífia (gosto dessa palavra...) atuação de Rasheed Wallace. Embora empenhado na marcação, não pode sair de um jogo decisivo sem marcar um ponto sequer. O segundo fato é algo que tenho notado durante as partidas do Celtics, não apenas ontem. Posso estar completamente equivocada, mas sinto Kevin Garnett muito frustrado, imaginando que seja por estar longe de seu melhor condicionamento físico. Ele não vem jogando seu basquete habitual e a boba segunda falta que cometeu, dando dois socos no braço de Dwight Howard, com apenas 4 minutos de bola quicando, apenas fortaleceu essa minha impressão de frustração. Foi um lance totalmente nada a ver para um jogador da categoria e da experiência dele.

Pelo lado do Orlando Magic, destaque para ele, claro, Dwight Howard. Apesar de eu também ter achado que o Super-Homem estava usando força - e cotovelos - demais em alguns momentos, ele realmente queria vencer. Terminou com 28 pontos e 12 rebotes. Essa é um a questão que diferencia os jogadores na NBA: querer. Howard queria, entregou-se ao máximo, enterrou, bandejou, errou lances livres, distribuiu tocos e tapas, pegou rebotes, pontuou... Há jogadores que são assim. Alguns podem mais, outros podem menos, mas sempre querem vencer. Como Kevin Garnett, o que me faz imaginar que ele possa estar frustrado por não poder jogar com 100% de suas condições e empenhar-se como sempre. Na série que pode ou não ser decidida hoje no na Conferência Oeste, há outros dois exemplos assim: Kobe Bryant e Steve Nash. São jogadores que, cada um ao seu modo, dentro de suas características, vão ao limite tentando levar suas equipes à vitória. Esse tipo de jogador,inclusive, nem precisa de anéis para ser considerado campeão. O legal é que o público americano sabe muito bem reconhecer isso.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

NBA ► Herói por acidente: Ron Artest salva o dia em Los Angeles e põe o Lakers na frente do Phoenix Suns

Phoenix Suns 101 x 103 Los Angeles Lakers
Final Conferência Oeste
(2 x 3)

Começando pelo fim: sabem aquela sensação de déjà vu? Veja os vídeos abaixo. No primeiro, jogo 6, duelo em Oklahoma. O segundo, jogo 5, a batalha em Los Angeles.

Pois é. Qual o personagem de Dustin Hoffman em “Herói por Acidente”, Ron Artest parecia não querer nada com a hora da morte, assim como Gasol naquele jogo 6 em Oklahoma, quando o espanhol fez um pífio segundo tempo e errou algumas jogadas importantes antes de fazer a cesta da vitória. Desta vez em Los Angeles, Artest errara todos seus arremessos (sim, porque sua única cesta tinha sido uma bandejinha em um contra-ataque), principalmente dois chutes a um minuto do fim que quase infartaram a torcida que lotava o Staples Center. O primeiro, ainda vá lá, estava em cima do tempo. Já o segundo, com três pontos à frente, no rebote do primeiro erro, foi um lance absolutamente infantil. Não por ter chutado, já que estava livre na linha dos 3, mas por quando ter chutado: qualquer criança sabia que o time tinha que trabalhar os 24 segundos de posse de bola. Àquela altura, o Lakers precisava desesperadamente de mais um pontinho para fazer o Suns precisar de duas posses de bola e não concluir sua incrível reação. O Suns não aproveitou os erros de Artest e logo depois, faltando apenas 20 segundos, Pau Gasol desperdiçou uma assistência tipo “toma, faz” de Kobe machadando a bola no aro – bastava um pouco mais de jeito e menos de força para arrumar ao menos uma falta.

Daí o Suns foi furioso ao ataque atrás dos três pontos que precisava para levar a partida para a prorrogação. Steve Nash errou de três e... Steve Nash pegou o rebote! Jason Richardson (foto) chutou de novo dos 3... Aro! Channing Frye pega o rebote (hello, defesa do Lakers, cadê você?), para Richardson. JR dá um decidido passo à frente e manda seu maior pombo sem asas da temporada: tabela, aro e rede – sua única cesta de três, após cinco tentativas infrutíferas. Incrível! A 3,5 segundos do fim, jogo empatado. Aí rolou o que vimos lá em cima no início, no segundo vídeo.

Incrivelmente, a defesa do Suns reagiu como a do Thundercats no momento decisivo, parecendo hipnotizada observando Kobe Bryant com a bola na mão para decidir mais uma partida, de tal forma que simplesmente esqueceu-se de defender o garrafão no caso de um possível rebote. E a bola de ontem de Kobe nem aro deu.

Justiça seja feita, até pelo pouco tempo no cronômetro, a marcação sobre Kobe foi excelente. Pressentindo a falta de chance para sequer bater a bola, Kobe tentou antecipar o jump para ter alguma visão por cima de seus marcadores, mas acabou faltando braço para o arremesso. E a bola foi parar nas mãos de Artest, que jogou para cima como deu e colocou o Lakers a uma vitória da final da NBA. Fosse daqueles comerciais bacanas e poderia aparecer uma cartela assim depois: That’s why I love this game! E é por isso que tenho usado este meu espaço aqui para registrar mais esta temporadas de playoffs, deixando a vontade de escrever sobre diferentes assuntos um pouco de lado.

O jogo de ontem foi sensacional. O Suns começou bem e ameaçou ir embora, só que o Lakers reagiu e chegou a abrir 18 pontos no terceiro quarto. Mas à base de velocidade nos contragolpes e chutes e mais chutes de três (e ainda umas tolas faltas do Lakers que permitiram seguidos arremessos de bonificação), o Suns conseguiu uma sensacional reação e lutava contra o tempo para tentar chegar no placar antes do zerar do cronômetro. Sabe aquele final de corrida de automobilismo em que o líder vê sua vantagem sobre o segundo colocado diminuir volta a volta, restando apenas saber se o número de voltas restantes será o suficiente para haver a decisiva ultrapassagem?Pois parecia bem essa a situação. O Lakers tentava desesperadamente cruzar a linha de chegada antes de ser ultrapassado. Infelizmente para o Suns, não deu.

Steve Nash fez uma grande partida, partida de All Star, de MVP. Foram 29 pontos, 11 assistências e uma garra incrível ao imprimir um ritmo de jogo que tonteou a defesa californiana. Foi o destaque absoluto do time e fez seus companheiros renderem mesmo não estando em uma noite à altura da sua. Além da velocidade e dos chutes de 3, as seguidas infiltrações no garrafão penduraram os titulares do Lakers, que foi obrigado a cedo afrouxar a marcação. Dos seis titulares do Lakers (digamos assim), apenas Lamar Odom não se arrebentou com as faltas, o que mais uma vez expôs a fragilidade do banco de Phil Jackson (ontem até Sasha Vujacic e Luke Walton ganharam mais tempo de quadra) e mostra por que Andrew Bynum, mesmo com o joelho cada vez mais estourado, é obrigado a ir para o sacrifício jogo após jogo, nem que seja para ao menos ocupar espaço e poupar faltas de Gasol e Odom. Um Bynum sem um joelho, com todo o respeito, vale bem mais que, ao menos hoje, um DJ Mbenga e um Josh Powell inteiros.

Channing Frye (14 pts, 10 reb) e Amare Stoudemire (19 pts) foram, numericamente, os maiores auxílios a Nash. Mas coletivamente todo o time funcionou muito bem, mantendo um ritmo constante mesmo quando estava atrás – bem atrás - no placar.

Falando do Lakers, podemos começar repetindo as palavras que usei para abrir o parágrafo anterior: Kobe Bryant fez uma grande partida, partida de All Star, de MVP. Foram 30 pontos, 11 rebotes, nove assistências e ainda quatro tocos. Nos momentos agudos, recebeu preciosíssima ajuda de seu veterano parceiro Derek Fisher (foto), que fechou com 22 pontos. Apesar dos bons números (21 pts, 8 reb, 5 ast), Gasol não brilhou. Lamar Odom, sim, deu ótima contribuição, anotando 17 pontos, 14 rebotes e mais quatro assistências.

Aí abaixo, os highlights da partida no vídeo distribuído pela NBA, via YouTube.


Agora vamos para o jogo 6, no Arizona. Se o Phoenix Suns conseguir manter o astral lá em cima e não ficar chorando o leite derramado neste jogo 5, quando poderia roubar uma decisiva vitória em Los Angeles (o Lakers estava pendurado demais para encarar bem uma prorrogação), tem grandes chances de empatar a série e levar a decisão da Conferência Oeste para um imprevisível jogo 7 no Staples Center. O Suns precisa correr e mostrar logo ao Lakers que no Arizona os campeões não vão conseguir nada. Caso contrário, se permitir ao Lakers abrir vantagem ou mesmo a partida se arrastar enroscada até o fim, correrá sério risco de ver tudo acabar diante de sua torcida, pois Kobe, Fisher e companhia sabem muito bem como fechar jogos assim, mesmo em quadra adversária.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

NBA ► Orlando Magic bate novamente o Celtics e vai confiante para o jogo 6 da final da Conferência Leste em Boston

Boston Celtics 92 x 113 Orlando Magic
Final Conferência Leste
(3 x 2)

Quem diria, após o início das finais das conferências, que acompanharíamos tantas emoções em séries que agora mostram-se bem indefinidas? Após as primeiras vitórias de Boston Celtics e Los Angeles Lakers, as torcidas, a imprensa, David Stern, as TVs... Todos já começavam (começávamos!) a pensar em novo épico confronto entre as franquias mais vencedoras e maiores rivais da NBA. Mas...

Pouco pude ver do jogo de ontem, só algumas olhadelas, mas com as bolas de 3 do Orlando Magic caindo às mil maravilhas (52% de aproveitamento, 39 pontos!), o Boston Celtics se vê de repente muito pressionado para o jogo 6 da série, que jogará em casa. De aparente presa fácil, o Magic tornou-se bastante resistente e a situação aparente para o Celtics é tipo ou vai ou racha nesse jogo 6. Ninguém imagina que, conseguindo igualar a série em Boston, o Magic (como qualquer time na mesma situação) vá perder a oportunidade de fazer História e sacramentar uma épica virada em um possível jogo 7 em Orlando.

Dizem os números (aqueles que às vezes enganam...) que a defesa do Boston fracassou solenemente, sendo batida em rebotes e permitindo ao ataque adversário aproveitar mais de 50% de arremessos e chegar a uma folgada contagem centenária . Na verdade, do pouco que vi, achei que o Magic manteve controle sobre o Celtics a partida inteira, com razoável e constante vantagem no placar o tempo inteiro. Mas nada que evitasse mais um confronto bastante físico, com muito contato e até com um lance que assustou a todos no ginásio: após recebr uma cotovelada aparentemente involuntária (não ponho minha mão no fogo...) de Dwight Howard, Glen Davis ficou completamette grogue, perdendo o controle dos movimentos a ponto de ser amparado pelo juiz Joey Crawford para que não voltasse ao chão (foto um pouco acima).

Com 21 pontos, 10 rebotes e cinco tocos, Dwight Howard foi mais uma vez o destaque do Magic, bem coadjuvado por todo o time, especialmente Jameeer Nelson (24 pts, 5 reb, 5 ast), Rashard Lewis (14 pts, 7 reb) e J.J. Redick (14 pts direto do banco de reservas). Stan Van Gundy conseguiu fazer o time jogar bem rodando bastante os jogadores, usando dez peças com relevante tempo em quadra.

O Celtics também rodou, mas sem a mesma eficiência. Rajan Rondo e Paul Pierce estiveram bem, mas Kevin Garnett novamente esteve abaixo de suas possibilidades e do que o time precisa. Ray Allen, então... Cada vez mais
shooter e menos armador (embora ontem tenha feito sete assistências), não pode acertar apenas três em 11 arremessos em uma partida decisiva. Curiosamente, o Celtics desperdiçou uma rara significativa atuação de Rasheed Wallace nos playoffs (21 pontos, acertando sete em nove arremessos).

Agora as perspectivas para o jogo 6 são inversas para os times perante a história dos playoffs da NBA. Para evitar o risco de entrar para essa história pela porta dos fundos, permitindo uma virada tão rara quanto a passagem do cometa Halley, o Celtics sabe que precisa fechar a série em 4 x 2, diante de sua torcida, em Boston. Até fisicamente, dificilmente Garnett, Pierce e Allen aguentariam um possível e decisivo jogo 7.

Já para o Magic, é a chance de ser o mocinho. Veja como são as coisas: mesmo tendo perdido a vantagem do mando de quadra com as duas derrotas em casa no início da série, o Magic agora está em um momento psicológico bem favorável. Mas não deve se iludir. A História, as estatísticas, a torcida, a força e a tradição estão com o Celtics para este jogo 6. Se há um time que jamais imaginaríamos ceder uma vantagem de 3 x 0 em toda a liga, um time no qual apostássemos todas as nossas fichas de que jamais permitiria que isso acontecesse em qualquer circunstância, esse time seria o Boston Celtics. Resta ao Magic desafiar a mesa e quebrar a banca.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

NBA ► Banco do Phoenix Suns acaba com o Los Angeles Lakers e empata final da Conferência Oeste

Los Angeles Lakers 106 x 115 Phoenix Suns
Final Conferência Oeste
(2 x 2)

Quem disse que os números não mentem jamais? Vejam que curioso: na página da NBA do site da ESPN referente a cada rodada, costuma aparecer os bonequinhos com as fotos e as estatísticas dos jogadores que se destacam, os top performers. Em relação à noite de ontem, lá estão: Kobe Bryant (38 pts, 7 reb, 10 ast), Lamar Odom (15 pts, 10 reb, 3 ast) e Pau Gasol (15 pts, 5 reb, 3 ast), todos do Los Angeles Lakers. Mas quem jogou melhor e venceu foi o Phoenix Suns, que empatou em 2 x 2 a série e encheu de expectativa os próximos confrontos (ao menos mais dois) entre as equipes pela final da Conferência Oeste da NBA.

E vamos um pouco mais além: segundo os números, os
top perfomers do Suns foram Amare Stoudemire (21pts, 8 reb) e Steve Nash (15 pts, 4 reb, 8 ast) Verdade? Mentira, Terta... (referência de gente velha, ninguém que ler deve saber quem é a Terta da história...)

A verdade é que foi um jogo decidido pelos coadjuvantes. Como já disse aqui uma vez em relação a essa série, as maiores esperanças do Phoenix Suns passavam, necessariamente, por seus maiores trunfos em relação ao adversário: o aproveitamento da linha de 3 (um dos melhores times de toda a história da NBA nessa categoria) e a maior rotatividade - e qualidade - de seu banco de reservas. Pois ontem foi uma noite de sonhos no Arizona.

Começando pelo Phoenix Suns. Steve Nash e Amare Stoudemire estavam ok na partida. Mas o quinteto titular do Suns não parece capaz de fazer frente ao do Lakers. Um suposto placar apenas entre os titulares apontaria 86 x 61 para o time californiano. Mais absurdo que isso só a diferença entre o desempenho dos dois bancos de reservas: 54 x 20 para aqueles que um dia entraram em quadra como Los Suns. Foi algo tão impressionante que o jogo foi decidido no quarto período com o time inteiro de reservas do Suns destroçando os titulares do Lakers com suas bolas de 3. Tudo comandado pelo até então desaparecido Chenning Frye, que terminou com 14 pontos (acertando quatro de seus oito chutes, todos de 3). Nosso Leandro Barbosa também fez sua primeira partida de verdade na série, somando mais 14 pontos. Todos foram bem: Goran Dragic conseguiu oito pontos e oito assistências, Jared Dudley, 11 pontos e seis rebotes; e Louis Amundson (foto), sete pontos e sete rebotes. Os titulares, inclusive, se deram ao luxo de descansar bastante, voltando apenas no final da partida. Enquanto o máximo que as estrelas do Suns jogaram foi 31 minutos, Kobe teve que ficar 45 minutos em quadra para manter o Lakers na partida. Mas, sem ajuda, não conseguiu.

Mas como assim "sem ajuda"? E os números de Odom, Gasol...? Desta vez, foram apenas números, quase tão sem noção quanto os do Data Folha costumam ser. Kobe passou o primeiro quarto inteiro tentando fazer seus companheiros jogarem, sem muito sucesso. Como o primeiro time do Suns também estava meio enrolado, enrolado ficou o primeiro período inteiro, que terminou emaptado. Nesse tempo, Kobe chutou apenas um bola para a cesta - e errou. No segundo período, entrou em cena a força auxiliar do time da casa e ameaçou deslanchar no placar. Aí Kobe chamou o jogo para si, fazendo uma força danada para impedir que isso acontecesse. Ainda assim, o Suns virou o primeiro tempo com nove pontos de vantagem. No terceiro quarto, Kobe foi mais além (foram 31 pontos nesses dois períodos) e o jogo foi para os últimos 12 minutos com o Suns liderando por apenas um ponto.


Quem estivesse assistindo, porém, perceberia que àquela altura era muito Kobe para pouco Lakers. Seus compnaheiros pareciam todos em ritmo de cruzeiro, sem sequer conseguirem anotar a placa das lanchas que passavam voando por eles, optando por jogadas equivocadas e desperdiçando uma série de arremessos livres de marcação da linha de 3. Ressalva seja feita à valentia de Andrew Bynum (foto), que teve boa atuação nos 25 minutos que conseguiu ficar em quadra (12 pts, 8 reb). Fora isso... De seus três reservas (não vamos considerar aqui a tímida entrada de Luke Walton), Odom ainda se salvou pelos números, apesar dos decisivos arremessos abertos que errou no último período. Mas Shannon Brown e Jordan Farmar formaram uma dupla trágica, que contribuiu efetivamente para a derrota do time: chutaram 12 e acertaram apenas dois arremessos, além de um monte de bobagens. Empenhado na marcação de Nash (o que até fez bem), Derek Fisher não conseguia arremessar de 3. Ron Artest foi outro que desperdiçou uma série decisiva de chutes abertos e livres. Apesar dos pontos, Gasol foi mal, optou por jogadas erradas e voltou a ser soft na defesa. Aliás, o Lakers conseguiu ser goleado em rebotes por um time bem mais baixo: 51 x 36. Uma vergonha.

E pior de tudo: na hora em que a vaca ia para o brejo com sino e tudo, o time do Lakers simplesmente tirou a bola das mãos de Bryant, que pelo menos duas vezes pudemos ver agitando os braços ao alto pedindo a bola e não recebendo, enquanto alguém forçava uma jogada pelo meio (Gasol, Artest...) e era desarmado para tomar mais um rápido contra-ataque e mais uma boa de 3 nas costas. Assim o Suns abria, abria, abria... até não ser mais alcançado e vencer com justiça.

Muitos creditam o sucesso do Suns ontem, mais uma vez, à marcação por zona que teria empacado o ataque do Lakers. Efetivamente, a marcação por zona diminuiu um pouco o ritmo dos atuais campeões, mas acho que esse não foi o fator fundamental para a igualdade no confronto. Tanto que Kobe (na foto encarando Stoudemire) tem jogado muito bem e à vontade contra essa marcação. A meu ver, tudo passa pelo desempenho dos jogadores. Principalmente, a defesa do Lakers está devendo, até porque, como se diz por aí, não espera-se muita defesa do lado do Suns, seu jogo não é esse, premissa que não vale para os comandados de Phil Jackson. Desde o início da série, a defesa do Lakers mostrou-se frouxa na marcação, mesmo nas vitórias em Los Angeles, com o time parecendo optar por apostar no ataque, numa verdadeira disputa de cestas que estão resultando em placares elevados. Bastou, então, um enfraquecimento na força ofensiva do Lakers, não compensada pela defesa, para que o Suns reagisse.

E agora, José? Amanhã é dia do jogo 5, no Staples Center, em Los Angels, onde alguns jogadores do Lakers costumam jogar o que não jogam regularmente fora de casa - e onde o Phoenix Suns não tem se sentido muito à vontade. Algumas coisas podemos imaginar que vá ocorrer. Como Phil Jackson mais uma vez criticou o critério da arbitragem na marcação de faltas e creditando a nova derrota ao número de lances livres que o Suns teve a seu favor (32 x 13, que resultaram em 15 pontos a mais), podemos esperar o Lakers mais vezes na linha de lance livre. Também acredito em marcação mais forte e física por parte dos campeões.

Mas acho que tudo pode ser decidido pelos fatores banco de reservas do Suns e colegas de Kobe Bryant. O banco do Suns tem que mostrar que não acertou tudo ontem apenas porque a maré estava a favor. Sabemos como isso funciona em alguns esportes, como o basquete: com o time bem, na frente, tem jogador que cresce e começam a cair bolas chutadas até de costas. No aperto, na hora da pressão, porém, o mesmo jogador começa a errar até bandeja sozinho. É hora da força B do Arizona mostrar seu valor e que a vibração de jogadores como Jared Dudley (foto) não seja apenas caseira, até porque até agora o time principal não mostrou a mesma força e velocidade para superar o adversário. Acredito que tudo vai depender da primeira bola (ou segunda, vá lá). Ganhando confiança e as bolas longas caindo, eles podem deixar o Lakers em péssimos lençóis, já que a veloz movimentação de bola deles invariavelmente para com alguém livre para chutar de 3. E um time que chuta muito de 3 com moral e as bolas caindo é muito difícil de ser batido.

No outro lado, Kobe vem fazendo ótimas partidas nos playoffs. Ontem mais uma vez mostrou-se seguro e preciso, inclusive cometendo apenas dois
turnovers, um número insignificante diante do tempo que ficou em quadra e do volume de jogo que imprimiu. Seus companheiros não podem desperdiçar um trunfo assim. Foram duas grandes atuações de Kobe em Phoenix que só não foram jogadas no lixo porque ficam registradas na História e servem como recado para os adversários. Gasol, Bynum, Artest, Fisher, Odom e até Brown e Farmar precisam dominar os rebotes e aproveitar os chutes abertos e livres que a marcação dupla e até tripla que Kobe recebe oferece a eles. Se não, que ao menos não atrapalhem e na hora H deixem a bola com quem não tem medo de decidir - e que sabe como fazer isso. Mas o ideal é que esse elenco de apoio, que deixou o Arizona com o filme bem chamuscadinho, jogue bem, até para calar a pergunta que corre por aí, como no Daily Dime da ESPN: "Onde está a ajuda de Kobe?"

Lembrando para quem quiser acompanhar ao vivo que os canais por assinatura Space e Space HD estão transmitindo as finais da Conferência Oeste.

terça-feira, 25 de maio de 2010

NBA ► Ainda havia magia na cartola: Orlando Magic surpreende, vence Celtics em Boston e ganha sobrevida na final da Conferência Leste da NBA

Orlando Magic 96 x 92 Boston Celtics
Semifinal da Conferência Leste
(1 x 3)

Com um atuação realmente heroica de Dwight Howard, o Orlando Magic surpreendeu o Celtics diante da própria torcida em Boston e calou os gritos de "Beat L.A.!" para mostrar que seu time ainda respira na série que define o campeão da Conferência Leste da NBA, mesmo que ainda o faça por aparelhos.

O Super-Homem justificou o apelido, marcando 32 pontos, pegando 16 rebotes e ainda distribuindo quatro tocos. Principalmente, Howard não desistiu de qualquer jogada, salvando muitos arremessos equivocados de seus companheiros. Na foto aí abaixo, parece até que ele chega voando para enterrar. A partida, decidida na prorrogação, teve muitas das características a que nos acostumamos ver na Conferencia Leste, como defesa forte e muito contato, mas também foi disputada com muitos erros.

Pela primeira vez na série, o Magic conseguiu sair na frente no primeiro quarto, o que deve ter dado moral à equipe. Por alguns momentos, chegou a lembrar o Magic habitual das últimas duas temporadas, girando a bola em busca de um homem livre para arremessar de três e com Dwight Howard dominando a área pintada na briga por possíveis rebotes.

O jogo ganhou ares de dramaticidade quando o Magic deixou escapar uma vantagem de seis pontos a menos de três minutos do fim, graças, principalmente, a uma série de bobagens do armador Jameer Nelson, que parecia concentradíssimo no papel de Médico e Monstro do basquete. Os números dizem que Nelson foi bem: 23 pontos, acertando 50% de seus arremessos, cinco rebotes e nove assistências. E realmente foi. Mas, como diria a personagem Sally de "Harry e Sally, Feitos um para o Outro", em partes. Hum... Não, pelo que lembro, Sally diria "à parte". Mas se alguém estiver lendo, acho que entendeu.

Jameer Nelson (nessa primeira foto, em momento Médico) cometeu seis erros não forçados e nos momentos finais da partida tomou decisões que eu achei totalmente estapafúrdias. Ignorando o modo como o time estava ressuscitando na série, o armador simplesmente tomou a bola para si e parou de armar as jogadas, além de cometer erros bobos que poderiam ter custado a vida do Magic. Primeiro, errou um lance livre. Depois fez uma falta tola em Paul Piece, um tapinha daqueles que só servem para o adversário finalizar um ataque com três pontos. Já com a partida empatada, errou um passe forçado que por sorte foi recuperado no rebote defensivo por Rashard Lewis. Para completar as bobagens nesse fim de tempo normal, precipitou um chute com quase 10 segundos de posse bola restantes, errando e permitindo ao Celtics 17 segundos para atacar, o que só não foi decisivo porque um cansado Paul Pierce praticamente tropeçou nas próprias pernas, levando o jogo para a prorrogação.

E aí a faceta Médico e Monstro de Nelson ficou mais evidente: um pombo sem asas nem patas deu tabela e cesta de três,seguida de outra cesta de três, desta vez, digamos, com um arremesso decente, o que colocou  o Magic com seis pontos de vantagem a dois minutos do fim. Com a diferença em dois pontos, errou uma bandeja (recuperada por Howard) e teve a bola roubada de suas mãos nas duas posses seguintes, o que não foi aproveitado pelo Celtics. Enfim: Jameer Nelson, para o bem e para o mal, um dos destaques do jogo, garantia de fortes emoções.

Curiosamente, as ações tresloucadas de Nelson (na segunda foto, um momento Monstro) pelo Magic foi o que pareceu faltar ao Celtics. Por mais paradoxal que possa parecer, o forte jogo coletivo do time de Boston, sua maior força, foi seu pecado na hora de definir a partida. Não havia alguém que pegasse a bola e dissesse: "Deixa comigo agora." E não precisava ser um Kobe Bryant. Bastava um Jameer Nelson. Nos momentos finais do tempo normal e especialmente no último minuto da prorrogação, o Celtics seguiu com o plano coletivo, fazendo a bola rodar, sem preocupar-se com quem fosse parar, a despeito até das mãos quentes de Ray Allen no tempo extra, quando acertou duas cestas de três seguidas. O resultado é que, com quatro pontos de vantagem e faltando ainda 52 segundos, o Magic não precisou mais pontuar. Na rotação de bola do Celtics, dois chutes seguidos acabaram nas mãos de Paul Pierce, àquela altura visivelmente cansado, que acabou chutando aquelas bolinhas de braço curto que dão bico no aro. E pior: o último chute de esperança da linha de 3 acabou sendo de... Glen Davis!

No Orlando Magic, vale destacar J.J. Redick, que segue fazendo seus pontinhos lá do banco de reservas. Desta vez foram 12 (o mesmo que todo o banco do Celtics), acertando três de seis arremessos, todos os certos da linha de três pontos. E não dá para deixar de lado a péssima, horrível,desastrosa partida de Vince Carter, acertando apenas um arremesso em nove tentativas. Se o Magic ainda sonha com alguma coisa além de uma vitória de honra para evitar a varrida, Carter em hipótese alguma pode repetir essa atuação.

Pelo lado do Boston Celtics, aparentemente um tanto surpreendido pela resistência do Orlando Magic, um fato que pode ser preocupante: a visível queda de produção de suas veteranas estrelas no final da partida. Paul Pierce, que anotara 32 pontos e 11 rebotes até então, errou todos os seus quatro arremessos na prorrogação, sem que nenhum deles desse a impressão de que entraria, tal a forma errada com que saíam de suas mãos - além daquela perda de bola que revelou-se fatal no fim do quarto período. Kevin Garnett, que fizera 14 pontos acertando cinco em cinco, errou todos os seus últimos sete arremessos, alguns à sua feição, ficando sem sequer pontuar a partir do final do terceiro quarto, além de cometer erros de principiante, como um decisivo passe para as cadeiras faltando 42 segundos para a acabar o tempo extra. Problemas aparentemente físicos, de cansaço mesmo. Jogador de menor desgaste, Ray Allen (na foto acima), que poderia ter sido mais aproveitado, terminou com 22 pontos, acertando cinco bolas de três, inclusive aquelas duas na prorrogação. Pesou muito também para o Celtics a discretíssima atuação de Rajan Rondo, que realiza uma grande pós-temporada. Mas ontem ele ficou devendo e seus escassos nove pontos (errou sete de 10 arremessos) não foram suficientes para ajudar o time.

Restou em Boston o silêncio da torcida no final. Calaram-se os gritos de "Beat L.A.!", mas certamente ficou a certeza de que a definição do encontro com o histórico rival pelo título da temporada foi apenas adiada. Uma pulga atrás da orelha, porém, acho que está incomodando os torcedores verdes: a derrota de ontem seria sinal do temido desgaste físico do veterano trio de estrelas? Resposta na próxima quarta-feira em Orlando, quando o Magic também responderá se a vitória de ontem foi apenas aquele gol de honra para evitar uma humilhação maior ou o indício de que ainda há muita briga pela frente.