sexta-feira, 9 de julho de 2010

BRASIL ► Militar novamente condenado por crime contra a humanidade… na Argentina

Deu na internet.
Reprodução do site Vermelho :

AMÉRICA LATINA
9 DE JULHO DE 2010 - 10H22
Argentina: Ex-militares vão cumprir prisão perpétua em cela comum

O ex-general argentino Luciano Benjamín Menéndez foi condenado nesta quinta-feira (8) a prisão perpétua por crimes de violação de direitos humanos cometidos durante a última ditadura militar (1976-1983) da Argentina. Esta é a quarta pena de Menéndez, de 85 anos, que deve cumprir em penitenciária comum. Outro repressor sentenciado no mesmo dia foi o ex-chefe de polícia Roberto Albornoz, que teve a prisão domiciliar revogada e foi condenado à mesma pena.

Os dois são considerados culpados pela morte de cerca de 20 pessoas, torturas e a privação ilegal da liberdade, além de violações de domicílios. O processo incluía também o ex-governador da província de Tucumán Antonio Bussi, que foi excluído do julgamento por razões de saúde, além dos ex-militares e Mario Zimmerman e Alberto Cattáneo, que morreram quando as audiências, iniciadas em 16 de fevereiro, estavam em andamento.

Além do processo pelos crimes cometidos em Tucumán, Menéndez, o ex-presidente Jorge Rafael Videla e outros 29 militares, estão sendo julgados em Córdoba pelo fuzilamento, em 1976, de 31 presos em uma prisão clandestina.

No total, 779 pessoas, entre militares e civis, acusadas por crimes contra a humanidade estão nas mãos da Justiça atualmente, segundo dados divulgados ontem por uma entidade ligada à Procuradoria-Geral da Nação (ministério público argentino).

Destas, 123 já foram julgadas, das quais 110 foram condenadas e 13 absolvidas. Ainda de acordo com a procuradoria, são 656 os processados, dos quais 325 estão próximos de ser julgados; e 464 do total estão presos , 55% em presídios locais, 39% sob prisão domiciliar, 4% em unidades das forças de segurança e o restante em hospitais ou no exterior.

Idas e vindas

Os julgamentos relacionados à ditadura foram cancelados em 1987 pelas leis de Ponto Final e Obediência Devida durante o governo do presidente Raúl Alfonsín. Em 2005, no mandato do então presidente Néstor Kirchner (2003-2007), as medidas de anistia foram anuladas, permitindo a reabertura dos processos.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que, no Chile, as penas contra chefes da polícia secreta de Augusto Pinochet, a Dina, foram atenuadas. Manuel Contreras, entre outros acusados, foi condenado anteriormente à prisão perpétua pelos assassinatos do general Carlos Prats e de sua esposa, Sofía. Hoje, a Suprema Corte do país diminuiu essa condenação a 17 anos de prisão.

Fonte: Opera Mundi
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Enquanto isso, por aqui... tudo como dantes no quartel de Abrantes.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Espanha se impõe, bate Alemanha e faz final inédita com a Holanda

A Espanha derrotou a Alemanha por 1 x 0 em Durban e vai disputar no próximo domingo sua primeira final de Copa do Mundo. Copa do Mundo que, em sua primeira disputa no continente africano, terá um campeão inédito. Tanto Espanha quanto Holanda jamais levantaram o troféu máximo do futebol mundial.

O jogo de hoje foi um caso de teimosia. Ambas as equipes insistiram em seu estilo, fincando pé, na base do "daqui não saio, daqui ninguém me tira", até o ponto em uma subjugasse a o outra. Ou que um gol saísse e abrisse a partida. No primeiro tempo, o jogo de xadrez praticamente empacou, mas, no segundo, a Espanha conseguiu colocar a Alemanha em xeque, deixar o adversário sem respostas ofensivas, até chegar ao mate, que foi o improvável gol de cabeça de Puyol, totalmente fora do script, surgido após uma cobrança de escanteio.

Desde o início a Espanha tentou impor seu ritmo, tocando, tocando, fazendo a bola girar, em busca de brechas na defesa alemã. Mas essas brechas não apareciam. As chances espanholas vinham sempre de chutes de fora da área. A única exceção ocorreu logo aos 5', quando Pedro enfiou para David Villa por trás da zaga, mas Neuer saiu muito bem e fez a defesa nos pés do atacante. Mas, em geral, faltava objetividade aos espanhóis.

Uma coisa que reparei retrata bem a fixação das equipes aos seus padrões normais de jogo. Nem em escanteios a Espanha era objetiva, preferindo sempre o toque curto à cobrança direta na área (que foi, aliás, como surgiu o gol, numa cobrança direta). Quase nunca essa jogada resultava em algo. A exceção foi aos 13', quando Xavi cobrou curto, recebeu de volta e centrou forte, para Puyol entrar mergulhando e cabecear por cima. Já a Alemanha, até lateral tentava jogar na área adversária, procurando ser o mais objetiva possível.

O problema é que cada time enfrentava seus próprios problemas. A Espanha carecia de uma melhor atuação de Iniesta, que errava muitos passes. Lógico que, como a bola passa muito pelos pés do bom meia, ele fica mais sujeito a erros, mas hoje ele estava produzindo bem abaixo do que o normal. E de seus passes mais incisivos surgem as melhores jogadas do time. Além disso, o treinador Vicente Del Bosque optou por Pedro em lugar de Fernando Torres. Isso fez David Villa ficar muito preso entre os zagueiros, perdendo sua boa jogada pelo lado esquerdo, que funcionou tão bem durante todo o Mundial. E ficar preso entre uma zaga formada por Friedrich e Mertesacker não é algo muito animador. Por isso, o toca-toca pouco levava a algum lugar.

Já a Alemanha tinha mais problemas. O mais óbvio, a ausência de Thomas Muller, suspenso por um injusto cartão amarelo recebido na goleada sobre a Argentina. Sem ele, entrou Trochowski. A dificuldade maior nem era o lado técnico, mas o posicionamento. Trochowski ficou sempre muito estático na direita e sem um décimo da excelente movimentação e visão de jogo de Muller. Isso sobrecarregou muito Oezil, que de assessor de Muller na criação de ações ofensivas passou a principal agente, sem um assessor ao lado. Para piorar, muito fixo na esquerda, Podolski estava mal e mal ficou até o fim. E a cereja podre do bolo foi a má atuação de Schweinsteiger, um dos melhores nomes do Mundial. Assim como Iniesta, Schweinsteiger esteve muito abaixo de seus padrões, mas bota abaixo nisso.

Assim foi todo o primeiro tempo. A Espanha tocava e não abria a defesa adversária. E a Alemanha desperdiçava suas poucas - mas boas - chances de contra-atacar com perigo devido a erros de passe ou de movimentação. Só ameaçou mesmo aos 31', quando Casillas defendeu no cantinho esquerdo um forte chute de Trochowski de fora da área.

No segundo tempo, a Espanha voltou em uma velocidade de rotação um pouco maior, tentando ser mais objetiva. Tanto que em 10 minutos Pedro, Xabi Alonso e David Villa já haviam finalizado bem de fora da área. Aos 12', o sinal de alerta acendia de vez para a Alemanha. Pedro chutou forte, Neuer rebateu. Na sequência, Xavi entrou pela esquerda e chutou cruzado, com a bola passando pela pequena área quase aos pés de David Villa. A bola foi para a direita e de lá a Pedro, que finalizou mais uma vez assustando Neuer.

Nesse momento, aprecia que o estilo alemão estava sendo subjugado pelo espanhol e que o gol seria uma sequência natural das ações. Tanto que aos 16' o treinador Joachim Low tirou Trochowski e colocou Kroos em seu lugar, tentando encontrar uma válvula de escape. E quase deu certo, porque Kroos acabou tendo a bola do jogo. Oezil conseguiu armar uma jogada pela esquerda e enfiou para Podolski, que, dentro da área, levantou para Kroos desperdiçar livre, a cara a cara com Casillas, que fez a defesa, na melhor oportunidade de toda a partida até aquele momento. Isso foi aos 23'. Aos 27', o golpe fatal. Numa rara cobrança de escanteio direto para a área, Puyol avançou sem marcação desde a entrada da área para cabecear forte para a rede: 1 x 0. Uma falha inusitada dos alemães, que se esqueceram de acompanhar o zagueiro.

Daí para frente, a Alemanha foi só desespero e pouco conseguiu. O limitado centroavante Mario Gomez entrou no lugar de Khedira, alteração que só serviu para bagunçar e abrir de vez o time. Del Bosque colocou Fernando Torres no lugar de David Villa para tentar aproveitar o contra-ataque, mas deve ter se arrependido de não ter tirado Pedro. O jovem atacante desperdiçou uma oportunidade que poderia ter custado caro ao time, aos 36'. Recebendo sozinho, Pedro avançou contra um zagueiro tendo torres livre, livre ao seu lado. Tentou driblar e perdeu. Ficou tão sem graça que acabou substituído logo depois. Poderia ter custado caro principalmente se o juiz húngaro Viktor Kassai marcasse a falta que Schweinsteiger sofreu na meia-lua aos 39'. Mas não rolou e a Espanha conseguiu uma justa vitória.

Puyol fez o gol da vitória histórica e não poderia deixar de ser destaque espanhol. Xabi Alonso viu que o toque-toque puro e simples não resolveria e foi o primeiro a tentar insistir com finalizações de fora da área. Xavi foi bem melhor que Iniesta na armação. E Casillas apareceu muito bem quando foi exigido. Na Alemanha. A dupla de zaga, Friedrich e Mertesacker, sob pressão quase o tempo inteiro, jogou muito bem. Assim com Neuer. Oezil procurou mais o jogo na fase final, mas não teve muita ajuda. E Klose não recebeu qualquer bola em condição de finalizar.

Foi o confronto de um estilo de jogo sobre outro. Venceu o espanhol.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 62: Alemanha 0 x 1 Espanha.

terça-feira, 6 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Em jogo difícil, Holanda derrota Uruguai com justiça e está na final do Mundial

A Holanda derrotou o Uruguai por 3 x 2 na Cidade do Cabo e chega pela terceira vez a uma final de Copa do Mundo. Agora, ao contrário de 1974 e 1978, ao menos não enfrentará a seleção do país anfitrião.

Apesar de toda a garra, coração, sangue, correria, gana, suor e lágrimas, essas qualidades todas inatas a qualquer equipe que represente a Celeste Olímpica, quem teve vontade de vencer foi a Holanda. A diferença eu ressalto no parágrafo seguinte.

Intervalo de jogo. Placar apontando 1 x 1. O treinador holandês Bert Van Marwuk substitui o volante De Zeeuw pelo meia ofensivo Van Der Vaart. Fica na prática com uma espécie de 4-1-2-3: a linha de quatro defensores, Van Bommel como volante, Sneijder e Deer Vaart na meia, Robben e Kuyt abertos nas extremas e Van Persie enfiado no comando do ataque. Já o técnico uruguaio Oscar Tabárez, aos 30 minutos do segundo tempo, com o placar desfavorável de 1 x 3, tira o meia Álvaro Pereira, que dava uma certa opção ofensiva pela esquerda, e coloca em campo o centroavante Loco Abreu. Não era hora de tirar um Pérez ou um Arévalo da vida e colocar o time todo à frente, não?

Essa diferença, para mim, exemplifica o mérito da Holanda, que mesmo após o segundo gol seguiu na mesma toada e acabou achando o terceiro, como poderia ter achado o quarto, o quinto... Só que, aos 46', quem acabou achando um gol foi o Uruguai, que já estava tão entregue que até Forlan já havia saído. E graças a injustificáveis 5 minutos de acréscimo, ainda pôde jogar algumas bolas na área de Stekelenburg, carregando de emoção o final da partida.

Assisti ao jogo - aliás, como a todos os outros em casa - na ESPN Brasil. Aos 27' do segundo tempo, o comentarista Paulo Vinícius Coelho disse que era a pior atuação holandesa na Copa. Pode ser. Mas, primeiro, deve-se ressalvar que semifinal é semifinal, não é hora propriamente de se preocupar em jogar bonito. Joga-se como é possível para vencer. E, ademais, havia do outro lado um Uruguai em seu melhor papel: o de azarão que entra para se defender. Por isso, mesmo apostando na Holanda, não imaginei que pudesse ser fácil. E "a pior atuação" da Holanda ainda assim foi suficiente para que ela vencesse sua sexta partida no Mundial, mantendo um incrível aproveitamento de 100% desde as Eliminatórias.

O pecado uruguaio foi sempre o contraponto ao seu vigor defensivo: muita coragem para defender, mas parecendo sempre pisar em ovos ao sair para o ataque. Hoje, a ausência de Luís Suárez, suspenso, facilitou a filosofia de Tabárez: ele empurrou Cavani para a frente, ao lado de Diego Forlán, e ficou com menos um homem para ameaçar a meta adversária.

O início da partida foi como o figurino indicava. A Holanda com mais iniciativa e o Uruguai tentando tirar espaços. Logo aos 3', Kuyt desperdiçou uma boa chance, ao chutar por cima uma bola que caiu em seus pés após Muslera cortar mal um centro da direita. Mas não estava fácil surgir oportunidades claras de gol. Gol que acabou saindo, para a Holanda, em grande estilo. O relógio marcava 18', quando o veterano Van Bronckhorst, do alto de seus mais de 100 jogos com a camisa laranja, acertou um lindo chute lá da intermediária esquerda, com a bola cravando o ângulo superior esquerdo de Muslera, que nada podia fazer. Foi um gol sem qualquer participação da Jabulani, pura técnica no momento de bater.

Parecia que a partida ficaria ao sabor holandês, mas os comandados de Van Marwijk deram uma desligada a partir dos 20', 25', se deixando enredar pela marcação uruguaia e se estressando com os adversários. Como aos 27', quando Cáceres tentou uma absurda bicicleta e acertou com extrema violência a cara de De Zeeuw. Cáceres recebeu o amarelo, que ficou barato. "Ah, mas ele não teve a intenção..." Não teve a intenção e tenta um lance daquele com um jogador em cima... Foi violentíssimo. É como não ter a intenção de matar e sair com um carro a 150km/h.

Um dos maus sintomas da queda de rendimento holandês era o excessivo número de bolas recuadas para o goleiro chutar. Não é o padrão do time. E não era um bom sinal. Aos 34', a melhor chance do Uruguai, quando a Holanda errou uma saída para o contra-ataque e deixou uma avenida para Cavani avançar área adentro pela direita e se atrapalhar na jogada. Mas, com o jogo equilibrado, a seleção uruguaia chegou ao empate aos 40', através de uma cobrança de falta na meia esquerda. Fórlan cobrou por cima da barreira e a bola jabulaniou à frente de Stekelenburg (que falhou, foi em cima dele) e morreu no fundo da rede.

No segundo tempo, o panorama voltou a ser o do início da partida. A Holanda buscava o ataque, mas errava muitos passes, favorecendo a marcação uruguaia. Assim o Uruguai conseguia manter-se mais tempo com a bola nos pés. Só que esse não é exatamente o forte do time, que optava sempre pelo toque mais para os lados, para manter o adversário sob controle, do que pela jogada em profundidade em busca do gol. Provavelmente, a intenção celeste era achar outra bola parada ou um contra-ataque para marcar. E quase consegue em mais uma daquelas recuadas para Stekelenburg dar o chutão. Boulahrouz tocou curto, Cavani chegou antes do goleiro e a bola sobrou para Àlvaro Pereira tocar por cobertura para o gol, onde Van Bronckhorst estava bem colocado para salvar.

Mas a tendência era sempre a Holanda rondar mais a área adversária do que o contrário. Só em uma nova cobrança de falta o Uruguai ameaçaria, com Forlán chutando no canto esquerdo baixo para Stekelenburg defender. Mas era Muslera quem trabalhava mais e tinha mais motivos para se preocupar. Aos 23', Van Persie se desenroscou de três adversários na esquerda da grande área e tocou para Der Vaart, que chutou cruzado para ótima defesa do goleiro uruguaio. A bola sobrou para Robben, que, com o pé errado, o direito, jogou por cima.

Aos 28', a Holanda chegaria ao segundo gol. Robben recebeu na direita, cortou para o meio e a bola acabou chegando em Sneijder no lado esquerdo da área. O meia chutou cruzado, no cantinho esquerdo de Muslera, que foi atrapalhado por Van Persie (um pé à frente) e Victorino.

Saindo para o ataque, como esperado, o Uruguai abriu e aos 28' levou o terceiro. Kuyt recebeu bem aberto na ponta esquerda, colocou na perna direita e centrou para Robben cabecear muito bem, quase da marca do pênalti, para o chão, no canto direito de Muslera, que só pôde olhar. Daí para frente, a Holanda desperdiçou algumas boas chances de golear, a melhor delas com Robben, que ficou sozinho com Muslera após contra-ataque iniciado por Sneijder que passou pelo calcanhar de Van Persie, mas o goleiro defendeu.

Até que, aos 46', o Uruguai achou aquele segundo gol. Maxi Pereira recebeu na entrada da área após cobrança rápida de falta na intermediária e colocou no canto direito de Stekelenburg. Daí foi aquela pressão apaixonada e desesperada uruguaia até o juiz Ravshan Irmatov (Uzbequistão) decidir fazer soar o apito final.

Muslera foi bem na meta uruguaia, com boas defesas. Novamente Forlán foi o melhor homem da linha e fico imaginando se esse time não poderia ser mais audacioso. Gostei de Álvaro Pereira, inclusive de sua tentativa de marcar chutando do meio do campo. Acho que, ao longo da competição, Álvaro Pereira poderia ter jogado mais adiantado pela esquerda, dando mais opções para os avançados Forlán e Suárez e aliviando o trabalho solitário de Cavani na alimentação ao ataque. Acho que para um país com bons jogadores e muita tradição como o Uruguai, garra, coração, amor à camisa, etc... é pouco. Muito pouco. O Uruguai não é a Nova Zelândia, a Suíça, a Austrália, a Coreia do Norte... Pode e precisa ambicionar mais em campo. Que este bom Mundial sirva como resgate da autoestima para sair em busca de voos mais ambiciosos - começando pela maneira de jogar.

Na Holanda, bem mesmo, poucos. O time valeu-se mais de seu forte conjunto e da melhor técnica de seus jogadores. Além, claro, da intenção de vencer. Na verdade, não jogar bem e ainda assim vencer é prova de força. Sneijder errou muito, mas o pouco que acertou foi decisivo, assim como Robben, que, mesmo não brilhando, infernizou a vida de Cáceres. Mais regular durante os 90 minutos acabou sendo o capitão Van Bronckhorst.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 61: Uruguai 2 x 3 Holanda.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

FÓRMULA INDY ► Australiano Will Power vence o GP de Watkins Glen com dobradinha da Penske

Acho Watkins Glen um autódromo muito legal, que fez parte do circo da Fórmula 1 durante as décadas de 1970 e 1980. Foi lá que Emerson Fittipaldi venceu sua primeira corrida, em 1970, garantindo o título de Jochen Rindt, que morrera três provas antes. Curiosamente, também foi lá que Emerson se despediu das pistas, em 1980. O circuito estava de fora até da Fórmula Indy, que o reintegrou ao calendário em 2005.

Ontem só pude acompanhar as últimas 15 voltas, tempo suficiente para ver Dario Franchitti partir para cima de Ryan Briscoe na disputa do segundo lugar, fazer a ultrapassagem, mas não conseguir segurar a vantagem. Assim Ryan Briscoe recuperou a segunda a posição e garantiu a dobradinha para a equipe Penske, com a vitória do australiano William Power após 60 voltas e 1h40min27s4391 de corrida.

Os brasileiros Raphael Matos e Mário Moraes foram bem e chegaram logo atrás dos homens do pódio, em 4º e 5º lugar, respectivamente.

Abaixo, um vídeo da prova, distribuído pela Indy Car através do YouTube:


A classificação da corrida (em negrito, os pilotos brasileiros):

1º) Will Power (AUS/Penske) - 60 voltas - 1h40min27s4391
2º) Ryan Briscoe (AUS/Penske) - a 1s2181
3º) Dario Franchitti (ESC/Chip Ganassi) - a 2s6754
4º) Raphael Matos (BRA/Luczo Dragon) - a 8s0208
5º) Mário Moraes (BRA/KV) - a 9s229

6º) Dan Wheldon (ING/Panther) - a 9s523
7º) Ryan Hunter-Reay (EUA/Andretti) - a 10s5003
8º) Scott Dixon (NZL/Chip Ganassi)- a 12s0546
9º) Hélio Castroneves (BRA/Penske) - a 12s9834
10º) Justin Wilson (ING/Dreyer-Reinbold)– a 13s5635
11º) E.J. Viso (VEN/KV) - a 18s7591
12º) Hideki Mutoh (JAP/Newman-Haas) - a 20s2279
13º) Marco Andretti (EUA/Andretti) - a a26s6965
14º) Paul Tracy (CAN/ Dreyer & Reinbold) - a 27s7310
15º) Takuma Sato (JAP/KV) - a 28s8774
16º) Adam Carroll (IRN/Andretti Autosport) 17) - a 29s3624
18º) Bertrand Baguette (BEL/Conquest) - a 36s5350
19º) Vitor Meira (BRA/AJ Foyt) - a 36s9869
20º) Danica Patrick (EUA/Andretti) - a 38s2675
21º) Tony Kanaan (BRA/Andretti) - a 38s6700
22º) Mario Romancini (BRA/Conquest) - 59 voltas

23º) Milka Duno (VEN/Dale Coyne Racing) - 57 voltas

Não completaram:

24º) Simona de Silvestro (SUI/HVM) – 38 voltas
25º) Alex Lloyd (ING/Dale Coyne) – 22 voltas

Link para a classificação completa do campeonato na página oficial da Fórmula Indy: http://www.indycar.com/schedule/standings/.

Além da pontuação pela ordem de chegada ao encerramento de uma corrida, cada piloto da Fórmula Indy que liderar o maior número de voltas em cada prova receberá um bônus de 2 pontos, somados à pontuação normal. Além disso, há um ponto extra para quem conquistar a pole-position. Com isso, é possível que um piloto some 53 pontos em uma corrida.
(Fonte: http://www.band.com.br/esporte/formula-indy/classificacao.asp)

domingo, 4 de julho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Espanha supera Paraguai em jogo de muito coração e pouca arbitragem

O guatemalteco Carlos Batres é uma tragédia anunciada com o apito na boca. O primeiro jogo que apitou nesta Copa foi aquele show de horrores protagonizado por Argélia e Eslovênia. E ali eu registrei: "A arbitragem poderia ser uma ameaça ao jogo, se o jogo tivesse qualquer qualidade para ser ameaçado." Foi ele que arrumou aquele empate para a Itália contra a Nova Zelândia, caindo no conto do mergulho de De Rossi na área depois de perder o domínio da jogada. Ontem, ele atingiu seu ápice. Do jeito que a Fifa é uma piada, é bem capaz de acabar apitando a final da competição.

A quartas de final no Ellis Park, em Johanesburgo, começou veloz. Antes de se completar o primeiro minuto, o paraguaio Santana finalizou da entrada da área para Casillas defender. Mas logo a partida entrava num ritmo de xadrez. Não que fosse ruim propriamente dita, mas ambas as seleções batiam-se em campo e nenhuma levava qualquer vantagem sobre a outra. Quem esperava o Paraguai apenas retrancado, surpreendeu-se. A seleção sul-americana não se expunha, claro, mas adiantava sua marcação na saída de bola dos zagueiros, procurando cortar espaços e evitar que o meio-campo espanhol impusesse seu jogo de toque, movimentação e presença próximo à área adversária.

Assim, apenas aos 16' David Villa conseguiu a primeira penetração pela esquerda, arrumando um escanteio. A Espanha apresentava-se com Iniesta muito aberto pela direita, quase não aparecendo. Fernando Torres seguia sem brilhar e David Villa não recebia aproximação de ninguém pela esquerda. Mesmo com o Paraguai já não marcando e saindo para o campo adversário como no início e a Espanha começando a chegar com mais frequência perto da meta de Villar, foi o Paraguai que, aos 40', acabou chegando ao gol - mal anulado pela arbitragem. Fosse uma arbitragem decente, acho até que seria um erro aceitável. Valdez estava na mesma linha da zaga quando recebeu um lançamento da direita, dominou e finalizou para a rede. Mas um trio comandado por Carlos Batres... Era apenas uma prévia do que estava por vir.

Apesar da Espanha começar a ter maior posse de bola, a chance de Valdez não surpreendia tanto assim. A marcação paraguaia começava lá na frente, com Valdez e Cardozo muito empenhados na marcação. E os dois atacantes também estavam sempre a postos como válvula de escape para que qualquer chutão se transformasse em uma chance de contra-ataque. Tanto que, aos 45', Cardozo raspou um desses chutões de cabeça e a bola sobrou para Valdez, que partiu para cima de Puyol pela meia esquerda, cortou para dentro e bateu forte da entrada da área, mas por cima da meta de Casillas.

O panorama não se modificou no segundo tempo e Fernando Torres já havia sido substituído por Fábregas quando Batres armou seu circo de horror e colocou uma pilha incrível na partida, deixando nervosos não só jogadores, mas todo mundo que acompanhava o duelo pela última vaga nas semifinais da Copa do Mundo de 2010.

Tudo começou aos 12'. Escanteio a favor do Paraguai lá na esquerda. Na cobrança, Pique simplesmente agarrou o braço de Cardozo, que procurava se desvencilhar dele, num lance mais parecido com uma brincadeira de pegar de criança do que com uma disputa de bola entre profissionais do futebol. Não foi aquela troca habitual de agarrões e empurrões, foi um forte puxão infantil pelo braço. Surpreendentemente, Carlos Batres viu e marcou. Cardozo cobrou mal o pênalti, em cima de Casillas, que sequer deu rebote.

Na sequência, a Espanha vai ao ataque, David Villa invade a área pela esquerda e, ante a aproximação de Alcaraz, se atira grotescamente. Era tudo que o senhor Carlos Batres queria para compensar logo (compensar o quê?) e marcar um pênalti para a Espanha também. Mas podia ter esperado um lance mais discreto ou passar algum tempo ao menos. Então, um minuto depois, a bola saía da marca de cal de uma área para a outra e Xabi Alonso se colocava para fazer a cobrança. O meia do Real Madrid cobra e marca, mas Carlos Batres faz soar um monte de apitos curtos. Segundo o juiz, a área havia sido invadida por espanhóis antes da cobrança.

A repetição da jogada na TV mostra uma discreta invasão de um espanhol e outra ainda mais discreta de um paraguaio. Quem acompanha futebol com um pouco mais de maldade podia perceber que Batres sabia que inventara um pênalti para a Espanha, por isso precisava dar uma disfarçada na situação. Como houve dupla invasão, mesmo discreta, mandou repetir a cobrança.

Só que, nesse instante, a TV reprisava a cobrança desperdiçada por Cardozo. E pasmem: nada menos que cinco espanhóis invadiram a área acintosamente antes que o centroavante paraguaio tocasse na bola. Não foi uma invasão nada discreta, foi um verdadeiro desembarque na Normandia. Isso apenas provava que Batres não estava preocupado em aplicar a regra do jogo, mas apenas em apitar de acordo com o que fosse mais conveniente para ele, Carlos Batres.

Batres só não contava que os deuses do futebol estivessem meio cansados de suas lambanças e decidissem colocá-lo definitivamente em maus lençóis. Na segunda cobrança de Xabi Alonso, Villar voou no canto esquerdo e defendeu, mas deu rebote. Fábregas chegou primeiro na bola e driblou o goleiro, que o derrubou escandalosamente. David Villa chutou na sequência e Paulo da Silva salvou o gol certo. "E aí, Batres, vai ter peito para marcar o novo pênalti, agora um pênalti de verdade, a favor dos espanhóis?", pareciam perguntar, zombando, os deuses do futebol. Claro que não. Como diz o ditado, quem procura, acha.

Daí para frente, lógico, os jogadores ficaram totalmente pilhados, mas, felizmente, apenas pensando em jogar bola - ou ao menos tentar. O Paraguai já não tinha pernas para exercer a mesma marcação compacta de antes. Seus atacantes continuavam a pressão na saída de bola, mas já havia um espaço aberto entre eles e o resto do time, do que se aproveitava a Espanha para tentar finalmente impor seu jogo. Para isso, muito contribuía a presença de Iniesta pela esquerda, onde vinha atuando nas partidas anteriores. Iniesta crescia de produção e com ele, toda a Espanha.

A essa altura, Pedro havia substituído Xabi Alonso e a frente paraguaia era formada por Cardozo e Roque Santa Cruz. A Espanha pressionava, mas sem criar grandes situações de gol. Enquanto isso, o Paraguai era todo coração na defesa e Cardozo e Santa Cruz tinham espaços para ameaçar no contra-ataque, mas erravam o toque final e não conseguiam finalizar.

Até que, aos 38', finalmente Iniesta encontrou espaço para avançar livre pela meia esquerda, realizou uma grande jogada e passou para Pedro no meio, sozinho, livre de marcação, cara a cara com Villar. Na saída do goleiro, Pedro tocou no canto direito. A bola caprichosamente venceu Villar e bateu no poste, oferecendo-se para David Villa. Sem goleiro, Villa colocou no canto esquerdo, tentando tirar de Claudio Morel, desesperado na linha de gol. A bola chocou-se com a trave, correu para o outro lado e ainda encontrou o poste direito, antes de finalmente morrer no fundo da rede. Espanha 1 x 0 Paraguai.

Ato contínuo, Lucas Barrios substituiu Cáceres na seleção paraguaia, que tentou desesperadamente empatar a partida. E quase conseguiu aos 43', quando Lucas Barrios foi lançado nas costas da zaga pela meia direita e bateu forte da entrada da área. Casillas não conseguiu segurar e Santa Cruz chegou primeiro no rebote, mas Casillas se recuperou e conseguiu salvar. Foi o fim do sonho paraguaio.

Foi um jogo de poucos destaques individuais e muito coração. Pouco antes do gol da Espanha, o blogueiro, modéstia à parte, comentara com a patroa que a vitória da Espanha só iria sair dos pés de Iniesta. E foi o que aconteceu. Não entendi por que ele passou tanto tempo na direita. Caído para a esquerda, cresceu na partida e achou a jogada decisiva. Casillas também acabou sendo fundamental, com as defesas no pênalti e naquele rush final de Barrios e Santa Cruz. Acho que o técnico Vicente Del Bosque devia ter aproveitado Jesus Navas pela ponta direita. O avante do Sevilha poderia ter aberto mais a defesa adversária e sido mais útil, por exemplo, que a presença de Pedro, mais um atacante a entrar pelo meio.

O Paraguai foi todo coração e por pouco não obtém melhor sorte. Seus zagueiros Paulo da Silva e Alcaraz jogaram sob grande pressão, mas saíram-se muito bem. Não entendi algumas opções do técnico Gerardo Martino. Lucas Barrios deveria ter tido mais tempo de jogo. Acho que Riveros devia ter chegado mais à frente. Morel, ótima arma no apoio com seus cruzamentos, precisou ficar preso à marcação, certo. Mas acho que cabia ao técnico criar alguma situação para permitir um avanço ou outro do lateral. Os atacantes paraguaios acabaram fracassando em mais uma Copa do Mundo, mas acho que muito disso deve-se a um esquema que não os favorece. São todos bons finalizadores, alguns altos, fortes na bola aérea, Barrios mais habilidoso pelo chão... Acho que valia a pena jogar mais em função deles.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 60: Paraguai 0 x 1 Espanha.