terça-feira, 22 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 ► Partida dramática classifica Coreia do Sul e elimina Nigéria do Mundial

Foi o primeiro mata-mata da Copa. Como até o caos tem uma certa lógica, a derrota da Grécia para a Argentina era só uma questão de tempo: os 90 minutos que a partida duraria. E, obviamente, não deu outra. Assim, Coreia do Sul e Nigéria disputaram a segunda vaga do grupo B em 90 minutos de muita emoção alternância no placar.

Tentarei sintetizar as coisas até para não atrapalhar minhas lembranças. A Nigéria começou melhor, abriu o placar, teve chances de ampliar, a Coreia se reequilibrou na partida, virou, também poderia ter ampliado e definido o jogo, sofreu o empate e suportou a pressão final nigeriana. Foi muito legal.

O domínio inicial nigeriano deveu-se à boa movimentação de seus meias e laterais, talvez motivados pela presença do veterano Kanu e sua tradicionalíssima camisa 4 em campo. Aos 34 anos e sem o mesmo fôlego dos anos 90, lógico, Kanu procurava organizar as jogadas de frente do time, segurando a bola e não permitindo o natural afobamento de seu time. Mas talvez a escalação de um dos maiores jogadores da história do futebol do país tenha sido mais uma homenagem do treinador que estratégia. Kanu foi muito aplaudido ao deixar o campo na segunda etapa, mesmo com a Nigéria em desvantagem naquele momento.
Já a Coreia do Sul tem valorizado bastante a posse de bola. É um time não muito afeito a retranca e que naturalmente costuma se soltar para frente, talvez até por não ter um setor defensivo muito confiável. Assim, procurava valorizar a posse de bola no ataque, alternando bem os dois lados do campo na hora de atacar, com o avanço dos laterais e a caída de atacantes ou meias pelas pontas.

Com essa figuração, o jogo ficou parecendo aqueles games em que os avatares se equivalem na força total, mas com habilidades diferentes. Assim, acabaram se atacando bastante criaram muitas chances de gol. Vou registrar apenas algumas delas, além dos gols.

Logo no primeiro minuto, Afolabi errou na saída de bola pela esquerda, Lee Chung Yong recebeu nas costas dele e tocou para fora na saída do goleiro Enyeama. Aos 12′, a Nigéria saiu na frente, após ótima jogada de Odiah pela direta, deixando para trás Park Ji Sung e Kim Jung Woo e centrando rasteiro para Uche se antecipar à zaga e da marca do pênalti marcar. Aos 22′, Obasi entrou muito bem pela direita e chutou forte, rente ao poste esquerdo do goleiro Jung Sung Ryong. Aos 31′, Enyeama precisou sair e fazer falta ao lado da área. Ki Sung Yueng cobrou com perigo, mas Enyeama cortou o cruzamento.

Aos 35′, um dos muitos lances que poderiam ter mudado o destino da partida. Uche recebeu de Kanu fora da área, limpou e mandou uma bomba na trave esquerda de Jung Sung Ryong. Pouco depois, Ki Sung Yueng cobrou outra falta pela esquerda de ataque, desta vez no segundo pau, onde Afolabi falhou e Lee Jung Soo entrou de cabeça e de pé (acertou com o pé…) para colocar a bola na rede.

Como diria aquela socialite, o segundo tempo foi uma loucura. Mas prometi escrever pouco e já estou aqui… Vou tentar ir direto ao que de mais importante aconteceu. Logo aos 3′, Park Chu Young cobrou muito bem uma falta na meia-esquerda da entrada da área, de curva, com a bola descaindo e quicando antes de chegar ao gol, sem chances de defesa para Enyeama.

As jogadas se alternavam entre as duas áreas, até que, aos 21′, Uche enfiou nas costas da zaga para Ayla, que rolou rasteiro para o a pequena área. A bola venceu o goleiro e Yakubu Ayegbeni chapou para fora com o gol escancarado à frente, no gol mais perdido da Copa, aliás, provavelmente, o gol mais perdido de todas as Copas. Mas no minuto seguinte, Oba Oba Martins arrancou pela direita e esticou para Obasi, que perdeu para Kim Nam Il. Só que o volante coreano tentou sair jogando, Obasi tomou a frente e foi derrubado por trás. Pênalti. Com uma louvável confiança, pelas circunstâncias (o gol que acabara de perder), Ayegbeni cobrou com surpreendente tranquilidade e deslocou o goleiro, jogando a bola no lado direito e virando e empatando o jogo.

A Coreia resolveu mostrar que estava viva. Aos 25′, Chaa Du Ri avançou e pela direita e cruzou com muito perigo, mas Shittu salvou. Aos 30′, Park Ji Sung recebeu em diagonal dentro da área pela direita, cortou para Etuhu para dentro e bateu com perigo de pé esquerdo, rente ao pé da trave esquerda. Na saída de bola, os coreanos recuperaram e Lee Chung Yong recebeu livre na esquerda e da risca da área tocou de pé direito procurando o canto inferior esquerdo de Enyeama, que fez grande defesa. Foi a última chance asiática. Daí para frente, a Nigéria foi com o que pôde atrás do empate, já com Obinna também em campo.

E aos 34′ o lance que provavelmente foi o mais decisivo de todos, quando a Nigéria recuperou uma bola no meio e Obasi enfiou linda bola para Oba Oba Martins por trás da zaga e… Oba Oba tocou por cima do goleiro, mas abola saiu ao lado do poste esquerdo do gol, desperdiçando uma imensa chance. Abatida e agora desesperada, a seleção nigeriana ainda daria dois últimos suspiros, ambos através de Obinna, em duas perigosas finalizações de fora da área, a primeira aos 44′, após limpar da esquerda para a direita e acertar a rede pelo lado de fora, e a segunda ao encher o pé de frente pouco além da intermediária, após arrancar desde o meio-campo, com a bola triscando (triscando é muito bom…) a trave esquerda de Jung Sung Ryong.

Segue a Coreia do Sul na Copa, sua primeira classificação às oitavas de final fora de seu país. Boa atuação de vários jogadores. O melhor deles, o camisa 10 Park Chu Young. Na Nigéria, quem mais gostei foi o lateral direito Odiah, que fez a jogada do primeiro gol e apoiou o ataque com muita qualidade. Só fico com uma pergunta na cabeça: não dava para Oba Oba Martins e Obinna terem entrado um pouco antes? Tipo assim… no início da partida contra a Argentina? São atacantes de muito mais peso (no caso de Oba Oba, literalmente) que os que estiveram jogando.

Link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 35: Nigéria 0 x 2 Coreia do Sul.

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